Índice de Capítulo

    Palavras do autor:
    Opa! Como ceis tão?
    Não sei se notaram, mas estamos na página inicial do site, nas “Escolhas do Editor”. E, para comemorar, decidi soltar mais um capítulo essa semana. Tomara que, futuramente, eu consiga manter uma frequência maior, com dois ou três capítulos toda semana, mas por enquanto, a gente faz o que consegue.
    Sobre a imagem, achei que seria legal trazê-la para o capítulo. Ela não é cem por cento fiel ao texto, porque se fosse, Lírica estaria… como posso dizer… do jeito que veio ao mundo, e eu não sei se as regras do site permitem isso… (rsrs).
    Espero que se divirtam. Essa Clara está meio suspeita ultimamente.

    Na cobertura do predinho de Clara, ficava uma área de lazer, com piscina, churrasqueira e um tobogã que se erguia em espiral. Também tinha um quartinho onde podiam guardar algumas coisas.

    Era nesse lugar, no alto do tobogã, que estava a demi-humana. Ela olhava para o horizonte noturno, enfeitiçada com a beleza da paisagem.

    — Sabia que estaria aqui — disse Clara, atrás dela.

    Lírica se virou e tentou sorrir, mas o que surgiu em seu rosto foi uma expressão de resignação triste.

    — Nunca entrei numa piscina antes. Queria saber como é. Mas percebi que não tenho roupa de banho.

    Clara gargalhou em tom de zombaria.

    — Então é com isso que está preocupada? E quem precisa de roupa de banho? Por que não entra completamente nua?

    — Ah, mas isso… — Lírica se calou. Franziu o cenho, pensativa. — Posso mesmo?

    — E por que não poderia? A única coisa que não é permitida na casa de uma súcubo, é passar vontade. Todo o resto está mais do que autorizado.

    Lírica sorriu.

    — Humm — Ainda estava pensativa.

    — Além do mais — disse Clara, com um olhar provocante —, tô bem curiosa pra ver o que você tem aí debaixo dessa roupa.

    A demi-humana se encolheu, com os braços protegendo e cobrindo seu corpo.

    — Calma, calma, eu tô brincando — falou Clara.

    Lírica olhou para baixo, em direção à piscina. A água parecia fresquinha. Ela tirou a blusa. Não usava sutiã, então seus seios ficaram à mostra.

    Ela olhou de soslaio para Clara, desconfiada, mas a súcubo estava olhando para o outro lado, então Lírica tirou também sua saia e a meia-calça.

    Suas curvas eram sinuosas, voluptuosas. A pele era bronzeada. A íris de seus olhos tinha o formato de fenda e a cor do cobre. Uma calda da mesma cor se balançava em suas costas, logo acima do bumbum.

    As orelhas se moviam delicadamente, captando todos os sons em volta.

    Clara, virada para o outro lado, assistia Lírica, disfarçadamente, através do reflexo na superfície metálica da estrutura do tobogã. A súcubo sorriu como só uma tentadora faria.

    Finalmente, Lírica saltou. Ela girou no ar, virando dois mortais, e então caiu na água.

    Ainda submersa, ela parou para apreciar a sensação. Captava todas as vibrações da água. A cor cristalina e brilhante. A lua, acima da superfície, parecia maior, e se balançava seguindo o ritmo da água.

    Foi tomada por euforia e felicidade. Sentiu vontade de gritar, de dançar. Bateu o pé no fundo da piscina e saltou até acima da água, como um golfinho, e girou em mais um salto mortal no ar. Parou de pé, sobre um fino cano metálico que era parte da estrutura do tobogã.

    Ergueu os braços, alegremente, e olhou para o céu. A liberdade era mesmo doce, afinal!

    Clara surgiu atrás dela, feito um fantasma.

    — Que bom que está se divertindo.

    Lírica se moveu por reflexo, saltando para longe, e mantendo uma postura defensiva. Depois suspirou e relaxou os ombros.

    — Que tal testar um pouco dessa sua ousadia e ver até onde vai? — perguntou Clara. — Tenho uma proposta… levemente indecente… para te fazer.


    A súcubo abriu a porta do quarto e olhou para dentro, e viu Mical deitada na cama, lendo um livro.

    Entrou no quarto.

    Observou o livro que a menina estava lendo.

    — “Ou isso ou Aquilo”, de Kierkegaard? Não é muito denso pra alguém da sua idade?

    Mical fechou o livro e olhou para a súcubo com olhos neutros.

    — O que quer?

    — Querer? Nada. Nada em especial. Apenas quis ver como você e sua irmã estão. Aliás, onde ela está, hein?

    Clara sentou-se na cama, próxima dos pés de Mical. A garota sentou-se, ficando um pouco mais distante.

    — Ela está tomando banho. Por quê?

    — Por nada. Só queria falar com vocês mesmo.

    — Seus atos são muito suspeitos.

    Clara riu.

    — Ah, eu acho que você deveria confiar um pouco mais em mim, sabia? Afinal, nós lutamos juntas quantas vezes? E eu salvei sua vida lá no Priorado, lembra?

    Essas palavras pegaram Mical de surpresa.

    — Isso é verdade, mas…

    — Boas intenções são tudo o que eu tenho.

    — Eu duvido. — Essa foi a voz de Jéssica. Ela estava parada na porta do banheiro, enrolada numa toalha. Os cabelos negros, úmidos, desciam até o bumbum.

    — Jéssica! Seja bem-vinda à conversa! — disse Clara, com um sorriso enigmático. — Posso perguntar por que duvida?

    — Você sempre parece estar escondendo alguma coisa. Sempre parece estar cheia de segundas intenções!

    Clara riu, genuinamente se divertindo.

    — Ah, eu tô sempre escondendo um monte de coisas. — Deu de ombros. — E eu não tenho apenas segundas intenções, mas também as terceiras, quartas e quintas… até às milésimas intenções. 

    Jéssica cerrou os dentes, irritada.

    — E como espera que confiemos em você?

    — Não espero. Mas tá tudo bem. Eu sei lidar com isso.

    — Não veio aqui só pra nos provocar, veio? — perguntou Mical.

    — Mical, você é sempre tão observadora. Tem razão. Eu vim para fazer uma proposta.

    — Que tipo de proposta?

    Clara sorriu, maliciosa.

    — Aposto que é algo imoral! Uma coisa indecente! — falou Jéssica.

    Clara deu de ombros.

    — Talvez seja. Mas… se não estiverem interessadas, melhor eu deixar vocês a sós. Já que não confiam em mim, melhor eu ir. — Ela se levantou e foi caminhando em direção a porta. — Mas, por um momento eu achei que vocês realmente se interessariam por algo assim. Parece que me enganei. É uma pena. Achei mesmo que vocês gostariam de ficar um pouco mais íntimas do Renato.

    Clara estava quase chegando à porta, quando:

    — Espere! — Essa foi a voz de Mical.

    — Fale sua proposta, súcubo — disse Jéssica.

    Clara sorriu alegremente “Essas duas são tão fáceis de manipular” pensou.


    Tâmara estava no estacionamento, aproveitando as ferramentas que ficavam armazenadas nos nichos do pilar central.

    Sentada no chão; diante dela estava aquela armadura mecânica, com várias peças soltas.

    Ela usava uma chave de fenda para desparafusar uma pequena placa metálica de uma estrutura maior que fazia parte  da carapaça, na parte que cobria as costas. Revelou um pequeno compartimento, e dentro tinha um cristal cor de violeta, com várias pontas que se projetavam para todos os lados, semelhante a uma flor.

    E acoplado no compartimento, próximo do cristal, um microchip.

    Ela pegou o cristal e ficou observando por um tempo. Era brilhante. A luz passava por dentro dele, e ele a redirecionava para as pontas.

    — Ametista.

    A voz de Clara veio de trás dela.

    Tâmara se virou e olhou para a súcubo.

    — Por que isso tá aqui?

    — Porque ajuda os magos a canalizar melhor a energia. Humanos não são tão bons em magia, sabe? Então precisam dessas… bugigangas para dar uma forcinha.

    — Entendi. E esse microchip, suponho que seja um controlador para a armadura.

    Clara deu de ombros.

    — Que chip?

    — Ess… hum? — A armadura tinha sumido. Todo o prédio tinha desaparecido.

    Elas não estavam mais no lugar de antes. Tudo o que viu foi o vazio, profundo e escuro.

    Tâmara sentiu-se leve. Não havia mais chão, e ela flutuava no meio do nada.

    Olhou para baixo. A Terra, azul pálida, estava a milhares de quilômetros abaixo, e tudo o que ela viu foram as pequenas luzinhas distantes onde deveriam estar as cidades.

    A ausência de gravidade fazia seus cabelos flutuarem, nadando no espaço vazio, como se ganhassem vida própria.

    Atrás dela, a lua brilhava maior do que nunca.

    E a imagem de Clara surgiu atrás dela, maior do que a lua, maior do que o sol.

    — Veja, Tâmara! Veja como você pode ter ficado forte como for, mas ainda não passa de uma humana pequena.

    — O que aconteceu? Onde estamos? O que você fez?

    — Te trouxe para um sonho, e aqui eu reino soberana! Veja o poder de uma súcubo em seu estado mais puro!

    — Acha que esse tipo de coisa me assusta?

    — Não é para assustar. É só pra te mostrar que se você resolver fazer alguma besteira, eu posso te parar sem problema nenhum. Você está dormindo, lá no meio do estacionamento, ainda segurando a ametista na mão. Eu te trouxe para cá e você nem percebeu.

    — E o que você quer com isso?

    — Te fazer uma proposta irrecusável.

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