Capítulo 139 – O Dia do torneio
Todas as guildas se preparavam para o grande torneio.
Stedd havia retornado para o apartamento e ficou impressionado com Leona, principalmente pela personalidade extrovertida dela, bem diferente da do amigo.
O apartamento, agora com quatro moradores, se tornou um local bem barulhento.
Leona se dava bem tanto com Kodogog quanto Stedd.
Os três passavam horas jogando conversa fora.
A guilda inteira de Colin se reuniu em seu apartamento um dia antes do evento e Samantha distribuiu os itens que comprou para o grupo.
Alunys estava um pouco acanhada ao encarar Stedd, afinal, ele foi expulso por culpa dela, mas ele disse que nem sequer pensava no incidente.
Todo mundo resolveu participar do torneio.
Lei Song ficou receosa em participar num primeiro momento, principalmente por ela ser a última herdeira de uma dinastia milenar que carregava o destino de uma nação inteira nas mãos, mas ela se convenceu que para guiar uma nação ou lutar contra inimigos, ela teria que melhorar a si mesma, e se acabasse morta, então significava que seu reinado especulativo estaria fadado ao inevitável fracasso.
Kurth e Safira ficaram juntos quase a noite toda, pareciam dois adolescentes tímidos que estavam com vergonha de ficar de mãos dadas ou demonstrar carinho em público.
Já Samantha e Wiben não pareciam tão bem assim.
Eles também estavam juntos, mas mal se falavam durante o encontro em grupo.
Tanto Wiben quanto Samantha tinham questões familiares mal resolvidas, e quando essas questões batiam a porta, nenhum dos dois sabia lhe dar.
Colin passou parte do tempo junto a Brighid, ajudando-a a preparar a janta para aquele monte de gente.
Colin ainda não tinha se acostumado a ver sua residência tão cheia e com pessoas interagindo entre si daquela forma. Embora não passasse tanto tempo com eles, ele os considerava seus amigos, os primeiros amigos que ele teve algum apreço desde Agatha.
Ganhar esse torneio seria um passo importante que ele daria para ficar mais forte e se preparar ainda mais para o destino que o aguardava.
— Pessoal! — chamou Colin e todos ficaram em silêncio — Como sabem, o torneio começa amanhã, e vocês sabem que vai ser perigoso, já que muitas guildas provavelmente vão se juntar para caçar a gente. — Colin coçou a nuca — Eu estou à frente da guilda, mas não tenho a postura de um líder. Costumo comprar brigas desnecessárias e às vezes deixo meus impulsos falarem por mim. Porém, se tem uma coisa que sou bom é em aguentar porrada, por isso, enquanto decidirem me seguir, eu garanto que consigo levar qualquer golpe redirecionado para qualquer um de vocês. Ao menos isso eu consigo garantir como um líder.
Stedd abriu um sorriso de orelha a orelha e ergueu o copo de Whisky.
— Fique tranquilo, Colin, se você apanhar por nós, nós massacraremos todos esses filhos da puta por você!
Os outros concordaram com a cabeça e alguns com palavras.
Depois de vários minutos de conversa descontraída, todos eles foram embora um por um, deixando a louça para se lavada e, como sempre, Colin e Brighid fizeram esse trabalho.
— Eu falei com Eilella hoje à tarde — disse Brighid esfregando um prato — Ela disse que não vai nos atacar caso cruze com a gente lá dentro.
— Entendi… Só estou em dúvida de como funcionará esse torneio — Colin enxugou as mãos com um pano e cruzou os braços, encostando o quadril na pia — O torneio de seleção funcionou como Battle Royale, mas a carta que nos mandaram dizia que haveria 10 níveis dessa vez.
Brighid terminou de lavar o prato e enxugou as mãos no avental.
— Vai acontecer no espelho do diabo, não é? — ela indagou — Não sei o que Hodrixey estava pensando quando escolheu esse lugar para fazer o torneio, mas o espelho é um lugar criado para treinar magos de elite. É uma torre que pode levar semanas para ser terminada.
— Você já foi para lá?
Ela fez que não.
— Não tenho a chave para entrar. — Ela apontou com o queixo para o pingente no pescoço de Colin — Você tem a chave, mas ela precisa ser ativada por alguém que já completou todos os 10 níveis do espelho, e presumo que esse alguém é Hodrixey.
Colin deu um suspiro.
No fundo, Colin só estava preocupado com todo mundo. Caso fossem separados, cada um teria que dar o máximo de si para não ser morto pelo inimigo, e isso o consumia em pensamentos.
Tirando os veteranos como Elhad, Sashri e Stedd, muitos ali eram garotos que acabaram de sair das fraldas ou adultos que mal haviam acabado de fazer vinte anos.
— Colin, eu vou para casa — ela tirou o avental e jogou em cima da mesa — Amanhã cedo a gente se encontrará no coliseu — Brighid ficou na ponta dos pés e beijou o marido — Você também devia descansar.
Ele beijou a testa dela.
— Eu vou, se cuida.
Brighid deixou o quarto e Colin encarou Leona do outro lado, deitada no sofá após se empanturrar de comida.
Ele foi até ela e Leona o encarou com uma sobrancelha erguida.
— Perdeu alguma coisa na minha cara?
— Levanta daí, a gente vai treinar.
Leona se esparramou no sofá.
— Mas já tá tarde, e eu tô cheia. Não pode deixar passar?
— Não! O torneio é amanhã e eu estou ansioso.
Leona abriu um sorriso debochado.
— Senhorita Brighid foi embora, né? Então não tem ninguém para aliviar sua ansiedade. Por isso que ao invés de bater nela você quer bater em mim, só que do jeito ruim, né?
Colin coçou a bochecha meio sem jeito e Leona se levantou.
— Ficou envergonhado, né? Hihihi Vamos lá, eu vou treinar com você, mas eu vou te bater para valer, está bem?
Colin deu de ombros.
— Dê seu melhor… E eu quero treinar uma coisa.
— Que coisa? — Leona apoiou a mão maçaneta.
— Você vai ver.
— Então tá…
Dentro de um esconderijo em uma parte mais humilde da cidade, Loafe estava junto de todos os homens do ruivo aguardando alguém chegar.
Loafe se sentia tenso de estar junto a tanta gente poderosa.
— Ei! — chamou Leidvard, o errante — Quanto tempo mais teremos que esperar nessa espelunca?
Leidvard vestia camisa e calças pretas. Seu cabelo era loiro com uma mecha preta. Seu braço direito era todo tatuado e seu corpo era bem atlético.
O tom de voz de Leidvard era aveludado e seu semblante estava sempre sério.
— Se acalme — disse o Ruivo tomando uma xícara de chá — O garoto não tem culpa, logo, logo a bruxa aparece.
Leidvard cruzou os braços e encostou na parede.
— Tem certeza que precisa de todo mundo para capturar uma única mulher? — indagou o errante — Eu já acho isso exagero.
— Você diz isso porque não sentiu a mana dela — disse Le Jun sentada no escuro — Porque não explica para ele, Raudal?
Raudal estava com os braços cruzados, sentado ao lado de Le Jun.
— Le Jun tem razão — disse Raudal — Ela é forte, por isso até alguém como você foi convocado.
Leidvard continuava cético com toda aquela especulação. Ele se considerava uma força absoluta. Não seria uma mulher que o colocaria em tal situação de pavor.
Haviam mais sete pessoas entorno, mas nenhum deles disse mais nada.
Se passaram mais alguns minutos até que a porta se abriu, e uma mulher entrou jogando o capuz para trás.
— Conseguiu todos os doze frascos, senhorita Nezludra? — indagou Loafe se levantando.
Nezludra entregou um baú nas mãos de Loafe.
— Estão todos aí, fofinho, a poção irá durar 168 horas, acredito que seja tempo suficiente para fazerem o que desejam.
Loafe abriu o baú e olhou os frascos que brilhavam em tons roxos.
— Muito obrigado!
— Por nada, fofinho, é sempre bom fazer negócio com você — Ela correu os olhos por todos os presentes — Passar bem.
Nelzuldra deixou a residência sem dizer mais nada.
Loafe colocou o baú no centro e cada um deles apanhou um frasco. A maioria ficou em dúvida se funcionaria, mas logo beberam.
Não demorou para que a fisionomia de todos começasse a mudar, assumindo a forma de alguém da guilda de Loafe.
O ruivo, que agora era moreno, ajeitou o terno e se ergueu.
— Bem, as coisas vão começar em breve, então acho que isso é um até logo. — Havia sobrado um frasco. O ruivo o guardou no interior do paletó — Esse último é para o Urso pardo — Depois de guardar, ele deu dois tapinhas no ombro de Loafe — Subornei aquele gordo almofadinha para enfeitiçar o pingente de Colin. O feitiço vai se ativar quando ele chegar ao nível três do espelho.
Loafe assentiu.
— Entendi, mas não acha que o nível três é muito alto para começar a missão?
— Claro que não. No nível três só terão restado os melhores, então é compreensível que Colin e sua trupe acabe encontrando dificuldades pelo caminho. Quem sabe se dermos sorte, a fada e o Elfo estejam cansados quando nós os encontrarmos. Assim que eles forem para o nível três, o pingente irá separar os dois dos demais, lançando o Elfo em um lugar e a Fada em outro. Eles devem ser os mais fortes, então você se encarregará de destroçar a guilda dele, enquanto meu pessoal e o Urso pardo cuidamos do resto.
Sem dizer mais nada, o ruivo deixou aquele lugar junto de seus homens.
Loafe, em partes, se sentia tenso em esquematizar algo tão sujo, mas ele não tinha escolha. Ele estava determinado em fazer Colin e sua guilda pagar com a vida pelo que ele passou.
Samantha estava na casa de seus pais colocando coisas essenciais dentro de sua bolsa dimensional. Jogou armas de todo tipo, roupas de verão e inverno, além de várias marmitas que pretendia usar ao longo da prova.
Ela se sentou ao lado da cama que não usava desde os dezesseis anos e encarou o porta retrato de família.
As pessoas na foto pareciam sorridentes e expressavam uma felicidade genuína, mas ela sabia a verdade. Seus pais se odiavam e sua mãe a odiava mais do que qualquer coisa, e ela nem sabia o motivo.
Ultimamente, Samantha estava passando mais tempo com Charlotte e suas amigas. Ficavam horas contando histórias sobres suas aventuras e de como era a rotina de um membro de guilda.
Isso não foi visto com bons olhos por sua mãe, Ophelia.
— Ainda está aqui? — indagou Ophelia na porta — Aproveita e pegue tudo que precisa desse quarto, pretendo usar para colocar minhas roupas.
Sempre que Samantha via a mãe, ela se sentia bastante intimidada. Era um medo infantil que ainda estava enraizado em seus ossos.
Samantha se levantou e olhou para o lado, evitando contato visual com a mãe.
— Eu já estou indo…
— Espero que esteja. — Ophelia abriu um sorriso debochado — Eu soube que liberaram matar neste torneio que você vai participar, e pelo visto aquele Elfo que você segue está com os dias contados. Espero que ele e seu grupinho tenham o que merecem. Plebeus querendo parecer importantes, onde já se viu?
Samantha franziu os lábios e se apressou para deixar o quarto.
Ophelia continuou a provocar.
A raiva que ela sentia de Samantha era maior que a raiva que ela sentia do marido.
— Soube que o pai daquele bastardo do Wiben está com problemas. — disse ela com um sorriso no rosto — A praga do rato, certo? Deve ser horrível ter um filho tão incompetente. Eu o entendo perfeitamente, mas ainda bem que tenho suas irmãs. Se eventualmente algo acontecer com você nesse torneio, a reputação da nossa família estará salva.
Samantha parou no meio do corredor e encarou a mãe com os olhos cheios d’água.
— A senhora deve estar louca para me ver morta, não está? — Indagou Samantha com voz chorosa.
Ophelia deu de ombros.
— Lá vai você, começar a chorar mais uma vez. Eu mal vejo você, se ficar viva ou morta não vai fazer diferença.
Samantha sentiu como se seu peito fosse apunhalado, apesar de já esperar aquela resposta da própria mãe. O olhar indiferente de sua mãe para com ela a deixava profundamente magoada.
Samantha era uma nobre, ela cresceu vendo as outras meninas sendo paparicadas pelas mães e as mães das garotas as tratavam como a coisa mais valiosa do mundo. Já Samantha teve um tratamento mais frio. Apanhava da mãe por motivos idiotas e muitas vezes não haviam motivos.
Ela se virou e limpou as lágrimas que escorriam por suas bochechas com as costas da mão.
Samantha não disse mais nada.
Desceu as escadas, as pressas e se apressou para sair de sua residência o mais rápido possível.
Na manhã seguinte, Colin, Stedd e Kodogog desceram juntos e caminharam até o local designado.
Colin portava a espada dançarina na cintura.
Leona havia partido mais cedo para se juntar as garotas após treinar a madrugada inteira com Colin.
A cidade estava em festa, com fogos mágicos explodindo a todo momento nos céus.
As pessoas também estavam barulhentas e eufóricas.
Era a primeira vez que uma geração de estudantes tão promissora resolvia participar em peso de um evento que tinha como prêmio algo de uma magnitude tremenda.
Eles viram um coliseu ao longe, algo que superava em muito o coliseu da prova de seleção.
Quanto mais perto eles chegavam, maior o coliseu ficava.
— Ei! Colin! — Chamou uma voz atrás dele.
Colin se virou e abriu um sorriso ao ver um rosto que não via a meses.
— Ratinha!
Eilika, a pandoriana, parecia mais velha.
Seu cabelo branco continuava curto na altura dos ombros, mas ela estava maior e com mais volume.
Ela estava vestida casualmente, usando camisa branca com uma jaqueta preta por cima. Nas pernas ia uma saia rodada e nós pés sapatos pretos.
Já Colin vestia moletom preto, calças pretas e sapatos pretos.
— Você cresceu! Ficou mais forte, né? — disse ela dando um soquinho no braço de Colin — Aposto que ainda consigo quebrar algum de seus ossos se eu quiser hehe.
— Acho meio difícil, eu estou bem mais forte do que meio ano atrás.
A cauda dela começou a balançar de um lado para o outro.
— Isso eu quero ver! Mas primeiro, espero que você vença esse torneio para que diga a todos que fui eu quem te treinou hehe.
— Pode deixar! Manda um abraço para Lina e Celeste por mim.
— Claro! Vou estar torcendo por você da arquibancada — Ela se aproximou para cochichar algo no ouvido dele. Colin se abaixou e Eilika ficou na ponta dos pés — Vê se toma cuidado com aquele Loafe, o cara meio que surtou depois daquilo que fez com a guilda dele. Acho que ele tentará matar você.
Eles se afastaram.
— Eu disse a você, ratinha, eu estou mais forte. Na verdade, eu quero que Loafe venha me enfrentar. Quero ver o quanto evoluí em relação a ele.
Eilika suspirou e meneou a cabeça.
— Você não mudou nadinha, continua tentando se matar, mas acredito em você. — Ela deu tchau para Stedd e Kodogog, se aproximando para perto de Colin para cochichar mais alguma coisa — Aquele é Stedd, filho do Jack Ubiytsy, não é? Ele é assustador…
Foi a vez de Colin cochichar algo.
— Ele é legal depois que você conhece, não se preocupe.
Eles se afastaram mais uma vez e Eilika abriu um sorriso.
— Se cuida, tá bom?! Vou torcer por vocês da arquibancada.
— Obrigado!
Depois de mais um tchau, Eilika abriu um sorriso e se afastou.
Stedd encarou Colin com um semblante de escárnio.
— O que foi? — indagou Colin.
— A pandoriana da comandante Lina? Sério? Eu sabia que seu gosto para mulheres era estranho quando descobri que Brighid era uma fada, mas um roedor é demais. A Brighid sabe disso?
— Do quê? Eu não fiz nada com ela.
Stedd cruzou os braços e abriu um sorriso de canto.
— Viu isso, kodogog, Colin parece ser popular entre as mulheres estranhas.
— Irmão Colin é famoso! — disse Kodogog — Também tem mulheres da tribo de kodogog perguntando pelo irmão Colin.
— Viu só?! — disse Stedd — Se você não tivesse junto da Brighid, provavelmente faria uma festa, certo? — Stedd olhou para cima — Que inveja… Por que uma coisa dessas não acontece comigo? Mas se fosse para aparecer mulheres do tipo da pandoriana ali ou um ser místico, eu acho que era preferível continuar sozinho. Nada contra, Colinzinho, mas você se casou com uma fada, e isso é algo que ainda não me desce. Claro que Brighid é provavelmente a mulher mais maravilhosa que eu já vi. Ela tem um cheiro agradável, o cabelo dela parece estar sempre penteado, a pele dela é macia e sem falar naquele corpo que nossa, só de pensar eu fico sem palavras, mas mesmo assim, eu estou fora.
Stedd olhou para Colin, que estava com as sobrancelhas erguidas.
— Eu disse isso com todo respeito, não precisa me olhar assim.
Colin cruzou os braços e suspirou.
— Só vamos seguir, está bem?! De preferência em silêncio.
— Você quem manda, chefe.
Eles foram mais ao fundo para o Coliseu e foram para as áreas designadas aos participantes.
Estavam em um salão, um salão bem mais cheio do que Colin pensou que estaria.
Kodogog se despediu deles e foi em direção a sua guilda.
Vários olhares se mantiveram nos dois, principalmente em seu grupo que se encontrava num canto específico isolados de todos.
Eles se cumprimentaram, e para a surpresa de Colin, ninguém estava tenso, mesmo que a maioria das pessoas ao redor fosse hostil.
O número de membros da guilda de Colin era bem pequeno se comparado a outras guildas que em sua maioria levavam até cinquenta membros consigo.
— Aquele é o pessoal do Colin? — indagou Leidvard encostado na parede — Só tem gostosa naquela equipe?
— Se concentre na missão — disse o ruivo — É melhor se conter e não tentar nada estúpido, entendeu? Se formos revelados estaremos em uma encrenca colossal.
Leidvard deu de ombros.
— Claro que entendi, mas qual daquelas é o alvo? Qual delas é a tal Brighid?
— A de cabelo esverdeado — respondeu Le Jun portando seu olhar de peixe morto, um olhar que continuava com ela mesmo após assumir outra aparência.
— É! — afirmou Leidvard — Ela é a mais gostosa daquelas garotas, mas a loirinha também não fica para trás. Olha só aquela bundinha.
Le Jun cutucou Leidvard com a bainha da espada.
— Guarde esses pensamentos para você, errante.
— O que foi? — debochou Leidvard — Com ciúme porque você é toda reta?
— Pessoal… — disse o ruivo — É missão secreta, não deviam chamar atenção assim.
O grupo ficou em silêncio depois do aviso do ruivo.
Vrumud também estava com eles assumindo a aparência de um garoto bem mais novo que ele, mas o urso pardo não disse nenhuma palavra, somente permaneceu em silêncio com os braços cruzados.
Anton estava em outro canto desconfiando que algo estava errado. Tinha muitas manas poderosas naquele lugar, manas que rivalizavam com a dele e manas que o superavam com folga, e isso o deixou tenso.
As portas se abriram, iluminando todo aquele salão.
Aos poucos, os participantes passavam pelas portas e se deparavam com o centro do coliseu simetricamente pavimentado com círculos designados a cada uma das guildas.
As arquibancadas estavam lotadas, e na parte mais luxuosa do coliseu estava o imperador e toda elite que formava o império de Ultan, direta ou indiretamente.
Alguém disse algo no ouvido do imperador e ele se ergueu caminhando até o balaústre de concreto.
— Senhoras e senhores — disse num tom ribombante que ecoou por todo coliseu — Agradeço a todos que estão presentes para o maior torneio entre jovens talentos que esse continente já viu. Dentre eles há nomes já conhecidos por vocês, e há nomes que vocês ainda vão conhecer, pois, todo torneio que acontece aqui é sempre um show à parte. Eu sempre acreditei que os jovens são o futuro, por isso, permiti que até mesmo meus filhos participassem de um torneio que sei que eles podem não voltar. Porém, eu sei que vocês que têm filhos participando, sabem que nosso amor de pais não pode impedir nossos filhos de continuarem seguindo em frente, impedi-los de se fortalecer e ajudarem o grandioso império de Ultan a prosperar em um futuro próximo. Por isso peço que aproveitem o espetáculo!
As pessoas berraram e aplaudiram com vontade aquele discurso.
Foi a vez de Hodrixey de dar um passo à frente.
— Bom! — disse num tom de voz grave — Agora explicarei as regras. Cada um dos líderes recebeu um pingente. Se um pingente for destruído, toda equipe do dono do pingente estará eliminada, se todos os membros de uma equipe morrem também. Vocês têm permissão para desistir, e se fizerem, serão retirados imediatamente da prova, porém, toda equipe do desistente também será eliminada.
Um burburinho começou entre os alunos.
“Interessante” pensou Colin “Eles querem fazer as pessoas participarem de qualquer modo, nem que seja até a morte”
Hodrixey continuou.
— Para avançar para a próxima fase, vocês precisarão de um pingente qualquer de outra equipe, e assim sucessivamente em cada nível que estiverem. Qualquer tipo de artefato ou magia estará permitido. Dito isso, desejo boa sorte a todos.
Aquelas foram palavras duras de ouvir para a maioria deles.
Hodrixey bateu palmas e o círculo onde os participantes estavam começou a brilhar junto aos pingentes, fazendo todos eles desaparecerem em feixes de luz.
Bledha estava na arquibancada encarando tudo.
Ela mal se continha de felicidade, finalmente estava começando o evento para qual ela se preparou por tanto tempo.
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