Índice de Capítulo

    Nos corredores majestosos do castelo de Lumur, a guarda marchava em formação apertada, seus elmos reluzindo sob a luz das tochas.

    Os sons de suas armaduras ecoavam pelas paredes de pedra, no entanto, nas sombras, os olhos brilhantes de ratos espiões observavam atentamente cada movimento, suas pequenas patas nervosas se movendo rapidamente.

    Atravessando os corredores repletos de guardas, eles foram levados à sala do trono. Lumur estava ali, no seu lugar preferido, debruçado sobre a janela, observando o mundo lá fora.

    Seus olhos estavam fixos no horizonte, talvez sonhando com a expansão do império que ele desejava fazer.

    Longe dali, com os olhos fechados e o foco total, Eilika sussurrou: — O imperador está sozinho na sala do trono.

    Lina assentiu, determinada. — Vou agir agora — disse ela, lançando um olhar sério para sua pandoriana. — Avise Celeste.

    No topo de um morro distante, a centauro Celeste se posicionava, segurando um arco colossal. De lá, ela tinha uma visão panorâmica da capital.

    A mana se acumulava na ponta da flecha, pronta para ser lançada. Uma ratinha se aproximou cautelosamente por sem ombro, e de seu interior surgiu uma voz suave.

    — Mestra Lina pediu para começar.

    — Certo.

    Com um movimento fluido, Celeste soltou a flecha, que cortou o céu como um cometa em direção à torre onde Lumur estava.

    Sentindo um arrepio na espinha, o imperador viu um brilho se aproximando rapidamente. Seus olhos se arregalaram em um instante de puro terror antes que a flecha atingisse, causando uma explosão violenta que abriu um buraco nas paredes do castelo.

    BOOM!

    O impacto foi tão poderoso que uma das imponentes torres do castelo desabou, lançando nuvens de poeira e detritos pelo ar.

    O caos se instalou rapidamente, com os gritos de alarme ecoando pelas muralhas e os habitantes da capital correndo em desespero.

    As ruas se encheram de guardas em pânico, tentando manter a ordem e proteger os cidadãos aterrorizados. No meio desse cenário de caos, uma figura encapuzada emergiu das sombras, avançando com determinação.

    Sem hesitar, Lina desembainhou sua espada e avançou em direção aos guardas. Com um movimento rápido e preciso, uma força misteriosa e invisível emanou de sua lâmina, partindo os corpos dos soldados ao meio.

    O chão ficou coberto de destroços e destruição, deixando um rastro sangrento em seu caminho.

    BAM!

    Emergindo dos destroços, Lumur, coberto de poeira e ferido, tentava se reerguer com a ajuda de um de seus servos.

    — Senhor! Estamos sendo atacados!

    — Eu sei, idiota! — Lumur olhou pelo buraco e viu outro brilho se aproximando.

    Ele puxou a espada na cintura de seu conselheiro e rebateu a flecha, fazendo-a explodir contra o teto do castelo, causando outra grande explosão.

    BOOM!

    O palácio começou a desmoronar ao redor deles.

    — Merda! Que golpe pesado!

    Utilizando a análise, Lumur avistou Celeste no morro distante.

    — Lina está aqui! — murmurou.

    O conselheiro, com olhos arregalados de pavor disse:

    — Majestade Lumur, você deve —

    Antes que pudesse terminar a frase, sua cabeça foi cruelmente decepada por Lumur, que agora segurava sua espada ardente com uma expressão fria.

    Lina estava no fundo da sala, atrás dela destroços caíam do teto em chamas. Seus olhos refletiam uma mistura de tristeza e raiva.

    — Desde que você se tornou líder de uma guilda e eu um membro do Lótus, sempre quisemos saber qual de nós era o mais forte — disse ele, com um olhar desafiador.

    Lina, segurando sua própria espada que emitia uma fumaça enegrecida, respondeu com firmeza.

    — Sei que você ajudou os caídos na queda de Ultan. Você não sente nada pela morte de nossos irmãos, não é?

    Lumur riu friamente. — E o que isso importa para você, Lina? Sempre foi apenas uma bastarda.

    — Vou acabar com você em memória do homem que você já foi — retrucou, furiosa.

    — Você nem deveria carregar o nome Ultan. É apenas uma bastarda. Sua mãe era uma prostituta pobre o bastante para criar você, e se não fosse pelo pai, teria o mesmo destino que o dela. Você não é ninguém.

    Ambos apertaram sua empunhadura e avançaram contra o outro.

    Ting!

    O primeiro choque das lâminas os impulsionou para trás, como se uma força invisível os empurrasse.

    A vantagem de Lina estaria clara se seu irmão não fosse também um espadachim espiritual, o que, infelizmente, era o caso. Assim, suas habilidades espirituais se equilibravam, deixando o combate a depender puramente de suas técnicas de esgrima.

    Ambos avançaram novamente, determinados e concentrados.

    TING! TING! TING!

    Lumur empunhava sua espada com uma perícia impressionante, desferindo golpes precisos e poderosos, acompanhados por ondas de chamas ferozes que irrompiam em direção à Lina. As labaredas dançavam e se retorciam no ar, uma dança infernal em busca de consumir sua adversária.

    O calor intenso emanado pelas chamas fazia as paredes de pedra do castelo brilharem em um vermelho flamejante, enquanto o fogo iluminava os rostos dos irmãos em combate, destacando suas expressões determinadas.

    “Ela melhorou, está mais rápida, mais forte, mas não importa, mesmo quando éramos crianças, você nunca conseguiu ser melhor que eu!”

    Fundindo mana a espada, Lumur a moveu em um arco, causando uma explosão assim que suas lâminas se chocaram.

    BOOM!

    Lina, ágil e astuta, fez um círculo mágico enegrecido abrir na parede atrás antes que seus pés tocassem nela, então disparou na direção do irmão.

    SWIN!

    Ela desferiu um golpe baixo, mirando nos pés do imperador, forçando-o a dar um salto rápido para trás para evitar o ataque. Estendendo a mão em direção a seu adversário, sombras sinistras se deslocaram pelas paredes, formando mãos sombrias prontas para agarrá-lo.

    — Desde quando você aprendeu a usar truques tão sujos? — provocou Lumur.

    Empunhando sua espada flamejante, o imperador girou rapidamente, dissipando as mãos sombrias com um corte flamejante que irrompeu pelas paredes, destruindo o local por onde as sombras emergiram.

    Subitamente, um círculo mágico surgiu sob os pés de Lumur, impulsionando-o para os céus em um salto impressionante, passando pelo teto que não mais existia. Lá de cima, ele tinha uma visão panorâmica de sua cidade, permitindo-lhe observar cada detalhe de sua amada capital.

    No alto de um morro distante, Celeste vislumbrou uma oportunidade clara para atingir o imperador. Concentrando mana na ponta de sua flecha, ela disparou.

    SWISH!

    Um sorriso se desenhou no rosto de Lumur enquanto ele descartava um frasco, o mesmo que Alexander o havia entregado.

    Uma mana viscosa começou a transbordar de seu corpo, com as veias de sua têmpora pulsando com intensidade.

    Focando seu olhar diretamente onde Celeste estava, Lumur lançou um golpe preciso no ar. Sua estocada, que se assemelhava a um projétil disparado por um canhão, obliterou a flecha de Celeste no ar e avançou em direção à centaura.

    Em um movimento ágil, Celeste trotou rapidamente para fora do caminho, saltando para longe no último segundo.

    BOOM!

    O morro onde ela estava foi completamente devastado pela força do ataque de Lumur.

    Os círculos mágicos que circundavam o rei desapareceram, e ele apertou firmemente a empunhadura de sua espada, concentrando a mana com o objetivo de atingir sua irmã lá embaixo.

    “Essa potência!”, ele pensou, mantendo a concentração de sua mana. “Sinto-me como um monarca arcano das chamas!”

    SWISH!

    Ele desferiu um corte preciso em direção à posição de Lina, porém, em vez de apenas um golpe simples, uma linha de chamas ardentes irrompeu do castelo, atravessando-o de ponta a ponta.

    A linha de fogo se intensificou, borbulhando com uma energia crescente, até explodir com uma violência avassaladora.

    KABOOM!

    O castelo inteiro foi reduzido a destroços, sendo consumido por uma explosão que pôde ser vista e ouvida a quilômetros de distância.

    Agora, de cima do seu círculo mágico flutuante, Lumur observou a devastação que havia causado.

    Os destroços resultantes de seu ataque anterior caíram sobre o vilarejo que circundava seu palácio.

    Centenas de vidas foram perdidas, esmagadas pelos destroços, mas Lumur permaneceu indiferente à tragédia que havia causado.

    — Então isso que é poder de verdade… Finalmente tenho um poder adequado para mim, um imperador!

    SWIN!

    Um corte enegrecido surgiu da fumaça abaixo. Com um movimento ágil da mão nua, Lumur desfez o ataque ao rebatê-lo.

    Lina ainda estava viva, embora suas vestes estivessem chamuscadas e seu corpo exibisse leves escoriações.

    — Lidar com você será uma brincadeira de criança, irmãzinha.

    ZIOOM!

    De repente, o corpo de Lumur brilhou intensamente e, em um piscar de olhos, ele estava diante de Lina.

    “Habilidade Arcana da Flama?” pensou ela, surpresa com a velocidade do movimento.

    BAM!

    Um golpe poderoso de Lumur atingiu o estômago de Lina, projetando-a para o alto. Antes que ela pudesse cair, ele a segurou pelo calcanhar e a arremessou com violência em uma residência próxima.

    BOOM!

    Lina emergiu do outro lado da construção, derrapando enquanto empunhava sua espada em posição defensiva.

    “O que aconteceu? Como ele ficou tão forte em tão pouco tempo? A mana dele… ela não para de crescer!”

    SWIN!

    — Você realmente vai insistir nisso? — questionou Lumur, preparando-se para outro ataque.

    No momento em que o imperador ergueu a mão para bloquear o golpe, Lina emergiu das sombras atrás dele. No entanto, o tempo de reação de seu irmão era superior ao de um Monarca do Céu.

    — Jogando sujo? — murmurou Lumur, antecipando-se ao ataque de sua irmã.

    GRAB!

    Ele esquivou-se do corte e agarrou Lina pelo pescoço. Movendo-se com uma rapidez impressionante, ele parecia se teleportar, arremessando as costas de Lina contra o chão, teto e paredes à medida que se moviam.

    Woosh!

    Finalmente, eles estavam nos céus, e Lumur contemplava a vista panorâmica da cidade, os ventos balançando seus cabelos.

    Lina estava gravemente ferida, sangrando pela boca e nariz, com algumas costelas quebradas e o corpo repleto de escoriações. A mão de Lumur que a segurava começou a aquecer como brasa, e Lina gritou enquanto lutava para se libertar.

    — Isso é poder, irmã. No fim das contas, você não foi um verdadeiro desafio. Uma ninguém como você morrerá sendo apenas isso, uma ninguém. Sua sorte foi papai ter engravidado a vadia da sua mãe. No fim, você é tão patética quanto sua progenitora.

    Ela sorriu sarcasticamente.

    — Está se gabando com esse poder emprestado e a patética sou eu?

    Lumur ficou em silêncio.

    BAM!

    Ele desferiu um soco no estômago de Lina, fazendo-a vomitar sangue.

    — Pensei em deixá-la viva para entregá-la aos Elfos Negros, mas talvez seja melhor não. Mandarei sua cabeça para a rainha. Quero ver ela se desesperando enquanto marchamos até sua capital.

    WOOSH!

    Com um gesto rápido de sua mão, Lumur rebateu outra flecha disparada por Celeste, frustrando-a mais uma vez.

    — Depois que eu terminar com você, será a vez das suas parceiras.

    Lina não parava de sorrir.

    — O que me conforta é saber que você vai morrer… Assim que minha cabeça chegar até a rainha e Colin souber que morri, ele fará questão de matá-lo com as próprias mãos.

    — Acha que eu perderia para ele, um mestiço, com essa força que possuo agora?

    — Acho… Papai preferiu deixar Loaus e Liena sob os cuidados dele, um mestiço, do que sobre o seu… o papai… sempre soube de você…

    — …

    — Vai negar…? Antes de você ser mandado para a guerra… e muito antes de eu chegar… ouvi dizer que suas últimas três servas foram encontradas mortas… tudo isso porque elas queriam dizer ao papai o que viram você fazer…

    Os dentes dele cerraram de raiva.

    — Você não sabe de nada! — Apertou ainda mais o pescoço da irmã.

    Apesar da dor lancinante, Lina continuava sorrindo.

    — Eu não conseguia entender na época… mas depois percebi… você fingiu que se importava comigo, tudo porque queria que o papai não tivesse mais desconfiança sobre você e te considerasse o sucessor ao trono… Eles não manteriam os gêmeos a salvo no palácio por capricho… ele estava os mantendo longe de você… 

    A voz dela já estava fraca demais, quase inaudível, enquanto seu pescoço continuava sendo queimado.

    — Papai sabia que era mais seguro manter os gêmeos com Colin e sua guilda… havia uma monarca de duas árvores com ele, e até mesmo um Ubiytsy… nem mesmo você seria louco o suficiente para tentar alguma coisa… é uma pena para você que parte da guilda do Colin continua viva, e o mais engraçado, é que virão atrás de você e, em alguns anos, você será igual a mim, uma ninguém…

    Puf!

    Com seus últimos esforços, ela escarrou no rosto do imperador.

    — Vai logo, irmão, me mata e tudo isso termina… papai, os gêmeos e eu… todos mortos por sua culpa… Hehe! Um homem que conseguiu acabar com a própria linhagem e para quê? Seus dias estão contados… esse poder… seus aliados temporários… isso não adiantará de nada… esse sempre foi seu problema… sempre quis ser alguém que você nunca será… um rei… imperador… um homem…

    Lumur sentiu uma onda de fúria e ódio crescente dentro de si, como um vulcão em erupção, após ouvir aquelas palavras cortantes.

    Seus olhos faiscaram com um verde fantasmagórico, e suas íris pareciam consumidas pelas chamas do inferno. Seus dedos apertaram ainda mais o pescoço de Lina, suas veias pulsando com uma energia enlouquecedora.

    A raiva em seu rosto era palpável, suas feições distorcidas por uma combinação de fúria e desespero.

    — Você e papai sempre estiveram errados. Os Ultan eram fracos, eu não sou!

    CRACK!

    Com o outro braço, ele perfurou o estômago da irmã. Lina encontrou o olhar dele uma última vez, seus olhos perdendo o brilho da vida.

    BAM!

    Ele desviou da flecha de Celeste com um movimento rápido da mão, fazendo-a sair fumegante. A pandoriana estava furiosa, seus dentes cerrados tão fortemente que pareciam prestes a quebrar.

    — Que irritante… com o poder que possuo agora, vocês não passam de formigas.

    Ele soltou Lina, deixando-a cair em queda livre.

    Zioom!

    Num piscar de olhos, ele apareceu atrás de Celeste.

    Crunch!

    Esticando os dedos como se fossem uma espada, ele a decapitou.

    — Falta uma.

    Eilika corria desesperadamente pela floresta, lágrimas pesadas borrando seu caminho. Diferente das outras duas, ela não era tão habilidosa em combate.

    “Mestra, Celeste! Merda! Merda! Merda! Alguém me ajude, por favor! Alguém me ajude!”

    De repente, ela derrapou. Lumur estava bem à sua frente, flutuando enquanto exalava uma aura aterradora que a fez cair de joelhos.

    — Eilika… faz tempo que não vejo você. — Ele pousou os pés gentilmente na grama. — Leve o corpo da minha irmã para Runyra, assim como o de sua pandoriana. Dê um recado à rainha, os dias dela estão contados.

    A pandoriana camundongo estava tão aterrorizada que começou a urinar. Aquele ser não era nada parecido com Lumur; ele era outra coisa completamente diferente.

    Até mesmo a íris de seus olhos mudou de um castanho para um verde fantasmagórico.

    — Si-sim… e-eu e-entre-trego o re-recado…

    — Ótimo, pode ir…

    Eilika tentou se levantar, mas suas pernas não responderam. O pânico havia paralisado seu corpo.

    — Darei cinco segundos, se não conseguir se mover, se juntará a suas companheiras. Um, dois…

    Ela não conseguia se mover, a contagem regressiva só intensificava seu desespero.

    — E-eu co-consigo!

    — Três, quatro, cinco… Sinto muito.

    — E-espera!

    Crunch!

    Como se a ponta de seu dedo fosse um feixe de energia concentrada, ele perfurou a testa dela, fazendo seu corpo tombar para o lado.

    — Espero que meu próximo oponente seja mais desafiador.

    Ele olhou para trás e o corpo de Eilika começou a se desfazer em um líquido pastoso. Estreitando os olhos, Lumur se moveu rapidamente; o corpo de Celeste havia desaparecido. Então, ele foi até onde havia deixado Lina.

    Seu corpo também havia sumido.

    — Ratinha miserável… — disse com um sorriso no rosto.

    Cerrando os olhos, ele procurou pelo rastro de mana dela, mas não encontrou.

    — Ratos são mesmo bons em se esconder… não importa, minha mensagem será entregue à rainha.

    No meio dos destroços, ele encontrou sua coroa intacta, a limpou e a colocou de volta na cabeça. Mana começou a transbordar de seu corpo enquanto ele flutuava, observando todo seu reino.

    — Isso é só o começo, esse mundo todo será meu!

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