Índice de Capítulo

    Ting! Ting! Ting 

    Pulando para trás, Stedd se desvencilhou de Norben que segurava uma espada de prata. Ela saltou para trás mais uma vez desviando de um gorila em forma etérea com cabeça de leão que socou o chão onde ele estava.

    Bam!

    Norben avançou mais uma vez e eles trocaram uma saraivada de golpes onde só se ouviu o tilintar da espada de Norben contra as unhas afiadas de Stedd em meio a chuva torrencial. Os dois mantinham o ritmo, era uma luta bem difícil de se acompanhar.

    Caso não usassem a análise mágica, iriam ver somente dois vultos se mexendo de um lado para o outro em meio a chuva e ouviriam o tilintar incessante de lâminas se chocando junto a faíscas que eram lançadas por todo pátio.

    Loafe continuava ao longe com as mãos nos bolsos observando a luta e Remora estava a seu lado com os braços cruzados.

    — Ele é bom com as mãos. — disse Remora competindo com o barulho da chuva — E ele ainda não está sério. Diria que ele está nos testando.

    Avançando, Norben ergueu a espada e a desceu brutalmente, lançando um corte na direção de Stedd, que esquivou para o lado, mas o gorila já estava lá o esperando.

     Pancada!

    Stedd segurou aquele soco poderoso do gorila com uma das mãos, se arrastando somente um passo para trás. No mesmo momento em que Stedd estava lá, ele já não estava mais. O Gorila percebeu o mundo dele virar de cabeça para baixo.

    Crack!

    Stedd havia quebrado o pescoço do gorila e colocado a marca da presa no ombro do espírito. A marca se parecia com a arcada dentária de um tubarão.

    Dentes pontiagudos surgiram debaixo do grande gorila e Stedd saiu de cima dos ombros do espírito evocado num salto. Um tubarão feito de sombras o engoliu.

    Remora abriu um sorriso e olhou para Loafe.

    — Você tem que admitir, o cara é bom.

    Loafe sabia disso, por esse motivo que ele não poderia facilitar.

    — Pare de brincar com ele! — disse — mande logo suas evocações mais poderosas.

    — Entendi! — concluiu Remora — Você também está o testando.

    Sem perder tempo, Remora bateu palmas e três círculos mágicos apareceram um pouco acima de Stedd. Deles, saíram um troll de duas cabeças com cinco metros de altura, um Wyvern e um cão de duas cabeças. Como espíritos, todos eles eram azuis-claros, quase como se fossem formas etéreas.

    Apesar de serem espíritos, seus golpes eram bem reais.

    Segurando uma clava, o troll se preparou para atingir Stedd e o mesmo se preparou para se defender, mas Stedd calculou mal. O troll o atingiu com tudo, lançando-o em linha reta em direção as casas residenciais em um golpe avassalador.

    Estrondo!

    Loafe não deixou de se sentir feliz com aquilo, finalmente Stedd estava começando a ser pressionado.

    — Ele é resistente. — comentou Remora. — Vai precisar de mais alguns desses para derrubá-lo.

    Caminhando pelo rastro de destruição, Stedd estava com sua roupa completamente destruída, mas ele estava inteiro, sem qualquer ferimento.

    Crispando os dedos, Stedd desapareceu.

     Perfura!

    Sorrateiro com sua árvore do silêncio, Stedd apareceu nas costas do troll e perfurou aquela pele rígida com suas unhas afiadas. Retirou as mãos das costas do troll, puxando junto o seu coração etéreo.

    O troll cambaleou e caiu no chão, desaparecendo em pequenas partículas. O Wyvern começou a alçar voou, mas Stedd bateu as duas mãos no chão e um círculo mágico se formou em baixo da fera. Um enorme tubarão, que mais parecia um Megalodon feito de sombras, emergiu do chão e abocanhou o Wyvern. Antes do tubarão de sombras desaparecer, um punhado de tripas e vísceras foram deixadas no chão, se misturando a chuva enquanto desapareciam em partículas.

    Mesmo não aparentando, Stedd estava cansado. Evocar o tubarão gastava muita mana, sem contar que quanto maior a fera que ele devorava, mais mana dele era gasta no processo.

    Num movimento rápido, uma das cabeças do cachorro o abocanhou. Mesmo que fossem forma etérea, não era possível ver o que se passava no interior do animal.

    Depois de alguns segundos, cachorro começou a ganir desesperadamente. Pouco a pouco, o estômago do espírito inchou até que explodiu, espalhando sangue e tripas para todo lugar.

    Enquanto a criatura etérea desaparecia, Stedd saiu do interior do animal coberto de sangue e com vísceras nos ombros que lentamente desapareciam como gelo seco ao ser jogado na água.

    Stedd agachou em cócoras e uma foice negra se formou em sua mão. Ele a poiou no ombro e lambeu os beiços.

    Os alunos encaravam aquilo assustados. Stedd já era bastante assustador antes, com uma foice nos ombros ele se parecia com um ceifeiro. Sem contar que Remora era a melhor invocadora de criaturas mágicas da universidade, sendo até mesmo melhor que alguns professores, e suas melhores evocações não tiveram a mínima chance.

    — Agora é a vez de vocês! — disse Stedd girando a foice.

    Loafe abriu um sorriso.

    — Sua mana está quase acabando. — disse — A única coisa que vai conseguir aqui é a morte. Doran, Norben, acabem com ele!

     Ting!

    Assim que Loafe terminou de falar, Norben avançou, mas Stedd defendeu a tempo com sua foice de sombras. Naquela fração de segundos em que trocaram golpes, Norben viu o cansaço nos olhos de Stedd e decidiu investir com golpes ainda mais pesados e poderosos.

    Ting! Ting! Ting 

    Stedd girava a enorme foice de um lado para o outro, e mesmo pressionado, Stedd não deixava aberturas. Norben continuou pressionando seu oponente, e em meio a troca intensa de golpes, ele conseguiu abrir a guarda de seu oponente. Era isso que Doran estava esperando.

    Cerrando os punhos e segurando uma soqueira com runas gravadas, fogo intenso envolveu os punhos de Doran.

    [Rajada do senhor das chamas].

    Stedd não foi acertado por um ou dois socos, mas por dezenas. Uma saraivada de golpes tão intensa que trouxe várias ondas de choque, fazendo até mesmo os estudantes se protegerem. Assim que Doran terminou, ele saltou para trás, observando um Stedd coberto pelo próprio sangue.

    Loafe sorriu mais uma vez.

    — Se implorar, deixo você viver. — disse Loafe — O que acha, assassino?

    Limpando o sangue do nariz, Stedd abriu um sorriso e tocou um dos joelhos no chão.

    — A gente só tá começando, você será meu prato principal, Loafe!

    — Então o que está esperando para passar pelos meus subordinados?

    Stedd se ergueu e o tempo ao redor dele pareceu ficar mais lento. Ele começou a caminhar para o lado e vultos pareciam deixar seu corpo. Em segundos, Stedd criou vários de si mesmo, como se seu corpo estivesse em eco.

    Loafe franziu o cenho e Remora abriu um sorriso.

    — Uma técnica de assassino?! — disse Remora — parece que Doran já era.

    Doran avançou e Norben fez o mesmo.

     Vush, Vush!

     Eles atingiram uma miragem.

    Stedd estava atrás de ambos e eles sentiram um calafrio na espinha. Norben se virou instintivamente tentando acertar Stedd que estava atrás dele, mas atingiu outra miragem. Seus olhos arregalaram, e ele observou Stedd cingir aquela foice por de cima de seus ombros.

    Vush!

    Stedd fez um corte profundo nas costas de Norben. Não o matou por puro capricho, mas cortar suas costas não eram o suficiente, Stedd queria mais.

    Vush! Vush!

    Stedd girou a gigantesca foice e a perna direita e o braço esquerdo de Norben saíram voando. Foi tudo rápido demais, tão rápido que nem mesmo Norben teve tempo para sentir dor. Sem a perna, Norben pendeu para o lado e assim que estava prestes a cair, o joelho de Stedd atingiu sua boca em um golpe brutal, arrancando-lhe um punhado de dentes.

    [Pancada!]

    Norben rolou até os pés de Loafe deixando um rastro de sangue, mas o próprio Loafe pareceu não ter se impressionado com aquilo.

    — Seu maldito! — berrou Doran cerrando os punhos.

    Stedd desapareceu novamente e Doran olhou para todos os lados o procurando. Seus sentidos disseram para olhar para frente e assim o fez, vendo Stedd segurar a foice bem acima de sua cabeça.

    Vush!

    Doran ergueu os braços em forma de cruz frente ao rosto, mas achou estranho ao não sentir aquele golpe. Erguendo o braço, Doran olhou para baixo, vendo Stedd com a ponta da foice quase encostada no chão após dar o golpe.

    Ele pensou que Stedd havia errado, até ver seus punhos deslizarem de seu braço e caírem no chão.

     Arrrgh!

    Ajoelhando, Doran berrava de dor enquanto olhava para os lugares onde antes ficavam suas mãos.

     [Pancada!]

    Stedd o silenciou dando um chute em sua nuca. Doran tentou se ergueu com os cotocos da mão, mas foi recebido por outro chute, dessa vez no rosto. Com as costas em uma poça d’água, ele se arrastou para trás com os cotovelos, tentando escapar de Stedd, que estava com um semblante sinistro.

    Sua única opção era barganhar com o ceifeiro, mas Stedd não estava nem um pouco a fim de papo.

    — Você está morto! — berrou Doran — Meu pai vai te mat-

     [Chute!]

    Dessa vez Doran ficou no chão, mas Stedd não estava satisfeito. Ficou ao lado de Doran e pisou várias vezes eu seu rosto.

     Crash! Crash! Crash!

    Seu pé subiu no alto e desceu várias vezes, desfigurando por completo o rosto de Doran. O nariz dele estava quebrado, assim como o maxilar, vários dentes, parte do crânio e um de seus olhos saltavam para fora. Stedd arfava como um animal, e seu sorriso de dentes pontiagudos não havia desaparecido um segundo sequer. Stedd foi ensinado a amar a violência e de fato ela a amava. Fazia tempo que ele não se sentia tão vivo.

    — Isso é por encostar essas mãos na pirralha, sua cara é um bônus! — Ele se virou para Loafe — O próximo é você!

    Os membros da guilda ficaram apavorados. Primeiro, um aluno morto na entrada, e ao que parece, Doran também já era. Loafe abriu um sorriso de canto de boca e retirou seu casaco, jogando-o para Remora.

    — Então vamos lá. — disse Loafe estalando os dedos. — Vou destruir o cão de guarda de Colin e depois jogarei seu corpo na frente do quarto dele.

    Loafe tinha a completa vantagem, mesmo depois de Stedd incapacitar seus três principais comandantes. A mana de Stedd estava quase no fim, e ele estava ofegante. Loafe sabia disso muito bem, mas ele não acabaria com Stedd rápido demais, ele era tão sádico quanto o oponente na sua frente.


     

    Toc! Toc! Toc! 

    Despertando, Colin abriu o olho e viu Brighid dormindo sobre seu peito. Olhou para o lado e observou a chuva forte cair do outro lado da janela de vidro. Ele não queria acordá-la, mas logo ouviu novamente três batidas na porta que mais pareciam murros.

     Tum! Tum! Tum!

    Foi a vez de Brighid despertar. Ela coçou o olho e olhou para Colin. Sentando-se na cama, ela jogou a coberta de lado. Se levantou e ergueu o indicador conjurando um orbe de luz.

    — Não quer que eu vá ver quem é? — perguntou Colin ainda deitado.

    — Já estou de pé. — disse ela coçando o olho — Fica aí…

    Ela pisou no chão de madeira frio e deixou o orbe de luz flutuando enquanto amarrava o cabelo em um coque.

    Assim que abriu a porta, viu uma Elfa com um rosto familiar e a Elfa se deparou com Brighid usando nada mais que uma blusa branca que ia até um umbigo e short curto da mesma cor. Foi quando Brighid percebeu que já tinha visto. A Elfa, de cabelo longo preto e olhos azuis, não esperava ver Brighid ali, mas logo deu de ombros.

    — Você…

    — Senhorita Brighid! Pelos deuses, essa é a residência do Elfo negro Colin, não é?

    — O que foi? Parece nervosa…

    — Princesa Eilella firmou uma aliança com sua guilda, então vim aqui avisar vocês, já que ela e parte das garotas saíram da cidade para fazerem missões.

    — O que aconteceu?

    — Aquele cara de cabelo prateado é da sua guilda, né?

    — Stedd? — perguntou Colin aparecendo atrás de Brighid de regata e short. — O que tem ele?

    A Elfa deu um passo para trás ao ver o rosto intimidador de Colin.

    — O-Oi senhor!

    Colin coçou o cabelo bagunçado.

    — O que aconteceu com Stedd?

    Er… bem… ele está enfrentando a guilda de Loafe…

    — O quê? — disseram os dois simultaneamente.

    — B-bem… ouvi dizer que alguns rapazes do Loafe atacaram uma integrante da sua guilda, então senhor Stedd ficou furioso e desafiou a guilda inteira sozinho…

    Colin passou por Brighid e pela Elfa. Chegou no meio do corredor e mana elétrica envolveu seu corpo.

    — Espera Colin! A guilda de Loafe financiada por um punhado de nobres e muitos dos filhos de parlamentares estão lá. Enfrentá-los diretamente é diferente de só desafiar todos em uma festa. As coisas podem ficar bem sérias…

    — Não ouviu o que ela disse? Atacaram alguém da guilda!

    — Eu sei! Mas se formos lá sem um plan-

    — Eu vou na frente!

    Colin desapareceu, deixando apenas um rastro de faíscas no corredor.

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