Índice de Capítulo

    Morwyna estava de pé no centro da câmara escura, iluminada apenas por orbes fracos que lançavam sombras nas paredes.

    Seu peito subia e descia em ritmo acelerado, o suor escorrendo pela têmpora enquanto fixava os olhos na adversária.

    Do outro lado, Rogdruth esboçava um sorriso afiado, os cantos de sua boca curvados em um sorriso.

    — Então… você é a protetora do campeão de Kag’thuzir? — Rogdruth riu. — Patético.

    Morwyna engoliu a secura da garganta, mas sua voz não vacilou.

    — Não vou deixar você chegar até ele. Nunca!

    A risada de Rogdruth ecoou.

    — Vamos ver quanto tempo essa bravura dura, menina.

    Com um gesto fluido, as sombras ao seu redor ganharam vida, torcendo-se como serpentes negras antes de envolverem seu corpo em uma armadura de pura escuridão.

    — Nós, príncipes do abismo, somos deuses em nossos reinos, — Rogdruth declarou, avançando com passos sinuosos. — Você é apenas uma mosca a ser esmagada, garota. Teria melhor chance se o grandão tivesse te ajudando. Sozinha, você não é desafio. Sua mana é baixa e você não tem postura de uma guerreira.

    “Calma Morwyna, não dê ouvidos a ela, siga o plano!”

    [Minutos antes.]

    Colin estava agachado entre as sombras, os olhos fixos na torre sinistra que se erguia no horizonte.

    Ao seu lado, Morwyna, Samantha e Yllastina se preparavam em silêncio.

    O ar pesava com a energia densa dos príncipes do abismo—três fontes de mana monstruosas.

    — Três alvos, — Colin sussurrou. — Eu enfrento o que tiver a maior concentração de mana. Vocês cuidam dos outros dois.

    Morwyna mordeu o lábio, os punhos cerrados mostrando os nós dos dedos.

    — E se… não der certo? — perguntou Samantha.

    Colin não desviou o olhar da torre.

    — Dependendo do que encontrarmos lá, eu não vou poder interferir na luta de vocês. Cada um cuida do seu… Não sei como isso vai se desenrolar.

    Foi então que Morwyna ergueu a cabeça, os olhos brilhando com uma chama que Colin nunca tinha visto nela antes.

    — Eu quero o segundo!

    Ele virou o rosto, encarando-a de canto.

    — Morwyna…

    — Eu consigo! — ela cortou, a voz firme como aço temperado. — Confiem em mim. Eu sou forte!

    Samantha estudou-a por um segundo, depois sorriu.

    — Ela tá falando sério, Colin. Dá uma chance pra elfa.

    Yllastina deu uma risadinha.

    — Olha só! A elfinha tímida quer mostrar serviço!

    Morwyna não recuou, o queixo erguido, os punhos cerrados.

    Colin observou-a por um longo momento, depois suspirou, esfregando o rosto.

    — Tá. Vou deixar isso com você.

    Ela sorriu, rápido, quase imperceptível, mas era o suficiente.

    [Atualmente.]

    Seu coração batia acelerado, o suor escorrendo pela sua testa enquanto ela olhava fixamente para sua adversária. Rogdruth estava de pé do outro lado, um sorriso malicioso de orelha a orelha.

    — Você está tremendo como um cão assustado, garota. Querendo parecer durona?

    Morwyna engoliu em seco, mas sua determinação não vacilou.

    — S-Só uma de nós vai sair daqui! — declarou ela, sua voz firme apesar do medo.

    Rogdruth riu, um som cruel. — Se quer tanto assim morrer, serei generosa em atender a esse pedido!

    Morwyna, percebendo o perigo, ergueu as mãos e invocou uma muralha de água, esperando conter a investida de Rogdruth.

    A barreira líquida brilhou por um instante, reluzente e forte. No entanto, Rogdruth moveu-se com uma velocidade supreendente, sua habilidade de Andar nas Sombras permitiu-lhe atravessar a defesa com facilidade.

    Em um piscar de olhos, Rogdruth estava ao lado de Morwyna. Antes que ela pudesse reagir, a princesa do abismo desferiu um golpe poderoso com o punho sombrio, o impacto lançando a Elfa violentamente contra a parede.

    Brum!

    — O que foi, garota? Já desistiu?

    Ela sentira uma dor lancinante por todo seu corpo. Mesmo assim, Morwyna apertou os punhos, levantando o olhar.

    Morwyna arfou, mas não teve tempo de se recompor. Rogdruth já estava sobre ela, a sombra da sua mão se transformando em lâminas afiadas que cortaram o ar em direção à elfa.

    Desesperada, Morwyna ergueu uma barreira de terra, mas as lâminas sombrias passaram por ela como se fosse papel, rasgando o solo e cortando sua pele.

    Crunch!

    O calor do sangue escorrendo queimou o pulso. Ela mordeu o lábio para não gritar.

    Rogdruth sorriu, observando o sangue escorrer dos cortes.

    — Pff, olha só… Nem comecei direito e você já tá sangrando.

    Morwyna cerrou os dentes, as mãos tremendo ao pressionar o braço ferido.

    — Eu não vou cair fácil! — gritou, invocando chamas que crepitaram ao seu redor, tentando afugentar Rogdruth.

    Rogdruth soltou uma risada fria e sumiu nas sombras.

    A elfa girou no lugar, o olhar ansioso em busca da inimiga, mas Rogdruth reapareceu atrás dela e desferiu um golpe na nuca.

    Morwyna cambaleou para frente, as pernas bambearam.

    — Patética — murmurou Rogdruth, aproximando-se de novo.

    As sombras ao redor de Morwyna contorceram-se de repente, enroscando-se em seus membros como cobras.

    Ela tentou gritar, mas sua voz morreu na garganta.

    “Merda…”, pensou, o coração acelerado, enquanto Rogdruth aproximou-se, seus dedos ossudos acariciando o queixo da elfa.

    — Deve ser nobre, né? Essas mãozinhas delicadas, esse cabelo bonito… esse rostinho limpo… devia era ficar tricotando em casa, não brincando de guerreira!

    Bam!

    Um chute pesado atingiu o rosto da Elfa tão rápido que ela mal viu. Em seguida, Rogdruth acertou um soco no queixo e um chute no estômago, atirando Morwyna contra a parede.

    Rogdruth foi até ela, segurou seus cabelos e a ergueu.

    — Eu não disse? Você é um fracasso. — O sorriso dela se alargou. — Com essa cara bonita, só pode ser filha de alguma família rica. Seu lugar não é aqui, princesinha. E se você é companheira do campeão de Kag’thuzir… então aquele idiota deve ser ainda pior do que eu pensei, deixando lixo o acompanhar.

    Mesmo sob pressão, os olhos vermelho-sangue de Morwyna não perdiam a chama da determinação.

    — Sério? Ainda não desistiu? — Rogdruth riu, sarcástica.

    Bam! Bam!

    Uma joelhada certeira no estômago jogou Morwyna para frente. Rogdruth agarrou seu rosto e cravou a cabeça da elfa na parede, depois a arremessou ao chão e chutou seu peito, fazendo-a rolar.

    Morwyna tentou recuperar o fôlego, até que um novo golpe quase a atingiu. Desviou por pouco, erguendo-se rápido, mesmo com as pernas bambas.

    “Ela é forte, mas eu também sou. Eu sou um oráculo, droga! Lembre-se da sensação… Você não veio aqui pra perder tudo agora. Colin, Samantha, todo mundo que acreditou em você… você precisa corresponder!”

    Ela fechou os olhos por um instante, respirou fundo e invocou toda sua força, liberando uma explosão de chamas ao seu redor.

    Rogdruth recuou, surpresa com a intensidade.

    Morwyna aproveitou a brecha, soltou-se das sombras que a prendiam e lançou uma bola de fogo direto na direção dela.

    Rogdruth desviou com agilidade, mas Morwyna não deixou o ritmo cair, continuando a atirar chamas para mantê-la afastada.

    — Resolveu acordar, garota? — resmungou Rogdruth, o sorriso sumindo enquanto encarava a elfa com mais atenção. — Vai ter que fazer mais do que isso!

    Morwyna sentiu a confiança crescer dentro de si. Ela acreditava que podia fazer aquilo. Que podia vencer.

    — Por que tá correndo? — provocou, ofegante. — Tá com medo de mim?

    “Tenho que ser esperta! Ela é uma princesa do abismo, tem muita mana e deve ter muito a mostrar. Certo! Tenho que manter a pressão, estudá-la, entender seus padrões e pensar em um contra-ataque!”

    Rogdruth não hesitou.

    Avançou com uma velocidade surpreendente, diminuindo a distância entre elas num piscar de olhos, mas Morwyna já estava à espera.

    Ela ergueu uma parede de fogo, obrigando Rogdruth a mudar de direção.

    Chssss!

    Uma cópia sombria da inimiga atacou por outro lado, mas Morwyna reagiu rápido, levantando um escudo de terra para bloquear o golpe.

    Ting!

    Morwyna estendeu a mão esquerda e soprou uma rajada de ar gelado, moldando uma espada de gelo brilhante.

    Com a outra mão, invocou chamas, formando uma lâmina flamejante que rugia como um animal selvagem. Armada com os dois elementos, encarou Rogdruth, sangue escorrendo pelo rosto, mas os olhos firmes.

    — Sobre aqueles golpes mais cedo — começou, ofegante. — Você é forte, sim. Mas o Colin? O punho dele é vinte vezes pior que o seu. Então pode parar com essa pose. Você nem o faria suar.

    Rogdruth franziu as sobrancelhas.

    — Eu nem comecei ainda, garota!

    Woosh!

    Morwyna não respondeu. Em vez disso, partiu para cima, movendo-se com uma velocidade impressionante. Suas espadas brilhavam enquanto cortavam o ar.

    Rogdruth levantou sua arma sombria para bloquear, mas a elfa era rápida como um raio. Movia-se como um acrobata, girando, saltando e atacando de ângulos inesperados.

    O primeiro golpe acertou o ombro de Rogdruth. A lâmina de gelo rasgou a carne, deixando um rastro frio e doloroso.

    — Merda! — ela rangeu os dentes.

    Antes que se recuperasse, Morwyna investiu com a espada de fogo. As chamas devoraram as sombras ao redor de Rogdruth por um instante, fazendo-as recuar.

    — Tsc! — Morwyna sorriu, mesmo com o sangue no rosto.

    Rogdruth fechou a cara, sentindo a queimadura latejar.

    — Você é rápida, Elfa — rosnou — mas eu sou mais forte!

    Com força brutal, lançou um golpe descendente com sua lâmina negra.

    Ting!

    Morwyna bloqueou com a espada de gelo, sentindo o impacto subir até o ombro. Sem perder o ritmo, girou sobre os calcanhares e atacou com o fogo, forçando Rogdruth a recuar mais uma vez.

    Cada vez que Rogdruth tentava usar suas sombras para enganar ou atacar, o fogo de Morwyna as consumia, destruindo qualquer vantagem que a guerreira das trevas tentasse tomar.

    — Suas sombras não vão funcionar comigo! — gritou Morwyna, a voz firme e mais segura. Ela já não estava apenas reagindo, estava no controle. Pela primeira vez, sentia-se realmente no ritmo da luta.

    Era como se os movimentos da entidade que a possuíra durante o treinamento com Colin estivessem agora gravados em seus músculos. Cada golpe, cada desvio parecia natural. E ela estava adorando aquilo.

    “Ceto! Eu consigo!”

    A batalha continuava, um espetáculo de luz e escuridão, fogo e gelo. Morwyna dançava entre os ataques, ágil e precisa, suas espadas cortando o ar com uma força que antes nem imaginava ter.

    Rogdruth tentava de tudo para virar a luta — sombras rápidas, clones ilusórios, investidas surpresa — mas Morwyna sempre estava à frente, antecipando os movimentos, bloqueando com uma espada e retalhando com a outra.

    Não era só velocidade. Sua força também havia mudado.

    Era algo novo, quase instintivo, mas totalmente sob seu domínio. Morwyna estava dominando suas habilidades — de verdade.

    — Maldita! — rugiu Rogdruth, cheia de frustração. Sua lâmina negra avançou com violência, mas Morwyna bloqueou, mesmo sentindo o impacto vibrar no braço todo. — Vou arrancar sua cabeça, elfinha! Não fique se achando!

    Morwyna não respondeu com palavras. Apenas sorriu, saltou para trás e, num giro no ar, desferiu um golpe com a espada de fogo que rasgou o braço de Rogdruth, fazendo-a recuar com um grito de dor.

    Swin!

    A sombra que envolvia o braço de Rogdruth se dissipou, revelando uma ferida profunda e sangrante. A princesa do abismo gritou de dor e recuou, segurando o membro ferido.

    — Você não vai me derrotar tão fácil assim, criatura das trevas! — declarou Morwyna, determinada.

    Rogdruth rangeu os dentes, tentando se recompor. Com um movimento rápido, invocou as sombras mais uma vez, cobrindo-se com elas como uma armadura. Mas Morwyna já estava preparada.

    Woosh!

    Num piscar de olhos, a elfa avançou. Suas espadas cortavam o ar, a de fogo atravessava as sombras, dissipando-as em cinzas; a de gelo rasgava carne, deixando feridas que congelavam no mesmo instante.

    Ting! Ting! Ting!

    — Merda! — Rogdruth mal conseguia acompanhar o ritmo dos ataques. Cada tentativa de defesa era anulada pelo fogo de Morwyna, deixando-a exposta e vulnerável.

    Ela começava a cansar.

    Seus movimentos ficavam mais lentos, suas defesas, mais imprecisas. E Morwyna não dava trégua.

    “Essa vadia… mudou completamente desde que entrou aqui. Não é só habilidade. Essa aura… ela é perigosa.” Rogdruth apertou os punhos. “Não posso deixar que continue viva.”

    Num último esforço, Rogdruth partiu para cima, mas foi interceptada. Morwyna bloqueou o golpe com sua espada de gelo e respondeu com a de fogo, cravando-a fundo no peito da inimiga.

    Swin!

    As sombras ao redor de Rogdruth se desfizeram por completo, deixando-a nua em sua forma verdadeira — fraca, ferida e à mercê da elfa.

    Morwyna ergueu as espadas, mantendo distância, e encarou Rogdruth com firmeza.

    — Por favor… desista.

    “Tsc.”

    — Desistir? Isso aqui é até a morte, garota, esqueceu?

    Mesmo ferida, Rogdruth se ergueu, o corpo tremendo de dor e raiva. Com um grito furioso, invocou as sombras pela última vez, envolvendo-se nelas como um manto grosso e opaco. Até sua lâmina foi consumida pelas trevas, transformando-se em algo sinistro e ameaçador.

    Ela não aceitaria derrota. Não ali. Não agora.

    Morwyna franziu o cenho e lançou uma rajada de chamas, tentando dissipar as sombras, mas, dessa vez, nada aconteceu. As trevas permaneceram intactas. — Não vai funcionar dessa vez, elfa — disse Rogdruth, estalando o ombro. — Vou mostrar pra você o que é a verdadeira força dos escolhidos por Deus!

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