Índice de Capítulo

    Uma pandoriana da classe roedor estava sentada nas costas de uma pandoriana da classe centauro. A roedora se parecia com um camundongo.

    Era baixinha, tinha os cabelos brancos, seu nariz era rosado e as costas de suas mãos eram peludas. Ela usava uma armadura prateada, um saiote que ia um pouco acima dos joelhos e caneleiras de prata.

    A mulher centauro era uma mulher normal da cintura para cima. Seu cabelo era longo e preto, seus braços eram bastante definidos, mas ainda assim tinham as sutilezas do corpo de uma mulher. Ela também trajava uma armadura de prata que cobria o busto e os braços. Sua feição era um pouco mais séria, enquanto a roedora parecia uma garotinha inocente.

    Ao lado delas estava Lina, irmã mais velha dos gêmeos. Ela cavalgava calmamente enquanto parecia prestar atenção ao seu redor.

    — Encontrou algo, senhora? — perguntou Celeste, a mulher centauro.

    — Ainda não, mas acho que estamos perto. — Ela olhou para trás encarando a garota camundongo — Eilika, conseguiu farejar algo?

    Eilika fechou os olhos e se concentrou. Farejou o ar três vezes e depois abriu os olhos.

    — Sinto cheiro de mana a sudeste. — disse ela num tom bastante agudo — Parecem muitas… também sinto cheiro de pólvora e sangue.

    — Entendi. — Lina amarrou o cabelo num rabo de cavalo — Se preparem, as duas, podemos ter problemas.

    A roedora se arrepiou toda.

    Ela não era forte como Celeste ou Lina, apesar de ter suas qualidades na luta individual. Ela abraçou Celeste por trás e escondeu a cabeça.

    — Eu não quero lutar… — disse ela num tom abafado pelas costas da mulher centauro.

    — Você não vai precisar lutar — disse Celeste — Senhorita Lina e eu daremos um jeito nisso como sempre.

    Eilika abraçou ainda mais forte Celeste e abriu um sorriso.

    — Eu sabia que sempre poderia contar com vocês duas, afinal, nós dividimos a alma, né?

    — Não fique muito animadinha — disse Lina — Se a coisa que deixou toda aquela destruição lá atrás voltar, você provavelmente vai precisar lutar.

    Eilika continuou abraçando Celeste e gritou baixinho enquanto sacudia os pés.

    — Senhora, desculpe minha insolência, mas a criatura não tinha o mesmo traço de mana do senhor Lumur? — indagou Celeste.

    Lina fez que sim com a cabeça.

    — É isso que me assusta — respondeu ela — Se Lumur mandou um demônio atrás dos próprios irmãos, então isso significa que ele pode estar planejando um golpe. Acho que até mesmo eu estou em perigo.

    — Não acho que ele vá chegar ao ponto de enfrentar a senhora — disse Celeste — Senhor Lumur é forte e um membro do lótus, mas se os atentados recentes dele viessem à tona, isso poderia causar uma ruptura na corte. Até mesmo senhor Ultan poderia fazer algo a respeito.

    — Não acho que meu pai fará algo a respeito. Apesar de a palavra dele ser soberana, a corte já está o jogando para escanteio quando se trata de tomar decisões importantes e Lumur sabe disso muito bem.
    Eilika estava em silêncio somente ouvindo, mas ela entendia esse jogo político, e para ela as coisas eram claras como o dia.

    — Então a senhora vai ficar contra Lumur? — indagou Eilika — Loaus e Lumur provavelmente vão disputar o trono, né? Com a gente indo atrás do Loaus, automaticamente assumimos um lado e acho que ficar contra Lumur não é uma boa ideia, né?

    Lina engoliu o seco. De fato, ficar contra Lumur era uma decisão estúpida. Ele tinha espiões por todo canto e também todos os membros da corte no bolso. Os únicos que não eram afetados por Lumur era o conselho de lótus. Ao Lina tomar partido, significava que estaria se colocando contra a pessoa mais perigosa do império de Ultan.

    — Melhor pensarmos nisso depois que recuperarmos os gêmeos, mas já estejam cientes que provavelmente precisaremos lutar contra Lumur e todos aqueles velhos da corte com influência pelo continente. Estamos em desvantagem, mas a gente consegue. Vamos nos apressar.

    Ambas assentiram.

    — Sim senhora!

    Dois raios cruzaram o centro da cidade, deixando explosões concentradas e faíscas por onde passavam. A luta era rápida demais para ser acompanhada sem usar a análise. Mesmo que tivesse conseguido acertar um golpe em Alistar antes, Colin não conseguiu mais realizar este feito. No entanto, Alistar estava o pressionando, desferindo golpes cada vez mais brutais.

    As veias do braço do vampiro estavam saltadas, seu cabelo estava levemente ouriçado e de seus dentes pontiagudos escorria uma densa saliva.

    Os dois avançaram em direção ao outro novamente, Colin tentou acertar um soco no vampiro, mas ele esquivou para o flanco esquerdo sem muita dificuldade, cerrou um dos punhos e golpeou Colin brutalmente no rosto.

    Bam!

    Tentando se equilibrar, Colin foi jogado para trás, mas Alistar não deu tempo para ele se recuperar e avançou preparando outro soco. Desta vez imbuiu seus punhos com mana.

    Por puro reflexo, Colin levantou o joelho e parou o soco atingindo o antebraço do vampiro. Aproveitando que Alistar estava atônito após errar aquele golpe, Colin foi ligeiro e segurou os pulsos do vampiro.

    Ele inclinou seu corpo para trás e avançou, dando uma baita cabeçada no nariz de Alistar.

    Crash!

    Foi possível escutar ossos quebrando. O golpe foi tão forte, que até janelas próximas estilhaçaram devido à onda de choque.

    Colin não parou naquele golpe.

    Aproveitou que seu oponente estava atordoado e aplicou uma bela joelhada no queixo de Alistar, jogado para cima e rodopiou no ar desordenadamente. Antes que Alistar fosse para o chão, Colin cerrou seu punho direito, envolveu seu corpo com mana elétrica e avançou com tudo, enterrando o punho no rosto do vampiro.

    Scrash!

    Alistar capotou, destruindo parte do pavimento e atravessou mais duas construções até ser enterrado na parede de um pequeno edifício feito de mármore que, depois do impacto, desmoronou em cima dele.

    Todos os vampiros que estavam próximos presenciaram tal cena e, muitos deles, estavam incrédulos com o que seus olhos captaram. Alistar era um vampiro de nível superior, mas foi praticamente destruído pelo suposto elfo negro que caminhava tranquilamente no meio da rua.

    Os vampiros que massacravam o vilarejo deixaram suas atividades e se concentraram em cima dos telhados, observando Colin lá em baixo no meio da rua.

    Havia um mar deles, mas nenhum ousou atacar primeiro.

    — Esse Elfo… — resmungou o vampiro de cabelo preto — Você! — ele apontou para o vampiro ao seu lado — Senhor Nostradamus está por perto, vá chamá-lo!

    O vampiro engoliu o seco e não se moveu um único centímetro.

    — O que está fazendo parado aí?

    — Bem… se senhor Nostradamus ficar sabendo que Lorde Alistar foi vencido por um elfo, ele vai ficar furioso, pode até me matar…

    — Se não se apressar, quem vai te matar sou eu!

    — C-Certo!

    O vampiro desapareceu na escuridão.

    Ele só pensava em como iria segurar alguém como Colin em um combate direto. Alistar era um dos vampiros mais rápidos da legião, e mesmo assim estava sendo supero por Colin.

    Se tratando de força física, nenhum deles teria chance.

    A única opção que sobrava seria se todos atacassem juntos, sem dar brechas para que o inimigo contra-ataque.

    A solução viável seria pressionar Colin até que sua mana se esgotasse, pois, mesmo sendo um usuário da pujança, ele não conseguiria segurar todos eles somente com força bruta.

    Muitos vampiros morreriam o enfrentando, mas não havia outra saída. Inimigos como aquele Elfo lá em baixo, devem ser exterminados antes que consigam voltar mais fortes que antes, pior, gente como ele poderia gerar proles tão forte quanto.

    — Por que a demora? — disse Colin olhando para os vampiros no telhado — Não sou muito paciente, se não vierem até mim, então irei até vocês.

    Os vampiros engoliram o seco.

    Se Colin atacasse primeiro, provavelmente teria uma quebra de ritmo no ataque que eles estavam esquematizando. Eles não poderiam dar essa vantagem para ele, não agora.

    — Ataquem! — berrou o vampiro de cabelo preto.

    Como se fosse chuva negra, os vampiros pularam do telhado indo em direção a Colin, que prontamente fez suas adagas elétricas aparecerem em suas mãos.

    Ele estava com saudade da sensação de perigo em uma luta.

    Swin! Swin! Swin!

    O primeiro vampiro teve a cabeça decepada, o segundo foi partido ao meio, o terceiro perdeu os braços e depois a cabeça. A chacina seguiu até duas dúzias dos vampiros estarem mortos sem ter feito um único arranhão naquele elfo lá em baixo.

    Coberto de sangue, Colin abriu um sorriso largo, e aquilo fez os vampiros recuarem um passo. Colin não era um oponente comum, então ele não seria derrotado por meios convencionais.

    — Usuários da árvore do silêncio! — berrou um dos vampiros — Ataquem em conjunto! Ele não deve saber onde todos vocês vão estar! Usuários da árvore da terra, façam uma barreira na rua, limitaremos a movimentação desse cretino!

    [Tremor!]

    Quatro paredes de terra se formaram a alguns metros de Colin, quase o prendendo.

    O vampiro de cabelo preto abriu um sorriso e o resto dos vampiros pulou no espaço pequeno enquanto ficavam invisíveis.

    Colin cerrou os olhos e um círculo mágico se formou em torno dele. Após lutar contra Barone e ter visto os movimentos de Stedd na festa de recepção, Colin havia desenvolvido uma maneira de lutar contra usuários do silêncio.

    Não era nada complexo, na verdade, era algo bem simples, e como seu espaço de atuação estava menor, o seu ataque se tornava bem eficiente.

    Colin ergueu o pé há alguns centímetros do chão e o desceu com tudo.

    [Perfura! Perfura! Perfura!]

    Estacas elétricas percorreram toda extensão onde ele estava e foi além, destruindo as paredes de terra que os vampiros haviam erguido.

    Foi possível ver dezenas de vampiros empalados em uma cena de embrulhar o estômago.

    O vampiro de cabelo preto não estava acreditando no que seus olhos viam. Seus esforços haviam sido sobrepujados sem esforço algum. Ele se culpou, deveria ter se tocado que seu oponente era um ponto fora da curva após ter vencido Lorde Alistar.

    Mesmo sendo um vampiro há séculos, aquela foi a primeira vez que ele sentiu de fato a mortalidade. Acostumado a sempre ser o predador, ele havia se esquecido completamente em como é ser a presa, e isso o fez ter memórias humanas, de quando sentia medo da morte em um campo de batalha ou de quando temia ser morto por desrespeitar um nobre.

    Inconscientemente, ele deu passos para trás, mas uma mão tocou seu ombro, fazendo-o voltar a si. Mas o que ele viu em seguida não aquietou seu coração gelado, apenas o deixou ainda mais desesperado.

    Lorde Nostradamus estava ao seu lado, com uma expressão bem séria. Ele nunca o viu daquele jeito.

    — L-lorde Nostradamus!

    — Quando aquele vampiro me disse que Alistar havia sido derrotado por um elfo, eu não acreditei, mas parece que é verdade. — Nostradamus encarou o cenário em volta, terminando sua inspeção rápida focando os olhos vermelhos em Colin.

    — Voltem ao trabalho, todos vocês. O elfo é meu.

    Colin sentiu que aquele oponente diferia de Alistar. Ele tinha certa presença, e sua sede de sangue era tão evidente que causava calafrios.

    Nostradamus pulou do telhado, e diferente de Alistar, não foi um pulo sutil. O chão abaixo de seus pés foi destruído. O vampiro começou a caminhar. Cada passo que ele dava parecia carregar a fúria de mil tempestades.

    — Então foi você que venceu Alistar… não estou surpreso, afinal, você é um errante, né? Faz séculos que não vejo um de vocês com coragem o suficiente para dar a cara assim. — Nostradamus cerrou o punho — Vamos ver se você é como os outros errantes ou se é daquela classe mais baixa.

    Nostradamus avançou. Ele não era tão rápido quanto Alistar, mas havia algo diferente. Colin ponderou defender aquele golpe, mas por um instante seus olhos enxergaram a morte nos punhos daquele vampiro.

    [Explosão!]

    Colin conseguiu se mover para longe envolvendo seu corpo com mana elétrica. Ele estava em cima de um telhado, mas notou chover pequenas pedras. Quando se deu conta, arregalou os olhos.

    O quarteirão inteiro estava destruído, casas estavam reviradas e haviam pessoas em meio aos destroços que foram pegas pela onda de choque quando estavam escondidas dentro de suas casas. Nostradamus continuava lá em baixo, olhando Colin no fundo dos olhos.

    — O que foi? — Debochou Nostradamus — Se não vier até mim, então vou até você.

    Erguendo o indicador, Nostradamus apontou para onde Colin estava. Ele já havia visto aquele movimento dezenas de vezes. Era o movimento de um usuário do vácuo, um disparo de vácuo provavelmente.

    Rapidamente, Colin saiu de cima do telhado daquela casa de três andares e pulou para a outra.

    Ele viu com o canto de olho a casa ser varrida do mapa, varrendo mais quatro casas que estavam atrás daquela. Aquele disparo estava longe daquele que ele viu Kurth aplicar, ou dos golpes de Anton. Era num nível inimaginável.

    Colin rolou no telhado e se recuperou rapidamente encarando Nostradamus, que continuava quieto lá em baixo.

    — Você parece assustado — debochou Nostradamus — Parece que é a primeira vez que vê um monarca do vácuo.

    “Fala sério, um monarca?! E para piorar ele é dessa árvore exagerada”.

    — Não vai me atacar, errante?

    Colin cerrou os dentes. Qualquer golpe que o vampiro desse poderia ser mortal. Ele engoliu o seco e ponderou usar toda sua magia em um ataque direto.

    Nostradamus sentiu algo atrás dele, então se virou rapidamente cruzando os braços na altura da cabeça.

    Boom!

    Um poder que pareceu mais uma bala de canhão o atingiu e o fez derrapar alguns metros para trás.

    Os braços do vampiro saíram fumaça, então ele os abaixou, focando seus olhos na mulher centauro em cima de um telhado segurando um arco ornado enorme.

    — Uma pandoriana… — balbuciou ele — Antes que pudesse se dar conta, uma manopla de ferro veio do seu flanco direito e atingiu seu rosto, o jogando longe, mas ele conseguiu se recuperar após derrapar por mais alguns metros.

    Dessa vez seus olhos vermelhos focaram na garota camundongo que pareceu assustada ao ser encarada pelo vampiro.

    — Droga! Foi muito fraco! — disse Eilika apavorada.

    Aquele soco não foi fraco, foi bem mais forte que um soco na força total de Colin, só estava fraco para ferir Nostradamus de forma considerável.

    — Essa armadura prateada… — murmurou Nostradamus ficando de pé — Vocês estão com a imperatriz da noite, não é?

    — Estão! — disse Lina caminhando tranquilamente na rua enquanto desembainhava sua espada prateada que emanava uma mana sinistra. Aquela lâmina parecia estar possuída por algo — Como princesa do reino de Ultan, anuncio aqui sua sentença. Execução!

    O chão inteiro ficou escuro, mais escuro que a própria noite sem estrelas. Nostradamus percebeu e saltou para cima de outro telhado, desviando de outra flecha disparada por Celeste.

    — Renda-se, vampiro, você não tem chance contra nós três.

    — Podia até ser verdade — Alistar apareceu ao lado de Nostradamus com o rosto completamente desfigurado. Ele segurava o pescoço de Melyssa em uma mão e o pescoço de Brey em outra. Melyssa ainda segurava seu coelho em uma das mãos — Mas acho que as defensoras do império não deixariam crianças morrerem, né? Pensou que tinha me vencido? — Indagou Alistar mal conseguindo juntar as sílabas.

    Colin olhou aquilo desesperado. As duas estavam chorando baixinho enquanto seus olhos suplicavam por ajuda.

    — Eu sabia que estava escondendo isso naquela estalagem!

    Celeste puxou a corda do arco e mirou em Alistar, mas ele colocou Brey na frente.

    — Nem pense nisso, pandoriana! Você matará a garota antes de me atingir, exceto se você não se importar com a vida dela, mas você se importa, não é, Colin?

    Faíscas começaram a circundar o corpo de Colin, mas ele parou de se mover ao ouvir o grito de Melyssa. Alistar não precisava de muita força para quebrar o pescoço dela, porém, a garota era sua garantia.

    — É melhor não fazer nada, me ouviu? — Alistar olhou para Nostradamus — Vamos, Senhor, já pegamos o que queríamos.

    Nostradamus nada disse, somente deu as costas e começou a caminhar calmamente pela rua, indo para a escuridão.

    — Papai… — balbuciou Brey mal enxergando Colin devido às lágrimas em seus olhos.

    Colin não se moveu, ficou assustado demais para fazer algo.

    Seus inimigos aproveitaram e desapareceram completamente.

    Ele queria salvar as duas, mas agora precisava ver se estava tudo bem com as outras crianças.

    — Não se preocupe! — disse Eilika — As outras crianças estão bem, consigo sentir o cheiro delas daqui. Estão assustadas, mas estão bem.

    — Então o que estão esperando para me ajudar a ir atrás dos vampiros?

    — Não é hora para agir por impulso — disse Lina — Lutar aqui é uma coisa, mas a floresta é território deles. Vamos nos acalmar e pensar em um plano.

    — Me acalmar? — Colin estava furioso — Eu não quero me acalmar, eu quero salvar aquelas crianças!

    Celeste apontou o arco para Colin.

    — Fique calmo! — disse ela — Você está agindo como uma criança birrenta!

    Uma mana densa começou a percorrer o corpo de Colin.

    — Se não querem me ajudar, então vou sozinho!

    [Pancada!]

    Um golpe poderoso na nuca fez Colin bambear. Ele tentou caminhar, mas suas pernas não respondiam. Ele começou a babar, deu alguns passos e desmaiou de bruços no telhado.

    Eilika sacudiu a mão.

    — Ele tem uma nuca muito dura — disse ela — quase tive que usar toda minha força. O cheiro lá atrás é dele. Foi ele quem matou o demônio do senhor Lumur — Eilika se agachou e virou Colin o encarando no rosto — Até que é bonitinho… Vamos fazer o que com ele?

    — Ver as informações que ele tem sobre meus irmãos, depois podemos dar um jeito em como resolveremos essa coisa com os vampiros. — Ela fez uma pausa — Aquele vampiro era Nostradamus… Não achei que fosse encontrar um vampiro como ele em um ducado afastado como esse.

    — O que isso significa? — perguntou Eilika.

    — Significa problemas.

    A garota camundongo pegou Colin pelo braço e o colocou em seu ombro.

    — Senhora, se esse rapaz venceu um demônio e lutou contra aqueles vampiros sozinho, acho que ele pode ser um ótimo colega de treino para mim, né? Tipo… sou fraca e ele também…

    — Isso vai ter que ser escolha dele — Lina olhou a destruição ao redor — Vamos indo, estou cansada e preciso tirar um cochilo.

    — Sim senhora!

    [Algumas horas depois].

    Os vampiros já estavam em seu covil.

    Eles haviam conseguido capturar algumas mulheres e crianças e para o azar de algumas delas, os vampiros já haviam começado a se alimentar. Melyssa estava abraçada junto a Brey dentro de uma jaula que fedia a sangue.
    Perto delas havia alguns cadáveres em putrefação, além de outros prisioneiros tão magros que estavam em um estado cadavérico. Eles tinham um fedor forte, seus olhos desesperançosos entregavam o estado fragmentado de suas mentes.

    Brey chorava baixinho, enquanto Melyssa tentava consolá-la afagando seus cabelos.

    — Tá tudo bem… — disse Melyssa baixinho — Senhor Colin vem salvar a gente. Ele cuida da gente agora, como um pai, né?

    De todas as crianças, Brey era a mais nova e de longe era a que tinha mais medo de se machucar, ainda mais porque estava cercada pela morte dentro daquela jaula fétida. Melyssa limpou as lágrimas da amiga com a manga da blusa e entregou a ela seu coelhinho inseparável.

    — Aqui, abraça ele bem forte, tá? Vai te proteger, confia em mim!

    Brey fungou e fez que sim com a cabeça.

    — Vem aqui… — Melyssa encostou na parede gelada e Brey colocou a cabeça em seu colo — Tenta dormir um pouco, tá? Colin já vai chegar…

    Obedecendo à amiga, Brey abraçou ainda mais forte o coelhinho e cerrou os olhos. Melyssa fazia carinho no cabelo de Brey, mas ela também era uma criança, estava tão apavorada quanto a amiga mais nova.

    Para que Brey não ouvisse, Melyssa começou a chorar em silêncio. Seu queixo tremia e lágrimas salgadas desciam por sua bochecha rosada.

    Ela havia sido cuidada tantas outras vezes por Potter e agora por Colin. Ela não vacilaria com Brey, afinal, os mais velhos existiam para proteger os mais novos.

    Após ouvir passos se aproximarem daquela jaula, Melyssa ouviu vozes.

    — A loirinha com a garota no canto — disse uma voz familiar, a voz de Alistar — Traga ela para mim — Ele lambeu os beiços e abriu um sorriso maligno que fez Melyssa se arrepiar por inteira — Farei aquele Colin se arrepender de ter se metido comigo!

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