Capítulo 467 - Falha de percurso.
O quarto era inundado por gemidos altos, quase berros a cada vez que as virilhas se encontravam. Ayla segurava os lençóis com violência, a mente enebriada pelo prazer e a intensidade do momento.
As mãos de Colin apertavam sua cintura com força, seus dedos firmemente cravados em sua pele. A respiração dele era pesada, entrecortada, enquanto ele se movia com uma urgência selvagem.
Ayla estava extasiada, cada onda de prazer fazendo seu corpo estremecer. O suor escorria por sua pele, os cabelos completamente despenteados, grudando no rosto e nas costas. Seus gemidos eram entrecortados por ofegos, o corpo ainda trêmulo dos espasmos recentes.
A sensação de êxtase parecia não ter fim, deixando-a vulnerável e entregue.
Colin, com um último movimento vigoroso, finalizou dentro dela, os músculos tensos e a respiração ofegante enquanto Ayla se sentia completamente preenchida.
O rei se afastou lentamente, o líquido viscoso escorrendo de sua esposa e manchando os lençóis.
Ele se sentou na beira da cama, alisando o cabelo para trás, tentando organizar os pensamentos que ainda estavam turvos. O quarto estava carregado com o aroma do sexo e a tensão do momento.
— As coisas estão piorando — ele disse, a voz grave e séria. — A praga está ficando mais séria do que eu gostaria.
Ayla se aproximou lentamente, ainda recuperando o fôlego.
Ela acariciou as costas do marido com dedos gentis, tentando confortá-lo.
— Eu sei — murmurou ela, a preocupação evidente em seus olhos brilhantes. Ela podia sentir o peso das responsabilidades que Colin carregava, e a angústia que aquilo lhe causava.
— Estamos ficando sem homens — continuou Colin. — O esquadrão que você montou para derrubar os maiores nomes dos Elfos Negros está agora inoperante e não consegui pensar em um jeito de ajudar Closgant sem nos prejudicar.
Ele fez uma pausa, olhando para ela com intensidade. — E as terras que você comprou no País Esquecido?
Ayla suspirou, tentando esconder a preocupação na voz. — Continuam lá — respondeu ela.
Colin abanou a mão, descontente. — Está longe demais. Você deveria ir para a Ilha das Fadas com as crianças.
Ayla o abraçou, beijando seu rosto com ternura. — Calma — disse ela suavemente. — Vamos conversar com Brighid sobre isso, mas nossa decisão ainda é ficar perto de você… já tivemos essa conversa antes.
Colin suspirou, a expressão tensa. — Eu não me sinto bem com isso, não como as coisas estão agora.
— Nos sentimos mais seguras aqui, assim como as crianças — respondeu Ayla, tentando acalmá-lo.
— Você tem falado com Morwyna? — perguntou Colin, a voz mais dura.
Ayla desviou o olhar, hesitando. — Não… — disse ela finalmente. — Não gosto daquela mulher…
Colin franziu o cenho, a irritação crescendo. — É importante que ela se sinta parte da família. Não foi isso que combinamos?
Irritada, Ayla perguntou: — Por quê? Você quer torná-la sua esposa também? Afinal, vocês já têm um pacto, né? Só falta levá-la para a cama agora, né? Porque você é o grande rei Colin, você pode tudo enquanto tenho que aceitar calada!
Colin fixou o olhar nela, a expressão severa. — É assim que você se sente?
Ayla abaixou a cabeça. — Não é isso, me desculpa… Só achei estranho você aparecer com outra mulher e dar tanta importância a ela. E tem o jeito que ela te encara… As servas e empregadas, eu posso relevar, mas ela… ela é filha do nosso maior inimigo no momento, alguém da realeza de uma linhagem tão antiga quanto a queda do véu…
Colin continuou em silêncio, a encarando, até que suspirou.
— Ela comandará os Elfos Negros — explicou Colin. — Tenho que mantê-la por perto.
— Não se importa com o futuro dos nossos filhos? — perguntou.
— Não terá futuro algum se Milveg continuar a nos importunar, você sabe disso.
Ayla engoliu em seco e desviou o olhar.
— … Eu a aceito, mas sob uma condição… nem ela e nem seus herdeiros poderão ter direito ao trono.
Ele desviou o olhar. — É tudo que importa para você?
— Você sabe que não, mas não nos casamos por amor, o amor veio com o tempo. — Ela apoia a mão no rosto dele. — Eu sou sua e irei obedecer a qualquer ordem que me der, mas ainda sou uma rainha, tenho que pensar no nosso futuro. Ter essa princesa na palma da mão é nossa melhor saída, mas não se esqueça de que ela é filha de Milveg, e tem o irmão dela que sumiu, ele pode muito bem ter desaparecido com Isabella e estar em contato com a irmã. Essa mulher pode ser uma traidora. Se quer tanto assim ir para a cama com ela, ao menos se certifique de que ela será fiel a você como eu sou.
Irritada, Ayla se levantou abruptamente, mas Colin a segurou pelo pulso e puxou para seu colo.
— Você fica linda quando tá irritada, sabia?
Ayla perguntou, com uma pontada de ciúme: — Você a acha bonita…? Ela é alta… tem um corpo bonito, mas… ela nunca será melhor do que eu.
Colin suspirou. — Sim, acho ela bonita, mas você tem razão, ela não chega aos seus pés. Você é minha favorita, Ayla.
Ayla corou, os olhos brilhando de emoção. — Eu sou mesmo sua favorita…? Prefere a mim, do que Brighid…?
Colin a beijou apaixonadamente, seus lábios se encontrando com desejo. — Sim, prefiro, mas não conte a ela. Não quer a chatear, quer? Sua missão é aproximar-se de Morwyna. É uma ordem. Ela é a última oráculo viva, não podemos ignorar isso nem deixar que o irmão faça a cabeça dela. Se alguém tem que manipulá-la, que seja a gente.
— Tá…
— E não esqueça de tomar o chá daquela erva que Jane recomendou. Você e Brighid não podem engravidar agora.
Ayla assentiu, ainda corada, e se aninhou nos braços de Colin. Ouvir aquilo dele só reforçava seu desejo, e ele não se importava mais em mentir para suas esposas. Fazia tempo que ele prezava mais pela ordem do que pela verdade.
A ala médica estava inundada com o cheiro forte de ervas medicinais e o murmúrio suave de curandeiras atendendo aos doentes.
As camas, alinhadas, eram ocupadas por soldados feridos. Colin caminhava entre as curandeiras, seus passos firmes ecoando no chão de pedra.
De repente, uma gritaria chamou sua atenção. Ele se aproximou da origem do som e encontrou Leona jogando cartas com Kurth, Yonolondor e Lettini.
— Eu te disse que venceria! — Leona exclamou, jogando suas cartas na mesa com um sorriso vitorioso. — Tomem essa, otários!
— Não sei porque ainda jogamos com você — retrucou Kurth, reorganizando suas cartas. — Você é irritante.
— Kurth, admita, você nunca vai ganhar de mim! — exclamou a pandoriana.
— Vamos ver sobre isso na próxima rodada — Yonolondor acrescentou, sua voz grave e cansada.
Ao ver Colin se aproximando, todos se endireitaram, mas ele fez um sinal para que continuassem onde estavam. Ele se sentou perto deles, observando o jogo por um momento antes de falar.
— Yonolondor, lamento por você ter perdido um braço… — disse Colin, a voz carregada de compaixão.
— Foi por uma boa causa, meu senhor — respondeu Yonolondor, com um aceno firme da cabeça. — Ainda não agradeci por… ter me poupado e cuidado das pessoas de Rontes…
— Bleé — grunhiu Leona. — Quer que eu coloque uma saia nas meninas? Foco no jogo, Yonolondor.
— Ei, Leona — chamou Colin. — Você enfrentou mesmo Thaz’geth?
O sorriso dela desapareceu por um segundo, então suspirou.
— Sim… era a mesma mulher do abismo, mas ela estava mais forte… bem mais forte, e pelo que disseram, o homem lutando contra ela era Milveg. Não devemos subestimá-lo, mestre Colin…
Colin assentiu, respeitosamente, antes de continuar. — Vou dar férias a todos vocês. Um tempo para passar com suas famílias é mais do que merecido.
— Você não parece bem, Colin — observou Kurth, franzindo a testa.
— Às vezes, é melhor cuidar de 20 crianças do que administrar um reino — respondeu Colin com um suspiro, tentando aliviar a tensão. — Mas não se preocupem, as coisas estão se resolvendo.
Colin se levantou, e Kurth fez o mesmo, alongando-se preguiçosamente. — Acho que já me cansei desse jogo — disse Kurth.
— Está com medo de mim, Kurth? — zombou Leona, rindo. — Não esquece de trocar as cuecas, covarde.
Ele apenas acenou com a mão.
Colin e Kurth saíram para o corredor, onde Kurth suspirou, olhando para Colin com seriedade.
— Minha mãe disse que vocês se falaram… — começou o ruivo.
Colin fingiu surpresa. — E sobre o que conversaram?
— Ela agradeceu por você cuidar de mim e disse que você prometeu cuidar da minha irmã e dela… — respondeu Kurth, hesitante. — Isso é verdade?
Colin afagou o cabelo de Kurth com um gesto paternal. — Sua mãe é uma mulher forte, Kurth. Prometi ajudá-la, sim. Foi para isso que me tornei rei, e é para isso que está se fortalecendo, né? Você ficou mais forte, devia se sentir orgulhoso.
Kurth corou, admitindo com um tom irritado. — Desde que nos conhecemos no torneio de seleção… Eu… vejo você como um pai, mas… não se envolva com minha mãe.
Colin riu, dando um tapinha nas costas de Kurth. — Você não acha que eu seria um bom padrasto?
Kurth revirou os olhos, mas antes que pudesse responder, Colin disse: — Estou brincando. Diga à sua mãe que mandei um abraço.
O ruivo assentiu, ainda corado, e dobrou a esquina. Já Colin continuou seu caminho pelo corredor, as preocupações pesando em sua mente, mas com um leve sorriso no rosto.
Orbes nas paredes lançavam uma luz suave e oscilante, criando sombras dançantes que adicionavam uma atmosfera quase mística ao ambiente.
O chão de pedra, desgastado pelo tempo e pelos passos de incontáveis soldados, ecoava levemente sob os pés de Colin.
Enquanto ele caminhava, seus olhos captaram a figura de Lettini, distraída e absorta, segurando um anel que brilhava à luz dos orbes. Colin se aproximou silenciosamente por trás dela.
— O que você tem aí, Lettini?
Ela se virou rapidamente, claramente surpresa. — Ah, Colin! — exclamou, segurando o anel com mais firmeza. — É… é um anel que Falone me deu.
Colin arqueou uma sobrancelha, interessado. — Desde quando vocês estão juntos?
Lettini, corando ligeiramente, respondeu com um sorriso tímido. — Já faz um tempo…
— Bem, desejo felicidades a vocês dois, não sou bom em conselhos, mas… vocês até que combinam…
— Obrigada — murmurou Lettini, começando a caminhar ao lado de Colin pelo corredor.
Eles caminharam em silêncio por alguns segundos, absorvendo a tranquilidade do ambiente, antes de Colin romper o silêncio.
— Você se lembra do começo dos Carniceiros? — perguntou ele, olhando para ela. — Você, Falone e Dasken no ducado… Até que chegamos bem longe, né?
Lettini sorriu, a nostalgia visível em seus olhos. — Sim, me lembro. Parece que foi há tanto tempo… Quanto tempo se passou desde então?
Colin deu de ombros levemente. — Talvez dois ou três anos. O tempo é uma coisa curiosa.
Eles chegaram a uma bifurcação no corredor. Colin parou e virou-se para Lettini.
— Felicidades para você e Falone, Lettini — disse ele com um sorriso.
— Obrigada, Colin — respondeu ela, inclinando a cabeça respeitosamente antes de seguir seu caminho.
Colin ficou por um momento, observando-a se afastar antes de seguir seu próprio caminho.
A câmara estava envolta em uma escuridão densa, com o único ponto de luz emanando de um grande círculo mágico no chão.
Runas brilhavam com uma luz azulada, lançando sombras nas paredes de pedra.
Linald apareceu nos fundos, caminhando calmamente com passos silenciosos. Os nobres reunidos ao redor do círculo mágico imediatamente notaram sua chegada. Aoth, com sua figura austera e olhar penetrante, foi o primeiro a falar.
— Como foi? — perguntou, a voz cheia de expectativa.
Linald parou ao lado do círculo, observando as runas por um momento antes de responder. — O gigante do norte está morto — disse ele, sua voz calma e controlada. — O plano está indo perfeitamente bem.
Aoth assentiu, satisfeito. — E quanto ao que eles decidiram? — perguntou ele, os olhos fixos em Linald.
— Eles querem ficar com o Norte — respondeu Linald, sem rodeios.
Aoth deu de ombros, um sorriso frio surgindo em seus lábios. — Não importa. Não há nada naquele lugar mesmo. — Ele fez uma pausa, seu olhar se tornando mais sério. — A praga está se espalhando. Nem a Santa está conseguindo salvar a todos. Logo terá uma multidão de insatisfeitos. Ninguém enterra tantos filhos e pais sem ficar furioso, tentando achar alguém para culpar.
Outro nobre, um homem de meia-idade com uma cicatriz atravessando o rosto, interveio. — Desta vez, o rei vai cair — disse ele, a voz cheia de convicção. — Junto com todos os mestiços e órfãos da família real!
Linald observou os rostos dos nobres ao redor, notando a determinação em seus olhos. Ele sabia estarem todos comprometidos com o plano, dispostos a fazer o que fosse necessário para derrubar o rei e recuperar o prestígio.
— Devemos continuar com nossas preparações — disse Linald, sua voz firme e autoritária. — Cada passo deve ser executado com precisão. Não podemos permitir erros.

Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.