Capítulo 401 – Não ficaremos para trás!
— Devia desistir, grandão — disse o anão. — Provavelmente sua força foi selada, e mesmo que fosse um usuário de magia, as pedras ante-magia espalhadas por toda mina vão te deixar castrado.
Colin encarou toda a prisão de sua cela. Havia várias galerias com inúmeros prisioneiros encarcerados. Até mesmo havia aqueles presos em gaiolas suspensas.
Hobgoblins, Quaggoths e goblins estavam espalhados aos montes. Colin viu um dos prisioneiros ser espancado por Hobgoblins, e mais ao longe, Alfas adentravam uma cela onde só havia mulheres.
Ouviam-se gritos, pedidos de socorro, aquele lugar parecia o inferno.
— Ei, anão, há quantos metros abaixo da terra estamos? — perguntou.
— Eu não sei, o velho Wenrik está aqui há mais tempo que eu, e nem mesmo ele sabe.
Wenrik estava em um canto, ele parecia paranoico, se abraçando e batendo os queixos, como se estivesse debaixo de uma intensa nevasca.
— O que aconteceu com ele? — Morwyna perguntou.
— Surras, abusos, o de sempre. Não tem um homem que resista tanto tempo a algo assim.
Suspirando, Colin se afastou das grades e caminhou para os fundos, se sentando.
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— Eles nos alimentam de quanto em quanto tempo?
— É no tempo desses miseráveis… a última vez que comi foi há dois dias. Se trouxerem água, é melhor racionar, já ficaram dez dias sem oferecer uma única gota. O velho Wenrik lambe a umidade das paredes às vezes, podem fazer como ele.
— …
— E o que a gente faz aqui, escava?
— Não, a cada cinco dias alguns presos são recolhidos de suas celas e levados até o grande círculo. Eles participam de um ritual onde sua vitalidade é drenada. — O anão apontou com o queixo para o velho Wenrik. — Ele já participou do ritual doze vezes. Bem, até que ele durou muito para alguém de vinte anos.
“Vinte anos? Esse velho?”
— E você, anão, já participou desse ritual?
— Três vezes… depois que eles terminam a oração, é como se você tivesse corrido uma intensa maratona, seu corpo fica exausto.
Eles ouviram passos pesados vindos do corredor, então um Alfa se aproximou, abrindo uma cela.
— Ei! Tira essas mãos de mim! — Samantha estava ali, sendo arrastada pelo braço, mas ela não estava sozinha, havia três outros homens com ela.
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Todos eles foram jogados na cela.
— Colin! Morwyna! — Assim que colocou os olhos neles, Samantha avançou até os companheiros, os abraçando. — Pensei que estivessem mortos!
— Por onde esteve? — perguntou Colin.
— Fiquei algumas horas sozinha em uma cela, até que essas criaturas me arrastaram até esse lugar.
— Se lembra da trajetória até aqui?
Samantha colocou a mão no queixo, pensativa.
— De poucas coisas.
— Consegue desenhar?
— Sim, mas…
Colin se aproximou de um dos cristais grudados na parede e, usando grande parte de sua força, o arrancou, jogando na mão de Samantha.
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Em cócoras, ela desenhou rapidamente tudo que ainda estava fresco em sua mente.
— Vim do Oeste, há mais ou menos trezentos metros existe uma galeria especial. Há muitos Alfas lá, e eu vi alguns sacerdotes também. Isso é tudo que me lembro, esse lugar é um labirinto.
— Entendi… tem muitos goblins e Hobgolins, mas o problema maior seria os Alfas e os Quaggoths. Parece que minha árvore da pujança foi selada… não… talvez eu tenha a força de um usuário da pujança de segundo nível.
Ele olhou para a barra que tentou abrir. Os Goblins eram idiotas demais para perceber que ela estava levemente entortada.
— Bem, precisamos encontrar as nossas coisas e fugir.
— Devia desistir, Elfo — disse um dos homens jogados na cela com Samantha. — Todo idiota nesse inferno já pensou em um meio de fugir, é impossível.
Colin o encarou, encarou os outros dois que também vieram.
“O anão disse que a comida é escassa, assim como a água, e mesmo assim há oito pessoas dentro dessa cela. O problema maior será manter as coisas em ordem aqui dentro. Parte da minha força foi selada, mas ainda devo ser o mais forte aqui.” Ele olhou para Samantha, depois Morwyna. “Essas duas são só mulheres comuns agora. Samantha, por sorte, sabe arte marcial, mas Morwyna parece só uma mulher comum… merda… isso é problemático, preciso voltar para casa, e rápido!”
Ayla estava sentada em uma sala iluminada apenas pela suave luz das velas que cintilavam sobre uma mesa próxima. A katana, imponente e afiada, repousava ao seu lado, emanando uma aura de poder.
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A rainha estava sem a parte superior de sua armadura, revelando sua roupa preta justa que delineava sua figura atlética e elegante.
O silêncio da sala foi quebrado pelo som da porta se abrindo suavemente, e Ayla ergueu os olhos para encontrar um rosto familiar e reconfortante: Alunys.
Com passos firmes e respeitosos, Alunys se aproximou da rainha, curvando-se em uma reverência profunda.
— Peço perdão por minha demora, majestade — disse Alunys, com uma voz suave e respeitosa.
— É bom ver você, garota — disse a rainha com um sorriso.
— Também é bom ver a senhora, soube que seus filhos nasceram e que… meus amigos estão na capital… — murmurou.
Ayla deu um tapinha no sofá ao seu lado e Alunys se sentou.
— Vim aqui pedir um favor.
— Fa-farei qualquer coisa que desejar, senhora!
— Recebeu as minhas cartas, né? — Ela assentiu. — Então deve estar ciente de que uma guerra está prestes a acontecer nas fronteiras.
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— Si-sim…
— Preciso que convença as pessoas a juntarem suas coisas e marcharem para os arredores de Runyra. Não se preocupe, é temporário, e mesmo se as coisas forem destruídas, garanto que a coroa irá repor. Deve ter ouvido sobre nossa conquista ao norte.
— Sim… eu soube…
— Temos muito dinheiro agora, Brighid e os outros estão seguros em Runyra, quero que vocês também fiquem.
Alunys notou que a rainha estava bem diferente desde a última vez que a viu. Toda aura sombria dela havia se esvaído, até seu tom de voz estava mais gentil, afável.
— Tá… posso fazer uma pergunta…?
— Claro, o que quer saber?
— Senhor Colin não está com a senhora…?
— Ele está resolvendo outro problema agora, quando for resolvido, ele se juntará à gente. Deve estar com saudade dele, né?
Ela engoliu em seco. — Um pouco… Kurth… ele também está em Runyra?
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— O garoto ruivo? Sim, por quê?
— Acho que ele ficará feliz, tenho algo a mostrar para a senhora.
Ayla e Alunys abriram a porta com cuidado, revelando uma cena serena e tocante à sua frente. Uma mulher ruiva, com cabelos lisos que brilhavam como chamas dançantes, estava sentada no chão, envolvida em uma brincadeira animada com uma criança pequena.
Sardas pontilhavam seu rosto delicado, realçando seus olhos esverdeados cheios de vida. Seu corpo esbelto era suavemente contornado por um vestido branco, que parecia desenhar sua forma com graça e elegância.
A mulher parecia radiante e jovial, e no aconchego de seu colo estava uma menininha que exibia as mesmas características marcantes da mãe: os cabelos ruivos, os olhos verdes e o rostinho salpicado de sardas.
Ambas compartilhavam um momento de alegria genuína, rindo e se divertindo juntas.
No entanto, a atmosfera descontraída foi momentaneamente interrompida quando os olhos da mulher ruiva se ergueram e encontraram os de Ayla e Alunys.
— Senhorita Alunys, e…
— Essa é a rainha Ayla, Kurth trabalha diretamente para ela e o senhor Colin.
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— Onde estão os meus modos? — Ela se ergueu para uma reverência, mas Ayla a impediu.
— Não precisa, pode ficar à vontade.
— Obrigada, senhora! — Ela retornou para a cadeira. — Senhorita Alunys me contou sobre meu filho, obrigada por cuidarem tão bem dele. Quando ouvi as notícias de que Ultan caiu, eu…
“Espera, essa é a mãe do Kurth?”
— Kurth é um bom rapaz, os deuses não poderiam nos fornecer um garoto tão jovem e, ao mesmo tempo, tão leal. A senhora devia ficar orgulhosa.
Ela respondeu com um sorriso genuíno. — Eu estou!
— Kurth vai ficar feliz em vê-la…
Ela assentiu. — Também vou ficar feliz em vê-lo… não foi fácil chegar até aqui… não tive mais notícias do meu marido e Kurth partiu para Ultan na época, depois que meu marido se juntou ao exército do Sul.
A garotinha em seu colo esticou os braços para alcançar o rosto da mãe.
— Meu marido enviava dinheiro para cuidarmos da creche, não só ele, mas os seus amigos também… depois que eles desapareceram, não tivemos como cuidar das crianças e algumas acabaram sendo vendidas… bem, não me orgulho do que fiz, mas… eu precisava sobreviver…
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Ela visitava memórias dolorosas.
— Então acabei tendo ela… o Sul não é um lugar bom para se criar uma criança, então eu soube das notícias, as pessoas disseram que Runyra era segura, que era possível prosperar, e que isso era possível graças a um homem chamado Colin, o mesmo nome que meu filho mencionava nas cartas que enviava para mim. Quais as chances de ser o mesmo homem das histórias do meu filho? Cheguei aqui e descubro não apenas que é o mesmo homem, mas que meu filho também está vivo.
— Não se preocupe — disse Ayla gentilmente. — Vocês irão se encontrar em breve. Também sou mãe, parti da capital faz dias e já estou com saudade das minhas crianças. Bom, tenho que ir. Alunys cuidará bem de você, tenho certeza.
— Obrigada, majestade.
Kurth estava visivelmente exausto, vestindo roupas de treino que aderiam ao seu corpo, evidenciando a intensidade de seu esforço. Com seu arco robusto em mãos, ele focava sua atenção em um pássaro distante, a uma impressionante distância de mais de dois quilômetros.
Seus olhos estavam fixos, a respiração controlada e profunda enquanto ele se preparava para o tiro.
Com um último suspiro concentrado, Kurth soltou a corda do arco. Após alguns segundos de tensa espera, o som de um impacto ressoou, e o pássaro foi atingido em cheio.
Um sorriso de satisfação cruzou o rosto de Kurth, e ele se dirigiu até um caixote próximo, sentando-se com um movimento cansado. Com cuidado, ele colocou seu arco de lado e apanhou um cantil que estava ao seu alcance no chão, bebendo grandes goles de água, quase esvaziando o recipiente de uma só vez.
— O senhor devia descansar…
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Ao virar-se para o lado, seus olhos encontraram os de Sylvana. Ela estava lá, imóvel e silenciosa, segurando um cajado com firmeza, observando seu mestre com uma expressão que mesclava preocupação e admiração.
Fazia dias que Kurth estava imerso em seu treinamento intensivo, e Sylvana, como sempre, estava presente, atenta e dedicada ao progresso de seu mestre.
— Eu vou, mas não agora.
— … O que aconteceu com o senhor? Parece irritado desde que chegou a Runyra…
Ele deixou o cantil de lado e encarou o chão, pensativo.
— Sou um membro da primeira guilda do senhor Colin… Dos que ficaram vivos, sou o único que não evoluiu o bastante…
— I-isso não é verdade, o senhor venceu vários cultistas e…
— Até mesmo Alunys se tornou uma duquesa, um cargo bem importante, mas eu não me tornei nada. Até mesmo quando estávamos caçando cultistas, pensei que eu estivesse mais forte… porém, assim que cruzei com senhorita Brighid, perdi, mesmo que ela não estivesse usando sequer 20% da sua mana…
— Senhor…
— As moiras me deram esse braço, me ensinaram algumas coisas e eu pensei que estava invencível… até que voltei para cá, onde a maioria dos meus antigos amigos está… comparado a eles, eu não sou nada…
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— … O senhor não deveria se martirizar tanto… Senhor Colin, senhorita Brighid e os outros… eles são monstros…
— Esse é o problema… quando conheci o senhor Colin, ele não era tão forte… eu o vi evoluir enquanto eu ficava para trás… o que tem de tão diferente entre a gente?
A pandoriana desviou o olhar e Kurth continuou.
— Eu não vou ficar para trás, ou até os filhos do senhor Colin terão me superado em alguns anos. — Ele abriu um sorriso desafiador. — Vou me fortalecer, Sylvana, assim posso voltar a correr junto dos outros. Você também tem que se fortalecer!
— E-eu?
— Claro, é a minha pandoriana. Daqui a alguns anos quero ouvir baladas sobre a gente, você não quer?
— E-eu não sei…
Kurth bagunçou o cabelo da companheira.
— Não fica assim, vai ser trabalhoso, mas também será divertido. Dessa vez a gente conseguirá proteger os nossos amigos!
— T-tá…
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Kurth tinha todos os motivos para se manter cabisbaixo, mas o fato de ele estar tão distante de alcançar seus companheiros era um combustível para seu empenho.
Ele se recusava a ser deixado para trás.
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