Índice de Capítulo

    Na beirada de uma montanha, o cabelo de Colin era açoitado junto a suas roupas escuras. Em seu cinto grosso estava a lâmina Gram, em seu pescoço o medalhão que Brey havia lhe dado de presente a mais de um ano. Nos seus dedos iam dois anéis, um de matrimônio com Brighid e o outro era Claymore.

    Vestia uma camisa escura bem justa ao seu corpo. Seu paletó escuro de botões estava amarrado em sua cintura. Suas calças também eram escuras, assim como suas botas, que cobriam toda sua canela.

    Heilee vestia um traje escuro.

    O traje se ajustava perfeitamente ao seu corpo atlético e feminino. O conjunto consistia em uma jaqueta justa de couro preto com detalhes em prata, que ressaltava seus músculos definidos. A jaqueta tinha ombreiras largas e um colarinho alto, conferindo-lhe uma aparência poderosa.

    Completando o traje, havia uma calça de couro preta que realçava suas pernas esguias e ágeis.

    Os cabelos cortados ao meio de Heilee caíam suavemente sobre seus ombros, adicionando um toque de rebeldia à sua expressão séria.

    Seus olhos penetrantes combinavam perfeitamente com o tom escuro do traje.

    Por outro lado, Leona, com seu corpo robusto e curvilíneo, usava o mesmo traje.

    O traje se moldava perfeitamente às suas formas, ressaltando sua força e graciosidade. Assim como Heilee, ela usava a jaqueta justa de couro preto com detalhes em prata, acentuando sua figura.

    No entanto, o traje de Leona era adaptado para suas características únicas. As ombreiras eram ligeiramente mais largas e curvas, enfatizando sua postura majestosa. A calça de couro preta se ajustava perfeitamente às suas curvas, realçando sua silhueta esbelta e poderosa.

    — Então tudo pronto para irem até o plano astral?

    Colin tirou o paletó da cintura e o trajou.

    — Sim, tudo pronto.

    Valagorn caminhou até ele entregando um relógio de bolso.

    — Este relógio marca os dias, meses e anos que você ficou no plano astral. Não o perca.

    Colin assentiu.

    — Então, muito bem, sente-se. Explicarei como isso funcionará. — Colin e suas companheiras sentaram-se formando um círculo. — Como traços de suas almas estão atrelados, vocês raramente irão se perder. Será fácil seguir uma trilha até onde a verdadeira Claymore está. O anel em seu dedo será uma bússola, e não faço ideia em que lugar do plano astral ela está. Mais uma coisa importante, o tempo no plano astral é diferente. Podem se passar anos lá, mas aqui, nesse plano, terá se passado alguns dias, quem sabe, horas. Vocês serão seres interplanares, o que significa que mesmo que passem décadas lá dentro, vocês não envelhecerão um único dia. Não se esqueçam, o plano astral é somente outro plano como qualquer outro. Tem suas leis, seus senhores e sua hostilidade peculiar.

    Colin assentiu com um sorriso.

    — O que estamos esperando?

    — Certo, se concentrem. A meditação de vocês alcançou um nível tão elevado quanto a minha, isso não levará muito tempo.

    Valagorn juntou as mãos e, após alguns minutos, paredes d’água começaram a circundá-los, como uma bolha. Através da parede d’água, Colin viu o mundo do lado de fora mudar. Foi como se ele viajasse através das estrelas, passando por dezenas de constelações, de mundos diferentes, de nebulosas, até que tudo parou.

    — Fechem os olhos e concentrem-se, vou forçar a abertura.

    Foi o que fizeram.

    Sentiu seu corpo inteiro vibrar e sua cabeça começou a rodar. Por um instante pensou que seu corpo fosse ser esmagado, até que todas aquelas sensações pararam e ele ouviu o barulho do mar.

    Abriu os olhos lentamente vendo Heilee e Leona sentadas na proa de um barco, sentindo uma brisa fresca no rosto.

    — A gente… — murmurou Heilee.

    — Estamos no plano astral! — comemorou Leona erguendo os dois braços.

    Agitada como ela era, foi de um lado para o outro naquele barco, o sacudindo.

    — Leona! — bradou Colin. — Fique quieta! Quer nos derrubar na água?

    Ela fez beicinho e virou o rosto ficando na proa enquanto olhava ao redor. Sua cauda indo de um lado para o outro sem parar.

    O relógio começou a girar silenciosamente, mas Colin não sentiu que o tempo estava mais rápido, sentia as mesmas sensações de quando estava no outro plano.

    — Senhor… — disse Heilee. — Esse lugar todo… parece não ter fim… é impressionante.

    O mar astral era um verdadeiro espetáculo de luz e magia, onde constelações cintilantes se fundiam com formas abstratas e padrões geométricos em constante movimento. Estrelas cadentes traçavam rastros luminosos no céu, enquanto nebulosas resplandecentes lançavam um brilho misterioso na vastidão do horizonte, misturados a galhos da Grande Árvore que eram facilmente perdidos de vista.

    Enquanto navegava, Colin podia sentir a energia pulsante do plano astral, uma sensação elétrica que percorria seu corpo, envolvendo-o em uma aura de conexão espiritual.

    A brisa suave que soprava em seu rosto era carregada de uma essência etérea, uma mistura de mistério e encanto.

    À medida que o barco deslizava sobre as águas luminosas, Colin experimentava uma sensação de serenidade e pertencimento. Era como se ele estivesse mergulhando nas profundezas de sua própria consciência, navegando pelos rios da imaginação e dos sonhos.

    O mar astral transmitia uma sensação de grandeza e infinitude, levando Colin e suas companheiras a contemplar a vastidão do universo e a magnitude do desconhecido.

    A cada onda que se formava, ele se maravilhava com a beleza e a imensidão daquele plano, compreendendo que ali residiam infinitas possibilidades e segredos ocultos.

    — É… — disse ele. — Isso é realmente incrível.

    Heilee assentiu.

    — Consegue ver para onde Claymore está apontando?

    Colin ergueu a mão direita e sentiu o anel em seu dedo pulsar quando ele apontou para o leste.

    — Certo, assim que chegar em terra firme iremos para o leste, até lá descansem.

    Após descer o capuz até os olhos, Colin entrelaçou os dedos atrás da cabeça e fechou os olhos, encontrando um canto aconchegante no barco.


    Coberta por uma capa escura e escondida entre os galhos, Brighid observava um acampamento de cultistas situado em uma clareira profunda nas entranhas de uma floresta sombria.

    A sensação pesada podia ser sentida no ar.

    O acampamento era composto por barracas rasgadas e enegrecidas pelo tempo, suas lonas gastas e cobertas de musgo, como se tivessem sido esquecidas pela própria natureza.

    Fogueiras crepitantes lançavam sombras distorcidas, dançando macabramente entre as árvores retorcidas que cercavam o acampamento.

    O fogo parecia alimentar-se de uma energia sinistra, lançando um brilho esverdeado sobre o acampamento.

    Uma névoa densa pairava ao redor, espalhando-se como dedos fantasmagóricos que acariciavam o solo e envolviam os cultistas em seu abraço nefasto. Ecos distorcidos de cânticos obscuros e murmúrios enigmáticos escapavam das bocas dos cultistas, ecoando pela floresta como um coro dissonante de almas torturadas.

    Em meio às trevas, estruturas macabras erguiam-se precariamente. Altos mastros sustentavam estandartes negros que tremulavam com uma brisa gélida e arrepiante.

    Objetos rituais macabros adornavam o acampamento, como crânios humanos, ossos entrelaçados e símbolos sinistros esculpidos em madeira enegrecida.

    As sombras se aglomeravam em cada canto do acampamento, parecendo dançar e se contorcer em uma sinfonia diabólica. Luzes trêmulas e pálidas, provenientes de tochas e velas, lançavam um brilho fraco e agonizante sobre os cultistas, cujas vestes negras se confundiam com a noite.

    Um grupo de mulheres e meninas estava aprisionado em gaiolas improvisadas próximas à única estrutura de madeira de todo acampamento.

    O medo e a angústia refletiam-se em seus olhos arregalados, enquanto seus corpos trêmulos tentavam se encolher e se proteger do ambiente hostil que as cercava.

    Os soluços e os gemidos de dor eram abafados pelos murmúrios ininteligíveis dos cultistas que circulavam nas proximidades.

    Algumas das mulheres, mais jovens e frágeis, abraçavam a si mesmas em busca de algum conforto, seus corpos franzidos em uma tentativa desesperada de encontrar segurança em meio ao caos. Os ferimentos em seus corpos, resultado de abusos e violências, revelavam a crueldade impiedosa que haviam sofrido.

    Após um suspiro, Brighid desembainhou a katana, ouvindo o som sutil da lâmina raspando na bainha.

    “Sylvana disse que o mestre dela estava próximo, mas a energia desse lugar ressoou mais forte. Esses cultistas parecem fora de si, e o cheiro deles é mais forte… Alguns devem ser mais fortes que o que enfrentei no outro dia”, seus olhos concentraram-se na casa de madeira, “O líder desse acampamento deve estar lá dentro.”

    Aos poucos, o anel de casamento de Brighid começava a devolver mana para seu corpo. Ela olhou para o lado usando a análise e lá estavam Eden e Sylvana, escondidos entre os galhos esperando alguma ordem.

    Ela saltou e disparou na direção do acampamento.

    Swin! Swin!

    Deixou os arbustos e antes que os dois cultistas que a viram pudessem gritar, suas cabeças foram separadas de seus corpos. Outros cultistas a viram e prontamente avisaram os seus companheiros.

    — Estamos sob ataque! — urrou um deles.

    O acampamento todo despertou, e alguns cultistas deixaram suas tendas encarando Brighid que estava de pé segurando sua lâmina na mão direita.

    — Você é a companheira do ruivo?

    Dois cultistas estenderam as mãos em direção a Brighid, e círculos mágicos se materializaram diante deles. Dentro desses círculos, esferas de energia esverdeada e poderosa se formaram, carregadas com a magia do abismo.

    Com um movimento ágil, os cultistas lançaram as esferas em direção a Brighid.

    Em resposta, Brighid ergueu sua mão esquerda e um círculo mágico surgiu na palma dela, emanando uma luz brilhante. Com uma concentração intensa, ela canalizou sua própria energia mágica e absorveu todas as esferas disparadas pelos cultistas.

    A mana esverdeada foi absorvida pelo círculo mágico em sua mão, deixando os cultistas atordoados.

    — Que merda é essa?! Ela absorveu?

    Vush! Vush!

    Brighid lançou dois cortes arqueados de mana em resposta aos ataques dos cultistas, partindo-os ao meio. Sua habilidade com a magia era surpreendente, cortando através da energia sombria com precisão letal.

    Os fragmentos de mana dispersaram-se no ar enquanto os corpos dos cultistas caíam dilacerados ao chão.

    Clang!

    Correntes mágicas foram lançadas em direção a Brighid em uma tentativa desesperada de prendê-la, mas ela demonstrou sua agilidade e destreza, esquivando-se habilmente.

    Uma seta disparada por um dos cultistas zuniu pelo ar, passando ao lado de sua orelha, perfurando a floresta e deixando um buraco profundo em uma árvore resistente.

    Aquele cultista, com um sorriso de satisfação, apoiou sua besta no ombro e apontou o indicador em direção a Brighid.

    — Foi você, não foi? Você que matou Poltrigulth!

    Brighid empinou o nariz.

    — O incompetente que controlava lobos? — Ela abriu um sorriso zombeteiro. — Sim, fui eu. Esperava mais daquele ratinho.

    Do lado direito de Brighid, um cultista girava uma corrente com habilidade, fazendo-a zunir pelo ar com ameaça. Do lado esquerdo, um cultista de tamanho imponente segurava uma espada longa de ferro maciço, que parecia ser uma extensão de seu próprio braço.

    — Não usem mana nessa vadia! — disse o homem da besta. — Ela pode absorver de alguma forma. Será uma luta de força e habilidades, e nisso, ninguém pode nos vencer!

    “O grandão deve tentar me manter ocupada, o cara das correntes deve ser bom em ler os movimentos, já que quase conseguiu me prender. O idiota em cima da casa deve ser o mais perigoso. Se eu vacilar, posso ser ferida mortalmente”, seus olhos focavam naqueles três, “Certo, em qual deles vou primeiro?”

    Apertando o cabo da espada, o grandão partiu na direção de Brighid, sua corrida fazia tremer o chão.

    — Aaaaa! — ergueu a espada acima da cabeça e desceu com tudo na direção de Brighid.

    Antes que pudesse desviar completamente, Brighid percebeu o cultista da corrente se preparando para atacar. Com agilidade e instinto, ela se agachou e segurou a lâmina em posição de saque. Movendo-se como uma serpente, deslizou para o lado, esquivando-se habilmente do golpe da espada do cultista.

    No mesmo instante, o cultista girou a corrente e a lançou em sua direção, mas Brighid foi mais rápida e rebateu a corrente com a lâmina, fazendo-a ricochetear e acertar a seta que havia sido disparada pelo outro cultista no telhado.

    O impacto direcionou a seta em direção ao cadeado que prendia as mulheres, quebrando-o em um instante.

    Trick!

    Ouviu-se o ranger metálico da cela se abrindo, e os cultistas ficaram incrédulos com aquele movimento surpreendente de Brighid.

    “Tsc! Merda!” pensou o cultista com a Besta, “Tenho certeza, foi ela que matou Poltrigulth, essa habilidade em ler movimentos dessa maneira… isso é fantástico!”

    — Peguem as mulheres! — berrou. — Não deixem elas fugirem! Não estraguem o ritual!

    Crash!

    Um corte saiu da floresta, indo na direção de um dos cultistas que foi na direção das mulheres.

    “Porcaria! Ela não está sozinha?”

    Crash! Crash! Crash!

    Os cultistas continuavam sendo abatidos um a um, incapazes de identificar a origem dos golpes que os dilaceravam. As prisioneiras observavam com uma mistura de medo e esperança, testemunhando a carnificina ao seu redor. Enquanto isso, o grandalhão avançava em direção a Brighid, empunhando sua espada com firmeza.

    Ela dobrou os joelhos, suspirou e segurou a katana na forma de saque.

    Swin! Crash!

    Antes que a espada maciça pudesse atingi-la, Brighid sacou sua lâmina com um corte ascendente, partindo aquela imponente espada de ferro ao meio. Em um movimento fluido, ela desferiu um golpe descendente, decepando o crânio do cultista, que caiu ao seu lado com um estrondo.

    Ela tranquilamente retornou a espada à bainha, enquanto o sangue do cultista salpicava seu rosto.

    — O que estão fazendo? — bradou Brighid para as mulheres. — Fujam para a floresta, rápido!

    Desesperadas, elas começaram a correr, ajudando uma as outras.

    — Porcaria! Não as deixem fugir, não podemos falhar com o ritual!

    O acampamento mergulhou em caos, com os cultistas completamente desorientados, incapazes de identificar a origem dos cortes que os atingiam vindos da floresta.

    O cultista da corrente tentou novamente atingir Brighid, girando a corrente com violência, mas ela recebeu o ataque com um sorriso no rosto. Agarrou as correntes com destreza, dominando aquele chicote improvisado.

    Foi então que Brighid avançou em direção ao cultista como um projétil disparado de um canhão, passando sua lâmina pelo pescoço dele em um golpe preciso.

    Ting!

    Utilizando sua katana, Brighid rebateu uma seta que havia sido lançada pelo homem no telhado.

    — Sua vadia! Você tem noção do que fez?! — Ele parou de se mover e pareceu entrar em pânico enquanto falava sozinho. — Na-Não, senhor, a culpa não foi minha! E-Eu juro!

    O cultista começou a tremer, e suas veias oculares se destacaram em seus olhos. Seu rosto expressava uma calma estranha, como se ele se transformasse em uma pessoa completamente diferente. No entanto, um detalhe peculiar chamava a atenção, suas irises ficaram amareladas.

    — Então foi você que fez tudo isso? — ele olhou ao redor. — Está trabalhando com o ruivo irritante? — Ele coçou a nuca. — Tanto faz, por que a gente não termina com isso? Está ficando irritante ter que lidar com todos vocês se intrometendo.

    Brighid franziu o sobrolho.

    “Ele foi possuído?”

    — Quem é você? — ela indagou.

    — Hum… bem… acho que você pode me chamar de líder. Todos esses homens que matou trabalhavam para mim, sabia? Levou anos para que eu reunisse todos eles.

    Brighid devolveu a katana a bainha.

    — É uma pena que seu julgamento foi tão ruim a ponto de reunir um bando de incompetentes.

    Ele coçou a nuca.

    — Você parece uma mulher inofensiva com esse rosto de boneca, mas o seu jeito te entrega. É uma nobre? Uma guerreira? Não, não é isso… você carrega o cheiro do abismo como esses vermes, mas é mais sútil, quase imperceptível. — Ele abriu um sorriso de orelha a orelha. — Kag’thuzir, é você?

    Brighid franziu o cenho.

    — Claro que é! As descrições batem perfeitamente. Se eu te matar, Alexander vai me recompensar!

    “Alexander?”

    Ele apontou o indicador para Brighid.

    — A poderosa rainha do abismo, né? Há! Será divertido. Nas montanhas rumo ao oeste, siga o caminho por um rio. É lá que me escondo. Deve levar uma quinzena até lá a cavalo. Não pense que facilitarei para você, meus homens tentarão destruí-la de todas as formas, e se conseguir passar por eles, darei a honra de morrer pelas minhas mãos.

    Brighid desceu o capuz da capa até a testa e virou-se de costas.

    — Me ouviu, kag’thuzir? Não pense que sou como esses cultistas que tem liquidado!

    Um círculo mágico surgiu acima do cultista, e de lá emergiu uma bola de fogo ardente, que voou em sua direção, causando uma explosão estrondosa.

    Boom!

    O acampamento foi tomado pelas chamas, que se espalharam rapidamente, engolfando as tendas e os corpos dos cultistas. O fogo devorava tudo em seu caminho, consumindo a escuridão que pairava sobre aquele lugar e dissipando o miasma maligno que o envolvia.

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