Capítulo 12 - Dimensão Artificial
Eu não sei bem como isso aconteceu, mas antes que percebesse, estávamos correndo de centenas de monstros verdes com pequenos chifres.
— EU FALEI PRA GENTE ANDAR JUNTO! — gritei para Akira.
— EU SEI! EU JÁ PEDI DESCULPA!
— Acho que posso dar um jeito! — Noelle então parou de correr e se virou para os bichos que nos perseguiam.
— Noelle?! O que tá fazen…
— LIGHTING!
Para minha surpresa, Noelle soltou uma grande descarga de raios acabando com todos os monstros.
Eu e Akira ficamos boquiabertos com aquilo, mas não paramos de correr.
Ponto de Vista de Noelle:
“Não saiu como eu esperava… preciso praticar mais…”
Durante esses 6 meses, sinto que não treinei o suficiente, eu tô muito longe de me tornar uma bruxa de verdade e só pensar nisso não iria me ajudar em nada.
Errar um golpe simples dessa forma, me fez lembrar de quando tentei pela primeira vez.
— Agora despertou seu núcleo mágico como uma Bruxa Relâmpago, tente usar uma simples descarga elétrica em mim — disse Galliard de braços abertos
— T-Tem certeza? — eu estava com receio de machucá-lo e ser repreendida, então, com muito nervosismo, atirei um raio em seu peito.
Acabei errando a potência e a direção do ataque e disparei um pequeno raio ao seu lado, como uma faísca, se não conseguisse controlar a força de meu ataque, não saberia quando iria passar do limite.
“A partir de agora devo ser mais cuidadosa, se errar um ataque desses, posso feri-los”
Pensamos ter acabado com os monstros da área até que ouvimos mais passos se aproximando rapidamente.
— Continuem correndo! Eu dou cobertura!
— A gente não planejava parar!
“Ainda não aperfeiçoei essa técnica, mas preciso tentar” enquanto corria, juntei meus dedos e canalizei minha mana no centro formando uma bola de raios.
Tomei uma certa distância dos monstros e disparei a bola de raios para frente sem soltar os dedos. A bola se dividiu em 4 pontos menores se espalhando para os 4 cantos da caverna.
— O que é isso? — gritou Saki.
— CONFIA! — não tinha tempo para explicar, eles estavam se aproximando muito rápido.
Assim que alcancei os 4 pontos trovejantes, juntei a palma das mãos e ativei minha habilidade.
— THUNDER NET!
Os 4 pontos se interligam, formando uma grande rede de raios e cobrindo toda a passagem.
Os monstros que tentavam passar pela rede eram eletrocutados e fritos, mas a rede ia se enfraquecendo com o tempo.
— FODA DEMAIS! — ambos disseram em um grito.
— Não vai durar muito tempo, mas talvez a gente consiga sair da cola deles! — Meu coração estava explodindo de alegria, não apenas por ter tido sucesso, eles terem elogiado o meu ataque foi o que me deixou mais feliz.
Depois de bastante tempo correndo, sentimos que estávamos seguros e finalmente paramos.
— O que eram aqueles monstros? — perguntou Saki ofegante.
“Eram Diabos Verdes, criaturas hostis, porém fracas. Sempre andam em bando para compensar sua fraqueza usando suas garras e às vezes armas de pequeno porte. Eles se assemelham com demônios… verdes… O nome já explica”
— Você vai falar com a gente sempre que perguntarmos algo? — indagou Akira.
“Depende”
— Onde é que ta a chave?
“…”
— Você realmente achou que ele iria responder? — disse Saki em um tom irônico.
— Ele disse que depende!
— Quão estúpido você é?
— Quem você tá chamando de estúpido?
Não pude conter o riso naquela situação, era a primeira vez que eu me divertia com outras pessoas, apesar de que poderíamos estar mortos há alguns minutos atrás.
— Noelle — eu estava presa em memórias antigas até que Saki me trouxe de volta ao presente e atrás dela era possível ver Akira com um grande galo na cabeça. Com os olhos brilhando, Saki se aproximou e segurou minha mão — Você pode atirar raios?! Que DAORA! Desde quando você consegue fazer isso? Esse chapéu significa que você é uma bruxa, não é? Você é uma bruxa de raio?! — Saki me encheu de perguntas, mas me assustou o fato dela ter feito perguntas que ela parecia já saber a resposta.
— É por aí… O certo é Bruxa Relâmpago, mas eu acho meio breg…
— Bruxa Relâmpago? Muito foda! Dá uma certa imponência e tal.
— Você acha?
— Noelle, A Bruxa Relâmpago… É, é bem legal!
— O-Obrigada…
— Vocês duas, é melhor a gente ir andando antes que apareça mais monstros — disse Akira.
— Verdade! Não sabemos quais monstros tem por aqui, não é bom baixar a guarda.
— Relaxa, qualquer coisa eu acabo com um soco! — exclamou Saki de forma arrogante.
— Não foi você que tava correndo dos Diabos Verdes?
— É que eu não sou boa contra grandes quantidades — respondeu limpando a garganta.
Continuamos o caminho em silêncio. Saki tomou a frente, enquanto eu e Akira olhávamos a retaguarda.
Após uns bons minutos andando sem encontrar nada, nos deparamos com três caminhos diferentes.
— E agora? pra onde vamos?
— Melhor andarmos juntos… — respondeu Akira pouco tempo depois de ter ido sozinho e voltar com centenas de Diabos Verdes.
— Tá, mas pra qual lado? — perguntou Saki.
— Qualquer um, é só dar meia volta se der errado — Uma sugestão imprudente, porém não tínhamos muitas opções.
— Vamos pela direita então — disse Saki.
Seguimos o caminho escolhido por Saki, o que durou uma longa caminhada e eu estava começando a me cansar de todos esses corredores quase infinitos. No meio do caminho decidi plantar uma esfera de raios para nos localizarmos melhor, mas o problema começou quando nos deparamos com outra divisão.
— De novo? — resmungou Akira.
— Talvez isso seja um labirinto.
— Acredito que temos que acertar a ordem dos caminhos para passar — sugeriu Saki.
— Vamos pelo meio dessa vez.
Passamos pelo corredor do meio, novamente uma longa caminhada onde outra pus uma esfera de raios por ali.
No fim, nos encontramos mais uma vez com outra divisão.
— É sério isso?! — Akira é o que parecia mais incomodado com a situação.
— Pelo menos só resta um caminho — tentei confortá-lo um pouco, mas não funcionou muito bem.
— Noelle está certa, não tem como errarmos agora.
Na verdade, era possível e assim fizemos. Mais uma vez estávamos entre três caminhos diferentes.
— EU NÃO AGUENTO MAIS! — gritou Akira.
— Tá, eu não sei mais o que fazer.
Todos nós estávamos confusos, não conseguia pensar o que poderia estar errado, até que veio um estalo em minha mente.
Eu tomei a frente, estendi meus dedos e disse:
— Teia de Aranha!
Meus dedos se ligaram às esferas de raio que coloquei em todos os corredores, formando uma teia eletrizante.
Todos os fios de elétricos mostravam o caminho para as esferas que coloquei pelo caminho, o que me assustou foi o fato de todos os fios se ligarem às esferas à nossa frente.
Passamos por todos os caminhos, de forma lógica, eles deveriam estar atrás de nós, mas não foi o caso.
— É um loop — disse Saki.
— Um loop? Mas por quê?
— Eu não faço ideia. Os fios nos levam a lugares que já passamos. De alguma forma, temos que achar um jeito de acabar com esse loop — O raciocínio de Saki foi extremamente rápido e certeiro, fazendo com que eu e Akira nos surpreendessem.
— O que foi? É óbvio — disse em resposta a nossas expressões — de qualquer forma, a melhor forma de descobrirmos como parar esse loop é se dividindo, assim a gente poupa tempo. Sabemos que pra chegar até aqui é só andar pelo corredor, então esse será nosso ponto de encontro — as instruções de Saki eram bem simples e aceitáveis, tínhamos mais chances dessa forma.
— Certo! — decidimos então cada um seguir por um corredor.
Eu fui pelo lado direito, enquanto Saki foi pelo meio e Akira pela direita.
À medida que passava pelo corredor, as chamas das tochas balançavam cada vez mais, como se houvesse um forte vento soprando.
O silêncio foi tomando conta, tudo que conseguia escutar eram as goteiras e meus passos. Eu olhei para os lados para garantir que não havia ninguém por perto e ao confirmar estar sozinha, tirei o chapéu e levantei minhas orelhas. Usei minha audição e faro apurados para tentar encontrar algo a mais.
Infelizmente não tive sucesso, mesmo fechando os olhos para me concentrar, tudo estava conforme a primeira vez que passamos por aqui. Ainda com os olhos fechados, continuei andando com a mão na parede usando apenas o tato.
Eu senti meu corpo colidindo com algo duro feito pedra, me fazendo desequilibrar e cair. Erguendo meus olhos, vi que não havia mais passagem pelo corredor. Eu cheguei ao fim.
Eu olhei para trás e também vi que as tochas estavam todas apagadas. Tentei usar a “Spider Web” para encontrar um caminho, mas não consegui fazer nenhuma ligação.
De repente escutei um grande estrondo vindo da esquerda e lembrei que Saki estava naquela direção e grito:
— SAKI?
Não obtive uma resposta e o silêncio começou a tomar conta do lugar. Abaixo de mim, escutei sons de rachadura aumentando cada vez mais e quando olhei para baixo, o chão se despedaçou em milhares de partes me fazendo ter uma queda livre.
— UAH! — gritei pelo súbito susto que levei, mas logo tentei me acalmar.
O buraco onde estava caindo era longo, estreito e havia uma luz branca em seu final. Sem escolha, fui me aproximando dessa luz e passei a enxergar alguns elementos.
A luz revelava um lugar completamente diferente da caverna. Um enorme gramado, com muitas pedras e poucas árvores ao redor. O buraco ia chegando ao seu fim e ao passar pela luz, consegui ver o ambiente por completo.
Além do campo gramado, era rodeado por nuvens e um sol que iluminava todo o local. Também existia uma área coberta por terra, onde circulava por ali um monstro quadrúpede com o corpo coberto por grandes rochas. Ao lado dessa área havia uma pequena vila com casas destruídas cobertas por um pouco de musgo e um grande milharal à direita.
Infelizmente, o monstro que estava pacificamente comendo pedras com sua enorme mandíbula olhou para o céu e me viu despencando.
Ele soltou um rugido alto o suficiente para ser ouvido até mesmo no mundo inteiro. Meus ouvidos super sensíveis gritaram de dor e eu tentei cobri-los rapidamente. Seu rugido fez com que me desligasse completamente do mundo, focando apenas em suportar a dor em minha cabeça.
Em uma tentativa desesperada de não ser esmagada pela gravidade ao cair no chão, lancei mais quatro esferas de raio no meio do ar e as usei para criar uma rede que amorteceria a queda, se eu não fosse apenas uma iniciante.
Mesmo usando a rede, ela não era resistente o suficiente e eu a atravessei com tudo, acertando o grande gramado no chão.
Mesmo não tendo parado minha queda, a rede diminuiu minha velocidade e fez com que eu não me ferisse gravemente.
Tentei me levantar apoiando minha mão direita no chão, mas senti uma grande dor no braço, que fraquejou e me derrubou novamente.
Quando consegui finalmente me levantar, uma muralha de pedras se ergueu subitamente à minha frente, se eu estivesse alguns centímetros para frente, teria perdido minha cabeça.
Passos pesados e velozes começaram a vir em minha direção, o chão tremia a cada passada e quando olhei no horizonte, o monstro que parecia uma pequena montanha com patas apareceu em minha vista vindo com uma sede sangue insaciável.
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