Capítulo 61 - O Grande Eclipse - Parte 04
O caos já havia se instaurado por completo. Era difícil ouviu sequer os cantos dos pássaros, muito menos as cigarras que estavam em época de acasalamento. O único som que se ouvia era o de carne sendo rasgada e os gritos de pavor dos moradores.
Liena, Loaus e Kurth seguiram pelo vilarejo em direção a entrada da cidade, que era de onde vinha uma abundantemente mana.
Mesmo cansados, eles liquidaram dezenas de vampiros que encontraram pelo seu caminho, dizendo as pessoas que salvaram, para irem rumo a mansão do duque.
— O número deles não diminui! — Exclamou Loaus limpando sangue dos olhos — O que a gente faz?
— Vamos seguir o plano de Alunys! — disse Liena ofegante desviando das garras de um vampiro e cortando sua cabeça — Loaus, você fica na retaguarda e os segura aqui! Eu e Kurth podemos dar um jeito nisso!
— Tem certeza disso? — perguntou Loaus esquivando do golpe de um vampiro e o partindo ao meio com a espada — Aquele demônio é forte, sem contar que serão vocês dois contra Turin, o vampiro, Benson e o demônio!
Puxando a corda do arco, Kurth imbuiu a flecha com mana e a disparou. Rápida como um torpedo, ela transpassou dois vampiros e explodiu na cabeça do terceiro.
— A gente dá um jeito, é só fazer como Alunys disse — Kurth puxou a corda do arco novamente, atingindo mais um vampiro que veio correndo em sua direção — Se a gente parar o necromante, então estaremos bem!
Ting!
Loaus defendeu-se das garras afiadas de um vampiro e decepou sua mão. Logo depois esquivou-se de outro vampiro dando um passo para trás e num movimento rápido de sua lâmina o degolou.
— Assumo daqui, podem ir!
Liena e Kurth deixaram Loaus para trás e avançaram em direção a entrada do vilarejo. Haviam mais alguns vampiros, que logo conheceram o fim pelas flechas de Kurth.
Eles pararam de repente, vendo Turin e os outros em cima de um prédio de telhas avermelhadas. Turin parecia meditar enquanto estava dentro de um círculo mágico com a criatura ao seu lado.
Em torno de Turin havia um redemoinho sugando um rastro de mana verde que parecia vir de todo canto do ducado.
“Aquilo são almas?” Pensou Kurth.
O vampiro saltou de cima do telhado, parando a alguns metros dos garotos.
— Parados aí, pirralhos! — disse o vampiro — Nem mais um passo!
Como Alunys havia previsto, o vampiro atacaria primeiro e o mais importante, ele atacaria sozinho.
— Cubro você! — disse Kurth.
Liena inspirou fundo e depois expirou. Dobrou os joelhos e apoiou a mão no pomo de suas espadas. Mesmo treinando por poucos dias, ela conseguiu se sair bem usando armas em ambas as mãos, conseguindo até mesmo pressionar Samantha durante o treinamento.
Desembainhando suas espadas, ela avançou em direção ao vampiro e se abaixou. A flecha de Kurth passou a centímetros do crânio dela, mas o vampiro havia visto através daquele golpe. Ele rebateu a flecha com uma das mãos e saltou para trás se esquivando do corte arqueado de Liena que veio por baixo.
Assim que o vampiro ainda estava em pleno ar, Kurth puxou a corda do arco e sua flecha zuniu em direção ao vampiro. Ele ponderou rebater a flecha novamente, mas sentiu uma parede atrás dele se formar. Desnorteado, sua reação foi lenta. A flecha pegou seu ombro direito e varou a escápula. Seus olhos se concentraram em Liena agachada e em baixo dela estava um círculo mágico.
“Uma usuária da árvore da terra!” pensou o vampiro.
Liena bateu a mão no chão, e a parede de terra do tamanho do vampiro o prendeu, como se mãos de terra o agarrassem. Ele ficou furioso ao ver o sorriso debochado no rosto de Liena. Antes que pudesse fazer algo, sentiu algo no abdômen, assim que olhou para baixo, viu um enorme oco.
Seu estômago não mais estava ali. Ele olhou para frente, vendo Kurth descer o arco.
— E-Eu… perdi? — balbuciou o vampiro, não acreditando no que havia acabado de acontecer.
Liena caminhou até o vampiro e o degolou, deixando sua cabeça rolar pelo chão.
Foi algo que durou apenas alguns segundos. Bensou franziu a testa e se concentrou naqueles dois lá em baixo. Ele cerrou os dentes e pensou duas vezes antes de entrar em confronto com eles.
Os olhos de Benson estavam repletos de veias. Ele concentrava parte de sua mana para analisar os dois, e a outra parte de sua mana era dividida perfeitamente por seu corpo. Turin estava ocupado, então ele teria que segurar as pontas até todo ritual do demônio estar completo.
Liena girou as espadas e as apoiou nos ombros. Benson pegou sua foice e se preparou para avançar. Ele não cometeria os mesmos erros do vampiro, ele faria questão de acabar com o suporte primeiro.
Saltando, Benson tentou acertar Kurth lançando sua foice, mas Liena rebateu a grande foice para longe. Benson a soltou, mas uma corrente estava presa pelo cabo. Ele puxou as correntes abruptamente e os garotos foram forçados a recuar quando a foice bateu com tudo no chão.
Deixando a foice fincada na terra, Benson avançou em direção de Kurth enquanto se escutava o barulho de correntes se desenrolando.
Ting!
Benson retirou uma adaga de dentro do sobretudo e tentou cortar o abdômen de Kurth, mas a espada de Liena veio rodopiando no ar e atingiu a adaga de Benson antes de consumar o ato.
Ela bateu as mãos no chão, e a terra em baixo dela a lançou em direção a Benson como uma catapulta.
[Pancada!]
Com o pé direito, ela chutou o rosto de Benson em uma voadora. Aproveitando que o oponente estava desnorteado, ela apanhou a espada que havia jogado. O objeto ainda rodopiava no ar após ser rebatido. Benson rolou no chão e puxou sua corrente, trazendo sua foice até ele. Ele ergueu-se e girou sobre o calcanhar, lançando a foice que foi rodopiando até eles.
Puxando a corda do arco, Kurth atirou uma poderosa flecha em direção a foice, e ela foi rebatida para longe mais uma vez.
Ting!
Dobrando os joelhos, um círculo mágico surgiu debaixo de Liena, a terra que surgiu debaixo dos seus pés a catapultou novamente. Ela tentou cortar Benson, mas ele se esquivou para o lado, deixando Liena passar direto. Pela velocidade que ela passou por ele, Benson pensou que ela iria mais adiante, mas uma parede surgiu bem na frente de Liena e ela apoiou os pés nela.
Ela impulsionou e saltou novamente em direção a Benson, o cortando na clavícula. Com uma cambalhota, Liena se afastou, exibindo seu sorrisinho debochado.
Os garotos estavam em uma sincronia invejável.
— O que foi? — perguntou Lina girando a espada — Se perguntando: “Como ela conseguiu conjurar uma magia de terra em pleno ar?” Não perca tempo com isso.
Benson estava deixando se levar pelas provocações. Ele sabia que usuários da árvore da terra sempre tocava ou pisavam no solo ao conjurar magia. Seria impossível uma pirralha como aquela conseguir realizar algo que somente os monarcas da terra conseguiam.
“Tem um terceiro oponente?” pensou ele olhando para os dois lados.
A foice de Benson estava longe e Liena cobria perfeitamente Kurth que estava logo atrás com os dedos na corda, preparando para disparar outra flecha.
“A garota está cobrindo o garoto perfeitamente, já ele consegue aproveitar cada brecha minha, e provavelmente tem um terceiro escondido em algum canto. Eles são amadores, mas conseguem cobrir muito bem a falha um do outro. Eles foram bem treinados, se eu vacilar posso acabar morrendo como o vampiro”.
Liena cruzou as espadas na altura do rosto e preparou para avançar mais uma vez.
— Loaus está aqui. — disse ela a Kurth baixinho — O demônio e o garoto não vão se mover, então fique aí me dando suporte. Nosso oponente está tenso e isso é bom para gente.
Benson enfiou as mãos no sobretudo e retirou duas adagas longas. As girou e partiu em direção de Liena. Ela apertou o cabo de suas espadas e fez o mesmo.
Ting!
As lâminas se chocaram. Mesmo que ela fosse habilidosa, Benson ainda era mais forte. O tilintar das espadas fez com que a espada na mão esquerda de Liena fosse lançada para longe. Ela se recompôs e defendeu duas investidas poderosas.
Ting! Ting!
Era difícil lutar contra duas lâminas, então Liena começou a se sentir pressionada. Enquanto trocavam golpes, ela recuou e Benson não lhe deu chance para que Kurth encontrasse uma brecha. Forçando Liena com golpes cada vez mais poderosos, Benson consegui lançar a única espada que lhe restava para longe.
Ting!
Girando as adagas, Benson se preparou para rasgar o abdômen de Liena, mas uma parede de rocha apareceu frente a ela. Por um instante, Benson conseguiu perceber de onde vinha a mana. Ele concentrou mana nas pernas e partiu em disparada em direção a um beco. Assim que chegou lá, viu Loaus empunhando sua espada.
— Achei você!
Slash!
Benson estava parado encarando aquele garoto com os olhos esbugalhados. Olhando para o abdômen, notou que ele havia sido transpassado por um finco negro. Ele começou a tossir e olhou para trás, por cima dos ombros.
— Peguei você! — disse Eilika.
— Você… — O finco transpassando Benson desapareceu, e o que restou de suas tripas caiu no chão.
Ele cambaleou e caiu morto.
— Tudo bem com você? — Perguntou Eilika.
— S-Sim!
— Que bom! — ela ofereceu a mão para Loaus e o ergueu — Sobraram os mais complicados agora. Vamos nos reunir com seus amigos.
— Certo!
Eles deixaram o beco e encararam Kurth e Liena, que ficaram assustados ao botar os olhos em Eilika. Era a primeira vez que a viam, e mesmo assim parecia que eles já haviam se encontrado antes.
— Quem é você? — perguntou Liena.
— Sou a pandoriana da senhorita Lina, ela não está?
Liena fez que não.
— Lina partiu para as cordilheiras para deter o avanço dos vampiros pelo continente.
— Entendi. — Ela olhou para os dois seres em cima do telhado — E quem diabos são eles?
— É uma longa história… — respondeu Loaus.
Turin estava prestando atenção neles, enquanto as veias de sua têmpora saltavam de ódio.
— Subestimei vocês, mas isso não vai acontecer novamente. — Turin olhou para a criatura. — Mate-os!
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