Capítulo 180 – Diocese
O cheiro de incenso e um coral baixo era ouvido dentro de uma catedral. Velas pairavam sobre toda sua extensão, iluminando uma grande pintura. Na pintura, o tronco de uma árvore estava ligado a pequenos frutos que assemelhavam bastante a imagem de galáxias em movimento.
Ajoelhados, estavam os fiéis vestindo preto e, no fundo, sentado no trono de madeira, estava o pontífice Alexander, vestindo uma batina preta com uma faixa ornada dourada na cintura, bordado a imagem de uma árvore.
Alexander era alto, tinha cabelo escuro bagunçado, pele bronzeada e olhos escuros. Estava com um livro aberto em mãos, expondo a palavra de sua Deusa.
O ferrolho da porta do fundo destravou.
O som ecoou por toda catedral.
Um homem que também vestia batina, cabelo raspado e olhos de predador ficou na porta o encarando. Alexander fechou seu livro e desceu o púlpito, deixando os fiéis orando em silêncio.
Passou por aquele homem e foi para fora da catedral, vislumbrando um belo jardim. O homem ao seu lado ascendeu um cigarro.
— O que você quer, Lesiv? — indagou Alexander.
— Soube das novidades?
— Não.
Lesiv assentiu e assoprou a fumaça para cima.
— O duque caiu, destruído da noite para o dia. — Ele encarou Alexander — Foi um mercenário chamado Colin, este nome é familiar para você?
Alexander desviou o olhar pensativo.
— Colin… onde já ouvi esse nome antes?
— Não se preocupe, me apressei e pesquisei sobre ele. Lembra da falecida Ultan? Há algumas histórias curiosas sobre esse garoto. Se lembra da monarca de duas árvores? Sabia que ela foi casada com esse garoto?! Sacerdote Heien falou sobre aquela mulher para mim, disse que ela era o ser mais poderoso que ele já conheceu. Nunca o vi tão deslumbrado daquela forma.
Alexander desviou o olhar e alisou o queixo.
— A monarca está junto dele?
— Não há provas disso, mas meu palpite, é que não. Somente disseram que ele está com uma pandoriana raposa e uma Elfa que usa óculos.
Alexander assentiu.
— Há alguma chance de ele ser um monarca de duas árvores também?
— O garoto? Duvido muito, mas ele não deve ser ignorado. Também soube que ele cuidava dos filhos de Ultan, e ainda por cima tinha amizade com um dos filhos de Jack Ubiytsy. Eu poderia ficar aqui por horas falando somente sobre os feitos dele, mas vim aqui querendo obter uma resposta sua.
Alexander ergueu a sobrancelha.
— Resposta?
— Esse garoto, Colin, precisa ser destruído. Ambos sabemos que homens ambiciosos são perigosos, afinal, isso se encaixa para a gente também. O “experimento” está pronto?
O pontífice ficou em silêncio, tomando cuidado com as próximas palavras que sairiam de sua boca. Segurou seu livro debaixo do braço e olhou no fundo dos olhos de Lesiv.
— Ainda não está completo, mas podemos testá-lo. Achei alguns fiéis que se voluntariaram para beber seu sangue.
Lesiv deixou escapar um sorriso.
— Perfeito. Prepare alguns desses fiéis e os mande para as terras que pertenciam ao duque, vamos tomá-la para nós. Quem sabe consigamos chamar atenção da diocese se formos eficientes.
Essa ação implicaria em uma guerra.
— Se fizermos isso, Ayla pode avançar contra as terras do duque também. O garoto Colin não tem exército, mas Ayla, sim. Quebrar esse equilíbrio significaria que consequentemente entraríamos em guerra.
Lesiv assentiu.
— Não é uma oportunidade de ouro? Dois coelhos em uma única cajadada. — Lesiv apoiou a mão no ombro do amigo — Se tomarmos todo centro-leste, poderemos formar um país. Teremos metade do território que pertenceu a Ultan.
— Claro, farei os preparativos o mais breve possível. Os agoureiros também devem agir. Deixem que os “abençoados pelo sangue” cuidem de Colin e de Ayla, os agoureiros marcharão para Rontes, aquele país está se afundando em uma guerra civil, os dois exércitos estão bagunçados. Com uma força organizada conseguiremos tomá-lo em cerca de três meses.
Lesiv se despediu dando dois tapinhas no ombro de Alexander.
— Vamos fazer dar certo, meu amigo.
— Claro, senhor.
No topo da catedral, Ibras estava escondido usando a árvore do silêncio. Ele era habilidoso em espionagem, talvez o melhor do continente.
Atento, ele ouvia tudo que era dito lá em baixo.
“Colin, seu verme, é melhor que me pague bem dessa vez, ainda cobrarei mais caro por quebrar meu braço!”
Já fazia uma semana que Colin havia tomado as rédeas do ducado. No dia seguinte, após seu discurso caloroso, mais de 60% da população queria aprender magia e formas de combate.
Parte dos recrutas eram garotos entre dezesseis e vinte anos, e uma minoria significativa eram meninas da mesma faixa etária. Leona pediu para tomar conta do treinamento em combate, enquanto Alunys ensinava a eles o básico sobre magia. Muitos sequer sabiam qual árvore pertenciam.
Em uma semana, Alunys os ensinou a usar o básico da análise. O objetivo era simples, usar a análise efetivamente em uma batalha.
O estilo de batalha passado por Leona era truculento, focado exclusivamente em assassinato ou na incapacitação parcial de seu oponente.
Naquela semana alguns recrutas acabaram quebrando alguns ossos, mas fazia parte da aprendizagem.
Enquanto isso, Colin ajudava os agricultores com tarefas do campo. O errante era rápido e forte, então sozinho valia por quase cinquenta trabalhadores comuns.
Do lado de fora, acabou expandindo a terra arável, algo que era proibido pelo duque na gestão anterior. As pessoas mais humildes viam nele não só um símbolo de força, mas de proteção.
Colin se dava bem com os mais velhos.
Normalmente era um bom ouvinte, já que os mais velhos adoravam conversar, e passavam o dia todo fazendo isso. Em uma semana, os velhinhos o consideravam um exemplo para seus netos seguirem.
Eles o viam como um homem viril, corajoso e até mesmo sábio. Se a geração de seus netos seguisse seus passos, então era possível que o ducado crescesse a ponto de se tornar uma potência no continente.
As velhinhas também tinham a mesma visão, e também o consideravam um bom partido para suas filhas e netas, mas Colin sempre rejeitava as propostas educadamente.
Às vezes ficavam horas tomando chá com Colin, elas gostavam de ouvir sobre tudo que ele estava planejando para o futuro. Nenhuma delas duvidava de nada que saía da boca daquele homem, Colin já havia os, encantado.
Os homens de meia-idade gostavam de ficar na taverna do ducado conversando sobre o trabalho, situação política e contavam casos que viveram e ouviram de terceiros.
Bastaram alguns dias para o verem como amigo de longa data.
— Ufa! — Uma senhora com chapéu de jardineira limpou o suor na testa — Acho que acabamos por aqui.
O clima estava quente, o que era anormal, já que não faltava muito para o inverno.
Colin estava de regata preta e, assim que terminou de arar quase um hectare sozinho, também limpou o suor da testa. As senhoras separavam as sementes corretamente, colocando-as na terra fofa com cuidado.
— Já vai ficar tarde. — disse Colin — Vamos voltar antes dos lobos aparecerem.
Assim que disse isso, começaram a sentir um tremor vindo da floresta. As pessoas olharam aquilo assustadas e Colin ficou sério.
— Voltem para dentro do ducado! — Alertou Colin.
As pessoas começaram a se retirar as pressas, ajudando umas, as outras. Enquanto se retiravam, um homem a cavalo deixou a floresta. Seu semblante de pânico era aparente.
— Socorro! — urrou.
Atrás dele, um demônio avermelhado corpulento de quase cinco metros com um enorme olho no estômago, deixou a floresta derrubando as árvores enquanto gritava como uma mulher histérica e sacudia os braços desordenadamente.
Para os aldeões, aquele demônio era uma visão do inferno.
Eles começaram a fugir com ímpeto.
O homem no cavalo passou por Colin e o errante continuou parado.
Derrapando, o demônio parou abruptamente e parou de gritar enquanto encarava Colin. Diferente do homem que perseguia, aquele diferia bastante, seus instintos diziam que ele era perigoso.
— Você… — disse o demônio num tom de voz gutural — Você parece ainda mais delicioso que o humano, já me decidi, você será minha refeição!
O fato de Colin não demonstrar medo o incomodou.
— Não sabia que demônios eram tão fluentes nas línguas desse mundo. — disse Colin.
O demônio apontou-lhe o indicador.
— Conheço essas tatuagens, você é um deles, não é? Um daqueles que conseguem vagar entre os mundos!
— Devo ser.
Enfurecido, o olho do demônio começou a girar em várias direções enquanto uma esfera púrpura formava-se a sua frente. A grama que estava ao redor começou a apodrecer.
Os dentes serrilhados da criatura ficaram a mostra, exibindo um sorriso perturbador.
— Morra, verme-
Swin!
Colin passou pela criatura. A cabeça do demônio foi arrancada, sua esfera de energia desfez e seu corpo corpulento veio ao chão em um baque.
Bam!
A velocidade de Colin sem usar magia já era surpreendente, mas quando a usava, alcançava patamares que poucos conseguiam alcançar. Conseguiu conjurar Claymore antes mesmo de avançar, e usou parte da magia nela contida.
Transformou Claymore em um anel e passou pelo demônio, caminhando para a entrada do ducado calmamente. Os vigias em cima da torre viram aquilo, e mal acreditaram no que seus olhos presenciaram.
— Abram o portão! — berrou um dos vigias.
O portão foi aberto e as pessoas aguardavam ansiosas pela volta de Colin. Alguns até suplicavam para seus deuses tomarem conta deles, e o ver inteiro os deixou bastante aliviados.
— Onde está o estranho? — indagou Colin.
Alguns garotos, aprendizes de suas subordinadas, haviam o cercado em um canto, apontando espadas para ele.
À medida que Colin se aproximava, eles abriam caminho.
— Quem é você? — indagou o errante.
O estranho estava com as mãos erguidas. Ele tinha o cabelo e barba bastante volumosos.
— Colin, o carniceiro, é você, não é?
— Sim, sou eu.
— Graças aos deuses! E-Eu soube que trabalha p-por dinheiro, certo? T-Tenho uma proposta a fazer ao senhor.
Colin assentiu.
— Pessoal, abaixem as armas e tragam este homem para dentro da minha casa, digam a Cronius e Belani que estou os convocando.
Um adolescente assentiu curvando o corpo.
— Sim, senhor!
A casa de Colin era bem humilde. Havia três cômodos, um era seu quarto, cozinha e sala de estar. Havia uma mesa de madeira na sala, onde diversos papéis estavam espalhados por cima. Colin estava com as mãos para trás e com os pés cruzados apoiados em cima da mesa.
Seus dois conselheiros estavam mais na ponta, e o estranho estava na frente de Colin.
O estranho se chamava Lancel. Ele havia dito que seu vilarejo estava em perigo há algum tempo. Mercenários de uma região mais ao sul ficaram furiosos com Lancel e seu povo por não pagarem o valor combinado dos tributos. Isso fez com que os mercenários lançassem magia poderosa pela região, e isso atraiu tanto demônios quanto goblins.
Demônios apareciam vez ou outra, mas a infestação de goblins estava passando dos limites. A sociedade dos goblins era separada em três categorias, os goblins comuns, que eram responsáveis por coletar alimentos e capturar fêmeas de espécies diferentes, os hobgoblins, que eram usuários de magia, e os Alfas, goblins de porte robusto que tinham uma semelhança com Orcs.
Não existia goblins fêmeas, então, para procriarem, goblins capturavam fêmeas de raças sencientes e as entregavam aos Alfas. Os Alfas copulavam com as fêmeas e assim os goblins nasciam. O tempo de gestação de um goblin era bem curto, cerca de uma quinzena no máximo.
Isso permitia que eles se proliferassem como praga, alcançando números na casa dos milhares em questão de meses. As fêmeas que pariam seres assim, normalmente morriam depois do décimo parto.
O corpo era levado ao limite.
Então, goblins estavam sempre atrás de fêmeas para a reprodução. Era difícil encontrar um hobgoblin ou um Alfa fora da caverna que eram onde faziam sua morada. Normalmente eles ficavam no esconderijo, protegendo o alimento e as fêmeas de invasores.
Esta era uma das razões para nunca irem atrás do esconderijo de um goblin. Se o fizessem, teriam que enfrentar um exército numeroso, e somente exércitos bem equipados tinham força para limpar um ninho.
Lancel contava a história com bastante pesar, mas por mais repugnante que fosse, Colin continuou inexpressivo.
Após viver o inferno meses atrás, histórias como aquela não o deixavam comovido, ele ficava entediado devido ao rodeio de tentar convencê-lo com emoção.
Enquanto Lancel continuava falando sobre como o povo de seu vilarejo estava sofrendo, Colin bocejou e limpou uma lágrima do canto de seus olhos.
Ele estava de fato entediado.
— Lancel! — Colin o interrompeu — Por que não vai direto ao assunto?! Veio aqui pedir minha ajuda para limpar o ninho de goblin, matar o demônio e salvar as garotas capturadas, não foi?
Lancel ficou sem palavras, assim como os conselheiros.
— B-Bom… f-foi isso, sim, meu senhor…
Colin assentiu.
— O que vai me dar? — indagou — Não veio até aqui pensando que eu faria tudo isso de graça, pensou?
Incomodado, Lancel desviou o olhar e começou a fuçar nos bolsos, retirando algumas moedas de prata.
— I-Isso é tudo que tenho…
Colin segurou a gargalhada.
— Senhor Lancel, colocou meu povo em risco trazendo aquele demônio até meus portões, veio de tão longe para me oferecer um trabalho que nem mesmo os mercenários pegam, e acha que farei tudo isso por quanto? Seis moedas de prata?
Lancel se afastou e curvou-se.
Ele estava desesperado.
— P-Por favor! Minha filha mais velha foi… E-Eu não tenho mais a quem recorrer, então senhor, suplico para que me ajude, faço qualquer coisa!
Colin bocejou mais uma vez.
— É isso que sua filha vale? Seis moedas de prata?
Lancel engoliu o seco e Colin tirou os pés da mesa — Vamos fazer o seguinte, sua vila está sob comando de quem? Do pontífice ou da regente Ayla?
— De ninguém, senhor, estamos localizados em uma zona de risco. Senhores de terras geralmente não costumam se apoderar de áreas assim…
Colin assentiu pensativo.
Em tempos como aquele, soldados eram necessários, então não faria sentido avançar contra zonas de risco com grandes chances de altas baixas. Consequentemente, isso abriria brechas para invasão de mercenários, já que o número de saldados estará reduzido e a área estará livre de qualquer monstro.
— Quem é o líder do seu vilarejo? — indagou Colin.
— Não temos um líder, senhor, m-mas vim até aqui os representando.
Colin assentiu mais uma vez e encarou Cronius.
— Poderia trazer Alunys e Leona até aqui?
Cronius pediu licença e se retirou.
— Por que decidiu vir até mim? Alexander e Ayla são melhores estabelecidos e tem mais soldados, já eu assumi um ducado caindo aos pedaços.
Lancel coçou a bochecha com o indicador e desviou o olhar meio sem jeito.
— N-Nós conhecemos o pontífice e também Ayla, por isso não fomos até eles, a chance de rejeitarem nosso pedido é alta…
— E o que faz achar que eu aceitaria esse pedido?
— N-Não me leve a mal, mas ouvi boatos sobre sua insanidade… O-Ou o senhor tentaria me matar, ou seria louco o suficiente para aceitar um pedido como esse…
Colin assentiu.
— Faz sentido. — comentou.
Cronius retornou acompanhado de Leona e Alunys.
— Colinzinho! — Leona se jogou em seu colo, mostrando uma adaga de cobre — Olha! O ferreiro fez para mim, agora só falta a gente achar uma pedra ante magia e estarei inteirinha de novo!
Todos no cômodo encararam os dois. Sentado no colo de Colin de frente para ele, Leona ignorava a todos no cômodo, enquanto Colin parecia fazer o mesmo, se dispersando totalmente do ambiente para focar na pandoriana.
Ele apanhou a adaga e a encarou bem.
— Quem fez isso?
— O ferreiro Dafer! Como muita gente tá treinando, ele está se empenhando bastante fazendo armas, você devia ver!
Colin passou o dedo pelo fio da adaga. Apesar de ter uma pele rígida, ele sabia que o material era de alta qualidade.
— Entendi, agora sai do meu colo.
Leona fez beicinho.
— Você nem fica mais comigo… Está sempre ocupado e vive de conversinha com esses conselheiros chatos… Sou sua pandoriana, devia cuidar melhor de mim.
— Sei disso, me desculpa. — Colin fez carinho na cabeça dela — Prometo que durmo com você hoje e termino de ler aquele livro que a gente começou.
Leona abriu um sorriso de orelha a orelha e suas três caudas começaram a ir rapidamente de um lado para o outro.
— Promete mesmo!? — indagou empolgada.
— Já menti para você alguma vez?
Leona lambeu a bochecha de Colin algumas vezes enquanto as pessoas no cômodo encaravam a cena se sentindo desconfortáveis. A pandoriana de Colin saiu de seu colo e ficou ao seu lado. Ao contrário dos presentes, Colin e Leona não se sentiram nem um pouco envergonhados, já que eles haviam se tornando bem íntimos desde a queda de Ultan.
Alunys também já havia se acostumado com o jeito de Leona, ela normalmente agia assim com todo mundo que amava, inclusive com ele.
Aos que olhassem de fora, acharia a situação estranha, mas para eles era algo comum.
— Bem… — Colin se ajeitou na cadeira — Chamei vocês duas aqui porque quero perguntar algo. Esse homem na frente de vocês veio até mim para propor algo, porém, será decisão de vocês aceitar isso ou não. O viajante quer que limpemos a região deles que está infestada de monstros, isso inclui um covil de goblins. São vocês que estão treinando os soldados, acreditam que temos chance?
Alunys e Leona ficaram pensativas, enquanto os conselheiros arregalaram os olhos. Belani pigarreou antes de falar.
— Senhor… isso é loucura, os aldeões estão treinando a somente uma semana, mandá-los limpar um território infestado de monstros é suicídio!
— Ele tem razão! — disse Cronius — Ainda arriscamos sermos atacados por homens de Ayla ou do pontífice, agora não é hora para algo assim, temos que nos fortalecer primeiro! A maioria daqueles jovens nunca caçou um coelho na vida!
Colin apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos frente aos lábios.
— Cronius, Belani… A primeira vez que matei foi a menos de dois anos. Lembro que ele era um soldado de Ultan que tentava estuprar uma garota. Os soldados que decidiram atacar o vilarejo, não estavam em números expressivos. A maioria era desengonçada e desorganizada. Se aquelas pessoas tivessem experiência em combate, teriam provavelmente sobrevivido. Então, quanto mais esperarmos, mais aumenta o risco de sermos massacrados como aquele vilarejo.
Após engolirem o seco, os conselheiros desviaram o olhar. Alunys deu um passo à frente.
— Goblins são numerosos, mas não são fortes. O problema seria os Hobgoblins e os Alfas que devem ser trabalhosos de enfrentar. Se tratando dos demônios, acredito que nosso pessoal não tenha a menor chance, não no nível atual.
— Concordo com ela, mestre. — Assentiu Leona — Mas também concordo com o senhor. A prática é sempre o melhor jeito de aprender.
Após um suspiro, Colin assentiu.
— Lancel, há quantos habitantes em seu vilarejo?
— C-Cerca de setenta habitantes, senhor…
— Cronius, temos espaço para abrigar essas pessoas?
O conselheiro engoliu o seco.
— T-Temos, senhor, mas acredito não termos alimento o suficiente para todos…
— Temos comida para quantos dias?
— A-Acredito que para uma quinzena, senhor…
— É o suficiente. — Colin apoiou as mãos na mesa e se ergueu — Alunys, Leona, escoltem Lancel até seu vilarejo e escoltem também seu pessoal para cá. Levem alguns recrutas com vocês e os ensinem uma coisa ou outra, na prática. Deixe-os matar lobos, goblins ou qualquer tipo de criatura mais fraca.
Os olhos de Lancel se encheram d’água e ele curvou o corpo.
— S-Senhor, m-muito obrigado!
— Não me agradeça ainda — Colin olhou no olho de cada um presente — Assim que os recrutas tiverem um pouco mais de experiência, marcharemos em peso rumo a região e exterminaremos todos os monstros, mas para isso, preciso que todos marchem, e isso vai deixar nosso ducado desprotegido.
Todos se entreolharam mais uma vez.
— O que tem em mente, senhor? — indagou Belani.
Colin enfiou a mão no gibão-de-couro preto e retirou uma carta. Nela, havia um selo real que havia sido corrompido.
— Ayla me respondeu. — disse Colin balançando a carta — Ela quer me ver.
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