Índice de Capítulo

    Com ímpeto, Loaus, Kurth e até mesmo Alunys continuavam a correr pela rua matando vampiros incessantemente. Com a pouca base de combate que tinha, Alunys havia feito um chicote d’água que era capaz de nocautear os vampiros sem que ela precisasse se aproximar. Kurth também continuou com seus disparos, já Loaus partia para a luta corpo a corpo.

    Depois de um tempo, eles haviam reunido um grupo considerável de pessoas abrindo caminho até a mansão do duque. Todos se empurravam para entrarem na mansão, mas eles conseguiram sem problemas.

    Kurth foi o último a entrar, trancando a porta grossa de madeira com uma das mãos assim que passou por ela.

    — Por deus! — disse a Viúva os encarando encharcados de sangue e ofegantes — Graças aos doze vocês estão vivos!

    — Liena! — berrou Alunys enquanto a procurava com os olhos — Onde ela está?

    — Aqui! — disse ela saindo do meio da multidão — Que merda, onde foram que demoraram tanto? Fiquei preocupada com vocês!

    Ela encarou Loaus de cima a baixo coberto de sangue. Fitou as mangas da camisa de Kurth destruídos e notou também alguns ferimentos em seu rosto.

    Incisiva, ela apoiou a mão na bochecha de Kurth e ele recuou sentindo uma pontada.

    — O soco que levei ainda está doendo, não encoste aí.

    Liena franziu o cenho e afastou a mão.

    — Parece que Benson está envolvido nessa sujeira toda. — disse Alunys exausta — Além de um garoto que chamam de Turin e um vampiro.

    Aquilo pegou a viúva de surpresa.

    Alunys continuou.

    — Eles estão controlando uma criatura poderosa, um demônio, um tipo de ser do abismo!

    Liena não escondeu a surpresa. Ela ainda se lembrava do demônio da estrada, e isso fez sua espinha arrepiar.

    — Um ser do abismo?! — disse espantada — Tem certeza?

    — Tenho!  Tem uma passagem na biblioteca do duque que leva direto para uma espécie de abatedouro, eu estive lá, vi tudo! Merda, pessoal, temos que fazer alguma coisa, está um verdadeiro inferno lá fora!

    O maior medo de Alunys se concretizou, resolver algo dessa magnitude com somente os garotos era algo que ela queria evitar. Primeiro, eles teriam que dar um jeito no necromante, para somente depois resolverem a questão do ser do abismo.

    Seriam tarefas complicadas e ela não tinha certeza se sobreviveria para completá-las.

    — Pessoal, eu fico aqui e protejo as pessoas, vocês deveriam ir atrás do Turin — disse Alunys — Aquele ser do abismo ainda está fraco, se vocês conseguirem deter o necromante, a criatura deve parar também. Ele deve ir para um lugar e alimentar o demônio com almas.

    — E qual seu plano? — perguntou Liena.

    Alunys engoliu o seco ao sentir todos aqueles olhos concentrados nela. Ela não era habilidosa em combate, então a única coisa que ela poderia fazer seria instruir seus companheiros para que completassem a missão com êxito.

    — Certo! — ela continuou — Dos quatro, o vampiro deve ser o mais fraco, deu para ver sua mana usando a análise. Loaus é bom com a espada, então é melhor que ele segure a retaguarda. Eles parecem ser bem confiantes de sua própria força, deu para ver quando lutaram contra Kurth, então tenho quase certeza que eles vão lutar contra vocês sozinhos.

    Os garotos ficaram atentos a todas as palavras da Elfa, e ela continuou.

    — Turin precisa recolher as almas, então acredito que ele e o demônio não se moverão. O provável é que o vampiro ataque primeiro, mas vocês devem acabar com ele rápido. Benson parece ser habilidoso com aquela foice, então tomem cuidado. — Eles assentiram — Sejam criativos e fiquem de olhos abertos. Não sou tão forte quanto vocês, mas acredito que conseguem se virar bem contra os inimigos. Treinamos juntos inúmeras vezes, então nossa sincronia em combate é quase perfeita. Liena é melhor na vanguarda, então acredito que ela consiga aguentar uma luta contra Benson e o vampiro com Kurth dando suporte a longe distância. — Ela encarou o príncipe — Já você, Loaus, é tão habilidoso com a espada quanto sua irmã, vocês dois juntos podem se tornar uma dupla implacável. Acho que isso é tudo.

    — Certo! — Liena abraçou Alunys e apoiou a mão no rosto dela — A gente volta logo, tá? Então fica viva.

    Alunys colocou a mão sobre a mão de Liena em seu rosto e fez que sim com a cabeça.

    — Vamos, pessoal! — Bradou Liena indo até à porta — Vamos ensinar esses filhos da puta uma dura lição!

    — Sua irmã sempre foi boca suja assim? — perguntou Kurth caminhando até a porta.

    — Acho que não.

    Apressados, eles deixaram a mansão e a viúva trancou a grossa porta de madeira. Com os três chamando toda atenção, ficaria difícil de os vampiros quererem invadir a mansão. Os moradores que decidiram se trancar em porões reforçados estavam seguros. Já os humanos que decidiram se proteger em casa estavam provavelmente mortos. Alunys só suplicou aos deuses para que seus amigos retornassem vivos.


    O lobo, branco como neve e do tamanho de um prédio de cinco andares, corria rapidamente entre as árvores, destruindo tudo que estivesse pelo caminho. Morgana estava sentada nas costas do animal, sorrindo como se estivesse em um parque de diversões. 

    Os braços dela estavam abertos, seus cabelos longos não paravam de balançar e seu olhar exalava uma felicidade genuína. Ela virou para trás encarando Colin.

    — Você ainda consegue correr mais rápido que isso, não consegue? — perguntou empolgada.

    — Consigo, mas Hati é bem rápido. São impressionantes os pandorianos que você tem.

    — Ainda não te apresentei a Willy, não é?

    “Então ela tem mesmo três pandorianos?”

    — Não…

    Ela ficou de pé em cima do lobo e colocou as mãos ao redor dos lábios, dando um ensurdecedor assovio. Depois de alguns segundos, nada havia acontecido, mas Morgana continuava de pé nas costas do lobo.

    Após quase um minuto, ela virou-se para encarar Colin com um sorriso.

    — Ela chegou!

    Colin olhou para os dois lados o procurando.

    — Aí não! — disse ela — Ali! — Morgana apontou para cima.

    De todas as coisas que Colin havia visto naquele mundo, sem dúvidas aquela foi a mais impressionante. Do meio das nuvens, uma baleia jubarte, despontou nos céus. Era enorme, tinha ao menos 40 metros de cumprimento. No céu, ela nadava entre as nuvens, mexendo aquela enorme cauda para cima e para baixo. As nadadeiras eram enormes, tão grandes que se pareciam com asas.

    — Caralho… — Colin deixou escapar por seus lábios.

    — Willy é bem tímida, então aparece só quando eu chamo. Ele prefere ficar lá em cima sozinha, longe de tudo. Já voou alguma vez?

    — Só de avião…

    Ela ergueu a sobrancelha.

    — O que é isso?

    — É algo do meu mundo. É como se fosse um pássaro que a gente entra e ele nos leva para qualquer canto do planeta.

    Morgana fez careta tentando imaginar algo assim, mas logo depois meneou a cabeça.

    — Um pássaro que vocês entram… não consigo imaginar algo assim, nunca ficou em cima dele?

    Colin fez que não e Morgana abriu um sorriso.

    — Se pudesse escolher um animal para ser seu pandoriano, que tipo de animal escolheria?

    Sua ideia inicial seria um gato, mas agora ele não tinha certeza. A fauna daquele lugar era diversa demais para que ele decidisse de bate e pronto dessa forma.

    — Acho que o único animal raro que encontrei foi um bakurak… Eu tinha a ideia de um gato como meu pandoriano, mas agora não tenho certeza.

    Ela colocou a mão no queixo e fez que sim.

    — Um gato é uma boa escolha, mas que tal algo melhor? Quando você me visitar lá no castelo, a gente pode pegar um filhote de pantera goggan, eles são como gatos, porém são maiores, mais rápidos e mais fortes. Além de serem um dos melhores caçadores da natureza. O único problema é enfrentar um animal assim e capturar um filhote. Você encontrou um bakurak, certo? Animais chatos, bem fortes, mas sem comparação a uma pantera goggan.

    Se alguém tão forte quanto Morgana disse que esse animal era um problema, então provavelmente ele era. Morgana abanou uma das mãos ao ver Colin tão sério.

    — Desculpa, eu não falei isso para desanimar você, só estou dizendo que seu primeiro pandoriano tem que ser especial, afinal, você vai dividir a alma com ele pelo resto da sua vida.

    Colin fez que sim com a cabeça e indagou:

    — Posso fazer uma pergunta?

    — Claro!

    — Quais foram os requisitos para você escolher seus pandorianos?

    Morgana cruzou os braços e fez beicinho enquanto pensava.

    — Nagini foi minha primeira. Não teve um motivo específico, eu só gostei dela. Com Hati foi diferente, eu queria um caçador e um amigo leal para proteger minha família, e Hati foi a melhor opção, não foi, amigo?

    Au! — Latiu o pandoriano.

    — Willy pertence a uma espécie em extinção. A espécie dela era muito usada em rituais de magia ancestral, já que o sangue deles é bem poderoso. Você sabe, animais que conseguem viver na água e no ar tem um nível de magia bem alto. No fundo, acho que fiz isso para libertar ela, e agora ela também é minha amiga.

    Morgana colocou a mão na altura das sobrancelhas, enxergando fogo há quilômetros de distância. Ela abriu um sorriso de orelha a orelha.

    — Parece que temos problemas a frente! Hati, pode correr, mostra pro Colin o quanto você pode ser rápido! — Morgana se agachou e segurou na pelagem do lobo.

    Como um animal partindo em direção a presa, Hati acelerou, começou a correr tão rápido que se Colin não estivesse segurando em sua pelagem, provavelmente sairia voando. Willy subiu em direção aos céus novamente, desaparecendo atrás das nuvens enquanto o gigante lobo branco se tornava um vulto naquela floresta densa.

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