Índice de Capítulo

    A esfera era tão brilhante que era impossível olhar diretamente para ela, mas sua luz se estendia por quilômetros, iluminando a paisagem inteira.

    Enquanto a esfera continuava a subir, sua luz transformou a noite em um dia mágico, e as pessoas que estavam nas ruas e casas saíram para ver o espetáculo.

    Uma parte do império do Sul realmente achou que estava amanhecendo.

    Na ilha das fadas, Brighid estava sentada confortavelmente em uma poltrona, com um dos bebês recém-nascidos em seus braços. Ela olhava para o rostinho doce do bebê enquanto ele se aninhava em seu peito. Brighid acariciou gentilmente o cabelo macio do bebê enquanto ele se alimentava, observando cada pequeno movimento que ele fazia.

    Uma luz que veio da janela chamou sua atenção. Era um brilho incomum que veio do horizonte, e conforme observava, ficou evidente que algo incomum estava acontecendo.

    Ela viu um ponto de luz surgir no topo do céu, brilhando tão intensamente que parecia iluminar toda a paisagem. O brilho cresceu rapidamente, e Brighid sentiu algum resquício de mana após meses, mas não era uma mana agradável.

    Como se seu corpo fosse um galão de álcool, Morgana foi incendiada. Ouviu-se um grito aterrorizante que veio diretamente da vampira enquanto ela se contorcia sem parar.

    O desespero em seus movimentos era evidente, e a dor que sentia era algo inexplicável. Ela nada podia fazer enquanto seu corpo era completamente carbonizado. 

    O corpo de Morgana desabou, enquanto lentamente se tornava cinzas.

    — Hehe, Morgana da terceira geração, você foi magnífica até o fim. É uma pena que tudo isso tenha que terminar agora.

    Coen continuava a encará-la de cima do círculo mágico com um sorriso de canto.

    O nariz de Coen começou a sangrar e seus braços estavam trêmulos.

    “Tsc! Tenho que parabenizá-la por me forçar a esse estado.”

    O berro de Morgana cessou, e Coen franziu o cenho ao vê-la se erguer lentamente enquanto o fogo intenso ainda consumia seu corpo.

    Coen não escondeu a surpresa.

    — Entendi — ele apontou para a luz acima dele. — Isso é um sol artificial feito de mana, e seu corpo está se adaptando a isso também, fascinante.

    “O primeiro golpe no meu abdômen, sim, aquele chute foi mais poderoso que o de Alucard que me nocauteou, o soco no meu queixo foi duas vezes mais forte que o chute, e por fim, o terceiro golpe foi o suficiente para destruir o meu totem. Sua força dobrou a cada ataque, e em três ataques ela destruiu meu totem capaz de aguentar até 10 ataques de Alucard.”

    Morgana caminhava lentamente, derretendo o chão a cada passo. Vê-la naquele estado era aterrorizante, uma mulher alta e forte caminhando com o corpo em chamas.

    Era uma imagem que parecia ter saído dos níveis mais baixos do abismo.

    “Entretanto” continuou Coen “Aquele último chute teve o mesmo nível de poder do segundo ataque, o que significa que não só a força dela regrediu, mas sua mana também. Claro, a habilidade Arcana de monarcas da pujança depende da mana do usuário para intensificar os ataques, e pelo que sei, gasta ainda mais mana para que seu corpo se cure. Hehe, tudo isso para te tornar vencível, você é incrível, Morgana da terceira geração.”

    — Não sei se isso serve de consolo, vampira, mas você é uma das criaturas mais poderosas que já enfrentei — berrou Coen lá de cima. — Mas não quero continuar perdendo meu tempo com você!

    Usando seu portal, Coen apareceu atrás de Morgana e ela se virou rapidamente, tentando acertá-lo com um pontapé, mas Coen desapareceu, reaparecendo mais ao longe, em cima de outro círculo mágico.

    Parte de seu longo cabelo estava chamuscado.

    “Ela continua enxergando com todo esse fogo nublando sua visão? Sem falar na dor que deve estar sentindo. Essa mulher é realmente um monstro!”

    — Sem mais truques, vampira, daqui pra frente será somente eu contra você.

    Coen suspirou, e um vapor tórrido deixou seus lábios. Runas carmesim começaram a ser marcadas em seu braço direito, enquanto as runas eram desenhadas, o corpo de Coen começou a emitir uma energia elétrica carmesim, que percorreu seus músculos e ossos. Ele sentiu uma onda de energia pulsante emanando de seu corpo.

    — Vamos terminar esse combate, Morgana. Você foi um excelente treino.

    Woosh!

    Coen desapareceu, reaparecendo na frente de Morgana. Com a espada em mãos envolvida por uma mana elétrica carmesim, o Errante tentou apunhalá-la no tórax, mas a vampira segurou a espada.

    Cabrum!

    Uma quantidade poderosa de mana elétrica saiu pela ponta da espada, obliterando a mão de Morgana e destruindo uma pequena parte de seu tórax.

    Crash!

    No balançar da espada, um corte profundo foi feito no tórax dela. Com seu corpo se regenerando das queimaduras mais sérias, ela não conseguia se curar daqueles outros ferimentos.

    Cabrum!

    Outro poder saiu da ponta da espada, abrindo um buraco no abdômen da vampira. Mesmo ferida daquele jeito, Morgana tentou golpeá-lo com as costas da mão, mas Coen defendeu-se com a parte plana da espada, saltando para trás em uma cambalhota.

    Morgana deu dois passos para trás.

    Os seus ferimentos não estavam se curando.

    “No tempo certo!”

    O segundo sol começou a ficar mais fraco, até que gradualmente desapareceu atrás das nuvens, trazendo novamente o breu da noite.

    Aquelas chamas que cobriam o corpo de Morgana desapareceu por completo, revelando um corpo nu carbonizado. O buraco em seu abdômen começou a sangrar sem parar, assim como sua mão decepada.

    — Não foi só você que foi queimada — disse Coen com um sorriso — Sua mana também, como previ. Monarcas Arcanos da Pujança tem certa peculiaridade para se adaptar em uma luta. Adaptar é a única coisa de vocês que exige mana, estou certo? Resistir ao sol por tanto tempo, mesmo que fosse artificial, é um feito e tanto. Foi uma boa luta, Morgana Nosferatu.

    A vampira estava furiosa, mas não havia nada que pudesse fazer. Gastou toda sua mana enquanto seu corpo se recuperava, e agora não tinha mana para curar o rombo em seu abdômen.

    Ela deu alguns passos trôpegos e seu joelho foi ao chão enquanto sua visão ficava turva. 

    Cof! Cof!

    Golfou sangue.

    A espada de Coen foi energizada e desapareceu. A mana carmesim agressiva que circundava ser corpo também sumiu.

    — A fada ficará feliz quando eu for visitá-la — zombou Coen caminhando até a vampira — direi a ela como sua amiga lutou bem, mas no fim, acabou derrotada. — ele abriu um sorriso — Imagino como ela ficará arrasada.

    — Seu desgraça-

    Bam!

    Coen a chutou no abdômen e Morgana foi ao chão, se revirando de dor. Doía tanto que seus olhos encheram d’água. Ela golfou sangue novamente e Coen a encarou com um sorriso sádico. 

    — Você deve estar pensando, “Se meus pandorianos estivessem aqui, eu teria vencido.” — ele a olhou com desdém. — Admito que seria mais problemático, mas eu venceria. Pensei em vinte maneiras de te derrotar, e tudo que aconteceu nessa luta foi apenas uma delas.

    Ela estava com a mão que havia sobrado estendida sobre o buraco no abdômen. Coen pisou em sua mão, atingindo também o seu ferimento. Morgana berrou enquanto lágrimas saíam do canto de seus olhos.

    Ele continuou pisando mais forte, deliciando-se com os gritos dela.

    — Você não iria me vencer? O que aconteceu?! — ele estava eufórico, com um sorriso de orelha a orelha — Vadia prepotente, você não é nada, nenhum de vocês, vampiros de merda, são!

    Os gritos dela cessaram.

    — Desmaiou… — ele fez muxoxo, alisando o cabelo para trás — Tsc… essa droga de sangue amaldiçoado continua me atormentando, mesmo eu me controlando ao máximo.

    Bam!

    Coen chutou o rosto dela uma última vez e suspirou. Caminhou para longe e enfiou as mãos nos bolsos.

    — E então, o que achou?

    Safira estava ao longe com a Pixie em seu ombro, surpresa pelo resultado do combate. Em sua cabeça, a vampira havia se mostrado superior, mas acabou derrotada.

    — Ela… está morta?

    Coen olhou para trás, encarando o corpo carbonizado de Morgana.

    — Em breve estará, mas ainda não é a hora dela partir. Quebrarei os canais de mana dela e irei drená-los. Isso deve reduzir em muito toda a força que ela possui.

    A serpente que ainda estava enrolada em seu torso escorreu por suas costas e rastejou até Morgana, enrolando no corpo dela, curando-a lentamente.

    Coen foi até Morgana e ficou em cócoras, tocando a testa dela com o indicador. Seu dedo começou a brilhar e Morgana tossiu mais uma vez, mas não despertou. O buraco em seu abdômen foi fechado e até mesmo sua mão foi reconstituída.

    A serpente se desfez em partículas minúsculas após deixar Morgana nova em folha, reconstituindo até mesmo seu cabelo. 

    Safira entregou ao mestre seu casaco, e assim que a serpente terminou de curá-la, Coen jogou o casaco sobre o corpo nu da vampira.

    — E agora? — indagou Safira.

    — Tenho outra utilidade pra vampira — ele a pegou no colo e um portal abriu bem na sua frente. — Vamos, temos que entregá-la a Yenerack.

    — Morgana! — berrou Ellie correndo dos fundos. Encharcada de suor, a garota ofegante recuperava o fôlego. — O-Onde pensa que vai com ela?!

    Safira deu um passo à frente.

    — Quer que eu a mate?

    — Não precisa, deixe que ela leve o recado para a fada.

    Coen notou as mãos calejadas da garota.

    — Remou até aqui? Impressionante, diga a fada que em breve será a vez dela.

    — E-Espera!

    Coen adentrou o portal, seguido por Safira, que deu uma olhada na garota antes de desaparecer. Ellie olhou a destruição ao redor, era possível ver as árvores derrubadas, parte do solo, que foi deslocado pela força de Morgana e a vegetação estava em grande parte carbonizada, deixando apenas os troncos nus e cinzentos.

    O cheiro de fumaça e eletricidade ainda pairava no ar, criando um ambiente sombrio e ameaçador.

    Woosh!

    Um portal abriu-se na sala de Yenerack e ele levou um susto ao ver Coen naquele estado. O Errante colocou Morgana deitada em cima da mesa gelada, não se importando com os livros e bugigangas que nela estavam.

    — Essa mulher me deu trabalho — disse Coen.

    Yenerack a olhou de cima a baixo.

    — Essa é a tal Brighid?

    — Não sei, é ela quem leva os livros e é forte o bastante para me deixar neste estado. Se eu fosse você, me apressaria para colocá-la nos níveis mais profundos da sua prisão, ou você terá problemas.

    Coen caminhou de volta para o portal.

    — E-Espera!

    — Ela é sua, faça o que quiser. Sei que tem seus métodos, tenho certeza que descobrirá tudo sobre Brighid.

    Woosh!

    O errante desapareceu junto a Safira.

    Sozinho com uma mulher nua enorme em sua mesa, Yenerack engoliu o seco. Se aproximou de Morgana e tocou seu rosto. Abriu a boca dela e quase caiu para trás ao ver todos aqueles dentes pontiagudos.

    — U-Uma vampira! G-Guardas! — eles adentraram, assustando-se com a mulher enorme na mesa. — prendam essa mulher imediatamente, usem todas as magias, artefatos, todos os meios possíveis!

    — S-Sim senhor! — Eles se apressaram, retirando Morgana do cômodo.

    Alisando o queixo, Yenerack abriu um sorriso maligno.

    Sua mente doentia já imaginava os meios que usaria para arrancar da vampira alguma informação relevante.  

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota