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    Fumaça continuava subindo até os céus.

    Toda destruição causada pelo poder de Leidvard logo atrairia curiosos e possíveis inimigos tão poderosos quanto. Com a mana de Colin quase zerada tanto em Claymore quanto nele mesmo, ele decidiu priorizar sua própria segurança.

    Mesmo em uma situação como aquela, Colin não pensaria duas vezes em ir atrás de Leidvard e seus companheiros, mas era melhor ele procurar Brighid.

    Usando o resto de mana que havia sobrado, ele concentrou sua análise, olhando ao redor para encontrá-la.

    A viu ao longe sendo carregada pelas criaturas que foram outrora evocações de Leidvard.

    Brighid estava com a expressão um pouco abatida.

    Ela não teve dificuldade alguma em enfrentar as evocações, o único problema era que seu corpo que rejeitava sua própria magia.

    As evocações de Brighid estavam prestes a se desfazer.

    Ainda em cima da manticora, Colin avançou em direção a ela em um rasante e a pegou no colo antes que ela despencasse de uma altura considerável.

    As evocações dela se desfizeram em partículas minúsculas.

    Brighid encarou o rosto sereno de Colin e se surpreendeu de ele não estava ferido gravemente.

    Pelo inimigo que o marido enfrentava, ela esperava o ver ao menos com o nariz sangrando, mas Colin estava perfeitamente bem. Apenas sua reserva de mana que estava quase extinta.

    — Você nem se machucou… — disse ela o encarando nos olhos — Eu sabia que podia deixar ele com você…

    Colin ficou preocupado, Brighid não parecia nada bem.

    — Brighid, você…

    Ela apoiou a mão no rosto dele.

    — Ficarei bem, só preciso descansar um pouco…

    A mana de Colin estava prestes a se esvair por completo. Ele olhou rapidamente ao redor com sua análise e encontrou uma caverna ao longe.

    Colin segurou Brighid mais firmemente e a manticora deu um mergulho e se desfez antes de Colin chegar ao chão.

    Brighid se encolheu nos braços dele e Colin se preparou para a queda.

    Eles foram em direção a uma árvore e atravessaram as folhas.

    Colin apoiou gentilmente os pés em um galho de árvore e saltou para outro galho e mais outro, até alcançar o chão.

    Com a análise, Colin olhou na caverna e constatou estar tudo bem. Eles entraram e Colin a colocou no chão. Brighid escorou as mãos na parede e se sentou.

    Não era nem um pouco comum Colin ver Brighid naquela situação. Normalmente era o oposto.

    — O que faço para ajudar? — ele perguntou preocupado.

    Brighid suava frio e tremia.

    — Só fica aqui comigo… ficarei bem, só preciso descansar, tá!?

    Colin se sentou ao lado dela e Brighid ficou junto dele, apoiando a cabeça no ombro do marido e abraçando seu braço direito.

    Brighid sentia muita dor, mas ela se continha para não preocupar Colin. Ela teria que resistir por alguns minutos, até que a dor passasse.

    Ela não gemia de dor, mas seu corpo falava por si. Colin sentia Brighid apertar seu braço enquanto a mesma cerrava os olhos e franzia os lábios.

    A vontade de Colin, era a de sair correndo atrás de Samantha, já que na bolsa dela havia algumas poções de cura, mas sem magia e com Brighid naquele estado, eles seriam alvos fáceis para gente poderosa como Leidvard.

    Ver Brighid naquele estado era uma tortura. Ela era o ser que Colin mais se importava. Foi ideia dele participar do torneio, se algo grave acontecesse com ela ou com os filhos que carregava, ele jamais se perdoaria.

    Depois de alguns minutos, Brighid parou de sentir dor, e aquilo deixou Colin mais calmo, mas ele se manteve em alerta.

    Virando a cabeça, ele reparou em Brighid roncando baixinho com a cabeça apoiada em seu ombro.

    Colin afastou uma mecha de cabelo dela, o colocando para trás da orelha. Desviou o olhar e fitou o fundo da floresta.

    Agora, com tudo mais tranquilo, ele começava a pensar em tudo que havia acontecido no torneio até aquele momento. O elfo do mar havia o chamado de Altmer. Nem mesmo um poço de conhecimento como Brighid sabia algo a respeito deles.

    Em seguida, enfrentou outro errante que suspeitou que Colin tivesse parentesco com Saphielle, a mulher que supostamente era sua irmã, e ainda foi chamado de sangue nobre.

    Confuso, ele se perguntou o que ele era, quem foram seus pais e o que aconteceu no passado para tudo aquilo ter chegado ao ponto que chegou.

    Ele estava confuso sobre si mesmo.

    Um Errante, Elfo, Altmer ou um humano, quais dessas raças era constituído o seu sangue, seus ossos, e, por que seus pais não lhe contaram nada?

    Sua mente vagava por dezenas de indagações.


    Em um acampamento bem no meio da floresta, o ruivo e seu pessoal repreendiam Leidvard. Ele só não colocou a missão em risco devido a seu ego, como jogou todo efeito surpresa no lixo, além de perder suas evocações mais poderosas.

    — Idiota! — repreendeu o ruivo — Quando digo que a missão requer todo mundo, é porque requer todo mundo. Você quase acabou morto por sua imprudência. Como sairíamos daqui com a monarca sem os seus portais?

    Leidvard estava de cabeça baixa ouvindo tudo.

    — Me perdoe, ruivo… — Ele desculpou com um amargor nos lábios. Ao se desculpar, Leidvard assumiu estar errado, e ele odiava isso — O garoto é um Errante, do tipo que absorve mana…

    O ruivo franziu o cenho e cruzou olhares com alguns membros. Houve uma época em que os caçadores de monarcas foram contratados para caçarem duas mulheres, ambas errantes.

    Somente uma delas foi encontrada.

    Aconteceu um grande combate, e alguns caçadores de monarcas acabaram mortos. Foi o golpe mais brutal que a organização recebeu.

    Tempo depois o ruivo assumiu as rédeas da organização. Sob seu comando, os caçadores de monarcas nunca falharam. Ele mesmo era bem novo quando isso aconteceu, mas o massacre dos caçadores de monarca é contado entre eles até hoje.

    O nome de Saphielle era conhecido no submundo. Boatos diziam que ela vendia informações aos traficantes e executava certos trabalhos particulares.

    A cabeça dela estava a prêmio fazia anos, mas ninguém nunca a achou depois do ocorrido, e se achou, provavelmente morreu antes de contar a alguém.

    — Ele tem parentesco com Saphielle? — indagou o ruivo com certo temor — Ele também… é filho daquele homem?

    Leidvard engoliu o seco.

    — Pode ser… É por isso que o garoto deve ser uma prioridade. Se conseguirmos extrair informações dele, podemos alcançar Saphielle. Sabe quanto nos pagarão pela cabeça dela?

    — Ruivo! — chamou Le Jun — Isso é perigoso! Eu vi o garoto, senti aquela mana. Usuários habilidosos de mana como vocês são inúteis contra ele. Melhor deixar para Raudal, o brutamontes do Lótus ou até para Lovein cuidarem dele. Todos são usuários da pujança, será mais fácil assim.

    Ruivo estava pensativo.

    Por um lado, três evocações poderosas de Leidvard que alcançavam facilmente o título de Monarca, foram subjugados por uma única mulher. Por outro lado, um homem que nem sequer é um monarca quase acabou com a vida de seu companheiro.

    — Quanto tempo até as poções de polimorfia perderem efeito?

    — Cerca de trinta horas — respondeu Loafe no fundo, enquanto encarava as chamas da fogueira — Não me importo com o que fizerem com Colin ou aquela mulher. Só quero que os dois sofram.

    — Você não está em posição de querer nada aqui, garoto! — respondeu o ruivo — Deixamos você brincar de nos liderar e desfrutar essa sua vingança ridícula, mas isso não é sobre você.

    Loafe cruzou olhares com o ruivo.

    Ele odiava ser tratado daquela forma, mas continuou em silêncio. Responder o ruivo ou qualquer um deles poderia resultar em sua morte.

    — Raudal e Lovein! Vocês e o brutamontes do lótus ficarão encarregados do garoto. O resto de nós vai atrás da mulher — Ele apontou com o indicador para Loafe — Você está sozinho nessa. Cuidar dos companheiros desse Errante não deve ser um problema para alguém com suas habilidades. Ótimo! Apressaremos as coisas e iremos para o terceiro nível. Se Colin e aquela mulher conseguiram dar uma surra em nosso Leidvard aqui, então eles não devem demorar a nos alcançar. Vamos andando, rápido!

    Loafe não se importava de enfrentar a guilda de Colin sozinho. Ele se considerava melhor que qualquer um deles, exceto Brighid. Aquilo foi algo que ele abraçou sem problemas.

    — Não vou atrás do errante — disse Lovein deitado no galho de uma árvore com as mãos atrás da cabeça.

    — Isso é uma ordem direta! — disse Fledris enraivecido.

    Lovein bocejou e não deu a mínima para o que Fledris havia dito.

    — Posso saber o motivo? — indagou o ruivo o encarando.

    Algo na camisa de Lovein começou a se mover e uma fada saiu de dentro da manga do pescoço.

    Ela tinha pouco mais de vinte centímetros. Seu vestido era lilás, os cabelos brancos e seu tom de pele era claro.

    — Leidvard disse que sentiu cheiro de ser místico — disse a fada cruzando os braços — Quero ver que ser essa mulher é.

    — Senhorita Reiha, essa missão é muito importante, e você e seu companheiro são cruciais para fazerem dar certo.

    — O garoto é um errante que não sabe usar portais, certo? — indagou Lovein com os olhos cerrados — E ele também é um usuário da pujança. Raudal e o cara do lótus são monarcas da pujança. A vantagem que esses dois têm é esmagadora. Reiha e eu iremos com você enfrentar essa mulher.

    O ruivo apenas assentiu.

    Apesar de tudo, capturar Brighid ainda era prioridade.

    — Entendi, conto com vocês.


    Os barulhos de botas ecoavam por um salão com dezenas de ornamentos de ouro. Haviam estatuas douradas de guerreiros em poses honrosas.

    O piso de granito era tão limpo que deixava o reflexo nítido.

    Indo até uma enorme porta de madeira, Ehocne a empurrou. Do outro lado, havia belas mulheres se banhando em uma enorme piscina de águas cristalina. Mais ao fundo, Walorin estava nu, deitado com a cabeça nas coxas de uma Calimaniana. Ela tinha pele negra, um corpo com curvas acentuadas, cabelos cacheados e um semblante sedutor.

    Com suas mãos delicadas, ela colocava uvas na boca de Walorin.

    — Sinto esse seu cheiro de longe — disse Walorin sem encarar Ehocne diretamente — O perfume de uma Elfa… Não é doce como o da bruxa, mas é gostoso mesmo assim. O que faz na minha casa?

    Ehocne olhou ao redor ligeiramente e se concentrou em Walorin.

    — Precisamos de você. Vista uma roupa e se prepare.

    Walorin se sentou.

    — Precisam de mim? Fui até o abismo buscar a porcaria da joia do infinito, seja lá o que Bledha está planejando, é melhor ela não me incluir nessa merda!

    — Todas vocês, fora! — urrou Ehocne.

    As mulheres começaram a deixar aquele salão uma por vez em silêncio. Depois de alguns segundos o salão ficou vazio.

    — Porque não disse que queria ficar sozinha comigo? — zombou Walorin se erguendo e caminhando até Ehocne ainda nu — Você não faz o meu tipo, mas a gente tem tempo. Quem sabe eu consiga adocicar essa sua vidinha amargurada.

    Ehocne cruzou os braços e olhou Walorin de cima a baixo enquanto esboçava um sorriso de canto.

    — Você não tem nada de mais. Se tirar suas habilidades para o combate, você se torna só um homem comum. Agora deixe de gracinha e vista uma roupa. Partiremos quanto antes.

    Walorin franziu o cenho e caminhou até a beirada da piscina, apanhando uma toalha deixada ali, a amarrando na cintura.

    — O que Bledha quer? Pensei que ela estava segura com relação a tudo. Os planos dela são infalíveis.

    — Você enfrentou um dos apóstolos de Dreaz’gan quando foi ao abismo?

    Walorin caminhou para um quarto no fundo.

    — Não! — urrou Walorin dos fundos — A Bruxa chegou a ver a apóstola de perto, mas eu não a vi. Estava ocupado enfrentando um dos arquiduques daquele nível. Por que a pergunta?

    — É provável que uma das apóstolas dele esteja vagando neste plano. Já ouviu falar da monarca de duas árvores da capital do império de Ultan?

    Walorin saiu dos fundos trajando calças e botas pretas, regata da mesma cor e cabelo preso em um rabo de cavalo.

    — Ouvi dizer que ela é muito bonita.

    — Então…

    Espreguiçando, Walorin estalou alguns ossos.

    — Está insinuando que ela é um apóstolo? Isso será divertido hehehe. Bela e poderosa, o meu tipo de mulher favorito.

    Erguendo o braço direito, Ehocne conjurou um portal.

    — Não fique animadinho, Var’on e eu vimos a forma da mana dela. A mulher é poderosa, tão poderosa quanto Volfizz, talvez mais.

    — Aposto que consigo vencer Volfizz em um combate usando somente meus punhos. Mana não define luta, a habilidade sim. Deixa essa mulher comigo.

    Ehocne deu de ombros.

    — Que seja!

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