Índice de Capítulo

    As trombetas do vilarejo de Colin anunciaram sua chegada junto a dezenas de soldados portando armaduras prateadas. Havia se passado quase duas semanas desde sua partida e Alunys conseguiu cuidar de tudo sem problema.

    Os ferreiros ganharam novos aprendizes para a fabricação de armas e armaduras. As crianças se juntaram aos velhos no cultivo da terra, e aqueles aptos ao combate tiveram exercícios de campo diários para ganhar experiência em combate.

    A Elfa separou os soldados entre escudeiros, lanceiros, guerreiros e arqueiros. Passou noites em claro desenhando e redesenhando táticas militares.

    Os últimos dias foram os mais frutíferos.

    Alunys ficou assistindo enquanto todos aqueles jovens organizavam-se sozinhos, enfrentando um grupo de doze demônios de nível médio.

    Escudeiros também conseguiam usar espadas médias, unindo a defesa e o contra-ataque, algo único. Com os ferreiros trabalhando incessantemente, via-se quase todos usando armaduras de ferro enegrecida.

    Até mesmo o ducado começava a ter uma melhor aparência. A maioria das construções em ruínas estavam sendo reconstruídas, até mesmo o palácio estava sendo reformado.

    Colin pensou que por toda mudança, ele havia ficado fora da cidade semanas. À medida que entrava no ducado, os soldados portando armaduras negras prestavam continência.

    Algo que Colin reparou, foram em bandeiras hasteadas por boa parte do ducado.

    A bandeira, era totalmente enegrecida com um lobo e uma lua tingidos de vermelho. O lobo estava uivando para a lua atrás dele.

    Mesmo os soldados de Ayla, que eram mais experientes, se sentiram intimidados pela atmosfera.

    Colin parou em frente ao palácio e desceu do cavalo encarando Lettini, Dasken e Falone.

    — Vocês estão livres para descansar. Encontrem seus familiares, tomem um banho quente, quando se sentirem dispostos procurem Alunys ou Leona, direi a elas para vocês assumirem posições de liderança.

    Eles assentiram e se afastaram.

    — E a gente, Colinzinho? — Indagou Jane fazendo beicinho — Não merecemos descanso também?

    — Por quê? Vocês não lutaram. Deixaram que Ayla e eu fizéssemos tudo.

    — Que maldade, Colinzinho, eu estava lá, torcendo por vocês.

    — Senhor Colin! — Cronius se aproximou fazendo uma reverência. — Estávamos ansiosos por seu retorno! — Ele olhou para os soldados e depois para Jane e Valagorn — Eles vão ficar, senhor?

    — Tem espaço para eles?

    Cronius fez que sim empolgado.

    — Senhorita Alunys supervisiona a expansão dos muros. Graças a ela conseguimos murar mais alguns metros, criando um bairro e construindo casas para o pessoal novo que chegou duas semanas atrás. Acredito que tenhamos espaço de sobra agora, isso se os senhores não se importarem de dormir ao menos três na mesma casa.

    — Eles não se importam. — Colin respondeu por eles — Onde está Alunys e Leona?

    — Senhorita Alunys está lá dentro e senhorita Leona saiu para fazer treino de campo com alguns recrutas novos. Acredito que ela deve retornar em algumas horas.

    — Entendi. Mostre a estes homens onde eles ficarão.

    Cronius fez uma reverência.

    — Por aqui, senhores, me sigam por favor.

    — A gente também vai, Colinzinho — Jane desceu do cavalo e espreguiçou — Valagorn e eu não atrapalharemos o seu reencontro. Sei onde você mora, já que estive na sua cabeça. Estaremos esperando você lá.

    Colin encarou o elfo do mar, e ele abanou uma das mãos.

    — Tá tudo bem, Jane e eu vamos ficar bem apesar de tudo.

    Ele assentiu.

    Cronius montou no cavalo de Colin e sacudiu as rédeas se afastando. Colin entrou no palácio, que estava realmente mudado. Não era impressionante como o de Ayla, mas estava bem melhor que antes.

    Os buracos na parede já não existiam mais, o corredor fora decorado com quadros e peças de decoração como jarros e pequenas estátuas.

    — Senhor Colin! — chamou uma garota frente a ele. — Sou Mynia, é um prazer conhecê-lo.

    Colin a conhecia. Ele a havia dado dinheiro semanas atrás para que se alimentasse e alimentasse também seus irmãos.

    Ela fez uma reverência.

    — Por aqui, senhor, senhorita Alunys o espera!

    — Claro…

    Seguiram por um corredor onde haviam homens trabalhando, talhando o mármore, deixando tudo com um toque real. Mynia fez uma reverência ao chegarem frente à porta de madeira.

    — Ela está aqui, senhor.

    — Obrigado.

    Colin adentrou, encontrando Alunys anotando coisas em um livro que utilizou bastante. O pequeno livro a ajudava organizar os problemas do ducado e também mostrava as soluções. Em cima de sua mesa haviam pilhas de papéis e outros livros.

    A Elfa também havia aderido à cor preta, mas suas vestes eram de couro. Usava gibão preto, blusa interior da mesma cor, assim como suas calças e suas botas. Havia até mesmo deixado seu cabelo crescer, passando alguns centímetros dos ombros.

    Ao ver Colin na porta, ela abriu um sorriso aliviada.

    — Então você finalmente voltou! — Ela foi até ele e lhe deu um abraço apertado — E está inteiro! Há há É ótimo ver você! — Alunys o pegou pelo pulso — Vêm, quero te mostrar uma coisa! — Disse empolgada o arrastando para sua mesa.

    Fuçou na pilha de livros e entregou algo a Colin.

    Era um livro comum de capa avermelhada.

    — O que é isso?

    — O duque Otto anotou muitas coisas nesse livro, acredito que seja um livro de finanças. Aqui! — Ela ficou ao lado de Colin passando as páginas e apontou com o indicador para um trecho específico — Otto não só pagava aos mercenários com moedas, como também recebia deles. Aqui diz que houve uma movimentação onde ele recebeu quase 100 mil moedas de ouro no último mês, e acabei encontrando esse dinheiro no calabouço do palácio.

    Colin ficou realmente surpreso com aquela notícia. Ele achava que Otto tinha algum dinheiro escondido, mas nunca imaginou que fosse uma quantia tão alta.

    — O que fez com o dinheiro?

    — Bom… — Ela desviou o olhar meio sem jeito — Dividi 50% desse valor entre a população para que se reestabeleçam corretamente, e a outra parte estou usando para pagar aos homens que estão ajudando na reforma do ducado…

    — Entendi.

    Ela o encarou nos olhos.

    — Não está nervoso?

    — Por que eu estaria? Você deixou esse lugar bem melhor do que quando saí umas semanas atrás. — Colin abriu um sorriso genuíno e afagou o cabelo da Elfa — Estou orgulhoso de você.

    Alunys não era acostumada receber elogios, principalmente elogios de Colin. Isso a deixou um pouco sem reação. Ela desviou o olhar, ajeitou os óculos e corou um pouco.

    — O-Obrigada, senhor…

    Colin deu dois tapinhas no ombro dela e se sentou na cadeira frente a grande mesa. Alunys sentou-se de frente para ele.

    — Atualmente não cobramos impostos, mas não sei por quanto tempo isso deve continuar. — disse Colin.

    — Planeja começar a cobrar, senhor?

    — Agora não. As pessoas que lutam por nos não lutam por dinheiro, mas por seus familiares e amigos. Quando isso não for mais uma necessidade, então o número de soldados deve diminuir. Pensei em cobrar impostos somente com importação e exportação assim que conquistarmos Rontes do Norte e sul. A ilha dos Janesi fica há milhas daqui, mas seria bom se formássemos uma aliança.

    Alunys achou o plano genial. Com o comércio marítimo fomentado, eles não precisariam dos impostos da população, já que o imposto cobrado sobre o comércio marítimo sustentaria o possível governo de Colin.

    — É uma ótima ideia, senhor!

    — Obrigado, gostei da bandeira, ideia sua?

    Ela fez que não.

    — Foi ideia da Leona. Ela disse que precisávamos de um símbolo que fizesse “os inimigos tremerem de medo”. Então ela deu a ideia e as costureiras deram vida a ela. Combinou com as armaduras negras há há!

    Era estranho ver Alunys tão feliz. Colin pensou que toda felicidade dela tivesse falecido junto a Liena e os outros naquele dia fatídico. Vê-la bem o deixou melhor ainda.

    — Aliás, como foi a reunião com a regente Ayla, e por que demorou tanto?

    Colin coçou a nuca e suspirou.

    — Avancei até um lugar chamado território hostil, Ayla disse que ofereceria ajuda se eu acabasse com uma tribo Orc que vinha a importunando fazia um tempo. Avancei junto dela por alguns dias.

    — E como foi?

    — Não foi ruim. Ayla não é uma má pessoa, ela só é… um pouco solitária. Durante a viagem, ela me propôs casamento para juntarmos território.

    Alunys ergueu uma sobrancelha.

    — Sério?

    — Sim… É um casamento político. Acabei dizendo a ela sobre meu plano de unificar o continente, e por incrível que pareça, ela concordou. Disse isso aos conselheiros dela também, eles ficaram irritados, mas eu os convenci que era uma boa ideia.

    — O senhor convenceu alguém dialogando?

    Colin abriu um sorriso de canto e coçou a ponta do nariz.

    — Acredite se quiser, foi exatamente isso que aconteceu. Ayla até mandou alguns homens para treinar com nosso pessoal e trouxeram provisões também.

    Alunys não acreditou no que seu amigo disse, mas relevou.

    — E senhorita Brighid? Acha que ela vai…

    — Brighid vai agir negativamente com toda certeza, mas é para o bem dela e dos nossos filhos, isso se… se estiver viva…

    — Tenha fé, senhor.

    Colin escorreu na cadeira, sentando-se relaxado enquanto olhava para o teto.

    — Não sei se ainda tenho isso… Os caídos, meu pai, Drez’gan e esses incontáveis confrontos pelo continente… não sei se consigo derrotar todos eles. — Ele olhou para Alunys — Mesmo se não conseguir, farei o máximo para deixar as coisas melhor resolvidas para você e o povo.

    Alunys engoliu o seco.

    — Não diga essas coisas, senhor, a gente ainda precisa de você…

    — Eu sei, por isso farei de tudo para ficar vivo, mas você conseguiu arrumar esse lugar sem mim. Se acontecer algo comigo, você é perfeita para assumir.

    — Não acho que eu-

    — Não precisa ser modesta, ambos sabemos que é verdade. — Ele suspirou mais uma vez — Você e Leona foram tudo que me restou aparentemente… eu amo vocês duas, faria qualquer coisa para protegê-las. Não me importo em morrer por isso, já que era para eu estar morto há muito tempo.

    Alunys franziu os lábios. Ela também o amava, mas ficava chateada que o homem que ela mais admirava tinha tão pouco apreço pela própria vida. Seus outros amigos haviam morrido por ela. Alunys jamais desejaria algo assim novamente.

    — Por que o senhor faz tão pouco de si mesmo? — Colin continuou em silêncio — Digo… eu entendo que queira se sacrificar por nós, mas não aceito. Senhor, olhe em volta! As pessoas estão mais felizes, elas agora têm um propósito… Decidiram lutar pelo mesmo sonho que o senhor… Elas têm esperança na paz que o senhor almeja, e quem deu isso a elas foi você… — Alunys abaixou a voz e desviou o olhar — Seria muito mesquinho da sua parte morrer e deixar tudo isso para trás…

    Colin ficou em silêncio por um momento e abriu um sorriso de canto.

    — Desculpa. Que bom que você está aqui para sempre me trazer para a realidade…

    Alunys retribuiu o sorriso e coçou a bochecha.

    — Coooliiin!

    Bam!

    Leona abriu a porta com um chute e pulou em cima de Colin. Ele caiu no chão e Leona ficou ali por cima dele sentada como um cão, abanando as caudas de um lado para o outro sem parar.

    Ela parecia ter crescido um pouco nessas últimas semanas.

    — Você não vai acreditar! — disse empolgada — Mas, euzinha aqui, desenvolvi uma nova técnica! — Ela apoiou um dos dedos frente ao lábio — Estou pensando se dou o nome de “Relâmpago destruidor” ou “Triunfo da rainha das tempestades” O que você acha?

    — Nem sei o que essa sua habilidade faz…

    Ela arregalou os olhos.

    — Me esqueci disso hihihi vem comigo, vou mostrar a você!

    — Prometo que vou depois de um descanso.

    Ela mostrou a língua a ele.

    — Seu chato!

    — Leona — chamou Alunys — Senhor Colin está cansado, deixe-o em paz por enquanto.

    Leona fez beicinho e saiu de cima de Colin apontando para Mynia na porta.

    — Você! — abriu um sorriso exibindo seus caninos — Você vem comigo, escolher o nome!

    — E-Eu?

    — Sim! — Leona a pegou pelo pulso a arrastando pelo corredor — Não se preocupe, é um poder tão forte que eu conseguiria abrir um buraco no peito do meu mestre, você vai ver!

    As duas se afastaram no corredor e Colin abriu um sorriso genuíno. Ao menos ali, ele se sentia acolhido.


    Ting! Ting! Ting!

    Tobi empunhava uma espada de aço de médio porte. Treinava avançando contra Lina enquanto as outras crianças estavam sentadas na soleira de uma casa de madeira, assistindo o treino.

    Lina continuava a mesma, já as crianças haviam crescido um pouco, principalmente Meg e Tobi. A garota havia feito nove anos recentemente, enquanto Tobi estava com oito. Eram os dois que passavam maior parte do tempo com Lina treinando. Após deixarem Ultan, ambos pediram para que se fortalecessem, e Lina decidiu os treinar.

    Após dobrar os joelhos, Tobi avançou em uma estocada. Lina deu um passo para o lado, mas Tobi continuou avançando sem parar, com golpes cada vez mais rápidos. Lina não parava de sorrir, os treinos estavam dando resultados.

    Ting!

    Lina rebateu a espada de Tobi para longe, e ela cravou na grama.

    — Você foi bem, está melhorando. — Ela guardou a espada na bainha e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo. — Amanhã a gente continua, logo o sol vai se por.

    — Tá… — Tobi desviou o olhar chateado.

    — Não precisa fazer essa cara, você evoluiu bastante nas últimas semanas — Ela afagou o cabelo dele — Vamos entrar e preparar o carneiro que Celeste nos trouxe.

    — Sim senhora…

    Lina subiu as escadas da soleira e todas as crianças a seguiram. A casa que residiam ficava isolada nas montanhas. Descendo as montanhas, encontravam um vilarejo que era onde eles vendiam alguns animais que caçavam e compravam outros suprimentos.

    Dentro da grande casa de madeira, Eilika estava junto a Melyssa, Brey e a Meia Elfa negra Nailah, que havia se juntado a eles quando deixaram o ducado. Todos estavam de avental, fazendo a sua parte.

    Os meninos, Bill e Gerrard, que também haviam se juntado a eles, preparavam a mesa. Celeste preferia ficar do lado de fora, então não jantava com eles. A mesa de madeira era bem extensa, e cheia de lugares.

    Aquela era uma família bem grande, uma família que cuidava um do outro como as famílias amorosas faziam.

    Lina sentou-se na ponta da mesa.

    Tobi e Meg sentaram-se ao seu lado aguardando o jantar.

    — As pessoas do vilarejo espalharam uma recompensa por um urso gigante que matou alguns agricultores da redondeza — disse Lina — Estava pensando em caçá-lo. Poderíamos vender a carne, o pelo e ainda ganhar dinheiro da recompensa.

    Ouvia-se o som de talhares batendo, sopa borbulhando e a conversa intermitente entre as meninas lá na frente, próximas à cozinha.

    — A senhora vai… levar a gente? — indagou Meg.

    — Claro. Chega de caçar matilhas de cães selvagens e vamos caçar algo que realmente valha a pena — Ela afastou a franja de Meg, tirando uma folha seca que estava em sua testa — Vocês sabem caçar, então só vamos triplicar o tamanho da criatura que caçamos, o que me diz?

    Tanto Tobi quanto Meg estavam com o pé atrás, e Lina percebeu isso.

    — Não precisam se preocupar, vocês não vão sozinhos. Imaginem o quão orgulhoso Colin ficará quando ver que as crianças dele evoluíram tanto!

    A última frase foi o gás que eles precisavam.

    — Nós vamos! — disseram os dois em uníssono.

    Lina cuidava das crianças como uma mãe amorosa faria, mas, ao mesmo tempo, tinha que deixá-los fortes, principalmente os mais velhos que tinham certa autoridade e responsabilidade sobre os mais novos.

    As duas novas crianças de seis anos acabaram se adaptando bem rápido a nova família. Elas também foram adotadas por seus antigos pais, passando somente algumas semanas com os mesmos.

    Enquanto Lina fazia o papel de mãe, Eilika e Celeste faziam o papel de irmãs mais velhas, jamais deixando as crianças desamparadas.

    Os ratos das sombras de Eilika vagavam pela região a mapeando com precisão. Isso permitia a ela saber onde estavam os inimigos e as criaturas selvagens. Seus ratos também ouviam conversas dos aldeões, deixando a pandoriana a par das notícias.

    Eles haviam se alocado mais a oeste, na fronteira entre Valéria e a antiga jurisdição que pertencia a Ultan. Um rato feito de sombras estava fuçando no lixo de um beco sórdido, mas estava atento a conversa de dois homens bastante suspeitos.

    Cobertos por capas negras, eles comercializavam algo no escuro. Assim que um deles guardou uma caixa dentro da capa, o outro fez muxoxo com a boca.

    — Isso é material de alta qualidade, cuidado com isso.

    — Pensa que sou idiota? Mas me diz, onde conseguiu isso? Ouro branco tem em abundância no centro-leste, mas soube que os três regentes que dominam aquele lugar são malucos. Como pegou isso e saiu vivo?

    O outro homem olhou para os dois lados, apreensivo.

    — Um dos regentes caiu da noite pro dia, o homem que chamavam de duque Otto.

    — O quê? Sério?

    — Shhh! Fale baixo!

    — D-Desculpe, mas quem foi capaz disso? Otto não tinha muitos mercenários no bolso? Alguns camaradas estavam apostando que ele seria um novo imperador ou algo do tipo.

    — É, muita gente pensou nisso, mas ele foi morto junto com toda sua guarda. O território dele está instável, então foi fácil conseguir ouro branco, mas com esse novo duque deve ficar mais difícil.

    — E quem o matou? Os agoureiros, os Orcs ou os Nortenhos?

    — Nenhum desses. Dizem que foram os carniceiros do centro-leste.

    O homem arregalou os olhos e engoliu o seco. Aquele nome era bastante conhecido no submundo. Alguns salteadores localizados nas fronteiras faziam dinheiro espoliando os corpos que os carniceiros deixavam para trás.

    — Por que eles tomaram um ducado?

    — Não sei dizer, mas quando atravessei a fronteira dias atrás, vi uma movimentação estranha. Alguns contatos disseram que os carniceiros estão reunindo um exército para avançar contra a igreja e aquela maluca da Ayla. Se eu fosse você, fugiria mais a oeste possível. Se esses três resolverem entrar em guerra, é provável que o vencedor domine tudo que um dia já foi de Ultan, recriando um novo império e todo aquele inferno de Ultan vai se repetir.

    O homem engoliu o seco após ouvir tudo aquilo. Abaixou o capuz até os olhos e preparou para se afastar.

    — É verdade o que dizem do líder dos carniceiros? Que ele é um sobrevivente de Ultan?

    — Os boatos dizem que sim.

    — Qual o nome dele mesmo? Já o ouvi meses atrás por intermédio de um dos meus amigos comerciantes de ouro branco, mas me esqueci.

    — Colin… E você não ouviu isso de mim, não quero que os carniceiros me cassem.

    — Estamos longe do centro-leste, não acho que eles virão tão longe para caçar alguém como você…

    — Eles não poupam ninguém que fique contra eles, o que acha que vai acontecer se esse maluco do Colin descobrir que existe rotas de contrabando no território dele? Basta olhar para o que ele fez com o duque e seus guardas e você terá a resposta. Agora adeus!

    Os homens se separaram e o rato continuou os encarando, até que o rato se desfez em fumaça. Eilika estava na mesa de jantar comendo enquanto o resto das pessoas conversavam aleatoriamente.

    Tudo que o seu rato viu passou por sua cabeça como um filme acelerado. A colher parou frente a sua boca enquanto ela recebia as informações.

    Ergueu-se abruptamente jogando a cadeira para trás.

    Todos da mesa a encararam.

    — O que foi? — indagou Lina assustada — O que aconteceu?

    Eilika encarou sua mestra diretamente.

    — Tenho informações do Colin!

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