Capítulo 87 - Subversão
Ponto de Vista de Jenny
Eu e meu esquadrão voltávamos para uma cidade próxima de Nebuloria após resgatar o máximo de soldados que conseguimos naquele dia. A noite fria caía sobre os nossos alojamentos enquanto eu retirava minha armadura, mantendo apenas minha roupa de pano e malha.
— Acha que trouxemos todos os sobreviventes? — meu irmão caçula, Cesar, perguntou.
— Sim… — respondi brevemente ao cruzar as pernas em um colchão e apoiar minha espada em meus joelhos — Infelizmente, não foram muitos e os que sobreviveram estão muito feridos.
— Acha que pode ter sido aquele homem? — lembrando do embate que tive mais cedo contra um homem alto e de cabelos negros.
— Não parecia ser do feitio dele — disse, limpando minha espada com um pano — Além disso, se ele fez tudo aquilo, por que não teria feito o mesmo com a gente?
— Talvez ele goste de brincar com a presa. Ele não atacou uma única vez, mas depois daquela onda de choque, ele saiu na mesma velocidade que chegou. O que foi aquilo?
— Eu não faço ideia.
“Tsssk…” nosso intercomunicador apitou de repente “ALERTA URGENTE PARA TODAS AS FREQUÊNCIAS MILITARES! Aqui é a Central de Comando transmitindo para todas as unidades em campo. ATENÇÃO! O Rei Antariano, Frost, confirmou que uma criminosa de guerra altamente perigosa foi identificada na zona de conflito.
Atende pelo nome de Saki Nakamura, mais conhecida como ‘Demônio Púrpura’. Classificação: EXTREMAMENTE PERIGOSO. Última localização confirmada: Ruínas no Pântano Calum” um holograma azul se projetou a partir do intercomunicador, criando uma imagem das coordenadas da sua última localização “A criminosa tem em sua ficha, crimes como: homicídio, tortura, sequestro, genocídio, tráfico de drogas, terrorismo, corrupção, falsificação, tomada de refém, uso de armas químicas e mais uma série de crimes hediondos.
Caso contato direto com o inimigo, NÃO ENGAGE SOZINHO, reporte imediatamente e busque reforço com um capitão ou um soberano. Todos os soldados devem reforçar segurança em postos avançados e checar identificações rigorosamente! Unidades de reconhecimento, redobrem a vigilância. A caçada começou. Este é um inimigo sem escrúpulos, um monstro que precisa ser eliminado antes que cause mais estragos. Mantenham os olhos abertos, soldados. Repito: O DEMÔNIO PÚRPURA ESTÁ SOLTO!”
Ao finalizar a mensagem, mais um holograma surgiu, a imagem da criatura maléfica, pela primeira vez divulgada. Eu não podia acreditar nos meus olhos. Eu não podia deixar de me questionar, como deixei isso passar bem debaixo do meu nariz?
Ponto de Vista de Saki:
— Onde você tava? — gritei ao questionar seu sumiço, me levantando e andando em sua direção — Faz tanto tempo!
— Eu tinha algumas coisas pra resolver.
— Misterioso como sempre, você não mudou nada.
— Já você… — Shosuke andou tranquilamente até a fogueira e se acomodou — está bem diferente do que era.
— Eu ainda sou a mesma! — o acompanhei — Adoraria botar o papo em dia, mas tem muita coisa rolando agora — disse cabisbaixa, olhando para os meus amigos desacordados no chão — o que quis dizer com “apesar do que eu fiz”?
— Todos os crimes que cometeu, todas essas mortes, por que fez isso?
— Do que porra você tá falando? — gritei, fazendo minha voz ecoar pela caverna— Eu passei os últimos 2 anos treinando numa floresta!
— Então era verdade… — divagou sozinho — Aquele sujeito, Ego, usou a Coroa Carmesim e fez com que a memória de todas as pessoas fossem alteradas. Todos os crimes que ele cometeu foram pra sua conta. O mundo inteiro acredita que Saki Nakamura é uma terrorista, uma das ameaças mais perigosas que já pisaram no Éden — Shosuke explicou calmamente, com seu semblante inabalado.
— Tá, sei… — desacreditada, achando ser uma tentativa falha de piada— você nunca foi disso mesmo.
— Exatamente — me olhou fixamente.
Aquilo era surreal demais para mim. Várias perguntas se formavam na minha mente, mas a maior e mais simples delas era: “por que?”.
Mesmo sem querer acreditar, eu pude ver, através dos olhos escondidos do meu amigo que ele não estava brincando. Ele estava convicto de suas palavras.
— Tsc… — suspirei, cedendo a ideia — Se isso não é uma grande piada de mal gosto, como é que você sabe sobre isso?
— Se eu contar, o resultado que quero evitar ainda pode acontecer.
— Você não se ajuda, não é? — desapontada.
Meu coração se enchia de ódio, remoendo o meu erro de ter me envolvido com aquele desgraçado.
— Huh? — um grunhido bem ao meu lado.
O ódio se transformava em alívio ao ver Noelle e Akira acordando sobre uma poça d’água.
— Noelle! — eu avancei rapidamente, pondo minha mão em seu ombro e verificando se ela estava inteira
— O-O que aconteceu? — Akira perguntou, se levantando rapidamente
— A gente levou uma surra.
— AH! EGO! — ela gritou, se levantando pronta para caçá-lo.
— Já foi — tentei acalmá-la segurando em seu pulso.
— NÃO! EU VOU ATRÁS DELE!
Apesar do alívio, sua atitude voltava a me preocupar.
— SE ACALMA MULHER! — eu a chacoalhei pelos ombros, trazendo seus olhos estarrecidos para mim — Ele fugiu, a gente perdeu! Sossega!
— Sossegar? — ela rugiu de volta, me empurrando — VOCÊ TA ME PEDINDO PRA SOSSEGAR? Ego está com Galliard, ele tá criando monstros surreais, matando inocentes a troco de nada! E VOCÊ QUER QUE EU SOSSEGUE?
— Você percebeu o que cê ta fazendo? VOCÊ É A PESSOA MAIS INTELIGENTE QUE EU CONHEÇO E TA AGINDO IGUAL UMA IDIOTA! Atacando sem pensar, agindo sem pensar! Você caiu nas provocações de Ego e foi derrotada com um único golpe! Podíamos ter descoberto mais, impedido que tivesse fugido, mas não foi aconteceu, tudo porque você não conseguiu ficar calma nem por um segundo!
— Deve ser muito fácil, não é? — mesmo com uma voz amena, suas palavras continuavam agressivas — Manter a calma… já que nada disso importa pra você. Você não é desse mundo, nada disso faz parte da sua vida! Sempre teve uma vida fácil, sempre teve alguém pra se apoiar e ainda assim, mesmo depois de ter se separado do seu pai, ele continuou cuidando de você! Mas eu não sei se você sabe, nem todo mundo teve uma boa vida! Esse é o meu único mundo! Isso é tudo que minha mãe me deixou! Isso é tudo que eu preciso proteger!
As lágrimas se prenderam em minha garganta. Acredito que em toda a minha vida, nunca foi tão difícil segurá-las.
— Quando cheguei aqui, tudo era muito assustador, eu fingia que não, mas eu só queria chorar e voltar pra casa.
Em uma explosão de sentimentos, eu caminhava para mais fundo da caverna, passando por Noelle sem conseguir olhar em seus olhos.
— Esse não é o meu mundo — eu cerrava os punhos, segurando minhas emoções — Mas é aqui que todos com me importo estão, é aqui que VOCÊ está! Enquanto eu ficava enfiada no quarto, eu sonhava em viver uma aventura igual a dos livros que lia e, querendo ou não, isso aconteceu no dia em que te conheci e então construí uma vida aqui. Já passei noites sozinhas chorando, querendo que meu pai voltasse pra casa. Já chorei demais esperando que as coisas acontecessem, não posso mais me dar a esse luxo enquanto tudo que eu sempre sonhei está em perigo. ENQUANTO O SEU MUNDO ESTÁ EM PERIGO! Então me desculpe se eu tô tentando manter a minha calma, mas alguém tem que fazer isso!
O silêncio desmoronava a caverna em que nos escondíamos. Noelle, de costas para mim, mordendo seus lábios com pura fúria e angústia, correu para fora da caverna, enquanto eu apenas me sentava numa parede ao fundo, buscando nada em minha mochila e fingindo não estar abalada.
— O que Ego fez? — Akira se aproximou após um tempo, de forma desconfortável e desajeitosa, quebrando aquela quietude assombrosa.
— Ele fez um desejo, ou algum tipo de feitiço… só sei que agora, todo mundo acredita que eu sou uma criminosa de guerra.
— Ainda tem isso? — disse espantado — Mas como tem tanta certeza?
— Pergunta pra ele — apontando para Shosuke, que permaneceu quieto todo esse tempo.
— Quê que cê tá fazendo aqui? — novamente, surpreso.
— Como não tinha me visto?
— Você tá parado aí parecendo uma assombração, eu nem te notei!
Shosuke explicou rapidamente para Akira o mesmo que explicou a mim.
— A gente tem que ir pra Antares! Kaiser e Layla devem estar em perigo! — meu amigo esbravejou preocupado.
— A Coroa Carmesim está lá, se conseguirmos pegá-la, podemos reverter a situação.
— Não vai ser tão fácil assim, provavelmente qualquer um que for visto comigo vai ser considerado cúmplice, não posso colocar vocês nessa situação.
— Isso não importa!
— É claro que importa…
— Então que a gente faz? Vai ser impossível entrar naquele lugar!
— Huh… — eu soltei minha cabeça dando um suspiro exausto, eu não ia conseguir pensar em nada naquela noite — Amanhã a gente vê isso, por agora, é melhor a gente descansar.
Desde que a conheci, sempre vi a Noelle como uma pessoa machucada e frágil, alguém com dores e traumas que eu nem podia sequer fingir que entendia. E por isso, sempre engoli minhas frustrações em prol de apoiá-la, tudo porque eu me importava com ela. Porque eu a amava.
Em meio a frustração e a ingratidão, eu me virei para a parede, me afogando em pequenas lágrimas que escaparam no fim da noite.
Ponto de Vista de Noelle:
— RAAAH! — imersa em um grande surto de fúria, eu rugia aos céus, dilacerando e arremessando pedras e árvores em um grande lago perto da caverna.
Minhas garras trovejantes se estendiam como grandes manoplas até os ombros, agitando meus cabelos com um imenso poder.
Eu não estava com raiva do desgraçado do Ego, muito menos estaria com raiva da minha amiga. Minha ira, todo esse ódio que percorria pelo meu corpo era direcionado a uma única pessoa, a única pessoa que eu via no reflexo da água.
Disse coisas nas quais não me orgulho, coisas que me arrependi no momento em que abri a boca. Fui egoísta, idiota e uma péssima amiga. Eu queria voltar para me desculpar, mas não tive coragem para tal e ao invés disso, apenas me deitei ao lado da caverna, escondida entre algumas pedras enquanto remoía o passado.
No dia seguinte, eu acordava com alguns murmúrios vindos de dentro da caverna.
— Nossa melhor opção é pelo mar — Akira comentou de forma sucinta — Não vão nos reconhecer no meio do oceano.
— Concordo — eu me surpreendia ao ouvir a voz de Shosuke após tanto tempo — Também vai ser mais rápido do que o caminho a pé.
— E como vamos passar pela muralha? Deve estar ainda mais difícil do que já era! — meu coração disparou quando Saki começou a falar.
— Vocês estiveram lá dentro por muito tempo, não tem nada que possamos usar?
— Saki foi a única que se envolveu com as atividades do governo…
— Eles conseguem detectar minha assinatura de mana. Não importa o que eu faça, assim que pôr o pé naquela cidade, eles vão saber.
— Como foi que entraram da primeira vez?
— Eu não sei, Ego falou com algumas pessoas na entrada e elas nos deixaram passar sem problema.
— Se ele tem Frost do seu lado, é certo de que ele também tem alguns guardas quaisquer — comentou Shosuke.
— Se esse é o caso, podemos usar isso ao nosso favor, não é? Temos uma criminosa com a gente!
— É difícil dizer se vai funcionar, e mesmo se funcionasse, isso não resolve o problema de esconder nossa identidade.
— Um passo de cada vez! Ainda temos alguns dias até chegar lá!
— Certo! Então vamos logo!
Ambos estavam prestes a sair, quando enfim apareci, apertando e esfregando meu braço direito com a minha mão esquerda, envergonhada pela noite anterior.
Saki parecia paralisada, mas não abalada ou surpresa, por alguns segundos, enquanto Akira e Shosuke esperavam um movimento de uma de nós.
— Eu-
— Vamos procurar um barco e voltar pra Antares — ela me interrompeu antes mesmo que pudesse falar, passando por mim sem ao menos olhar nos meus olhos — devemos chegar em alguns dias.
Eu não podia culpá-la, ao menos, ela ainda falou comigo, mesmo que fosse apenas o necessário.
— Toma — Akira jogou uma maçã para mim, logo antes de acompanhá-la. Ele pôs a mão sobre meu ombro, continuando — Espera ela esfriar a cabeça, você vacilou legal…
As palavras duras de Akira eram como estacas de ferro perfurando meu coração. O arrependimento me tirou sono e toda a vontade que tinha de seguir em frente, estava me corroendo, me matando de dentro para fora.
— Que bom que está bem — Shosuke me cumprimentou com a cabeça, caminhando também para a saída da caverna.
Eu os segui, sem muita escolha, em um silêncio que culminava no clima extremamente desconfortável.
Ponto de Vista de Saki:
Nós caminhamos por cerca de duas horas, apenas ao som de nossos passos na trilha arenosa.
— Estamos perto — Akira enfim quebrou o silêncio.
— Certeza?
— Tá sentindo esse cheiro? — respondeu enquanto dávamos uma boa fungada no ar — É a maresia do mar.
— Agora que você falou, realmente dá pra perceber. Mas tem certeza de que vamos conseguir achar um barco lá?
— Se a gente não quiser cruzar o oceano nadando, é melhor rezar pra acharmos um.
Depois de mais alguns tortuosos minutos caminhando, ainda me lembrando dos últimos acontecimentos, felizmente chegamos em uma pequena baía, onde vários marinheiros atracavam seus barcos para um breve almoço.
— Que sorte do caralho… — disse, abismada ao ver a quantidade de barcos na água.
— Agora é só pedir uma carona, não tem como dar errado! — meu amigo buscava um marinho no seu campo de visão, ainda meio escondido atrás de algumas árvores.
— Eu vou lá falar com algu-
— Você tá maluca? — Akira puxou meu braço de volta imediatamente, só faltou me bater — E se te reconhecerem?
— Tsc! Já tinha me esquecido dessa merda! — resmunguei aos céus.
— Eu resolvo isso, vocês esperam aqui.
Assim que ele saiu, eu me virei rapidamente, suspirando pela chatice da situação. Naquele momento, meus olhos se encontraram com os de Noelle por um instante e novamente, um sentimento de frustração me atingiu com força.
Eu nem mesmo estava com raiva, apenas… triste. Eu queria falar com ela, mas, ao mesmo tempo, não queria. Talvez fosse o meu orgulho que me impedia, ou fosse o medo do que seria sua resposta, ou até mesmo uma parte de mim que queria virar as costas para ela e ir embora. Eu não sabia o quê, o único fato era que tudo que fiz foi desviar o olhar e fingir que não havia a visto.
Clima gostosinho enquanto esperávamos.
Aproximadamente 10 minutos após sua partida, Akira finalmente retornou, com um manto escuro em seu ombro e um sorriso no rosto.
— O carisma da mãe e a lábia do pai — vangloriou-se, jogando o manto sobre minha cabeça — não tinha como dar errado!
— A… fazer o que né… — resmunguei, pondo o manto por cima dos ombros — conseguiu um barco?
— Claro, um cara estranho disse que já faria uma viagem para lá e não se importaria de nos dar uma carona.
— Um cara estranho que vai dar carona de graça? Você tá de sacanagem, não tá?
— Você tinha que ver o caos que tá aí fora — respondeu, se sentando ao meu lado — Parece que tem uma recompensa pra quem te encontrar. Papo de mudança de vida! Alguns só estão com medo e querem ficar seguras, mas a maioria deles sabem que estamos na região e acreditam que vamos tentar fugir pelo mar.
— Não me surpreende.
— Por sorte, só o seu rosto foi exposto. Eles não sabem que você não age sozinha!
— Dá pra parar de falar como se eu realmente tivesse feito alguma coisa?
— Errr… do que vocês estão falando? — Noelle perguntou de repente. Afinal, ela havia corrido antes mesmo de ouvir o que tinha acontecido.
Akira e Shosuke a explicaram tudo que sabíamos, enquanto esperávamos para partir. Enquanto isso, meu pequeno demônio de estimação conversava comigo telepaticamente.
— Cê tá legal?
— Agora é uma boa hora de ler a minha mente.
— É mais educado perguntar…
— Não tem a menor chance de você ser um demônio… — mais uma vez, suspirando. Me encolhendo dentro dos meus braços e joelhos.
— Não vou questionar seus sentimentos, mas você sabe que ela não quis dizer aquilo.
— Mas foi o que ela disse.
— Eu não li a sua mente porque simplesmente não consigo. Tá tudo embaçado ai dentro.
— Jura? — perguntei ironicamente, revoltada.
— Vocês se amavam. Agora se odeiam. Então por que continua andando com ela?
— Não é bem assim…
— Esse tal de “amor” nunca nem chegou perto no inferno. Eu não consigo entender.
Mesmo não sendo um demônio, eu me sentia igual a Anzu, sem conseguir compreender meus próprios sentimentos.
— Por quanto tempo a gente vai ficar esperando? — os interrompi, numa tentativa de me esquivar dos meus pensamentos.
— Não muito, já deve tá na hora! — Akira se levantou rapidamente.
Eu cobria meu rosto com o capuz embutido no manto, andando pela praia como uma foragida. Um pouco mais distante dos barcos de luxo atracados na areia, nós nos aproximávamos de um bergantim um tanto quanto acabado. Suas velas eram pretas como a noite e sua Jolly Roger era a mais macabra de todas. A caveira em sua bandeira era destruída por uma espécie de criatura marítima, esmagando o crânio com tentáculos.
— Você não tinha medo do mar? — a voz de Anzu ecoou na minha cabeça.
— Você não se atreva a abrir essa boca! — respondi esmagando meu braço.
Procuramos pelo capitão ao redor do barco, mas sem sucesso, até, de repente, ouvir uma voz grave e claramente velha soar.
— Alguns passageiros vão se juntar a viagem, espero que não tenha problema!
— Contanto que eu chegue, isso não é da minha conta — uma voz feminina e familiar, respondeu.
Akira tomou a frente, caminhando até a frente do barco pútrido. Nós subimos por uma rampa de madeira, vendo, já dentro do barco, um homem alto e robusto junto a uma mulher de cabelo curto e rosa.
O homem possuía um cabelo longo e ondulado, semelhante aos tentáculos de um polvo, com ombros largos e uma postura confiante. Suas vestes eram típicas de um pirata, todas em um tom majoritariamente preto e branco, com acessórios, como braceletes e brincos, dourados. Apesar de parecerem confortáveis, estavam extremamente desgastadas, dedurando seus anos de experiência. Em seu pulso direito, ele carregava uma espécie de pulseira especial, algo que estava claramente fundido ao seu corpo. Mesmo com toda a sua bijuteria barulhenta, o que mais chamava atenção para si era a carcaça de um monstro peludo que cobria seus ombros como uma capa.
— Ahá! — grunhiu ao nos ver — Lá estão eles! — jogando seu dedo indicador em nossa direção.
— Então são vocês! — Gwen, a garota vampira, parecia reclamar.
— Puta merda… — eu estava prestes a retirar meu capuz, acreditando que já não serviria mais.
— Há quanto tempo! — meu amigo gritou, puxando meu capuz de volta — Pensei que nunca mais te veria!
Akira avançava, tentando distraí-la.
— Já se conhecem? — o capitão perguntou.
— Lutamos juntos uma vez!
— A maior perda de tempo da minha vida… — murmurou sutilmente.
— Eu sou Vysage, o capitão do navio Davy Jones! Se dispensam apresentações, VAMOS ZARPAR!
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