Vislumbre.
Havia, como em todos os dias, aquela pequena garota de feições infantis, cabeleira louro-rosada e pijama azul de bolinhas que um dia já me pertenceu.
Ela roncava baixo, dormindo abraçada em si mesma, com os pés descalços, bem presos ao teto.
Fixos ao teto, do calcanhar ao peito do pé.
De ponta-cabeça, com os longos cabelos soltos caindo em cascata, até quase tocar o chão.
Havia também, na cama kingsize, uma jovem adulta. Ela se enrolava na coberta abraçando o travesseiro, nua.
Seus chifres arranharam a roupa de cama a cada contração involuntária de frio. Os cabelos negros e desgrenhados repousavam sobre si e sobre a cama de padão florido.
Saindo do quarto, à caminho da cozinha, era possível encontrar uma mulher alta vestindo uma yukata verde, ela bebia um chá junto com seus cabelos. Suas cobras capilares degustavam da bebida, uma de cada vez, enquanto a grega sorria doce.
Houve, por um segundo aquela jovem com olhar raivoso, mas tranquilizou quando eu arremessei o vaso caro mais próximo na parede. Seu olhar suavizou e ela envolveu meu braço com os seus dois, repletos de tatuagens que diziam sobre morte e destruição, encostando o rosto limpo e as orelhas cheias de piercing gelados no meu pescoço, muito amorosa e com nome de licor.
Eu não poderia esquecer, claro, daquela que ficou ao lado da porta, esperando de pé, a minha saída dele. Completamente comum, num uniforme executivo e de olhar sério, ela arrumou o óculos no rosto, o diabo me esperava para começar o dia.
Um dia, como qualquer outro.
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