Capítulo 26 - Agora é pessoal.
Sem pronunciar uma palavra sequer, Anton avançou em alta velocidade em direção a seus oponentes.
A tensão no ar era palpável.
Aquelas duas se preparavam para a iminente colisão. Os olhos de todos se fixaram em Anton enquanto ele se aproximava rapidamente.
“Ele está vindo!”, exclamou Brighid.
Em um momento crucial, Brighid agiu instintivamente e ergueu um escudo de mana para proteger Safira do golpe iminente. Se não fosse por esse escudo, a mão de Anton teria atravessado o estômago de Safira sem piedade.
Brighid olhou nos olhos de Anton, surpreendida pela velocidade e agilidade impressionantes que ele demonstrava. O encontro de olhares brevemente congelou o tempo, revelando a intensidade do momento.
Por sorte, o impacto do golpe brutal lançou Safira pelos ares, mas sua determinação e habilidade mágica logo entraram em ação. Concentrando sua mana na lâmina ardente, ela desferiu um corte flamejante em direção a seu oponente.
No entanto, Anton mostrou sua destreza ao simplesmente mover o punho direito, dissipando o golpe com uma habilidade impressionante. As chamas se desfizeram em labaredas enquanto Safira se aproximava do chão.
Antes de tocar o solo, Safira sentiu um calor intenso em seus calcanhares. Chamas concentradas começaram a ser expelidas de seus pés, agindo como propulsores ardentes.
O intenso calor destruiu completamente seu calçado, revelando a poderosa energia que emanava de Safira.
Zuum! Bam!
Anton reagiu rapidamente, erguendo os braços em posição defensiva para bloquear o poderoso chute que se dirigia ao seu rosto. No entanto, mesmo com sua defesa, ele sentiu uma tremenda pancada que o abalou.
“Essa garota é forte!”, ele pensou, surpreso com a força do golpe.
Anton, que não esperava um ataque tão poderoso, teve que recuperar-se rapidamente. Com um movimento ágil, ele agarrou o calcanhar de Safira, utilizando toda sua força para arremessá-la longe em uma velocidade incrível.
O impacto da sua trajetória foi tão intenso que uma casa próxima desmoronou, ecoando um estrondo ensurdecedor pelo ambiente.
Boom!
Anton avançou impetuosamente em direção a Brighid, lançando um soco em direção ao seu rosto. No entanto, a fada reagiu rapidamente, conjurando um escudo mágico para se proteger.
O impacto do soco foi bloqueado pelo escudo, fazendo com que Brighid deslizasse por alguns metros devido à força do golpe.
Enquanto a fada se recuperava do impacto, seus olhos se encontraram com os de Anton. Para surpresa de Brighid, o nobre sorriu de orelha a orelha, revelando uma expressão de satisfação e confiança.
“Agora entendi do porquê Doran querer esse tal de Colin fora da universidade, não tem nada a ver com ele ter espancado o merda do Wiben, com duas companheiras como essas, o garoto seria um estorvo para Loafe se fosse aprovado. Um grupo de plebeus mestiços chamando mais atenção que nobres seria algo perigoso de se imaginar. Certo, hora de parar com a brincadeira!”
Anton concentrou mana em seus punhos e desferiu uma série de golpes contra Brighid, cada um mais brutal do que o anterior. No entanto, a fada conseguiu defender-se habilidosamente contra todos os ataques, apesar da intensidade crescente dos golpes.
O corpo de Brighid ainda não estava completamente adaptado àqueles ataques implacáveis, e ela começou a sentir dificuldades em sustentar sua defesa.
Seus braços inchavam gradualmente sob o impacto contínuo dos golpes de Anton.
Equilibrar a defesa enquanto sua mana ainda não estava completamente desenvolvida era uma tarefa extremamente desafiadora.
Apenas a genialidade de Brighid permitia que ela mantivesse sua postura defensiva diante do assalto implacável de Anton.
Apesar do esforço exaustivo, Brighid não demonstrava nenhum sinal de abatimento. Pelo contrário, seus olhos irradiavam confiança, ao mesmo tempo em que mantinham uma gentileza inerente.
A determinação e a resistência demonstradas por uma mulher tão bela, enchiam Anton de empolgação.
Ele nunca imaginou que uma mulher e uma garota seriam capazes de exibir tanta resistência e vontade de lutar.
Boom!
A residência em que Safira havia sido lançado explodiu, e como se fosse um torpedo, ela saiu do meio dos destroços dando uma joelhada em Anton, que conseguiu defender-se com o braço direito.
Bam!
Por sorte, ele imbuiu seu braço com mana. Se não o fizesse, com certeza seu braço estaria quebrado agora.
“A garota tem ataques fáceis de ler, mas isso não faz dela menos perigosa que essa mulher de cabelo esverdeado. Se a pirralha fosse mais experiente, com certeza eu estaria em apuros aqui!”
— Tenho que admitir, você tem um espírito de combate invejável para as meninas da sua idade! Quer entrar para minha guilda?
Safira se afastou rapidamente de Anton, dando um salto para trás. Com determinação, ela ergueu os dois braços e, para surpresa de todos, um imenso martelo em chamas começou a se formar em suas mãos.
A manifestação de seu controle sobre a mana atingiu um patamar impressionante, comparável ao de um tenente do império.
“Hehe, essa garota, ela não mesmo comum!”, pensou Anton.
Essa habilidade excepcional não passou despercebida, pois talentos raros como o dela surgiam ocasionalmente, mesmo entre aqueles de origem humilde.
Com agilidade, Safira ergueu o martelo acima de sua cabeça, preparando-se para desferir um poderoso golpe.
A aura de fogo que envolvia a arma se intensificou, criando um espetáculo impressionante. Todos os olhares se voltaram para ela, ansiosos para presenciar a magnitude desse ataque.
— Eu recuso!
Bam!
Apesar de ser feito de chamas, Anton conseguiu segurar o martelo com as mãos nuas.
— Você ainda é só uma pirralha inexperiente e fraca, não vai me vencer assim!
Brighid, que estava próxima aos dois, saltou para trás e ergueu as mãos conjurando uma barreira em torno de si mesma.
“Tem algo errado!”, Anton cruzou olhares com Safira e percebeu que ela exibia um sorriso largo, “Merda!”
Um círculo mágico carmesim apareceu abaixo de Anton e o martelo explodiu.
Kaboom!
Uma explosão devastadora varreu a cidade em um raio de 30 metros, deixando uma destruição desoladora em seu rastro.
Uma nuvem de cogumelo se ergueu majestosamente até os céus, visível a quilômetros de distância.
Brighid permaneceu dentro de sua barreira protetora, observando com horror a onda de choque arrastar árvores e reduzir a pó as residências próximas.
Após o impacto, apenas fumaça densa e poeira pairavam no ar, enquanto pequenas pedras caíam do céu como uma chuva sinistra.
Brighid mantinha-se em alerta, seus olhos fixos no cenário desolado à sua frente. Mesmo sabendo que Safira era imune às próprias magias, uma preocupação genuína aflorou em seu coração pela segurança de sua amiga.
“Então é assim que um Caído luta…”, pensou Brighid, “Safira é mesmo assustadora.”
— Uau… — balbuciou Crizyus que observava a luta de longe. — Isso não é o nível de uma caloura, muito menos de alguém que é apenas nível três… essa garota…
Woosh!
Safira emergiu da espessa fumaça, deslizando com destreza até ficar ao lado de Brighid. Seus olhos estavam fixos na imponente nuvem de fumaça que pairava sobre a área.
Visivelmente esgotada, Safira se ajoelhou no chão, apoiando-se em um dos joelhos, tossindo violentamente e com vestígios de sangue manchando seus lábios.
Sua respiração era ofegante e pesada, evidenciando o desgaste físico e emocional que havia sofrido.
Cof! Cof!
Ela havia usada a mesma explosão durante seu treino com Colin, mas ela nunca havia testado essa magia acumulando tanta mana. Seu corpo já estava respondendo a tamanha imprudência.
O cenário caótico a fez recorda-se de algo. Recordou-se do momento em que tocou a árvore em chamas na dimensão simulada de Brighid e vislumbrou um cenário caótico que mais parecia o fim do mundo.
As sensações que percorriam seu corpo no momento eram bem semelhantes ao prazer, e ela sentiu-se bem com aquilo.
— Safira! — berrou Brighid aproximando-se às pressas. — Você tá bem? Aguenta um pouco, já vou te curar!
Abaixando, Brighid tocou os ombros de Safira e lentamente seus ferimentos fecharam. A cura de Brighid fechava ferimentos, mas não conseguia recuperar mana, e neste pequeno intervalo, Safira já havia usado mana demais.
— Vencemos? — perguntou Safira.
Brighid focou no horizonte em chamas, focando em sentir a mana de Anton.
— Ainda não…
Ao longe, observaram a silhueta de Anton caminhando entre as chamas.
A silhueta ganhou forma, revelando um Anton cheio de queimaduras e feridas.
O golpe de Safira havia o pego de surpresa.
Sua sorte, era que ele conseguiu cobrir seu corpo com mana antes de ser totalmente atingido.
Ele parou de mover-se e rasgou sua blusa que já estava aos frangalhos.
— Dessa distância deve dar… — murmurou ele com um dos olhos cerrados.
Crizyus ergueu as sobrancelhas e começou a saltar para longe o mais rápido que conseguia.
Anton apoiou suas mãos de costas para a outra movendo-as levemente para a direita. Curvou levemente seu corpo e levantou as mãos na altura do peito. Uma mana enegrecida misturada ao dourado começou a emanar dele.
O chão em que ele estava começou a rachar.
Anton parecia pesar toneladas, até mesmo seus pés começaram a afundar no que restou dos tijolos de uma casa.
— Canhão Galick? — Brighid deixou as palavras escaparem por seus lábios. — Ele vai mesmo chegar a esse ponto?
— O quê? — perguntou Safira. — O que ele está fazendo?
Brighid realizou movimentos precisos com as mãos, desenhando um círculo resplandecente de mana verde ao redor delas.
Seus olhos começaram a emitir um brilho intenso, irradiando uma tonalidade verde ainda mais vibrante, enquanto seu corpo se envolvia em uma aura de mana esmeralda.
À frente das duas, materializou-se um imponente escudo de guerreiro, composto exclusivamente de mana em um tom esverdeado. A estrutura era colossal, medindo cerca de dez metros de altura e sete metros de largura. E diante desse primeiro escudo, ergueram-se outros sucessivos, formando uma barreira em camadas.
Aquilo era verdadeiramente uma muralha defensiva.
Os espectadores presentes não puderam conter sua admiração diante do espetáculo.
O poder do canhão Galick era conhecido por dobrar seu poder à medida que o usuário progredia em seu nível de habilidade, e agora, testemunhavam a magnitude desse poder manifestado através da imponente muralha de energia verde.
Haviam aqueles que eventualmente evitavam batalhas contra usuários da árvore do Vácuo porque até aqueles de nível um eram extremamente habilidosos.
Mas o que mais chamou a atenção deles foi Brighid usar uma habilidade daquela. Uma muralha conjurada como aquela era algo extremamente difícil de se executar.
Somente Monarcas conseguiam fazer algo assim e, mesmo entre os Monarcas, barreiras daquele nível consumiam uma quantidade abundante de mana.
Usuários da árvore do reparo como Brighid usavam de sua própria mana para curar ferimentos, e isso exigia muito do corpo dos usuários daquela árvore.
Brighid Curou a si mesma, curou Safira e ainda executou três muralhas formidáveis em um curto espaço de tempo.
Presenciar um domínio de mana tão sublime era um deleite aos olhos.
Alguns espectadores ficaram perplexos, perguntando-se o quanto de mana ela tinha e, por que uma mulher que conseguia fazer algo assim estava fazendo uma prova de bolsistas e não estava ao lado do imperador o protegendo?
— Essa prova não devia ser para novatos? — indagou alguém da plateia
— Ela é um Monarca, não é? — Indagou outra pessoa. — Não tem como fazer tudo isso sem ser um Monarca, tem?
— Ainda bem que eles estão na dimensão paralela e não aqui!
Hodrixey notou estar iniciando um burburinho, mas não era sem motivos. Ele sentiu um toque no ombro e olhou para trás.
— Tem certeza que vai deixar isso continuar? — perguntou a secretária Millie. — A dimensão que construiu pode se quebrar com o encontro desses dois poderes.
Ajeitando o chapéu coco, Hodrixey abriu um sorriso de canto.
— Tudo bem, você não quer ver onde isso vai terminar?
— Quero, mas…
— Não se preocupe, só aproveite o show. Faz anos que não temos candidatos tão excepcionais assim.
Millie percebeu que seu mentor e amigo estava mais feliz que o normal.
Safira ficou boquiaberta ao vislumbrar barreiras gigantescas e sentir o poder absurdo que emanava delas. Por passar tanto tempo com Brighid, ela havia se esquecido que sua companheira era bem mais forte que ela ou Colin, Brighid estava em outro nível.
“Que merda é aquela?”, Anton se perguntou, “Uma barreira conjurada? Isso é a habilidade de um monarca, não é? Hehehe, que se dane! Pode ser a barreira mais forte do mundo, é impossível parar o meu Canhão Galik!”
— Segurem essa, suas vadias! — Anton fez todo o poder que percorria seu corpo concentrar-se na palma de suas mãos.
[Canhão Galick].
Foi quando ele lançou aquele poder que varreu tudo pelo caminho. Destruiu residências imponentes, estalagens abandonadas, árvores, praticamente extinguindo toda existência que teve o azar de se colocar na frente daquele avassalador poder.
Boom!
O canhão Galik chocou-se contra a enorme barreira de Brighid e tudo explodiu, estremecendo a dimensão de Hodrixey. Uma enorme cortina de fumaça foi erguida e destroços foram lançados até os céus.
Por alguns segundos, não se conseguiu ver absolutamente nada a frente. Lentamente, a fumaça dispersou-se, revelando Brighid e Safira ainda inteiras.
— Hehehe! — Anton ficou de quatro enquanto encarava todas as muralhas de Brighid completamente intactas. — Maldito monstro…
Os escudos lentamente desfizeram-se em pequenas borboletas que entravam na pele de Brighid a curando da exaustão.
— Incrível… — balbuciou Anton ficando de pé.
“A bonitinha de cabelo verde não me atacou uma única vez e mesmo assim me encontro nesse estado deplorável. Já a pirralha de chifres ataca, e muito bem. Não devo ter muita mana sobrando, mas Crizyus ainda está inteiro.”
Com as mãos nos joelhos, Anton respirou fundo e recuperou a postura.
— Mulher! Qual o seu nome?
Brighid franziu o cenho e analisou a mana de Anton. Mais um pouco e ele iria cair sozinho.
— Brighid!
— Você é a pessoa mais forte que já enfrentei. Isso me dói, mas admito que não consigo vencer você sozinho! — Anton encheu os pulmões. — CRIZYUS!
O Elfo negro surgiu atrás de Safira sem ela perceber. Brighid percebeu, e conjurou uma barreira nas costas de Safira. O único, porém, era que ela havia usado pouca mana naquela barreira.
Não foi o suficiente.
Crizyus quebrou a barreira com os punhos e atingiu Safira nas costas, bem na altura do plexo solar.
A pancada foi tão forte que Safira perdeu a consciência por alguns segundos.
Assim que Safira ia ser lançada para frente, Crizyus moveu-se rapidamente para frente dela e, com os punhos nus, aplicou uma intensa rajada de golpes, quebrando vários ossos de Safira, terminando sequência com um soco no estômago da garota.
Bam! Pow! Pow! Bam!
Safira golfou sangue e foi lançada para dentro de uma residência que já estava praticamente aos escombros.
Boom!
Brighid esticou a mão para mirar sua magia de cura em Safira, mas Anton já estava bem ali a frente.
Ela ainda estava um pouco lenta após usar a muralha, e sua reação foi vergonhosa naquele instante. Anton segurou os braços de Brighid e, forçando-os para baixo, conseguiu quebrar seus dois cotovelos.
Crash!
Brighid fez uma expressão de dor, mas nenhum som saiu de seus lábios.
Imbuindo mana nos punhos, Anton golpeou Brighid no abdômen e em seguida no rosto, depois golpeou no rosto mais uma vez.
Dando dois passos para trás, as pernas de Brighid bambearam e ela tocou um dos joelhos no chão. Anton a ergueu pelos cabelos e a socou novamente no abdômen.
Bam!
Brighid se recompôs enquanto derrapava para trás, conseguindo recuperar o equilíbrio.
Seu olho esquerdo estava inchado e a trança de seu cabelo havia desfeito-se. Seus dois braços e algumas costelas estavam quebrados, assim como vários de seus órgãos internos estavam gravemente feridos.
Aquela dor lacerante não deixava-a se concentrar para que curasse o próprio corpo.
Anton não estava lutando normalmente, ele estava lutando para matar.
— Você me deve uma. — Crizyus aproximou-se de Anton.
— É, eu sei! Eu disse que dávamos conta de um Monarca, não disse?
Safira saiu debaixo dos escombros e seu estado era digno de pena. Suas roupas estavam aos frangalhos, seus dois olhos estavam roxos assim como várias partes de seu corpo. Era um milagre ela conseguir ficar de pé.
— Ainda tem vontade de lutar, chifruda? — Anton imbuiu mana nos punhos.
Safira cerrou os dentes ensanguentados. Seus pés ficaram incandescentes e, como um torpedo, ela partiu em direção a Anton, porém, Safira estava mais lenta que o normal.
Bam!
Anton a golpeou no abdômen mais uma vez antes que pudesse ser atingido, terminando de quebrar o resto das costelas de Safira. Em seguida ele a segurou pelos chifres e deu uma bela joelhada em seu rosto.
Crash!
Ainda não satisfeito, ele deu mais uma joelhada e depois outra ainda mais brutal.
— Não deixe a Monarca se curar! — berrou Anton.
De prontidão, Crizyus apareceu na frente de Brighid a golpeando no rosto, lançando-a de costas bem no tronco de uma árvore. Com outro soco no rosto, ele fez Brighid transpassar o tronco, fazendo-a cair quase desfalecida no chão.
Deitada e esforçando-se para respirar, Brighid sentiu passos ao seu lado e se virou, deparando-se com outro humano e uma pandoriana da classe coelho. Suas feições eram humanas, mas ela tinha longas orelhas brancas, cabelo prateado e garras nas mãos.
— Então você a encontrou, senhor Anton. — Em cócoras, a pandoriana fitou Brighid nos olhos. — Vocês não pegaram leve nem com uma garota…
Anton aproximou-se de Brighid.
— Não é como se ela fosse uma mulher frágil, se eu estivesse sozinho teria perdido. E vocês, como se saíram?
A pandoriana ergueu-se.
— Encontramos cerca de 30 equipes no caminho — disse humano de cabelo e olhos escuros.
— E?
— Você sabe… eram todos lixos.
Brighid virou a cabeça fitando o contador.
[66].
Mesmo com a clara vantagem em combate, Anton estava inquieto. O segredo para a vitória era não deixar Brighid curar-se, e ele estava fazendo isso com maestria. Porém, mesmo recuperando a vantagem naquele combate, ele estava com uma pulga atrás da orelha.
Ele encarou Safira que ainda estava consciente, mas bastava mais duas porradas bem dadas e ela não mais levantaria. Já Brighid, estava imóvel no chão com diversas fraturas e ferimentos internos.
“Tem algo errado?”, pensou Anton.
Todos os quatro sentiram calafrio na espinha.
Viraram a cabeça em sincronia, avistando o alvo de sua caçada em cima do galho de uma árvore enquanto faíscas celestes estavam em volta de seu corpo.
O olhar de Colin estava sério o bastante para fazer um mago de nível 7 ficar em guarda. Caso Anton estivesse sozinho, ele sabia que não tinha chance de derrotar Safira e Brighid, mas esse não era o problema. Elas tinham como líder aquele garoto que estava em cima de uma árvore.
— Colin… — disse Anton.
Ignorando Anton por um segundo, Colin observou suas duas companheiras completamente impotentes, e isso o deixou furioso.
Ele voltou seu olhar para Anton.
— Foi você que fez isso?
Anton engoliu em seco.
Ele não entendia como sentiu-se intimidado por um mago de nível 2. Ele sabia que níveis eram importantes em combates, mas não significavam tudo.
“Finalmente você chegou! As outras duas já eram, basta acabar com ele e meu trabalho está terminado!”
— Sim! — provocou Anton. — Fui eu, vai fazer o quê?
Colin ficou em silêncio e correu os olhos pelos quatro, abrindo um sorriso de canto.
— Qual a graça, Elfo?
Anton arregalou os olhos e viu Brighid de pé atrás dele.
“Merda! Me distraí!”
Brighid não podia ferir humanos, mas ela não precisava segurar-se contra outras raças. Ela não havia se curado por completo, só o suficiente para levantar e atacar.
Bam!
Com um golpe poderoso, ela desferiu um pontapé preciso na costela de Crizyus. O impacto foi tão intenso que o Elfo curvou-se abruptamente, quase chegando ao ponto de ter sua coluna vertebral quebrada.
A força do golpe foi suficiente para projetá-lo pelo ar, fazendo-o capotar por uma extensão impressionante de quase trinta metros. Durante sua trajetória, não importava se havia obstáculos como pedras ou árvores em seu caminho, pois nada foi capaz de diminuir sua velocidade ou interromper seu impulso.
Ele seguia adiante, impelido pela força da pancada com uma determinação inabalável.
— Sua vadia! — O humano virou-se e sacou sua espada na intenção de degolá-la.
Boom!
Colin apareceu atrás do humano, apoiou a mão na cabeça dele e a pressionou com tudo contra o chão.
“Preciso agir rápido!”
Anton saltou para trás, mas ele não era o alvo inicial.
Em choque com dois de seus companheiros ficando fora de cena em um piscar de olhos, a pandoriana não pensou rápido o suficiente. Colin era mais rápido.
Ele apareceu frente a pandoriana e a socou no abdômen.
Bam!
Ela apagou por um instante, mas foi tempo o suficiente para Colin conjurar sua adaga e avançar em direção a jugular dela. Antes da adaga atingi-la, a pandoriana brilhou em amarelo e desapareceu.
“Impossível!”, Anton arregalou os olhos, “Meus companheiros foram todos derrotados?”
Toda ação foi tão rápida que não levou sequer cinco segundos.
Wooush!
Com Anton ainda em estado de choque, Colin percebeu a oportunidade e avançou em sua direção. Anton, apreensivo, imediatamente cruzou os braços em uma tentativa de se proteger de um possível soco, mas o golpe não veio.
Em um instante, o solo ao redor de Anton começou a brilhar intensamente, revelando um círculo mágico sob seus pés. De repente, correntes elétricas irromperam do círculo em uma velocidade avassaladora, envolvendo-o de forma implacável.
As correntes se estenderam e se torceram ao redor de seu corpo, prendendo-o firmemente e não dando a menor chance para que ele pudesse se mover ou escapar. A energia elétrica pulsava através das correntes, mantendo Anton completamente imobilizado. A expressão de surpresa em seu rosto misturava-se com o temor do que estava por vir.
“Como pude ser tão amador?”, Anton olhou para os dois lados e não viu Colin nem suas companheiras, “Porcaria! Preciso me concentrar e quebrar as correntes!”
Tap! Tap! Tap!
Kurth aproximou-se, correndo em direção a Anton. Ele derrapou e parou a cerca de dez metros. Suas mãos estavam juntas e as veias de seus braços saltavam para fora.
“Aquilo é… o canhão Galik?”
Após esticar as mãos, uma rajada poderosa avançou contra Anton. Não atingiu somente ele, mas também o humano nocauteado por Colin e Crizyus que estava ao longe.
Aquilo pareceu uma avalanche engolindo tudo.
Boom!
Tudo na frente de Kurth fora varrido completamente do mapa, mas Anton ainda continuava vivo, dava para sentir.
O braço de Kurth quebrou e quase ficou completamente destruído, mas ele mal teve tempo de sentir dor alguma. Sua mana se esgotou completamente, e ele caiu. No momento que seu rosto fora tocar o chão, Colin tocou seu tórax, o pegou pela cintura e se afastou do campo de batalha colocando Kurth sentado, apoiado em uma pedra.
— Você foi bem! — disse Colin com um sorriso. — Agora deixa o resto comigo.
Julgando o estado de suas companheiras, Colin sabia melhor do que ninguém que ele teria que ser bem mais esperto do que jamais foi até agora se quisesse vencer.
— Senhor Colin… — Kurth se esforçava ao máximo para falar. — As senhoritas Safira e Brighid estão bem?
— Não se preocupe, elas vão ficar bem. — Colin afagou os cabelos ruivos de Kurth.
Virando a cabeça para o lado, Colin fitou as duas deitadas na grama.
— Co-Colin… — murmurou Brighid e Colin se aproximou dela, agachando-se para encará-la.
Encarando sua companheira quase irreconhecível na grama sangrando fez ele sentir um aperto no peito e, de uma forma estranha, ele sentiu-se confuso.
A dor que sentiu foi como ver sua mãe definhando em uma cama de hospital. Ele não queria transparecer aqueles sentimentos, então lutou contra si mesmo para continuar calmo.
— Você tá bem detonada… — disse ele. — Não pensei que alguém conseguiria fazer isso com você ou Safira. Consegue se curar?
— Si-Sim…
Com o indicador, Colin afastou com cuidado uma mecha de cabelo do rosto de Brighid.
— Certo, então se concentre, se cure e depois cure Safira e Kurth.
No momento que Colin fora levantar, Brighid tentou erguer seu braço quebrado para segurá-lo, mas foi em vão. Então resolveu impedi-lo com palavras, mesmo sabendo que se tratando de Colin, nem mesmo o mais convincente dos discursos o faria mudar de ideia.
— Ele é muito forte… não vá…
Ele a encarou por cima dos ombros.
— Não precisa se preocupar.
Colin suspirou e observou a fumaça a frente se dissipar.
Ao longe, a fumaça dissipou-se, revelando Anton ainda inteiro.
Em seus braços havia vários ferimentos, mas ele continuava de pé, exibindo um sorriso orgulhoso. Não era o sorriso empolgante de sempre, era algo maligno.
Colin dobrou os joelhos e duas adagas elétricas formaram-se em suas mãos.
— Agora é pessoal!
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.