Capítulo 419 – Achamos o traidor! (2/4).
O demônio não perdeu tempo admirando a transformação de Colin.
Com um rugido furioso, ele avançou como uma sombra vingativa, seu punho envolto em energia negra colidindo contra o rosto de Colin com uma força que poderia ter despedaçado uma montanha.
Boooom!
O impacto foi assustador. Ossos deveriam ter se partido, carne deveria ter sido rasgada. Mas, em vez disso, Colin foi arremessado para trás como um projétil, afundando ainda mais na parede já destruída.
Fragmentos de pedra voaram em todas as direções, e uma nuvem densa de poeira e detritos cobriu tudo.
A estrutura da caverna estremeceu violentamente, rachaduras profundas se espalhando pelo teto e pelas paredes adjacentes, ameaçando desmoronar.
Mas o demônio não parou ali. Com um salto, suas asas negras cortaram o ar enquanto ele agarrava Colin pelo pescoço antes que ele pudesse sequer recuperar o equilíbrio.
Os dedos do demônio apertaram-se ao redor da garganta de Colin com uma força esmagadora, e ele o ergueu acima de sua cabeça como se fosse um troféu.
Então, com um grito ensurdecedor, o demônio lançou Colin diretamente contra o teto da caverna.
Cabruum!
O som da colisão foi devastador — como um trovão multiplicado por mil.
O impacto fez o teto inteiro rachar em padrões irregulares, grandes pedaços de rocha despencando sobre o campo de batalha abaixo. Poeira caiu como uma chuva cinzenta, obscurecendo momentaneamente a visão de todos.
E então, como se aquilo ainda não bastasse, o demônio agarrou novamente Colin pelo pescoço e recolheu as asas, mergulhando com ele no chão da caverna.
Kabooom!
O chão da caverna explodiu em uma cratera irregular, fragmentos de pedra e terra sendo lançados para todos os lados. O som ecoou como uma explosão subterrânea, sacudindo até mesmo Morwyna, que tentava manter o equilíbrio em meio aos escombros.
Por um momento, tudo ficou silencioso, exceto pelo som das pedras caindo e do vento soprado pelas asas do demônio.
A poeira começou a se dissipar lentamente, revelando a cena de destruição absoluta. No centro da cratera, Colin estava lá, deitado, mas não ileso.
A mão do demônio ainda apertava seu pescoço com uma força que faria qualquer mortal sufocar instantaneamente. As unhas afiadas do demônio quase perfuravam a pele de Colin, mas algo estranho acontecia: gotas de suor escorriam pela testa do demônio, traços de tensão aparecendo em seus olhos malignos.
Ele pressionava com toda a sua força sobrenatural, mas a pele de Colin permanecia intacta, como se fosse feita de algo além de carne e osso.
Colin, por sua vez, mantinha aquele sorriso prepotente no rosto, mesmo com a pressão crescente no pescoço. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que parecia zombar do próprio demônio.
Era como se ele estivesse apreciando aquilo, como se cada golpe, cada tentativa de matá-lo apenas alimentasse ainda mais sua excitação.
Com um rugido frustrado, o demônio finalmente recuou, suas asas batendo com força para criar distância entre eles.
Ele pairou alguns metros acima, seu peito arfando enquanto tentava compreender o que acabara de testemunhar.
Como era possível? Como aquele homem podia resistir a ataques que destruiriam qualquer outro ser vivo?
O demônio cerrou os punhos, suas garras tremendo de fúria, mas havia algo mais em seus olhos agora — algo que ele nunca esperaria sentir.
Medo.
Um semblante assustado adornava o rosto do demônio e uma janela de status saltou sobre a vista de Colin.
Nome: Demônio vermelho.
Classe de Armadura: 200.
Pontos de Vida: 57000.
Pontos Mágicos: 83000.
Força: 250.
Destreza: 210.
Agilidade: 180.
Inteligência: 170.
Estamina: 250.
Resistências a Dano: elétrico, gélido, ígneo.
Imunidades a Dano: venenoso, contundente, cortante e perfurante de ataques não mágicos.
Imunidades à Condição: amedrontado, cego, enfeitiçado, envenenado, exausto.
— Você não é tão forte — zombou Colin, alargando seu sorriso.
Com a ferocidade de um predador enjaulado finalmente solto, Colin avançou contra o demônio usando seus passos fantasmas.
Sem hesitar, ele desferiu um soco devastador no rosto do demônio, um golpe tão carregado de força pura que parecia conter o peso de cem socos de um titã.
BAAM!
A cabeça do demônio foi jogada para trás como se fosse arrancada de seu corpo, e seu corpo inteiro foi arremessado pelo ar como um projétil descontrolado.
Ele atravessou a caverna em uma fração de segundo, colidindo violentamente contra a parede oposta com uma explosão ensurdecedora.
Fragmentos de pedra voaram em todas as direções. O som da colisão reverberou por longos segundos, como se a própria terra estivesse gemendo de dor.
A onda de choque que se seguiu forçou todos na caverna a buscar abrigo. Morwyna se lançou atrás de um pilar de pedra instável, protegendo-se dos escombros que choviam ao redor.
Mesmo o verme colossal, ainda preso parcialmente pelo gelo, pareceu recuar momentaneamente, como se até mesmo aquela criatura grotesca sentisse o poder descomunal emanando de Colin.
Colin permaneceu onde estava, imóvel, pairando no ar em cima de seu círculo mágico, respirando calmamente enquanto o eco do golpe se dissipava.
Com um gesto quase casual, ele arrancou a camisa de seu corpo.
Morwyna observava Colin de longe, seus olhos arregalados enquanto tentava processar o que estava vendo.
“Quanta força… Monarcas da pujança são todos tão poderosos assim?”
A energia que emanava do corpo de Colin era palpável, distorcendo o ar ao seu redor em ondas visíveis, como o calor que sobe do asfalto em um dia escaldante.
Ela nunca havia presenciado tal poder antes, nem mesmo nos contos de guerra e glória que seu avô costumava narrar nas noites frias de inverno.
Seu coração batia forte no peito, dividido entre o medo e o fascínio.
“Nenhum elfo negro poderia fazer isso”, pensou ela, sua mente correndo. “Talvez só… o meu pai…”
Talvez… Talvez apenas seu avô tivesse alguma ideia do que Colin realmente era.
Foi por isso que ele a enviou? Será que ele sabia o quão perigoso — e, ao mesmo tempo, indispensável — Colin se tornaria? Ela sentiu um aperto no peito ao pensar nisso.
Seu avô sempre fora um homem enigmático, cujas palavras carregavam significados ocultos que só faziam sentido muito depois de serem ditas.
“Ele é a chave,” disse ele certa vez, com aquela voz grave e cheia de mistério. “Encontre-o. Ajude-o.”
Mas agora, vendo Colin naquela forma, com aquele sorriso predatório e os olhos brilhando como brasas vivas, Morwyna não conseguia evitar a sensação de que estava lidando com algo muito maior do que imaginara.
Era assustador. Terrivelmente assustador.
No entanto… era impossível desviar o olhar. Havia algo hipnotizante nele, algo que atraía e repelia ao mesmo tempo. Era como assistir a um furacão destruir tudo ao seu redor — você sabe que deveria fugir, mas a grandiosidade do caos te prende.
Morwyna sentiu seus pés pesarem, como se estivessem enraizados no chão. Parte dela queria correr, colocar a maior distância possível entre ela e aquele homem que parecia cada vez menos humano. Mas outra parte — uma parte mais profunda, mais instintiva — queria ficar.
Queria entender. Queria estar perto dele, mesmo que isso significasse arriscar sua própria vida. Ela não conseguia explicar essa dualidade dentro de si, esse conflito interno que parecia crescer a cada segundo que passava.
Colin era um paradoxo vivo: destruição e criação, loucura e controle, caos e ordem. E, por mais que tentasse negar, Morwyna sabia que ele era exatamente o tipo de pessoa em quem seu avô confiaria.
Ele era imprevisível, sim, mas também era poderoso. Incrivelmente poderoso. Ela respirou fundo, tentando acalmar os nervos que ameaçavam dominá-la.
— Acho que… estou começando a entender…
O gelo que prendia o verme colossal começou a estilhaçar com um som agudo e penetrante, como vidro sendo triturado por mãos invisíveis.
A criatura rugiu. Era um som cheio de ódio, dor e fúria, mas também carregava algo mais — uma intenção cruel e calculada.
— Sua vadia! Sua maldita puta! — berrou o verme, sua voz gutural e múltipla, como se mil bocas falassem ao mesmo tempo. — Vou te rasgar membro por membro! Você vai implorar pela morte antes que eu termine com você!
Morwyna não recuou.
Seus olhos percorreram rapidamente a caverna, buscando Colin. Ele não estava ali.
Então, seu olhar pousou no buraco gigantesco na parede oposta, resultado do golpe devastador que ele havia desferido contra o demônio momentos antes.
Ela sabia exatamente o que aquilo significava. Colin havia ido enfrentar seu oponente em outro lugar, provavelmente em uma galeria adjacente à caverna.
Ela respirou fundo, tentando acalmar os nervos que ameaçavam dominá-la.
“Então, eu vou mesmo ter que enfrentar essa coisa sozinha… mas… ele sobreviveu ao meu ataque e a um ataque do senhor Colin, certo? Ele não é nem um pouco fraco…”
O ar frio e úmido da caverna preencheu seus pulmões, mas não foi suficiente para apagar o calor que subia por seu pescoço.
“Que coisa patética… senhor Colin me protegeu todo esse tempo… se ele me deixou aqui sozinha, é porque ele confia em minhas habilidades… e eu só… estou fazendo pouco caso disso, querendo que ele fique aqui e lute por mim… como uma covarde.”
Morwyna fechou os olhos por um breve instante, reprimindo o medo que tentava tomar conta de si. Quando os abriu novamente, havia algo diferente em sua expressão — uma determinação que antes estava ausente.
— Eu fui uma egoísta idiota — murmurou ela para si. — Eu não sei nem metade do que está em jogo aqui…
Seus pensamentos corriam frenéticos enquanto ela observava o verme se libertar completamente, suas presas enormes reluzindo com saliva venenosa.
Aquelas criaturas — o verme e o demônio alado — não eram apenas monstros comuns. Eles eram servos diretos do Rei do Abismo, uma entidade cujo poder era quase incompreensível para qualquer mortal como ela. Uma força cósmica que governava o caos e a destruição, capaz de reduzir mundos a pó com seu exército demoníaco e seus Apóstolos.
“Eu estava me comportando como uma garota que acabou de sair de casa. Esse mundo… eu não tinha ideia de que ele é tão grande e tão… intenso. Estava sendo ingênua, achando que Colin podia lidar com tudo isso sozinho por ser… ele.”
Ela se lembrou das histórias que ouvira sobre Brighid, a Santa que salvava vidas com sua magia pura e sua compaixão inabalável. Sua sabedoria era descrita como algo divino, e já ouvira por aí que era questão de tempo até que seus fiéis fossem tantos que todo plano da raiz a veneraria, tornando-a uma deusa.
E então havia Ayla, a guerreira invicta, cuja habilidade em combate era lendária. Ayla nunca perdia uma batalha, não porque era imbatível, mas porque nunca deixava de fazer sua parte, independentemente das circunstâncias.
Ambas haviam lutado ao lado de Colin, cada uma contribuindo com suas próprias forças, sem jamais dependerem exclusivamente dele.
Elas sabiam que o peso do mundo não podia repousar apenas nos ombros de uma única pessoa, por mais poderosa que essa pessoa fosse. E agora, ali estava Morwyna, hesitando, duvidando de si mesma, quando deveria estar lutando com tudo o que tinha.
— Chega disso! — disse ela em voz alta. Ela cerrou os punhos, sentindo a magia dentro dela pulsar em resposta. — Eu não vou simplesmente assistir enquanto Colin faz todo o trabalho. Isso não é justo para ele, e certamente não é digno de mim.
Morwyna levantou o queixo, encarando o verme com uma intensidade renovada.
Seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e determinação, e sua postura mudou completamente.
— Eu não sou mais aquela criança — murmurou baixinho, quase como uma promessa feita ao próprio reflexo interior. — Não sou mais a garota que chora escondida nos cantos, esperando que alguém venha me salvar.
Ela endireitou ainda mais os ombros, como se carregasse sobre eles não apenas sua própria história, mas também o futuro de todo o seu povo.
— Você quer me matar? — gritou ela. — Então venha me pegar, seu monte de carne podre! Eu vou mostrar a você e ao seu mestre maldito que não podem simplesmente passar por cima de mim. Sou Morwyna Ostreth, filha de Milveg Ostreth, princesa dos Elfos Negros e eu vou provar que sou digna de ser reconhecida!
As palavras saíram como um desafio, ecoando pelas paredes da caverna e provocando um silêncio momentâneo.
Até mesmo o verme pareceu hesitar por um segundo, surpreso pela mudança súbita na postura dela. Mas logo o monstro soltou outro rugido furioso, avançando em sua direção com as mandíbulas escancaradas.
“Certo, eu consigo!”
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