Índice de Capítulo

    Ig’drolluuth avançou contra Yllastina, seu corpo desaparecendo e reaparecendo em movimentos tão rápidos que eram quase imperceptíveis.

    O primeiro soco que ele desferiu em Yllastina fez com que ela sentisse como se tivesse sido atingida por um aríete. O impacto a lançou para trás, seus pés arranhando o chão enquanto ela lutava para manter o equilíbrio.

    — Vamos ver do que você é capaz com sua magia — zombou Ig’drolluuth, a confiança irradiando de cada poro.

    Yllastina, embora sentisse a força esmagadora de cada golpe, cerrou os dentes e chamou seus golens de mana para ajudá-la.

    Os gigantes de energia se materializaram ao seu redor, avançando com uma força brutal. Um dos golens conseguiu agarrar Ig’drolluuth, levantando-o do chão e o esmagando com um golpe violento.

    Bram!

    O príncipe do abismo, no entanto, parecia imperturbável, rompendo a pressão e se livrando com um esforço mínimo, chutando o tórax do golen, o jogando no teto num estrondo, pedras e poeira invadindo a ruína.

    Yllastina olhava tudo aquilo suando frio. A força física daquele ser ainda era bem superior à dela.

    — É esse o plano de vocês? — ele provocou, limpando a poeira do corpo. — Foi algo bem infantil.

    Suspirando, ela apertou o cabo de sua espada e avançou em um grito de guerra, junto a seus enormes golens.

    Ting! Ting! Ting!

    A batalha prosseguiu em um ritmo frenético. Yllastina desferia golpes de espada com precisão, cada ataque acompanhado por um golpe dos seus golens. Apesar de sua força monumental, cada golpe de Ig’drolluuth valia por dez dos seus, e ele parecia absorver os ataques com uma resistência sobrenatural.

    — Você acha que esses golpes insignificantes farão alguma diferença? — o demônio rugiu, seus olhos ardendo de desprezo enquanto ele bloqueava os ataques e contra-atacava.

    A Orc sentia o impacto dos golpes até os ossos, seus braços tremendo com a força dos ataques do príncipe.

    Apenas sua armadura de mana impedia que seus ossos se partissem, mas mesmo assim, a dor era excruciante.

    Ela saltou para trás, tentando ganhar espaço, enquanto seus golens atacavam incessantemente. Um dos golens conseguiu lançar Ig’drolluuth contra a parede, e outro o esmagou no chão, mas ele se levantava a cada vez, ileso.

    Um dos golens surgiu de repente, e antes que o demônio pudesse se mover, uma corrente segurou sua espada. Yllastina estava ao longe.

    — Quer mesmo disputar força comi-

    Bam!

    Ambos os golens foram reforçados com magia, aumentando sua velocidade e atingindo Ig’drolluuth pelos flancos, um golpe que fez sua cabeça de sanduíche, fazendo-o soltar a espada que a Orc apanhou.

    — Desgraçada! — gritou o príncipe, sua voz reverberando pelas paredes da ruína. Ele destruiu um dos golens com um único soco, sua forma se desintegrando em partículas de mana.

    Scrash!

    Ele saltou, destruindo outro golen com um chute poderoso.

    Scrash!

    “É agora!”

    Yllastina, sentindo a pressão de sua mana diminuir, soube que precisava agir rápido. Com uma última investida desesperada, ela avançou enquanto Ig’drolluuth continuava distraído com outros golens e o abraçou por trás, segurando-o com toda sua força.

    — O que você pensa que está fazendo? — ele rosnou, tentando se libertar. Então, ele viu um brilho no canto do olho.

    Samantha, parcialmente curada, estava de pé, sua mão decepada agora era uma massa de carne viva. Ela segurava uma flecha, e com um sorriso de canto, disparou-a.

    Zium! Chunch!

    A flecha se cravou no peito de Ig’drolluuth.

    — O quê? — Ig’drolluuth exclamou, sentindo a dor pela primeira vez em séculos.

    “Essa vadia Orc… ela usou sua mana para curar a garota, não só isso… a puta loira está usando… mana?”

    A Orc, aproveitando a distração, reforçou ainda mais sua armadura de mana e, em um berro alto, continuou apertando Ig’drolluuth com uma força ainda maior.

    — Vai logo, Samantha!

    Ig’drolluuth sentiu um frio percorrer sua espinha até a ponta de sua cauda. — E-espere!

    Samantha, com um estalar de dedos, desencadeou a explosão.

    Kabooooom!

    A explosão foi monumental, sacudindo toda a ruína e lançando Yllastina para longe. A fumaça e os destroços obscureceram a visão por um momento, mas quando a poeira baixou, Samantha se arrastou até a amiga, ainda bem ferida.

    — Precisamos sair daqui — disse Samantha, a dor evidente em sua voz enquanto ajudava Yllastina a se levantar.

    As pedras continuavam a cair do teto, e as duas olhavam para os pedaços de Ig’drolluuth espalhados pelo chão.

    Samantha, usando a espada do demônio como bengala, apoiou na amiga, suas pernas trêmulas enquanto começavam a caminhar pelo corredor em direção à saída.

    — Acha que conseguimos? — perguntou Yllastina, cada passo uma luta.

    — Não acabou… — respondeu Samantha, seu olhar determinado. — Ainda há muitos inimigos lá fora, mas ao menos um dos poderosos está fora de nosso caminho, vamos…

    Elas seguiram em frente, suas respirações pesadas ecoando na ruína desmoronante.

    Cada passo era uma vitória contra a dor e o cansaço, mas sabiam que precisavam continuar.

    Enquanto caminhavam, Yllastina lembrou-se do toque frio de Ig’drolluuth, da maneira como ele parecia invencível. Mas Samantha, com sua transmutação e astúcia, havia conseguido virar a maré, mesmo que temporariamente.

    — Você foi incrível — a Orc murmurou, o orgulho misturado com a exaustão em sua voz.

    — Nós duas fomos — respondeu Samantha, apertando o ombro da amiga. — Agora, precisamos nos curar e ver se Morwyna e Colin estão bem…

    A ruína, agora, estava completamente soterrada. As duas emergiram da escuridão, suas roupas rasgadas, seus corpos marcados pela batalha.

    Haviam sobrevivido a Ig’drolluuth, um príncipe do abismo, e isso por si só era uma vitória.

    Elas emergiram da ruína para a vastidão da caverna colossal. O ar fresco e a luz do ambiente externo eram um alívio bem-vindo após a batalha brutal que haviam travado.

    Samantha, com metade do rosto em carne viva, e Yllastina, ainda lutando para manter-se em pé, sentiram uma nova onda de determinação ao avistarem Morwyna ao longe.

    Ela estava tão ferida quanto elas, mas seus olhos estavam focados no céu da caverna, onde algo incrível estava acontecendo.

    Morwyna mal notou a chegada das amigas, seus olhos fixos na batalha titânica que se desenrolava acima delas. Colin estava enfrentando Kuz’geg, o príncipe mais temido do abismo.

    O príncipe parecia diferente, seu cabelo esvoaçante, olhos brancos como a lua, e sua mana transbordando como um maremoto de pura energia destrutiva.

    A força emanada por ele era aterrorizante, como uma tempestade prestes a desabar.

    De repente, Kuz’geg lançou Colin no solo com uma força devastadora.

    Booom!

    O impacto gerou uma onda de choque violenta, forçando Samantha, Yllastina e Morwyna a se protegerem, cravando os pés no chão para não serem lançadas para trás. O solo tremia e o ar vibrava com a intensidade da luta.

    Kuz’geg ergueu o braço, conjurando um gigantesco orbe de sangue que pulsava com energia maléfica. Ele a lançou na direção de Colin, que estava se levantando.

    As meninas observavam em choque e medo, a orbe rasgando o ar com uma força que poderia obliterar qualquer coisa em seu caminho.

    Mas Colin não hesitou.

    Usando as tatuagens que cobriam seu braço direito, ele absorveu a mana do orbe em um movimento fluido, fazendo-a ser desintegrada.

    — Vamos lá, príncipe, você consegue fazer melhor que isso!

    Com um grito de guerra, ele usou os passos fantasmas, movendo-se com uma velocidade sobrenatural, e lançou um soco poderoso que acertou Kuz’geg no queixo, mandando o príncipe do abismo voando até o teto de cristais da caverna.

    Booom!

    O impacto foi colossal.

    Os cristais se estilhaçaram, abrindo um buraco ainda maior no teto já danificado pelo dragão vermelho. Partes da cidade subterrânea começaram a desmoronar, soterradas pelos destroços.

    Para Samantha, Yllastina e Morwyna, a batalha entre Colin e Kuz’geg era de uma escala totalmente diferente das lutas que haviam enfrentado até então.

    — Isso é… inacreditável — murmurou Yllastina, com seu olhar fixo em Colin. — Ele está em um nível completamente diferente… é quase… divino…

    — É assustador, mas, ao mesmo tempo… — Samantha limpou o suor e o sangue do rosto. — É um alívio saber que ele está do nosso lado…

    Morwyna, com os olhos brilhando de admiração, murmurou. — Sim, vovô… Você estava certo, ele pode salvar o nosso povo…

    Enquanto observavam, Colin continuava a lutar com uma intensidade feroz. Kuz’geg, apesar de ser um príncipe do abismo, estava sendo pressionado.

    Cada golpe de Colin era como um trovão, cada movimento uma dança de morte e poder. Se um desavisado vislumbrasse aquele embate, ele não saberia dizer qual deles era o verdadeiro monstro.

    Então, a batalha entre Colin e Kuz’geg atingia um clímax titânico, com ambos os combatentes dando tudo de si.

    Kuz’geg, com seu poder ancestral, conjurava espadas, lanças e correntes feitas de sangue das criaturas mortas ao seu redor. Cada ataque era meticulosamente orquestrado para ferir e subjugar Colin, enquanto a gigantesca caverna desmoronava ao seu redor.

    As três observavam em terror e admiração, saltando e esquivando-se das pedras que desabavam entorno.

    Colin, com uma sede de sangue bestial em seus olhos, berrava.

    — Faça mais do que Gorred fez!

    Não importava com quantas mulheres dormisse, do quanto sentia que era amado por suas esposas, seus filhos ou seu povo. Era unicamente em momentos como aquele que ele realmente se sentia vivo.

    Para o rei de Runyra, não havia nada mais excitante do que apostar a vida em uma batalha de verdade.

    Kuz’geg, em resposta ao desafio de Colin, conjurou um humanoide gigante feito de sangue coagulado e restos das criaturas caídas.

    O titã ergueu uma espada monumental e, com um movimento brutal, cravou Colin no teto da caverna.

    Brum!

    A espada esticou ao máximo, enterrando no teto, segurando Colin preso enquanto a caverna tremia e desmoronava ainda mais. As meninas se viam obrigadas a saltar para longe, esquivando-se das pedras que caíam em uma tentativa desesperada de evitar a destruição iminente.

    Por um momento, parecia que Colin estava perdido. No entanto, com uma força titânica, ele transformou sua Claymore em uma lança reluzente e a lançou.

    Cabrum!

    A lança não apenas destruiu a espada do titã, mas também todo o torso da criatura, cravando-se no chão abaixo com um estrondo que sacudiu toda a caverna.

    Assim que a fumaça dissipou, Colin, sem camisa e com o corpo coberto de escoriações, exibia um sorriso diabólico ao lado da lança cravada no chão.

    Ele apanhou a lança, e relâmpagos carmesim serpenteavam violentamente por seu corpo, criando uma aura de pura energia destrutiva.

    Kuz’geg, observando o poder devastador de Colin, ficou pensativo.

    “Tsc… esse desgraçado… ele está no nível de um apóstolo? Isso é impossível.” pensou. “Um mortal não conseguiria isso por meios convencionais.”

    — Você… O que você fez?! — Kuz’geg gritou, sua voz ecoando pela caverna. — O que Kag’thuzir entregou a você?

    Colin não respondeu com palavras. Em vez disso, ele transformou a lança de Claymore em uma espada longa e, com um movimento limpo e preciso, lançou um corte devastador na direção de Kuz’geg.

    Cabrum!

    Ao mesmo tempo, Kuz’geg conjurou sua magia de orbe, lançando uma esfera de energia pulsante em direção a Colin.

    Os dois ataques colidiram no ar, criando uma onda de choque que varreu tudo ao seu redor.

    Booom!

    As meninas se abaixaram e se esconderam atrás de escombros enquanto a onda de choque varria tudo em seu caminho.

    A força do impacto foi tão intensa que pedras e fragmentos voaram em todas as direções, deixando o ar cheio de poeira e estilhaços.

    — Não é óbvio para você? — Colin estava lá em cima, atrás de Kuz’geg.

    Cabrum!

    O príncipe defendeu-se da estocada conjurando uma espada, disputando forças com Colin.

    — Brighid e todos os outros que têm algum tipo de vínculo comigo, eles me entregaram suas vidas, é por isso que é tão difícil para você, criatura do abismo!

    Scrash!

    A espada de Kuz’geg se desfez, e Colin o partiu ao meio, seus pedaços caindo enquanto ambos iam até o chão.

    Boom!

    O enorme corpo do príncipe desabou, suas partes caindo em lugares diferentes. Com um sorriso de canto, Colin apoiou a espada no ombro.

    — Quer mesmo continuar com isso? Até seres como você devem ter um limite, e mesmo se continuar, será inútil. Já deve ter percebido a diferença de nível, certo?

    — Não! Não! Não! Não! — berrava Kuz’geg em desespero. — Eu ainda consigo vencer, senhor, por favor, me dê mais uma chance!

    Uma aura diferente emanava do príncipe desta vez, e tão rápido quanto seu desespero veio, ele se foi. Seu corpo borbulhou, diminuindo de tamanho e crescendo novamente suas partes da cintura para baixo.

    As meninas arregalaram os olhos, sentindo uma sensação sufocante. A espinha de Colin arrepiou e, por instinto, ele saltou para trás.

    O príncipe se ergueu, seu rosto sem expressão alguma. Abrindo e fechando as mãos, ele as encarou.

    — Hum… deve servir… — murmurou o príncipe.

    Colin engoliu em seco. Aquela aura, era completamente diferente de antes.

    — Quem é você? — Colin perguntou.

    A criatura o encarou, olhos verdes luminosos.

    — É a primeira que nos vemos cara a cara, mestiço.

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