Capítulo 254 - Deusa da Neve.
A religião da Deusa Elfa da neve é uma tradição espiritual que adora uma divindade feminina considerada a guardiã dos domínios da neve, do gelo e da beleza natural.
Esta religião é praticada principalmente por Elfos que vivem em regiões frias e geladas, que buscam a proteção da Deusa Elfa da neve para lidar com as dificuldades e desafios do ambiente hostil.
Havia uma lenda que quando o véu caiu, Elfos da neve ficaram no extremo norte e tiveram que se virar para sobreviver a extremidade do ambiente.
Com os conselhos de uma Elfa, uma comunidade foi erguida, e quando ela se foi, uma religião foi fundada em sua homenagem, e assim se manteve por séculos.
A Deusa Elfa da neve era vista como uma divindade amorosa, compassiva e sábia, que ensinava seus seguidores a viver em harmonia com a natureza e com os outros seres vivos.
Ela é adorada por sua beleza única e poderosa, que se manifesta na forma de nevascas brilhantes e cristais de gelo deslumbrantes que surgem principalmente nas noites mais frias de inverno.
Os templos desta religião são construídos em lugares remotos, em meio a paisagens nevadas e cercados por florestas antigas e majestosas.
Runyra foi a primeira cidade a construir uma catedral de adoração a Deusa da Neve.
A arquitetura dos templos era elegante e fluida, seguindo a estética das formas naturais de gelo e neve.
Os rituais desta religião envolviam oferendas de flores e frutas para a Deusa, bem como cânticos, danças e cerimônias com velas e incenso. Os sacerdotes e sacerdotisas desta religião eram geralmente escolhidos quando havia completado todos os estudos em relação à Deusa, então eram encarregados de liderar as orações e as atividades cerimoniais.
Ensinamentos da religião da Deusa Elfa da neve incluíam o amor a Deusa, o respeito pelos animais e a necessidade de cultivar a paz e a harmonia entre todos os seres vivos. Além disso, a religião enfatiza a importância da beleza e da arte, e acredita que a beleza é uma expressão divina que pode ser encontrada em todas as coisas da vida.
Após a aula, o sacerdote bebeu um gole da xícara de chá, e Ayla continuou inexpressiva em sua cadeira. Eram ensinamentos válidos para uma vida tranquila, mas ela não tinha certeza se queria isso para sua vida, mas via ali algum resquício de conforto para si mesma.
— Mesmo sendo batizada, eu não sei se deveria aceitar de vez essa religião como fez a minha mãe…
O sacerdote assentiu, apoiando a xícara em cima do prato de porcelana.
— Majestade, não se sinta ofendida com o que vou dizer, mas acredito que está em busca de um caminho a seguir e vê na religião da Deusa da Neve a resposta que procura. No entanto, gostaria de aconselhá-la a não depositar toda sua fé na religião. Infelizmente, já testemunhei os mais variados fanatismos sendo praticados em nome dos Deuses. A verdadeira santidade está nas ações que tomamos, que vão muito além de seguir regras ou dogmas. Proteger os mais vulneráveis, ser justa e bondosa como a nossa Deusa foi, é o verdadeiro significado de tudo isso.
Ayla ficou em silêncio, pensando sobre o que ouviu.
Sua mente estava cheia de pensamentos e emoções conflitantes, e ela estava lutando para encontrar a melhor maneira de lidar com sua situação.
— Obrigada, sacerdote, acho que já sei que caminho seguir. O senhor foi de grande ajuda.
Ele se levantou e fez uma reverência.
— Estarei sempre disponível se precisar de alguma coisa.
— Passar bem, sacerdote.
Ele se moveu a até a porta e saiu, deixando Ayla sozinha. Suspirando, ela afastou uma mecha de cabelo para trás da orelha.
Precisava de um momento sozinha.
Brighid desembarcou de seu barco precário, tocando os pés na areia fria da praia deserta. Pegou suas coisas no barco e começou a caminhar pela praia rumo a casas destruídas mais adiante.
O cenário era desolador, e com a mana restante em sua aliança de casamento ela forçou uma análise, vendo rastros de mana poderosos.
“Morgana… então foi aqui o combate entre eles.”
Assim que cruzou a praia, avançou a uma das residências de marinheiro, arrombando a porta com um chute.
Bam!
Adentrou o local, observando cuidadosamente cada cômodo em busca de moedas.
O cheiro de mofo e abandono era forte, mas ela não se deixou abalar.
Encontrou um gorro de marinheiro e o colocou na cabeça, encontrando também um saco de moedas de ouro debaixo de um piso falso na cozinha, próximo a um armário.
Não havia muitas moedas ali, mas era o suficiente.
Guardou-as na mochila e ergueu-se, vendo silhuetas no lado de fora da casa. Aproximou-se cautelosa para perto da janela e viu um grupo de homens caminhando na praia.
Eles vestiam longos casacos de pele, feitos de couro de animais selvagens que habitavam as regiões geladas do Norte.
Os casacos eram decorados com adornos de metal polido e contavam com capuzes de pele para proteger do vento gelado.
Sob os casacos, eles usavam grossas camisas de lã e calças de couro reforçadas para proteger do frio intenso. As botas eram feitas de couro resistente e possuíam solas grossas para evitar o contato direto com a neve e o gelo.
“Pelo visto não são moradores locais, contrabandistas do Norte, talvez?”
— Merda de frio! — disse um deles aquecendo os braços. — Devíamos voltar para Caliman, o clima de lá é melhor, assim como as mulheres, hehe.
— Precisamos de mais gente antes de retornar, ou o chefe acabará com a gente — respondeu o outro homem de cabelo comprido.
— Que se dane o que o chefe quer! Não somos escravos daquele cretino!
— Não, mas ele trabalha para o cretino do Imperador de Caliman, e consequentemente trabalhamos para ele também. Quer mesmo falhar com aquele lunático?
Fazendo muxoxo, o homem de cabelo curto olhou um barco na praia.
— Ei, aquilo estava ali quando chegamos?
O de cabelo cumprido estreitou os olhos, encarando o barco e seguindo as marcas de pegadas com os olhos até onde Brighid estava escondida.
“Merda!” ela abaixou-se encostando a mochila em um canto e empunhando sua Katana.
Aqueles dois sacaram suas cimitarras e caminharam a passos lentos em direção a casa, cercando tanto a entrada quanto a saída.
Brighid esgueirou-se até a porta de saída e segurou sua katana na forma de saque, esperando o homem de cabelo cumprido adentrar.
Concentrada, ela viu a porta ranger enquanto se abria.
O rosto daquele homem mostrou-se lentamente, e Brighid continuou concentrada.
Assim que seu rosto se mostrou por inteiro, Brighid o arrancou com um corte extremamente limpo.
Swin!
Lentamente o rosto dele deslizou, caindo no chão junto a seus olhos e metade de seu cérebro. O corpo daquele homem desabou sem vida e, em seguida, Brighid pegou a cimitarra derrubada.
— Fitorin! — berrou o outro chegando no cômodo dos fundos. — Merda! Sua desgraçada, você está fodida, eu vou te-
Girando sob o calcanhar, Brighid arremessou a cimitarra na direção da coxa daquele homem que foi ao chão em um berro, largando também sua cimitarra.
Crash!
— Merda! Merda! Merda! Socorro! Pessoal, tem uma maluca aqui, alguém me ajuda!
Brighid apoiou a mão no cabo da espada atravessando a coxa daquele homem e continuou a enfiando, ouvi-o gritar de dor.
— Calado! Pare de choramingar!
— Sua… q-quem é você?
— Sou eu quem faz as perguntas aqui, quem são vocês?
Ele relutou por um instante, mas o medo falou mais alto.
— Tsc… so-somos traficantes de escravos…
— De Caliman?
Ele suou frio e desviou o olhar.
— Si-Sim… a gente localizou uma mana poderosa vindo daqui… encontramos esse cenário de guerra, mas não achamos mais ninguém… me-meus companheiros estão pilhando as residências em torno dessa vila — ele abriu um sorriso convencido. — Se eu fosse você tomaria cuidado, meus companheiros não vão ser nada gentis se te encontrarem, hehe!
— Se forem fracos como você, então será fácil.
— Vai pro infern-
Crash!
Ela retirou a cimitarra, e ele sentiu uma profunda ardência enquanto sangue não parava de jorrar do ferimento.
— Você tem cinco minutos no máximo — disse ela passando por ele. — Se eu fosse você me apressaria para estocar o sangue.
— Sua vadia! Você está fodida, me ouviu? Quando Elhad souber o que fez com um dos nossos, você estará acabada!
“Elhad?” ela parou.
— Elhad, o Elfo?
— Hehe, então o conhece? Está tremendo de medo agora, não está? É melhor que fique mesmo!
Brighid deu as costas para aquele homem que ficava cada vez mais pálido. Pegou sua mochila no canto e passou a alça por seu ombro enquanto se movia para fora da residência.
Ao colocar os pés lá fora, ela viu três homens cobertos com agasalhos grossos de inverno.
— Não achei que a encontraria aqui — disse o mais alto deles tirando o cachecol do nariz. — Pensei que estivesse morta.
— Elhad… — Brighid deixou a mochila escorregar por seu braço e encontrar a areia em um baque surdo. — Então se tornou um traficante de escravos?
Elhad era o primeiro membro da guilda que ela encontrava após a queda de Ultan, mas não se sentiu emocionada ou afetada de alguma forma.
O antigo companheiro estava diferente.
Ele abriu um sorriso de canto.
— Muita coisa aconteceu, e pelo visto aconteceu com você também, né? Você era o ser mais poderoso que já conheci, mas agora… essa sua mana pífia chega a dar pena.
Brighid apontou a espada para ele.
— Você não abaixou a guarda quando me viu… está querendo me machucar? — ela franziu o cenho. — Mudou tanto assim a ponto de querer ferir uma companheira?
— Senhorita Brighid, você continua bem inocente, mas esse é o seu encanto, né? Eu adoraria ficar aqui e falar dos velhos tempos, mas estou com pressa.
— Brighid? — um dos homens engoliu em seco. — A santa adorada em Valéria?
Elhad assentiu.
— A própria, acabem com ela!
Relutantes, aqueles homens não avançaram.
— E-Eu ouvi o que ela fez na invasão de Ultan…
— Si-Sim… — concordou o outro com a voz trêmula. — Se-Senhor Elhad… nós podemo-
— Se não avançarem, entenderei como insubordinação e os executarei aqui e agora.
Brighid ficou incrédula.
Ela não esperava aquela ordem vindo de alguém como Elhad, que sempre transpareceu uma aura de tranquilidade, bem destoante dos demais membros da guilda.
Seus músculos se flexionaram, preparando-se para o confronto. Os homens de Elhad encararam-na de volta, seus rostos ocultos pelos lenços que cobriam seus narizes e bocas, mas suas mãos trêmulas e o olhar de pânico não conseguiam esconder seus sentimentos.
Eles avançaram em uníssono, balançando suas cimitarras com agilidade.
Thing! Thing! Thing!
Brighid se movia rapidamente, bloqueando habilmente os golpes com sua katana, respondendo com seus próprios ataques precisos.
A lâmina de sua espada reluzia à medida que cortava o ar, e seu corpo se movia com graça, como em uma dança.
“Esses dois são mais habilidosos que aqueles dois lá dentro, mas não é o suficiente!”
Crash! Crash!
Em uma finta, Brighid decapitou os dois com cortes precisos.
Suas cabeças rolaram até os pés de Elhad que não pareceu nada surpreso.
— Você continua assustadora, senhorita Brighid. Quem diria que uma mulher tão doce seria capaz de algo tão brutal. Só espero que não se empolgue, porque não sou fraco como eles.
No giro da espada, Brighid fez o sangue da lâmina resvalar na areia.
— Estou atrás dos meus filhos, sou eu quem não tem tempo para perder com alguém que se perdeu.
Ele assentiu tirando as mãos dos bolsos.
Sentiu raiva na voz dela, e ficou em alerta, já que sabia muito bem do que ela era capaz.
— Entendi… naquela época você estava no início da gestação, certo? Está atrás dos seus filhos? Foram raptados ou coisa assim? — ele deu um passo à frente. — Algo me diz que isso tem relação com Colin, estou certo?
Brighid continuou em silêncio.
— Mesmo com essa mana pífia, você ainda é uma sábia e continua habilidosa. Você vai servir.
“Servir?”
— Do que você-
— Sinto muito, senhorita Brighid, mas suas crianças vão ter que esperar.
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