Índice de Capítulo

    Deixando Thane para trás, Colin avançou em zigue-zague. Ignorou as quimeras e as estátuas, partindo direto para o confronto contra a armadura negra.

     Boom!

     Uma das estátuas ficou envolta por mana elétrica e girou o machado, rebatendo Colin para longe, o jogando na parede num som ensurdecedor. Thane mal conseguiu ver o que havia acabado de acontecer.

    Quando se deu conta, Colin já estava do seu lado, limpando a poeira da camisa.

    — Ele me pegou de surpresa nessa. — disse Colin conjurando as adagas mais uma vez.

    Com a análise ele viu que uma das estátuas estava com mana elétrica e a outra com mana da árvore do vácuo.

    “De alguma forma ele está transferindo parte da mana absorvida para essas duas estátuas. Não tenho tanta mana assim, então isso acabará logo. Por outro lado, terei somente meus atributos físicos contra seres mágicos, e ainda tem o idiota de armadura que fica mais forte a cada minuto. A cada minuto fico com a vantagem de um combate físico, mas também existe a desvantagem de ser atingido por um poder com uma magia grande demais e sofrer um dano no qual eu não consiga me recuperar. Merda! Estou ficando empolgado!”

    — Escute! — disse Colin a Thane — Vou me livrar das estátuas, se concentre nas quimeras.

    — O-Oque? Como você vai cuidar dessas coisas?

    Flexionando os joelhos, Colin disparou em direção a uma das enormes estátuas. Uma delas cingiu a espada acima da cabeça a envolvendo com mana de vácuo e desceu com tudo em Colin, destruindo o soalho com uma pancada que fez tremer toda a torre.

     Boom!

    Quando a poeira baixou, havia um gigantesco buraco no soalho que se fechou lentamente. Nem Colin, nem as estátuas estavam ali.

    — Aquele merda me deixou sozinho aqui com essas coisas!

    Desembainhando a espada, Thane concentrou magia na mesma e cerrou os dentes em fúria. A armadura parecia que não iria atacar, mas ele notou algo estranho. As quimeras estavam começando a emanar a mesma mana que ele, mana do vácuo.






    Lá em baixo, Colin estava de frente para as duas estátuas. O golpe que a estátua dera foi tão poderoso que eles desceram todos os andares e haviam parado direto na entrada.

    “Me sinto bem melhor agora. Então isso significa que a mana é sugada só se estivermos dentro de uma certa área de alcance. Foi mal, Thane, mas você tem uma mana alta. É melhor que minha mana sirva para combater esses dois do que gastar com um punhado de quimeras.”

    A estátua com a espada concentrou mana de vácuo na gigantesca espada de pedra e lançou um corte avassalador que conseguiu destruir todo chão de mármore até se chocar contra Colin. O errante que ergueu as duas adagas em formato de cruz na frente do rosto e rebateu aquele golpe, o dissipando no ar.

    Booom!

    O som ouvido foi semelhante ao som de um poderoso canhão disparado de dentro de um quarto fechado.

    Colin foi lançado para trás, mas se recuperou no ar e apoiou os dois pés na parede, avançando contra a estátua como se o próprio fosse um raio.

     Cabrum!

    As adagas dele se chocaram contra o enorme machado da estátua envolta com a mana de Colin. O machado de pedra trincou, mas Colin foi mandado para o chão brutalmente.

    Ele quicou com as costas no mármore e foi direto para a parede em outro estrondo ensurdecedor.

    Mesmo que aqueles golpes fossem brutais e desesperadores aos olhos de quem quer que visse aquele duelo, Colin não se machucou com aqueles golpes. Não eram golpes que lhe causavam algum dano significativo.

    Eram golpes sem técnica, que continham apenas força bruta. Coisas como aquela não iriam o ferir.

    Talvez se fosse o Colin de uma semana atrás, aquela luta já teria terminado. Teriam que ser bem mais que duas estátuas para apresentar algum sinal de perigo real.

    Colin saiu do buraco que estava na parede e saltou para o chão, limpando a poeira da roupa.

    A fim de testar uma coisa, Colin fortificou seu corpo com parte de sua mana, aumentando exponencialmente seus atributos físicos.

    “Tá, agora a mana se expande e depois se concentra.”

    A mana percorreu todo seu corpo, indo da perna para o abdômen, e do abdômen para o tórax. Passou por seus braços, focando nos punhos. Colin cerrou os punhos e a mana em volta deles se expandiu, abaixando lentamente até ficar bem pequena.

    “Agora eu tenho que analisar o ponto de pressão certo, assim como Walorin faz, mas isso não é nada fácil.”

    Com a análise, Colin observava a mana percorrer aquele corpo de pedra como se fosse um labirinto. Não havia como saber o ponto de pressão certo apenas com dedução.

    “O grandão deve atacar com o machado, e por sorte o machado está trincado. Acho que o ponto de pressão certo deve ser a rachadura. Tá, hora de testar!”

    A estátua avançou, arrancando pedras do chão em um golpe que veio de baixo para cima, atingindo Colin em cheio.

    Boom!

    Ele foi enterrado na parede mais uma vez.

    “Que merda! Onde foi que eu errei? A rachadura não era o ponto de pressão certo?”

    A estátua veio de novo, dessa vez atingindo Colin na parede e o arrastando da parede para o chão em outro estrondo.

    Colin se ergueu e fez a mesma coisa. Concentrou mana nos punhos suavemente e esperou o contato vir.

     Boom!

    Dessa vez foi o golpe da espada que o lançou longe. Mesmo que aqueles golpes não o ferissem de maneira séria, aquilo não significava que não doía, porém, Colin estava acostumado com a dor.

    Aquelas estátuas eram uma ótima oportunidade de treino. Ele não deixaria essa chance passar.






    Thane havia conseguido matar doze quimeras, mas seu corpo já estava sentindo todo aquele embate. Sua mana estava quase acabando e em breve ele seria um peso morto.

     [Tremor!]

    “Esses tremores… são do elfo lutando lá em baixo? Ele é mesmo um monstro!”

    Uma das quimeras avançou com as garras. Thane concentrou mana nos braços e desviou do ataque, arrancando a cabeça da quimera e logo depois girou sobre o calcanhar, lançando um corte que partiu outra quimera ao meio.

    Ofegante, ele apertou o cabo da espada.

    “Minha mana está perto do fim. Provavelmente terei que deixar o idiota de armadura para o Elfo!” 



    Booom!

    Colin foi arremessado na parede mais uma vez.

    Dessa vez ele não se preocupou em avançar, apenas pensou sobre seu embate.

    “Estou tentando ser como Walorin, mas isso é impossível. Ele consegue rebater golpes fortes com um controle de mana que eu ainda não tenho.” Colin encarou as duas estatuas se aproximando “Certo, o corpo humano é cheio de pontos de pressão importantes. Nervo ciático, mandíbula, bíceps, plexo braquial, virilha, olhos e acho que o músculo tibial inferior… merda, as aulas de anatomia estão fazendo falta. Essas coisas são apenas estátuas, mas a lógica deve se aplicar a elas também.”

    Colin saiu do buraco num salto e estalou o pescoço.

    “Walorin tem um estilo ofensivo bem sutil. Minha mestra foi Morgana, dona de um estilo agressivo e brutal. Na verdade, o estilo de Morgana combina mais comigo. Minha força física é extremamente alta, então não preciso de muita mana para fazer estrago. Basta bater no ponto certo com uma quantidade certa de mana que talvez eu consiga fazer o que tenho em mente.”

    Colin cerrou os punhos e entrou em guarda.

    “Em vez de rebater o poder como Walorin faz, eu só vou bater com toda minha força no ponto mais vulnerável”.

    A estátua cingiu o imenso machado acima da cabeça e o desceu com tudo. Colin focou em sua análise e conseguiu fazer seu corpo reagir a tempo.

    Levou a mão lá atrás e atingiu o machado bem no ponto em que estava a rachadura, o destruindo num soco brutal. Antes mesmo da estátua completar o movimento, Colin partiu em direção a canela do gigante de pedra, o atingindo com um chute ainda mais brutal, transformando aquela enorme perna em entulho.

     Boom!

    Colin saltou em direção ao crânio de pedra do guerreiro que lentamente pendia para o lado sem o apoio de sua perna. Cerrando os punhos, Colin atingiu a têmpora do gigante de pedra, o transformando em destroços que caíram sobre a arena como se fosse chuva de concreto.

    Enquanto o gigante caía, Colin envolveu seu corpo com mana elétrica negra, apoiou os pés no ombro do gigante que desabava e saltou para o mais alto que conseguiu, alcançando o teto. Apoiou os pés no teto e concentrou mana nas pernas, indo para baixo como um raio cruzando a arena.

     Crack, Boom!

    Ao invés de concentrar mana nas mãos, ele concentrou no calcanhar direito. Girou no ar e atingiu o topo da cabeça do outro gigante de pedra.

    A cabeça dele entrou no pescoço e depois para dentro do tronco, varando a virilha e explodindo no chão de mármore.

    O gigante foi partido ao meio, se juntando ao outro num estrondo agonizante de estruturas colossais sendo derrubadas.

    Colin encarou aquilo orgulhoso de seu feito e depois concentrou seus olhos no topo da torre.

    — Agora só falta o chefão.

    Concentrando mana nas pernas, Colin saltou em zigue-zague pela parede e arrebentou o teto com o punho, saindo no quarto andar.

    Thane estava segurando sua espada com um dos joelhos apoiados no chão. Sangrava da cabeça aos pés com diversas escoriações pelo corpo.

    Todas as vinte quimeras haviam sido derrotadas, restando somente a armadura negra.

    — Até que enfim! — disse o Thane aliviado — Conseguiu mesmo vencer aquelas estátuas que usavam magia?

    Colin fez que sim.

    — E você conseguiu vencer as quimeras… estou impressionado para falar a verdade.

    Tsc! Eu sou o Thane, achou que um bando de quimeras fosse me deter? Infelizmente eu não sou usuário da pujança e minha mana zerou completamente. Tive que matar as últimas duas quimeras sem mana. Eu quase acabei morto.

    A mana de Colin também estava perto do fim, então ele lutaria somente com os punhos.

     Clang!

    A armadura se ergueu e sua capa vermelha carmesim aveludada ficou no trono ornado.

    — Ei, Thane, se eu fosse você sairia daqui.

    — Não precisa pedir!

    Como um raio celeste, a armadura avançou na direção de Thane.

    Thane viu sua vida passar diante de seus olhos, mas aquela lâmina gelada parou a centímetros de sua garganta.

    Colin havia segurado aquela lâmina com as mãos nuas.

    Sangue começou a gotejar de suas mãos conforme a armadura fazia ainda mais força para pressioná-lo.

    — Dê o fora logo, Thane! Não consigo lutar com essa coisa e proteger você ao mesmo tempo!

    — C-Certo!

    Thane correu para o outro lado da sala.

    “Minha mana vai acabar, então só terei que depender da minha força. Isso já aconteceu antes, eu consigo aguentar!”

     Grab!

    A armadura agarrou a mão de Colin e o girou, lançando-o para longe. Concentrou mana elétrica na espada e com uma estocada lançou um raio amarelado na direção do errante.

    Cabrum!

    Um buraco havia sido feito na parede atrás de Colin. Por sorte, ele havia conseguido desviar. Aquele raio foi tão quente que conseguiu derreter o concreto da parede.

    — Essa foi por pouco…

    Colin espremeu os olhos usando a análise.

     HP: 25.100 + (20.000 Aumentando…)
    MP: 40.300 + (15.000 Aumentando…)

    Habilidades:

     Força: 178
    Destreza: 122
    Agilidade: 102
    Inteligência: 35
    Estamina: 205

    “Ele tem uma magia bem alta, mas, em contrapartida, eu sou mais rápido e mais forte. Só a habilidade de mestre da espada dele que me assusta.”

    — Você não é páreo para a minha técnica, errante! — disse a voz na armadura — Conheço sua espécie, já matei outros de vocês.

    Uma mana elétrica começou a se formar na ponta da espada e a mesma mudou de forma, se transformando em uma lança. A armadura deu uma estocada no ar e um raio escuro deixou a ponta da lança, atingindo Colin, que se protegeu cruzando os braços na altura do pescoço.

    Colin conseguiu se equilibrar e seus pés derraparam até próximo à parede. As mangas de sua camisa derreteram, em compensação, os seus braços tiveram queimaduras bem leves. Isso foi uma surpresa até mesmo para o próprio Colin. Seu corpo conseguiu resistir a um poder que anteriormente derreteu concreto.

    — Um meio Elfo, errante e usuário avançado na árvore da pujança… Você é um ser bem anormal. — Foi então que a armadura se concentrou na tatuagem de aranha em cima das costas da mão esquerda de Colin — A marca da entidade dos mil nomes. Você fez contrato com aquela coisa?

    Colin abaixou os braços, estalou o pescoço e apontou para a espada da armadura.

    — Espada interessante você tem aí. Acho que ficarei com ela.

    — Está prepotente a esse ponto que acha que pode me derrotar? Se enxergue, você não tem um pingo de magia sobrando.

    Colin cerrou os punhos na altura do queixo e ficou em guarda.

    — Sua única vantagem é a magia, se isso acabar você se torna só uma armadura vazia.

    Armadura se preparou para atacar.

    — Vamos ver o quanto consegue aguentar, errante.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota