Índice de Capítulo

    Para chegar até o vilarejo, eles teriam que fazer um grande desvio. Levaria semanas se eles contornassem as áreas que os soldados diziam ser perigosas, mas eles não se importaram. Aquele trio poderia fazer frente contra qualquer poder que não fosse extraordinário.

    Cruzando campos de guerra devastados, eles viram pessoas pilhando corpos buscando algo de valor. Elas disputavam lugar com corvos de três olhos e abutres famintos. O mesmo cenário se repetiu por quilômetros, dando a impressão que a guerra havia se intensificado conforme desciam mais ao sul.

    Atravessaram por estradas onde pessoas tentavam fugir da guerra, indo mais ao leste, onde se localizava Rontes.

    Em troca de soldados, Rontes fornecia subsídio aqueles que quisessem se aliar ao pequeno império que parecia tomar o protagonismo da vez.

    Depois de mais alguns dias, chegaram ao vilarejo da estrada, e ele estava exatamente como Colin se lembrava, porém, diferente do resto dos vilarejos pelo qual passou que só se encontrava miséria e lamúria, aquele vilarejo estava bem verde e florido.

    Isso levantou uma pulga atrás da orelha de Colin. Talvez o velho protegesse o vilarejo com seu poder, ou talvez fosse outra coisa, quem sabe outro pacto com outra entidade.

    Colin desceu do cavalo e o puxou pelo buçal. Jogou seu capuz para trás e alguns moradores o reconheceram assim que bateram os olhos nele.

    — Olha mãe! — gritou um garoto — É o elfo negro daquela vez!

    — Colin, o elfo?!

    Os ferreiros que trabalhavam assiduamente na bigorna pararam assim que ouviram o nome de Colin. As mulheres na colheita que faziam o inventário da temporada fizeram o mesmo, e em pouco tempo, todo aquele pequeno vilarejo apareceu para recepcioná-lo.

    Nenhum deles se esqueceu do que Colin havia feito por eles.

    — Senhor Elfo! — disse um ferreiro — Temos galinha em casa, por que não entra para comer?

    — Já experimentou o bolo de Rogof? — disse uma mulher — É uma delícia!

    Todos que o cercavam o convidavam para fazer alguma atividade ou o ofereciam comida. Ele se recordava da comida do vilarejo. Mesmo que tivessem pouco em uma primeira vez, eles haviam mandado bem. Agora com o vilarejo indo bem, com certeza aquilo estaria bem melhor.

    — Tá certo… — disse Colin meio sem jeito — Eu aceito, mas é só por educação…

    — Espera! — disse uma mulher encarando Safira — Aquela é a garotinha da outra vez? Olha como ela cresceu tanto em tão pouco tempo!

    Outra leva de moradores cercou Safira. Mesmo que tivesse amadurecido, ela ainda não havia adquirido maturidade para lhe dar com grandes multidões, ainda mais com uma multidão que a bajulava sem parar.

    O mesmo aconteceu com Leona. As crianças a acharam bem fofa, outros ficaram bem impressionados com aquelas orelhas, as garras e a cauda, se perguntando se era mesmo de verdade. Muitos estavam vendo um pandoriano pela primeira vez em suas vidas.

    Após bem recepcionados, eles foram levados ao grande salão, onde lhe foram oferecidos vinhos, pães frescos e porco assado.

    Mesmo que o dia ainda não tivesse terminado, eles resolveram parar suas atividades mais cedo. Tiveram direito a trovadores com os moradores bebendo e dançando sem parar.

    Logo a noite os alcançou e toda aquela festividade continuou. Colin sentiu dois tapinhas nas costas e virou para o lado, vendo Guily, o morador que o ofendeu de diversas maneiras possíveis quando se encontraram pela primeira vez.

    — Você… — disse Colin de boca cheia.

    — Já faz um tempo! — disse Guily com um sorriso sincero no rosto. — O que trouxe você de volta a este vilarejo?

    Colin terminou de engolir.

    — Estou procurando o ancião, onde ele está?

    — Ele já deve estar retornando, por que não fica e aproveita a festa? Ela é para você afinal. — Ele apontou com o queixo para Safira e Leona. Ambas bebiam vinho de uma caneca bem grande sobre o som de “vira, vira, vira”. Depois que viraram, ambas estavam extremamente coradas e deram um alto arroto. — Aquela garota mudou um pouco, da última vez que veio aqui parecia ter medo da própria sombra, e agora se diverte como se não houvesse amanhã. Elas não são novas demais para beber?

    — Elas são. — Colin também bebeu um pouco do vinho, mas ao contrário de suas companheiras, ele tinha de permanecer são. — Passamos por muita coisa desde que derrotamos o Bakurak.

    — Acredito em você. Ouvimos histórias…

    Colin bebeu mais um pouco do vinho.

    — Que tipo de histórias?

    — Um elfo negro entrou em um ninho de vampiros e saiu vivo. Que esse mesmo Elfo inverteu uma sentença de morte do próprio imperador de Ultan… é você, não é?

    Colin não fazia ideia que as notícias corriam tão rápido. Pelo visto, ele estava ficando famoso.

    — Está escrevendo seu nome na história haha. Eu sabia que você não era normal quando apareceu com uma Asmurg e uma fada. — Ele olhou para os dois lados — Afinal, onde aquela coisinha está?

    — Brighid? Não veio. Ficou no castelo.

    — Castelo? Caramba haha, você ficou mesmo importante hein haha! E aquela garota com três caudas, é sua filha? Sem ofensas, mas ela parece uma versão bonita sua.

    Colin deu de ombros.

    — Não é minha filha. Eu diria que está mais para uma irmã mais nova.

    Guily bebeu do vinho encarando Leona de cima a baixo. A pandoriana sorria e batia palmas conforme o ritmo da música tocada pelos trovadores. Suas caudas pretas com pontas brancas iam de um lado para o outro, demonstrando que ela estava bastante feliz.

    — Quantos anos ela tem?

    “Esse cara não tá pensando em dar em cima de Leona, está? Nem humana ela é. Eu hein…”

    — Ela tem menos de um ano, então nem pense nisso.
     

    Cof! Cof!


     Guily quase cuspiu todo seu vinho.

    — S-Senhor Colin, eu jamais faria algo com alguma de suas companheiras, eu só a achei atraente. Um homem não pode achar uma mulher atraente?

    Colin fez uma cara de nojo, ainda mais porque Leona era ele de sinal trocado. Ouvir isso da boca de outro homem era o mesmo que dizer que o próprio Colin era atraente em algum grau.

    Para esquecer o que acabou de ouvir, Colin deu outra golada no vinho e notou olhos o observarem do outro lado do salão. As garotas com quem ele dormiu da última vez em que ele esteve no vilarejo deram um tchauzinho assim que cruzaram olhares.

    Ele bebeu do vinho mais uma vez e desviou o olhar.

    Decidiu parar de beber por ali, antes que deixasse o vinho falar por si.

    Depois de alguns minutos, o ancião chegou ao grande salão. As pessoas o cumprimentavam conforme ele avançava até Colin. Depois de uma reverência, Guily se retirou para os fundos.

    O velho continuava o mesmo, mas Colin mudou muito desde que viu o velho pela última vez. Estava um pouco mais alto, mais forte, seu olhar também parecia mais afiado.

    — Sabia que você voltaria. — disse o ancião com um sorriso no rosto.

    — Tenho algumas perguntas para você.

    — Eu sei que tem, mas não aqui. — Ele se virou — Me siga.

    O velho se retirou para os fundos e Colin deu uma olhada nas companheiras antes de seguir aquele senhor. As duas continuaram bebendo, virando copos cada vez mais cheios de vinho. Ele ficou preocupado por um momento, afinal, elas eram novas demais para se portarem como um soldado aposentado que passa boa parte do dia enchendo a cara. Ambas eram tão fortes quanto ele, então ele não precisaria se importar em ficar de “babá”.

    Eles se retiraram para o fundo e deixaram o salão, tocados pela luz da lua minguante. O velho caminhava batendo a bengala na neve rala, enquanto Colin estava com as mãos no bolso. O velho continuou em silêncio, seguindo para a floresta que ficava ao lado do vilarejo. Colin não disse absolutamente nada, mas se manteve atento a situação.

    — Você sabia? — perguntou Colin.

    O velho o encarou por cima dos ombros.

    — Sabia o quê?

    — Que eu era um errante?

    — Senti isso, mas não tive certeza. Por isso fiz aquele contrato, e enfim minha dúvida se mostrou correta. Você deve ser o último.

    “O último?”

    — O que quer dizer com isso.

    — Paciência, meu jovem, você já vai descobrir.

    Após caminharem para um campo aberto, o velho arregaçou as mangas, revelando sua tatuagem alva.

    A tatuagem era diferente da de Colin. Enquanto a de Colin era mais tribal e continha dezenas de letras rúnicas minúsculas, a do ancião era redondinha e agradável aos olhos.

    O ancião fez um gesto com as mãos como se girasse uma chave. O ar rachou e logo depois quebrou, criando uma passagem. No portal, não se via nada além de estrelas da galáxia se movendo em espiral.

    — Venha!

    O velho entrou no portal e desapareceu. Colin relutou por um momento, mas seu braço formigava. Ele arregaçou a manga do seu braço direito e viu que sua tatuagem reagia fortemente ao portal.

    Engolindo o seco, Colin ficou encarando o portal por instantes. Aquilo poderia ser outra situação perigosa para qual ele estaria se lançando. Ele havia prometido a Brighid que se afastaria do perigo, mas ele era atraído pelo perigo como moscas se atraiam por carne morta.

    Qualquer que fosse o perigo que o aguardasse do outro lado, ele ignorou a voz de Brighid em sua cabeça e avançou em direção ao portal.

    No portal, ele viu o cosmos girando em um túnel estreito e havia uma porta branca logo a frente. Caminhou sobre aquele chão invisível e cerrou os olhos ao cruzar a porta com uma luz forte.

    O que viu superou todas as suas expectativas.

    Ele estava em uma minúscula ilha no céu que devia ter o tamanho de dois quartos. O velho, estava sentado em um banco de concreto rúnico que ficava na beirada de um precipício sem fim.

    Havia outras ilhas que flutuavam próximas à ilha onde ele estava. Mas não era só isso que flutuava naquele lugar. Uma estátua imponente de um guerreiro de pedra passou na frente de ambos. O guerreiro, de orelhas pontudas, empunhava sua espada para o alto enquanto parecia pisar na cabeça de um leão.
     

    Vush!


     Após Colin dar alguns passos, um Wyvern, voou bem ao seu lado acompanhado de outros cinco Wyvern dos mais variados tamanhos e tipos.

    Nenhum deles pareceu se importar com os dois humanos naquela ilha minúscula. Colin também viu grifos, e pela primeira vez, viu também cavalos alados que comiam capim de pedaços de terra flutuantes.

    Aquele era sem dúvidas um lugar bem descolado da realidade. Mesmo impressionado por dentro, Colin se manteve inabalável por fora.

    Caminhou com cautela e se sentou no banco de concreto ao lado do velho, tendo uma bela vista.

    — Que lugar é esse?

    O velho estendeu a mão e um beija-flor de um verde florescente pousou em seu indicador.

    — Essa é a antiga terra dos elfos negros, ou o que sobrou dela…

    “Elfos negros?”

    — O que aconteceu aqui?

    — Você já deve ter ouvido a história de que os elfos negros quem derrubaram o véu, certo? Isso é verdade, mas não toda ela. As histórias contam que eles foram convencidos por um ser que veio de outro mundo.

    — Um errante? — indagou Colin.

    O velho fez que sim e o beija-flor voou para longe.

    — Diziam que ele era bastante inteligente, um amante da filosofia e da ciência. Os elfos negros ficaram fascinados com sua inteligência e ele era diferente, uma raça nova que eles nunca haviam visto. Aquele homem estudou as runas, a gramática, entendeu as palavras, o cosmos, a vastidão do universo e ele convenceu os elfos de seu plano.

    — Que plano?

    — Aquele homem os convenceu de que poderiam encontrar outros viajantes de outros mundos. Mas para fazer isso eles precisavam derrubar a barreira que os separava.

    — E essa barreira era o véu…

    — Correto! — O velho apontou para baixo — Um portal se abriu bem aqui, abaixo de nós. Aquele homem desapareceu e eles conseguiram o que queriam, porém, teve um preço. O mundo dos elfos negros colapsou. Um número deles foi atraído para o outro mundo, mas a maioria morreu no cataclismo.

    Colin engoliu o seco.

    “Então essa é a outra parte da história”.

    — Preciso da sua ajuda… — disse o velho.

    — Minha ajuda?

    — A identidade do homem que derrubou o véu ainda é um enigma que perdura a milênios. Mas nosso foco não é nele por hora, até porque se ele não apareceu ainda, então significa que ele não quer ser encontrado.

    O fato da possibilidade de alguém assim estar vivo o assustava. Caídos, Drez’gan. Vampiros, parece que a cada dia que passava seus problemas pareciam aumentar exponencialmente. Mesmo que o problema não fosse sobre o homem que derrubou o véu, ele queria saber mais.

    — Espera, o cara que derrubou o véu não pode ser um dos caídos?

    O ancião fez que não com a cabeça.

    — Você ainda é jovem, então vou te contar algo de quando os outros errantes ainda estudavam os caídos. — Colin engoliu o seco — Nos templos abandonados há escrituras que descreviam os errantes, descreviam as essências. Os caídos atuais não são os primeiros a despertarem.

    Aquilo pegou Colin de surpresa, mas um tipo de notícia como aquela só podia significar uma coisa.

    — Está dizendo que caídos podem morrer? — perguntou Colin.

    — Não só podem, como alguns já morreram.

    “O quê?”

    Colin se inclinou para frente e apoiou a mão no queixo.

    Se eles já morreram, então, por que o ciclo não se encerra? Por que eles continuam nascendo?

    — Por que eles continuam voltando? — Colin perguntou.

    — Não são os mesmos que voltam, são outras pessoas, outras raças diferentes. Nossos ancestrais não conseguiram encontrar uma resposta para isso, mas tudo indica que o homem que derrubou o véu é um forte indício de estar por trás disso. Ele deve ser a raiz de todo caos.

    Colin abriu um sorriso nervoso. Ele estava longe das habilidades de Graff, de Drez’gan e muito menos do homem que subjugou a ilha das fadas. Era aterrador pensar na possibilidade de existir um perigo maior que esses três. Ele começava a se perguntar em que buraco ele havia se metido.

    — Senhor Colin. — Chamou o ancião — Eu não queria alarmá-lo, mas o despertar do último caído, a volta dos vampiros e até mesmo cultistas surgindo ligados a Drez’gan. O senhor pode estar ligado a tudo isso de algum modo. “Os outros” estão com medo de você.

    Colin ergueu a sobrancelha.

    — Outros, que outros?

    — Outros errantes.

    — Espera, tem outros? E, por que estão com medo de mim?

    O ancião fez que sim.

    — Ainda não é hora de você conhecê-los. E eles têm medo de você por um motivo simples. A maioria acha que foi você quem derrubou o véu da última vez, e que os eventos atuais que o cercam são para que você o derrube outra vez.

    Aquilo deixou Colin boquiaberto. Ele só tinha 23 anos. Não tinha como ele ser o cara que trouxe caos ao mundo deles, já que ele estava naquele mundo fazia somente um ano.

    — Desculpa ancião, mas você está ficando maluco, você e esses outros errantes. Essa teoria soa bastante absurda.

    — Eu sei que soa, mas você nunca sentiu nada de diferente desde que chegou a este mundo?

    Ele sentiu, sentiu uma sede de sangue que nunca havia sentido na terra.

    Quando matou o homem que tentava abusar de Safira, ele não sentiu nada. Logo depois continuou a matar, e o nada de antes se transformou em êxtase. E ele buscou por confrontos cada vez mais sangrentos. Ele amava isso.

    — Sua tatuagem — o ancião apontou para o braço direito dele — Quando a vi pela primeira vez achei que pudesse ser coincidência, mas algumas coisas até que fazem sentido agora.

    Colin estava começando a ficar nervoso.

    — Que merda de coisas fazem sentido?

    — É idêntica a da errante que nos traiu e se aliou aos caídos.

    — E daí?

    O ancião suspirou.

    — A maioria dos errantes tem marcas diferentes, mas vocês dois tem uma parecida… Em alguns casos as tatuagens podem se repetir, e isso é só quando os errantes com tatuagens possuem algum grau de parentesco… O mais comum é passarem a marca de pais para filhos…

    Aquela foi a gota d’água.

    Colin ficou na frente do ancião e uma descarga elétrica enegrecida envolveu seu braço direito. O ódio estava estampado em seu rosto, um ódio palpável.

    — Você tá falando mais que a língua, velho. Está dizendo que estou relacionado ao genocídio dos Elfos Negros. Isso é bem grave, sabia?

    O ancião suspirou.

    — Como eu disse, a maioria acha que você está relacionado de algum modo com o cara que derrubou o véu, mas eu não acho isso. Então se acalme e me ajude com meu problema vigente.

    Colin desfez seus raios e se sentou do lado do velho, ainda bastante nervoso.

    — Diz logo a porcaria do outro problema antes que eu te jogue daqui de cima.

    Hehe, se acalme. Nosso problema é o seguinte, tem recentemente havido tentativa recorrente de seres do abismo de adentrarem em nosso plano.

    — Drez’gan?

    O velho ergueu a sobrancelha.

    — Você conhece o rei do abismo?

    Colin suspirou e cruzou os braços relaxando no banco de concreto.

    — Digamos que eu ouvi falar dele.

    — Entendi… eu estava investigando um vilarejo que fica no norte do continente, bem no meio das terras gélidas, afastada de tudo e todos. Eles têm relatos de portais que abrem esporadicamente. Fantasmas e demônios de baixo nível aparecem por lá e atacam moradores. Receio que cultistas do flagelo estão tentando evocar algo naquele lugar esquecido por Deus.

    — Cultistas do flagelo?

    O velho fez que sim.

    — É uma religião que acredita que o rei do abismo trará o apocalipse e punirá os impuros, trazendo assim a verdadeira paz ao mundo. Mas e então, vai me ajudar? Estou velho, não sou um lutador, e estamos ficando sem tempo.

    Colin olhou o horizonte pensativo. Ele não queria se envolver nesse tipo de problema por agora, mas ele se viu coagido após ouvir a história do velho. Outra parte dele queria ver o quão forte ficou nesses últimos meses. 

    Ele se lembrou do que Brighid havia dito sobre Drez’gan. Seria um risco deixar com que cultistas que o venerassem agissem de livre e espontânea vontade. Ainda mais abrir portais para evocar fantasmas ou demônios.

    Colin não sabia o que fazer. Por um lado, pessoas humildes estavam sofrendo por algo que provavelmente nem sequer entendiam, já que nos reinos do norte a magia é vista como algo sujo, por isso não é praticada. Do outro lado sua consciência dizia que aquilo era um problema e dos grandes, sem contar que ele não estava sozinho. Safira e Leona estavam com ele.

    Todo aquele papo o havia o deixado confuso. Foi então que se lembrou do que o Bakurak havia lhe dito antes de ele cortar sua cabeça.

    “É bom saber que mesmo se me matarem, seres piores que nós, os seres do abismo, ainda estão soltos por aí, não é garoto?”

    Ele cerrou os dentes e o punho.

    Tentando se acalmar, ele suspirou e olhou para o velho de canto de olho.

    — Preciso pensar. — Disse com certa fúria.

    — Tudo bem. Consegue me dar a resposta amanhã de manhã?

    Colin fez que sim.

    — Consigo.

    — Ótimo, vamos voltar.

    E assim fizeram.

    Retornaram para o vilarejo e Colin encontrou suas duas companheiras dormindo no ombro uma da outra em um canto. O som das festividades havia diminuído, haviam somente meia dúzia de bêbados esmiuçados pelo salão, e a outra parte estava largada pelo vilarejo. Todos bêbados demais para retornar para suas casas.

    Colin foi até uma das mesas e pegou um dos panos, jogando sobre as duas encostadas na parede de madeira. Se sentou ao lado de Safira e cruzou os braços.

    Arregaçando a manga, ele fitou sua tatuagem mais uma vez e cerrou os dentes. Ele não era um monstro, não queria ser. Amanhã ele teria que conversar com suas companheiras sobre toda confusão que se passava no Norte, mas ocultaria tudo sobre as partes mais sensíveis da conversa com o ancião.

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