Capítulo 91 - Novamente um Campo de Batalha
Em todas as minhas lutas, eu conseguia dizer com clareza que ganharia dos meus oponentes. A frustração da derrota nunca veio dela por si só, e sim pelo fato de que eu era capaz de vencer, mas ainda assim perdi. De qualquer forma, ao olhar para as duas figuras marinhas aterrorizantes, pela primeira vez desde que perdi para Samaell naquela mesma ilha, eu não sabia se seria capaz de vencer aquilo
Minhas pernas paralisaram com a ansiedade, ao mesmo tempo que eu abria um sorriso nervoso, com certa vontade de lutar. Não sabia se era o desafio de derrotá-los, ou uma vontade suicida desesperada, o único fato era: meus punhos estavam sedentos por uma batalha.
— Nem pense nisso! — Anzu chamou na minha mente.
— O quê?
— Eu sei exatamente o que você tá pensando, esqueceu?
— Você é um pé no saco!
— Ignore-os!
— Que merda você tá falando?
— A nossa prioridade são aqueles dois! — disse, guiando minha atenção para Zethar e Sorun — Mesmo que derrotemos os guaridões, o que sinceramente eu acho bem difícil, não vai servir de nada se aqueles dois escaparem. Vamos continuar presos aqui.
— Tsc! Tá certo… — resmunguei sutilmente.
O chão tremia a cada pequeno e lento movimento dos guardiões, encurtando cada vez mais o nosso tempo.
— Disse que precisamos deles, não é? — perguntei para Noelle, olhando destemidamente para a dupla.
— Sim!
— Se é assim, não podemos deixar que eles escapem — cerrei meus punhos, me segurando ansiosamente — Quais as chances de vencerem esses guardiões?
— Tá de sacanagem, não é? São quase zero! — Akira reclamou, ainda assim, invocando suas Brasas do Jardim, recuperando nossas forças.
— Então não são zero! — respondi, rindo — Akira, Shosuke e Gwen, vocês cuidam do Leviatã. Karayan e Vysage, o Kraken é todo de vocês.
— Desde quando você dá as ordens? — Karayan questionou instantaneamente.
— Relaxa! Assim que eu terminar aqui, eu vou te ajudar! — virei meu rosto com uma expressão debochada para ele.
— ZAHAHAHAHAHA! Você é realmente um demônio, não é? — Vysage riu, aceitando minhas ordens, enquanto Karayan grunhia furiosamente — Apesar de ser o capitão, tenho que admitir, você tem culhão!
Noelle e eu estávamos um pouco a frente do outros, nós apenas escutamos os passos silenciosos de Akira e seu toque quente em nossos ombros.
— Não importa o que esteja acontecendo entre vocês, cuidem uma da outra! — disse com seriedade, diferente do seu tom habitual. Meu amigo se agachou logo em seguida, chegando a altura do meu braço — Bota juízo nessas duas, beleza?
— Pode deixar! — Anzu respondeu sem pestanejar.
— Aí! — eu o chamei assim que se levantou — Vê se não morre!
Com um sorriso no rosto, Akira saltou com os outros, disparando em direção aos guardiões. Noelle e eu ficamos cara-a-cara com os invocadores, que educadamente aguardaram.
— Então vocês duas vão ficar? Não está superestimando seus amigos? — Zethar brincou, descendo das ruínas com suas manoplas gigantes.
— Não se preocupe com eles! — um sorriso empolgado surgiu em meu rosto. Apesar da preocupação, eu não podia me dar o luxo de perder o foco — Se preocupe com você mesmo! — eu avancei rapidamente, com as chamas púrpuras tomando conta dos meus membros superiores.
Eu puxei meus punhos envoltos pelo brilho da mana caótica e desferi um soco poderoso o bastante para criar uma intensa onda de choque ao nosso redor.
“PLIM!” um sino soou no momento que o acertei.
Um golpe daqueles ao menos faria um estrago em sua manopla, mas para a minha surpresa, lá estava ele, intacto, com um sorriso irritante no rosto.
— Obrigado pelo aviso, mas… — com sua mão livre, Zethar preparou seu punho para contra-atacar — não será necessário.
Suas manoplas exalavam um brilho esbranquiçado, como se estivesse segurando o seu golpe. Em menos de um segundo, seu punho me acertou com uma força imensurável, me lançando através das casas destruídas na ilha.
Felizmente, apesar de seu golpe veloz, pude me defender com parte do meu braço, amenizando o impacto.
Antes de me erguer dos escombros caídos sobre mim, escutei o som dos relâmpagos desferidos por Noelle e dos sinos a cada golpe bloqueado por Zethar, e voltei imediatamente para luta, acumulando mana nos membros inferiores e tomando um poderoso impulso.
Novamente, tentei acertá-lo com um soco, mas antes de ser bloqueada, eu percebi algo diferente. Zethar não parecia se preparar para receber o meu golpe, ele nem ao menos tinha percebido a minha presença, mas ainda assim, no último segundo, seus olhos se voltaram para mim e sua manopla surgiu em minha frente.
“PLIM!”
A batalha se acalmou por um segundo. Noelle recuou, dispersando suas garras trovejantes.
“Eu não tô acreditando nisso…” toda aquela situação me lembrava de algo em específico. Meus anos jogando videogames vieram a minha mente, em um misto de saudade e nostalgia, eu apenas conseguia me lembrar de um único movimento em comum. Uma mecânica popular em jogos de ação, onde o jogador deveria, no momento exato, bloquear o ataque do inimigo.
— Tu me deu um parry? — eu bravei inconformada. Simplesmente incrédula.
— Huh? — tanto meu inimigo quanto a minha companheira me olharam em confusão.
— A luta mal começou e você já ta querendo inventar desculpa pra perder? — ele zombou, deixando uma de suas manoplas no chão e coçando sua orelha com completo desdém.
— Isso que você faz quando defende! O que é isso? — continuei gritando, tão curiosa quanto furiosa.
Eu simplesmente não podia aceitar que tomei um parry.
— Tsc! — Zethar pôs sua manopla novamente, se preparando para voltar a lutar — Você grita igual um filhote de cabra! Dá pra calar a boca e lutar de uma vez?
Furiosa, avancei sobre o solo. Meus braços, flexionados à altura da cintura, não passavam de uma finta, um golpe falso. Eu o vi tentando bloquear o ataque, o que me fez ter certeza da sua habilidade. Graças a isso, uma abertura surgiu em suas costas e agilmente me esgueirei ao seu lado, acertando um chute em seu calcanhar.
Assim que seu corpo bambeou para o lado, suas costas, viradas para o chão, me deram o momento perfeito para acabar a luta com um golpe decisivo. Eu me preparava para um ataque brutal, reunindo cada partícula de mana no meu punho, mas assim que estava prestes a acertá-lo, ele abruptamente fechou os seus braços, escondendo sua expressão convencida.
“PLIM!”
Zethar caiu no chão, com suas manoplas brilhando. Eu franzia minha testa, descrente com o que acabara de acontecer. Ele se levantava calmamente, como se eu não estivesse ali.
— Sorun! — chamou seu companheiro, que ainda estava acanhando em cima das ruínas — Pode ir! Eu cuido de tudo por aqui! — sua arrogância me deixava vermelha de raiva.
— M-Mas se eu o destruir agora, pode não dar tempo!
— Vai dar! — erguendo seu dedão para cima — Te alcanço num minuto!
— C-Certo! — Seu companheiro, encolhido em si mesmo, correu apressadamente, rumo ao desconhecido.
— A, mas você não vai fu-
— Você fica! — Zethar agarrou meu braço com sua enorme manopla, pouco antes que eu pudesse saltar.
— Quem você pensa que é? — eu soltava meu braço, ainda mais furiosa. Cada palavra, cada ação, cada respiro daquele cara me tirava do sério.
— Eu já disse. Sou só o gari! — Ele ergueu seu punho, se preparando para o que parecia ser um golpe para baixo.
Dessa vez, eu fui a única a defender, rebatendo seu golpe com um soco de baixo para cima. Nós travamos uma sequência de golpes perfeitos, anulando um ao outro.
De repente, um raio partiu o ar entre nós dois, interrompendo nosso confronto.
— Saki… — Noelle caminhava em nossa direção, calma, falando em um tom sério, mas parcialmente agressivo — Deixa esse cara comigo.
— T-Tem certeza disso? — confesso que eu preferia me manter naquela luta, apesar de toda a situação, Sorun parecia fraco demais para ter atenção.
— Sim… — Ela se posicionou entre mim e Zethar, olhando fixamente nos olhos do seu inimigo — algo me diz que aquele cara é mais forte do que parece.
— Se é assim… — para ser sincera, eu apenas não estava afim de discutir. Eu nem ao menos conseguia olhar para as suas costas.
Eu saltei para as ruínas onde ambos apareceram anteriormente. Zethar tentou me impedir, canalizando o brilho de suas manoplas em uma única mão e disparando um cristal translúcido em minha direção.
Graças a Noelle, tudo que vi foram os estilhaços do cristal caindo sobre meu cabelo. Suas garras destroçaram o projétil de alta velocidade, me lembrando de quão rápida ela era.
— Que seja! — resmungou frustrado — Vou acabar com você antes que possa se arrepender!
Foram as últimas palavras que ouvi antes de partir em busca do fujão. Mesmo que não estivéssemos nos falando, eu não conseguia deixar de me preocupar, tudo que eu fazia era torcer para que ela não se machucasse.
Ponto de Vista de Akira:
Eu, Shosuke, Gwen, Karayan e Vysage corríamos em direção às bestas enormes.
Karayan e seu companheiro com espadas cerradas, a partir de uma simples troca de olhares e acenos com a cabeça, pularam em cima das casas destruídas a caminho do enorme polvo aterrorizante. O resto de nós seguimos para o Leviatã, sem fazer a menor ideia de como o derrotaríamos.
— Alguém tem algum plano? — perguntei, tirando o bastão de minhas costas.
— Nunca lutei contra uma coisa tão grande! — Gwen exclamou enquanto pairava sobre o chão — Eu não sei nem o que é isso exatamente.
— Aí, esquisito! — gritei para Shosuke — Não consegue desintegrar esse cara não?
— Se ele não estiver sob o efeito de alguma maldição, é possível — mesmo perante a assustadora presença de um guardião, sua voz continuou amena.
Uma esfera de raios amarelos começou a se formar no centro da boca do Leviatã, compondo uma aura tenebrosa a sua volta, rapidamente, disparando feixes elétricos em nossa direção. Nós tentávamos nos aproximar, evitando os velozes raios que criavam uma onda de choque ao atingirem o chão, mas cada tremor era como um presságio da morte, um aviso de que se ele quisesse, ele conseguiria nos matar.
— Vamos criar uma abertura! — ordenei, olhando firmemente para Gwen.
— Pássaro demoníaco e agora um guardião! Vai ser assim toda vez que eu estiver com você? — A vampira reclamou, como de costume.
— Foi mal, mas eu já tenho dona! — respondi com um sorriso irônico, incendiando meus pés e me impulsionando em direção ao Leviatã.
— NÃO FOI O QUE EU QUIS DIZER! — eu via seu rosto avermelhado de longe, porém, rapidamente voltando ao foco.
Ela me acompanhou logo em seguida, sacando debaixo de sua capa, uma bolsa d’água. Com o saco meio aberto, pude ouvir o barulho de cubos de gelo se chocando, ainda assim, me era estranho, comparado com a última vez que nos vimos.
— Bem pouco pra você, não é?
— Já disse… — despejando a meia dúzia de cubos de gelo no chão enquanto voava e desviava dos raios.
No caminho, os cubos começaram a formar uma espécie de cabo na palma da mão da vampira, colando uns nos outros. O gelo foi tomando forma, reduzindo sua espessura rapidamente, se transformando uma lâmina afiada.
— Eu trabalho com ataques de larga escala! — bravou, erguendo uma enorme, pesada e azul espada aos céus.
Apesar de estar impressionado, eu não podia ficar para trás e logo incendiei o meu bastão com poderosas labaredas. Construído com a madeira de uma árvore do jardim, minha arma não seria mais danificada pelas chamas, permitindo com que eu liberasse todo o meu poder.
A luta contra Skarelvor me deu confiança sobre as minhas habilidades, e naquele momento, mesmo não tendo uma ideia do quão forte era o Leviatã, eu me sentia pronto para lutar.
Em um grito de guerra, estoquei meu bastão na lateral de sua estrutura esguia, incendiando seu corpo por dentro e expelindo pelo outro lado em uma poderosa explosão. Eu sabia que não seria capaz de dar um dano significante em sua pele espessa, mas talvez, golpes em sua estrutura interna fossem eficazes.
— O foco tá na gente, mantenha assim! — disse a vampira, cortando superficialmente as escamas da besta com sua espada pesada.
— No seu tempo, esquisito! — o apressei, em um tom passivo agressivo, enquanto me esquivava por pouco dos raios do Leviatã e o acertava com minhas chamas.
Shosuke saltou na longa e agitada cauda, fincando a espada trincada, que quase não penetrou sua pele. Se apoiando no cabo da espada, ele se inclinou rapidamente, pousando a superfície de sua mão na cauda do Leviatã.
Meu coração pulsava agitado, em uma ansiedade tremenda para que isso fosse resolvido o mais rápido possível, mas para a minha desgraça… nada aconteceu. A fera marinha apenas balançou o seu rabo, lançando Shosuke como projétil.
— Puta merda! — Eu cessei meus ataques, chutando o torso da criatura e me impulsionando com um jato de fogo na trajetória do espadachim.
Com seu corpo próximo ao chão, meus pés o alcançaram por um fio, empurrando suas costas para trás, amortecendo sua queda e lhe dando equilíbrio no ar. Seu corpo girou, o fazendo cair com os pés firmes no solo, enquanto eu cravava meu bastão na terra úmida da ilha, o arrastando enquanto diminuía minha velocidade.
— Esse chute foi desnecessário… — ele sabia perfeitamente o quanto eu queria fazer aquilo.
— Pare de reclamar e me agradeça! — eu ri, encarando Gwen evitando os golpes do Leviatã.
— A maldição não funcionou, vamos ter que lutar.
— Eu tava torcendo pra você não falar isso — girando o bastão em volta de mim, criei labaredas de fogo em meus braços e calcanhares que faziam meu cabelo balançar com seu ar quente.
Shosuke enrolava a faixa que cobria a sua espada restaurada em seu pulso. Na outra mão, ele segurava a espada, pairando em seu redor uma aura mágica densa e escura.
— Acha que dá conta só com essa espada? — brinquei levemente, ainda me perguntando como iriamos lidar com o guardião.
— É mais do que suficiente — em um tom confiante que nunca o vi usar, Shosuke invocou tentáculos negros que emergiam em torno do cabo da espada. Eles pareciam que tinham vida própria, se movendo caoticamente em sua arma.
Apenas na base da fé, nós avançamos com tudo, prontos para lutar contra o Leviatã.
Ponto de Vista de Noelle:
Com Saki enfim tendo partido, eu me sentia um pouco mais a vontade para lutar. Frente a frente com as manoplas imensas de Zethar, eu invoquei as minhas garras trovejantes.
— Você tava doida pra se livrar dela, não é? — suas palavras me pegaram desprevenida.
— O-O quê?
— Ela te deu ordens, interrompeu nossa batalha e passou por cima de você. Além disso, enquanto a gente lutava, deu pra ver que você não sabia o que fazer. Não foi difícil deduzir que você tava bem desconfortável com a presença dela — uma clara provocação, a pior delas.
— Isso não é da sua conta — eu cerrava meus punhos, apesar de ver verdade em suas palavras.
— Vendo a personalidade dela, ela não faz o tipo de que aceita ordens tão facilmente… e quando você a mandou ir atrás do Sorun, ela não parecia muito feliz com a ideia — seu sorriso arrogante era irritante, eu quase conseguia entender a raiva que Saki sentia ao lutar contra ele — se fosse pra chutar, eu diria que ela foi só pra não ter que lidar com você…
— Não tem como você saber isso…
— Talvez. Mas humanos são mais fáceis de ler do que você imagina — ele discursava, criando um cristal translúcido na palma da sua mão — Somos tão transparentes. Olhares, gestos, falas, tom de voz. Consigo saber cada um dos seus movimentos só com isso.
Zethar girava um cristal delicadamente entre seus dedos. Minhas mãos tremiam, meus lábios se contorciam, não por raiva, não por medo, mas por angústia. O peso cruel da verdade.
— Sua reação não me deixa mentir — ele ria — sua angústia, talvez com um pouco de raiva, me faz acreditar que vocês brigaram feio… — minha boca secava com a infinidade de pensamentos conflitantes em minha mente, eu engolia o nada com certa aflição, tentando não deixar aquilo me afetar — e algo me diz que você foi a grande culpada, nisso…
— Já chega! — eu avancei, impaciente.
— Bingo!
“PLIM!”
Minhas garras foram bloqueadas por uma de suas manoplas, enquanto seu outro braço preparava um contra-ataque poderoso. Confesso que meus instintos me salvaram, me permitindo que desviasse do seu golpe, que balançou e levantou os destroços a nossa volta, com folga. Eu via novamente o que estava fazendo. Atacando sem pensar, deixando meus sentimentos tomarem conta das minhas ações. Eu não conseguia parar de pensar que por conta disso eu não conseguia mais olhar nos olhos dela.
— As palavras certas, no momento certo, com a pessoa certa — Zethar voltava a falar — Entende como é fácil?
— Como conseguiram controlar os guardiões? — Ignorando completamente a sua provocação — Isso não deveria ser possível!
— Mestre Keno é um homem muito sábio. Eu admiro a sua capacidade de ler as pessoas. Ele sabe perfeitamente o que elas querem, ele reconhece o preço de uma informação.
— Está dizendo que ele tem a posse dos guardiões de Raven?
— Estou dizendo que ele sabe sobre você, Noelle. Ele conhece a sua linhagem. A filha da última Bruxa Celestial. Os rumores sobre uma bruxa remanescente de um grande infortúnio correram pelo mundo todo.
Reajustando suas manoplas, ele estalou seus pulsos e pescoço, dizendo em um suspiro.
— Ah… vamos conversar enquanto lutamos. Odeio ficar parado por muito tempo — Zethar avançou, rápido demais para quem tinha armas daquele tamanho.
— O que raios eu tenho a ver com tudo isso? Eu nem mesmo sabia o que estava acontecendo! — perguntei, enquanto evitava seus socos.
— Ele sabia que em algum momento você viria pra tentar reerguer a ilha, e aparentemente, você seria um grande problema para os planos dele.
— E precisa de dois guardiões pra me matar? Não acha que tá me superestimando? — sutilmente, enquanto enrolava a nossa conversa, eu criava runas mágicas no chão a cada acrobacia — E de novo, eu nem sabia que a ilha tinha afundado!
— Seus padrões, estilo de luta, magias. Ele sabe que se você não for parada agora, existe uma chance de se tornar um problema com qual não conseguiríamos lidar.
— Tá, entendi, e você foi o escolhido pra vir me matar — saltando agilmente para suas costas, eu comecei a atacar, evitando suas luvas que claramente eram um gatilho para sua defesa perfeita — Isso não explica o fato de terem trazido guardiões até aqui!
— Se você não sabe, ainda existem bruxos sobreviventes no mundo. Aqueles que estavam fora da ilha no dia do infortúnio. Em sua grande maioria, desolados, sem esperança, então foi fácil conseguir o ritual de invocação.
— Agulhas Paralisantes! — com um bater de palmas, conjurei agulhas de raio a partir das runas que gravei no chão, todas percorrendo um caminho rápido e direto até Zethar.
“PLIM!”, “PLIM!”, “PLIM!”, “PLIM!” Cada uma das agulhas foram bloqueadas perfeitamente.
— A verdade é que Keno não subestima ninguém. Os guardiões são apenas uma garantia de que a nossa missão seja concluída.
Com uma de suas luvas brilhando em uma luz branca e intensa, Zethar chocou seu punho com o solo, criando uma onda de estilhaços de cristais, como um vendaval de granizo.
— Você deveria ser capaz de desviar disso — comentou ao me ver ensanguentada, com diversos cortes nos braços e pernas — não vai me dizer que no meio disso tudo, a sua birrinha continua te afetando? Isso que é uma Bruxa Celestial? — ele ria com seu sorriso irritante e perverso.
Eu tentava manter a calma, por mais difícil que fosse. Eu me culpava por não ter conseguido salvar Galliard quando ele estava bem na minha frente. Me culpava por não ter salvo Erida enquanto ela pedia por ajuda. Me culpava por ter perdido o controle e estragar tudo. Zethar não podia estar mais certo. Eu não poderia ser uma Bruxa Celestial.
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