Capítulo 134 - Senhor Leerstrom
Depois de receber a missão, Colin foi até a quinta torre e como de costume, as pessoas não o receberam muito bem. Os olhares de repulsa e ódio ficaram mais intensos, ainda mais depois do que ele havia feito com o nobre Trunyson no salão.
As notícias já haviam se espalhado como fogo em feno seco.
A maioria deles sentia aquilo como um golpe direto a eles mesmos. Se perguntavam como alguém que não respeita sequer a autoridade ainda circulava livre por aí.
Isso só atraiu ainda mais inimigos que o normal, mas Colin era o tipo de pessoa que os nobres não conseguiriam dar um fim sem fazer alarde.
Era perigoso deixar alguém como ele perambular livre por aí.
Primeiro, que Colin não era um nobre, e segundo que ele não parecia do tipo que segue regras, e soldados que não seguiam regras não eram úteis para o estado imperial de Ultan.
Os guardas sinalizaram que Colin deveria seguir mais a fundo, virar à direita e subir uma escada giratória.
O senhor responsável pelas inscrições estava lá a espera dele.
Colin abriu a porta devagar e um homem corpulento, com os dedos cheios de anéis e vestes pomposas, desceu levemente os óculos redondos depois de ver quem era que estava entrando.
Na mesa, feita da madeira do mais puro carvalho, estavam um monte de livros e papeis, enquanto atrás do nobre de cabelo ralo, estava uma estante de livros e uma enorme janela que soprava uma leve brisa, fazendo as cortinas de seda agitarem de maneira tímida.
O homem molhou a caneta no tinteiro e assinou um papel. Segurou uma vela sobre o papel e usou magia para fazê-la derreter mais rápido. Em seguida usou um de seus anéis e gravou com o selo imperial, colocando aquele papel de lado.
Ele alisou o bigode e encarou Colin mais uma vez de cima a baixo.
— Senhor Colin, certo? — disse ele em um tom de voz fino e até um pouco feminino — Por que não se senta? Eu estava a sua espera.
O olhar daquele homem em Colin o deixava incomodado. Era o tipo de olhar que Jane e Stedd faziam às vezes, um olhar malicioso e, ao mesmo tempo, misterioso.
— Me disseram que você era um Elfo negro bem forte, e tenho que admitir que eu não esperava algo assim. Acho que essa é uma surpresa boa, não concorda?
Colin deu de ombros.
— Deve ser…
O homem estendeu a mão e encarou Colin com um olhar provocante.
— O documento, você trouxe?
— Aqui…
Colin o entregou e antes daquele homem o pegar, ele alisou a mão de Colin gentilmente. O errante sentiu um arrepio na espinha e afastou a mão bem rápido.
— Ops! — disse o homem apoiando a mão na boca — Minha mão escorregou, mil perdões hihi.
Um suor seco escorreu pela têmpora de Colin e ele cruzou os braços.
O nobre molhou a caneta no tinteiro e começou a escrever no papel.
— Vi você naquela festa. Devo admitir que estava deslumbrante. Foi Tishora que fez aquele terno para você, não foi? O talento daquela anã é surpreendente!
— É… — disse Colin olhando pro lado meio sem jeito.
— Então você vai mesmo participar do torneio, senhor Colin?
Ainda mantendo os olhos no nada, Colin fez que sim.
— Sim…
— Eu e meus amigos estaremos torcendo por você. — O nobre abaixou a voz quase sussurrando — Eu e minha esposa costumamos fazer certas “festas particulares”, ela sempre comenta que seu sonho era conhecer um homem selvagem como o senhor…
Colin ergueu uma sobrancelha.
— Me desculpe, não entendi.
— Todo mundo viu, bobinho, como você tratou Lorde Trunyson. Para minha esposa aquilo foi selvagem o suficiente. Se quiser participar é só me dizer. Tenho certeza que ela ficaria feliz com isso, assim como eu também.
Um silêncio constrangedor invadiu o local por um instante.
— Foi mal, eu sou casado… — respondeu.
O nobre apoiou a mão frente aos lábios de maneira delicada e gargalhou baixinho.
— Bobinho, eu também sou… É casado com aquela mulher de cabelo esverdeado, não é? Minha esposa e as amigas sentiram muita inveja daquela beleza indescritível. Por que não há chama para participar também? Tenho contatos… Administro missões… A gente pode se dar bem, se ajudar de várias maneiras, o que me diz?
Colin não via a hora de sair dali. Um homem que vivia intimidando as pessoas pelo olhar estava sendo intimidado por um homem com quase metade do seu tamanho.
— Desculpa, mas passo… Não gosto desse tipo de “festa” …
O nobre focou o olhar em Colin e inclinou a cabeça para o lado.
— Já participou de alguma?
— … Não, mas obrigado pelo convite de qualquer forma…
— Bem, eu vou estar te esperando caso mude de ideia, esperando bem aqui, ou se preferir passo o meu endereço.
Depois de selar a carta mais uma vez, um círculo mágico se formou sobre ela e a carta virou um pingente.
— Aqui está sua passagem para o torneio, quando o torneio se iniciar, todos que estiverem próximos de você em um raio de dez metros serão mandados para a prova — Ele entregou o pingente para Colin e o encarou com um olhar malicioso — Quer que eu o coloque em você?
Sem pensar duas vezes, Colin enfiou o pingente no bolso e se ergueu.
— Não precisa, obrigado!
— Por nada, espero que venha me ver mais vezes, tchauzinho.
Colin fez que sim e deixou a sala, dando um suspiro de alívio em seguida.
“Sempre ouvi dizer que nobres tem gostos estranhos, mas isso foi demais para mim. Melhor voltar para casa e esquecer os últimos cinco minutos”.
Ele tinha um saco de joias que ganhou como pagamento no Norte, Colin ponderava trocar as moedas em alguma casa de câmbio da região, mas ele não era bom em lhe dar com dinheiro desse mundo.
Colin iria atrás dos nobres de berço de seu grupo.
“Certo, Wiben ou Samantha são nobres e devem saber onde posso trocar as joias que ganhei. Passarei em casa, pegar as joias e ir ver um dos dois.”
No fim do corredor da quinta torre, um homem alto de armadura prateada se aproximou de Colin a passos pesados. Seu bigode era longo, e seu corpo parecia um armário. Ele estava acompanhado de outros dois homens, tão fortes quanto ele.
— General Vrumud! — disseram dois guardas prestando continência.
Colin passou por ele com as mãos nos bolsos, sem nem prestar atenção. O tamanho de Vrumud impressionava, mas Kodogog era tão grande e musculoso quanto.
Assim que Colin cruzou com Vrumud, os homens que estavam com ele não gostaram do desrespeito do Elfo. Cumprimentar um membro do lótus era crucial nas regras de etiqueta entre soldados, mesmo que fossem meros recrutas ou simples estudantes.
— Ei você, o Elfo! — Colin se virou — Sabe quem está na sua frente?
Colin ergueu a sobrancelha. Encarou os soldados, os subordinados de Vrumud e o próprio Vrumud.
— Um soldado? — Colin indagou com certa inocência. Ele ainda estava desconcertado pelo que havia acabado de passar.
Furioso, o soldado foi até Colin cerrando os punhos.
— Escuta aqui, seu-
Vrumud apoiou a mão no ombro do companheiro, o silenciando.
— Tudo bem, Primeiro Tenente Straus, deixe o Elfo em paz. — disse Vrumud abrindo um sorriso de canto — Sou o General de divisão Vrumud Venita, e também membro do lótus. Você deve ser o Elfo dos boatos. Um elfo negro com algum músculo é raro de se ver.
Colin suspirou.
Mesmo quando ele não queria, acabava atraindo problema.
— Eu sou Colin Silva… é um prazer…
Vrumud ergueu a sobrancelha.
— Nunca ouvi falar sobre uma casa de Elfos Negros com o nome Silva, é um Calimaniano? de onde você é exatamente?
— De um lugar longe… você não deve conhecer.
Furioso, o primeiro-tenente Straus deu um passo à frente.
— Está insinuando que o grande general Vrumud é um idiota?
Vrumud ergueu a mão novamente, silenciando Strauss mais uma vez.
— Tudo bem se não quiser contar, garoto. Não irei pressioná-lo. Foi um prazer conhecê-lo.
Vrumud deu as costas e seus subordinados o seguiram.
— Porque o deixou agir daquela maneira, general? — indagou Straus com a mão apoiada sobre o cabo da espada.
— Não tem porque adiar o inevitável, o Elfo terá seu destino selado em breve. Por isso, seja paciente.
Colin retornou a sua casa.
Assim que abriu a porta, viu Leona deitada no sofá como um cão. Suas caudas de ponta branca estavam bem peludas e estavam em volta dela a cobrindo.
Uma de suas orelhas mexeu e ela abriu os olhos.
— Mestre Colin! — disse bastante empolgada — O senhor voltou!
As caudas dela estavam bem agitadas indo de um lado para o outro sem parar.
— Já faz quantos dias? Dois? Três? — Ela pulou o sofá e se jogou em cima dele o abraçando. Ela estava tão feliz quanto um cão após reencontrar o dono que não vê a dias — Eu estava quase vindo aqui te resgatar das garras daquela bruxa!
“Bruxa?”
— Não precisa ficar com ciúme — disse Colin — você que sumiu de casa, eu fiquei aqui todo tempo.
— Eu sei, mas as meninas disseram para não incomodar você. Só vim embora porque aquela “bruxa” voltou para casa dela — Leona fez beicinho — Ela nunca devia ter saído de lá…
Leona se desvencilhou dele rapidamente e correu até a cozinha, pegando uma caixa em cima da mesa. Abriu a caixa pequena revelando um colar de ouro dentro. — Olha só o que ganhei!
Colin olhou para o colar e depois olhou para ela.
Aquele colar parecia ser bem caro.
— Ganhou de quem? — ele perguntou.
— De um velho rico, ele disse que se eu fosse até a casa dele eu ganharia muito mais!
Colin cruzou os braços e meneou a cabeça.
Leona tinha um corpo malhado bem atraente, sem falar que a mesma era muito bonita e seu jeito, às vezes inocente, atraía um tipo de atenção específica. E tinha o fato de que ela também havia ganho certas habilidades de uma súcubos assim como Colin.
Era muito fácil chamar atenção do sexo oposto sob estas condições.
— Melhor você não ir até esse velho.
Ela fez beicinho e cruzou os braços.
— Por que não? Você parece estar me evitando desde que voltemos daquela missão no Norte… Foi até a uma festa e nem me chamou. — Ela fez um silêncio dramático — Quase morri de fome esses dias, sabia? Samantha só come coisa verde e Lei Song faz a mesma coisa.
— Por que não saiu com as outras meninas?
— Safira está passando muito tempo com o pivete do Kurth… Alunys e Liena vivem desaparecendo, e aquela Sashri só quer saber de beber. Estou cansada de comer mato, quero carne, coisas fritas e com gordura escorrendo!
Colin coçou a nuca e deu um suspiro.
Leona era como uma criança travessa no corpo de um adulto. Mesmo que seu corpo tenha amadurecido, ela não tinha mais que meio ano de vida.
“É possível que eu me arrependa disso…”.
— Vem, vamos dar uma volta.
Os olhos dela brilharam de felicidade.
— Está me convidando para sair?
Colin suspirou mais uma vez.
— A gente só vai dar uma volta…
— Isso! — Ela exclamou num pulo eufórico — Prometo que vou me comportar, será como se eu não estivesse lá! Me espera aqui, só vou me trocar! — disse ela correndo para os fundos.
Colin deu um sorriso de canto.
Às vezes era estranho imaginar que Leona era parte dele, já que ambos tinham personalidades bem destoantes. Era como se ela fosse uma parte mais extrovertida de si mesmo, uma parte que o próprio Colin manifestava raramente.
Ela retornou usando uma camisa de manga longa avermelhada que ia até à metade de sua coxa. Usava um short curto preto, mas a camisa longa o tapava, dando a impressão de ela estar de vestido.
As pernas eram quase completamente cobertas por meias longas pretas e nos pés iam botas pretas. Na cintura dela ia uma cinta que começava um pouco abaixo dos seios e ia até à cintura onde haviam duas bainhas cruzadas.
Uma das bainhas levava uma adaga de ante magia e a outra levava a adaga feita com a lâmina de um Bakurak.
Seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo, deixando uma franja sob sua testa e mechas de cabelo do lado esquerdo e direito do rosto.
Colin aproveitou e vestiu uma calça preta, blusa interior branca com paletó preto de botões dourados por cima e, em seus pés, ia um chinelo de madeira.
Ele também havia enfiado nos bolsos do paletó o saco de joias que ganhou no Norte.
— Estou pronta, vamos!
Colin a olhou de cima a baixo.
— Não precisava se arrumar tanto…
— Precisava sim! Eu tinha que usar as roupas novas que comprei — Ela deu passos largos e cheios de anergia até a porta — O que está esperando? Vamos logo, não podemos nos atrasar!
— Comprou roupas, mas não comprou comida? E onde arrumou dinheiro para as roupas?
Leona olhou para o lado meio sem jeito.
“Merda, eu poderia ter comprado frango frito!”
Ela voltou a encarar Colin com um sorriso no rosto.
— Esqueci de dizer, mas teve outro velho que me deu dinheiro para ir jantar com ele, mas ele me dava medo, então só peguei o dinheiro mesmo.
— … Não devia aceitar coisas de estranhos assim…
— Eu sei, mas fazer o que se homens ficam tão bobos perto de mulheres tão bonitas quanto eu? A culpa não é minha se os homens são idiotas.
“… eu tenho que dar um jeito em educá-la direito…”
Enquanto caminhavam, eles atraiam olhares de todo tipo. A cidade estava cheia de turistas, e era a primeira vez que muitos deles estavam vendo uma pandoriana que era uma raposa de nove caudas, já que elas eram bem raras.
Colin seguiu para a parte mais nobre da cidade, bem em direção a onde era a casa da família de Samantha, já que ele não sabia onde era a casa de Wiben.
Ele estava de frente para um enorme portão com grades douradas.
— Que enorme! — Leona deixou escapar — Samantha é mesmo bem rica, né? Tão rica e come mato… Bem que ela podia dar presente caro para gente regularmente, mas acho que ela é do tipo de riquinha que é uma mão de vaca.
Leona apoiou as mãos em volta dos lábios e berrou.
— Samantha! Você está aí? A gente quer falar com você!
“Desde quando ela ficou tão energética?”
Um mordomo se aproximou do portão e encarou aqueles dois de cima a baixo. Ele os reconheceu somente pela descrição ali apresentada.
— Vocês devem ser Senhorita Leona e Senhor Colin, correto?
— Isso mesmo! — Leona estava empolgada por saberem quem ela era de fato — Samantha está? A gente quer falar com ela.
O mordomo assentiu e destrancou o portão.
— No momento a jovem mestra está treinando com o pai no salão de treinamento, mas os amigos dela sempre serão bem vindos. — Ele ofereceu o caminho para que eles passassem para dentro — Madame Ophelia não está em casa, então acho que é seguro os amigos da jovem mestra entrarem para uma visita.
Sem pensar duas vezes, os dois adentraram.
Havia um enorme jardim florido na entrada com uma estufa de vidro no fundo.
— Me acompanhem por favor.
O mordomo se dirigiu a sala de treinamento passando por todo jardim, uma ponte sobre um lago cristalino e finalmente alcançaram um grande salão de treinamento de estrutura ornada.
Aquilo parecia um ginásio de arquitetura gótica.
Mesmo longe, era possível ouvir o tilintar de lâminas que aconteciam no salão.
Ting, Ting!
— Controle a respiração! — disse Leerstrom.
Samantha avançou girando a espada, ela tentou acertar seu pai por baixo, mas ele rebateu o ataque.
Ela girou para o lado e avançou em uma estocada, mas seu pai se esquivou mais uma vez e bateu com a chapa da espada nas costas dela.
— Você morreu de novo!
— Ahem! — pigarreou o mordomo — Senhorita Samantha, seus amigos estão aqui… — depois de anunciá-los o mordomo se retirou.
— Colin, Leona! — ela estava surpresa, era a primeira vez que alguém da guilda, sem ser Wiben, a visitava. — O que estão fazendo aqui?
Leerstrom mantinha um olhar ríspido em Colin, e isso o deixou um pouco sem jeito.
— Preciso trocar joias por moedas, estava pensando se podia me ajudar, mas tudo bem se estiver ocupada…
— Encerramos por hoje. — disse Leerstrom do fundo — Pode ajudar o seu amigo, eu resolverei outros assuntos.
Samantha fez uma reverência.
— Obrigada, senhor! — Ela se virou para Colin e Leona — Só irei me trocar e já volto!
Ela guardou a espada no porta-espada da parede e correu para os fundos para se trocar.
Leerstrom manteve os olhos focados em Colin enquanto enxugava o rosto suado com uma toalha.
Havia certa tensão entre aqueles dois.
— Desde o incidente na festa mandei pesquisar sobre você, mas não encontrei nada. — disse o comandante se aproximando devagar — Colin Silva… a única coisa que sabem de você é que matou um bakurak e chegou até a cidade arrastando sua cabeça, o resto são boatos exagerados, e alguns até me incomodam…
Leerstrom não era um homem comum.
Alguns especulavam que suas habilidades superavam a de qualquer um dos lótus, e ver alguém como ele se aproximar daquela forma era algo assustador.
— Alguns bardos da fronteira do Norte cantam que você e um tal de Thane venceram o “demônio” da torre… — Leerstrom apoiou a espada no ombro e manifestou uma mana densa que fez as vestes de Colin e Leona se agitarem — O mais intrigante, é que de algum modo Samantha confia em você, mesmo depois de eu saber que você quase quebrou o braço dela.
Leerstrom continuou se aproximando.
Colin ficou nervoso no começo, mas aquela sensação de ser atingido por uma mana mais poderosa que a sua era algo familiar.
Depois de sentir a mana sinistra de Thaz’geth, nenhuma outra o assustava.
— Samantha sempre me contou tudo, perdi às vezes que ela veio atrás de mim para que eu resolvesse algum problema, mas essa foi a primeira vez que alguém a agrediu tão seriamente e ela ocultou isso de mim. O que você tem de especial para ela querer protegê-lo?
Leona sentiu a hostilidade de Leerstrom e foi para frente de Colin. Ficou de quatro como um animal e começou a rosnar exibindo seus caninos.
Leerstrom parou de se mover e abriu um sorriso de canto.
— Apesar disso, nunca vi Samantha se dedicando tanto em um treinamento desde que se juntou a você e sua trupe. Não sou seu inimigo, Colin, mas eu diria que a maioria da corte te odeia. Depois do que fez com Trunyson, eu diria que 90% daqueles bastardos querem sua cabeça. Sua sorte é que eles são covardes demais para tomarem alguma atitude contra você, mas eu não.
Colin abriu um sorriso e assentiu.
— Senhor Leerstrom, eu não quero problemas com o senhor, mas se me atacar, eu não vou ficar parado só porque você é o pai de uma amiga ou porque é o braço direito do imperador.
Colin tirou as mãos do bolso.
Leerstrom meneou a cabeça.
— Já conheci outros homens como você, homens que amam o combate — Leerstrom abriu um sorriso de canto — Homens assim acabam morrendo cedo demais por não saberem seus próprios limites… Eles acabam encontrando o fim pelas mãos de outros homens que eles não podem derrotar.
Abrindo um sorriso de orelha a orelha, Colin conjurou Claymore e apontou a espada para Leerstrom.
— Está insinuando que esse homem é você?
— Quem sabe…
Colin não colocou sua vida em risco desde que voltou à cidade. Ele tem aproveitado sua vida pacífica de casado, e isso fez ele se esquecer da sensação extasiante que um combate brutal traz ao seu corpo.
Comandante Leerstrom tinha uma aura poderosa que o deixava atiçado. Era como se Colin estivesse a dias sem comer e balançassem um pedaço de carne suculenta bem na sua frente.
Aquele tipo de sensação ficava pior a cada vez que Colin se fortalecia, e isso refletia tanto nele quanto em Leona.
Leona ficava mais eufórica, mais extrovertida. Já Colin, tentava saciar essa vontade usando o tempo entre quatro paredes com Brighid como válvula de escape.
A cauda de Leona começou a serpentear e ela também ficou excitada, ávida por um combate, já que ficar perto de Colin fazia esse desejo transbordar com mais facilidade.
— Estou pronta! — disse Samantha usando camisa branca, cinto, calças pretas e botas. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e por cima da camisa branca ia um sobretudo vermelho veludo com botões dourados. Ela sentiu o clima tenso no ar — Aconteceu alguma coisa?
Colin retornou Claymore a sua forma de anel e afagou o cabelo de Leona.
— A gente só estava conversando. — respondeu Colin.
Leona se sentou como um cão e ficou ali abanando as caudas.
— Colin Silva… — disse Leerstrom — Estou ansioso para vê-lo no torneio de guildas.
— Pai, a gente pode treinar no mesmo horário amanhã?
Leerstrom assentiu.
— Tudo bem por mim — Ele focou o olhar em Colin — Porque não aparece para treinar também, Elfo? Samantha tece mais elogios a você do que Wiben.
— Pai! … — chamou Samantha um pouco sem jeito.
— O que foi, filha? Eu só quero saber se o Elfo é realmente tudo isso. Nada melhor que uma luta treino, não concorda, Elfo?
Colin abriu um sorriso e fez que sim com a cabeça.
— Eu adoraria treinar com o senhor.
— Então está marcado. Amanhã as sete.
Colin assentiu, então, ele e Leona se afastaram com Samantha os guiando. Leerstrom deu um longo suspiro, sentiu como se tirasse um peso enorme dos ombros.
“Não há dúvidas… achei que fosse coisa da minha cabeça, mas o garoto realmente me lembra aquele homem de alguns anos atrás que enfrentei na fronteira do Norte. Meu corpo não se esqueceu da sensação de sentir aquela intensão assassina de perto. Colin… quem realmente é você?”
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