Índice de Capítulo

    Renato abriu os olhos.

    Se fosse há algum tempo atrás, talvez até acordaria assustado, mas não agora. Ele já estava acostumado com esse tipo de coisa.

    E a primeira coisa que viu foram aqueles olhos profundos e bonitos como um lago todo feito de mel. Âmbares. As pupilas escuras no meio se dilataram assim que encontraram as pupilas de Renato.

    Alguma coisa ardia dentro de sua carne, no ombro e próximo das costelas.

    — Tâmara…

    — Renato! Você acordou! Acordou finalmente! — Ela se inclinou em sua cadeira, tentando ficar mais próxima dele.

    Acariciou as bochechas dele com a ponta de seus dedos.

    — Você me matou — disse ele. Na voz tinha apenas uma pitada sutil de ressentimento.

    A garota franziu o cenho, como se tivesse ouvido algo absurdo.

    — O quê? Te matar?! Não! Claro que não! Eu nunca te faria mal, Renato. Eu nem sei o que eu faria sem você!

    — Mas você… — O rosto dele se contorceu numa careta de dor quando mexeu o ombro.

    — Ah, isso… — Tâmara sorriu. — Isso foi só uma… contramedida necessária.

    — Contramedida contra o quê?

    — Contra seus poderes, é claro. É difícil sequestrar alguém com tanto poder, sabia, Renato? Mas eu consegui! Deveria me elogiar, não entende?

    — Então você me sequestrou?

    — É.

    — E os tiros…?

    — Balas explosivas, banhadas em ouro hiperdecaído, com midazolam no interior! — Tâmara tinha um sorriso generoso, genuinamente feliz.

    — Mida… o quê? Que porra é essa? Não sabia que você falava latim!

    — É um sedativo. O ouro bloqueia seus poderes e o Midazolam te bota pra dormir. Eu mesma que projetei essa munição! Genial, não acha?

    Renato assentiu, resignado.

    — Até que é legal.

    Estava sentado numa cadeira, com os punhos acorrentados em suas costas.

    Tâmara estava em outra cadeira, diante dele.

    Estavam num quanto com baixa iluminação e praticamente vazio. Havia apenas uma pequena mesinha próxima da garota com algumas coisas em cima.

    Ele só via paredes em volta. Nenhuma janela.

    Moveu as mãos discretamente, procurando falhas naquelas correntes, para que pudesse se soltar. Tentou arrebentá-las com sua força ou deslizar o punho através do metal, mas foi inútil.

    Tâmara percebeu suas intenções e riu.

    — Ah, deixa de ser tão inocente! Não vai conseguir escapar! Agora você é todo meu! Inteirinho meu! Apenas meu! Cansei de te dividir. — Ela fez beicinho.

    — Tâmara… por que não me solta e a gente…

    — Shhhh! — Ela levou o dedo aos lábios dele, silenciando-o. — Chega de conversa. Agora não é hora de falar, mas de aproveitar!

    Ela pegou alguma coisa de cima da mesinha. Era uma seringa.

    — O que é isso? Mais midazolam?

    — Oh, claro que não! Isso é… como eu posso te contar sem parecer uma devassa? Isso é só… citrato de sildenafila. — Ela estava pressionando levemente o êmbolo da seringa para remover o ar. Algumas gotinhas da substância também escaparam através da agulha.

    — Tá falando grego pra mim. Não entendo mediquês.

    — Também conhecido como Viagra. — Ela sorriu. — Precisamos de um pouco de estímulo, não acha?

    Ela se aproximou de Renato. Direcionou para ele um olhar verdadeiramente feliz antes de afundar aquela agulha em seu pescoço e derramar a substância dentro de uma artéria. Ele sentiu como uma picadinha de mosquito. Seu olhar nem tremeu.

    — Agora… — disse ela, faceira — … vem a melhor parte! 

    Música começou a tocar, e Renato finalmente notou as caixas de som no alto das paredes, próximas ao teto.

    O som era suave. Uma batida tranquila e sensual de lo-fi, que lembrava hip-hop, porém mais lento, e tinha um pianinho bem agradável.

    Tâmara ficou de costas para ele. Os cabelos num tom de dourado escuro desciam pelas costas. A curva do bumbum ficou bem acentuada naquele mini shorts.

    Ela moveu o quadril para a lateral, suavemente, numa reboladinha provocante.

    Começou a dançar acompanhando o ritmo da música. De vez em quando lançava um olhar faceiro para Renato.

    E, poderia ser apenas efeito do viagra, mas, para falar a verdade, assistir a dança sensual de Tâmara não estava sendo tão desagradável assim e Renato até que começou a curtir, principalmente quando ela deixou a camiseta escorrer de seus braços e cair no chão, e exibiu aquele sutiã de rendinhas cor de creme

    Um sorriso discreto brotou no canto da boca de Renato.

    — Você é linda, Tâmara. Nem precisava me aplicar aquela injeção.

    Ela sorriu.

    — Seu bobo bajulador! — disse, com um sorriso — Eu sei disso, mas não posso correr riscos. Eu me dediquei muito para esse momento.

    Ela se aproximou dele e virou de costas.

    — Poderia me ajudar a abrir meu sutiã?

    — Ajudar como? Você acorrentou meus braços, esqueceu?

    — Use os dentes.

    Ela sentou-se no colo dele, e aconchegou-se confortavelmente. O bumbum macio e firme se encaixou perfeitamente sobre a virilha do garoto.

    Ela aproximou as costas do rosto dele, de modo que ele pudesse alcançar o fecho do sutiã com a boca.

    Renato encarou aquelas costas seminuas por um tempo. O perfume fez carinho em suas narinas. Ele queria sentir aquele aroma por mais tempo, então não teve pressa para abrir o sutiã. Aproximou o rosto do pescoço dela e inspirou, puxando para dentro de seu peito aquele ar perfumado.

    Ele finalmente prendeu o fecho delicado entre os dentes.

    Sua língua e o ar quente da respiração tocaram a pele de Tâmara e ela deixou um gemido indecente escapar de seus lábios.

    O garoto ficou ainda mais motivado.

    Entretanto, aquele pequeno objeto era uma das coisas mais difíceis de serem destravadas até mesmo para dedos ágeis; com os dentes seria impossível, então ele fez o que pôde: mordeu e puxou até arrebentá-lo.

    E o sutiã caiu no colo de Tâmara.

    E Renato ficou um tempo admirando aquelas costas nuas. O pescoço dela era atraente, por um momento, desejou mordê-lo tal qual um vampiro.

    Tâmara se levantou. Ainda de costas… talvez estivesse fazendo algum mistério para revelar suas belezas frontais.

    Dançou mais um pouco, movimentando os quadris de maneira provocante.

    Então deixou seu shorts cair no chão.

    E ficou apenas de calcinha.

    E finalmente virou-se, ficando frente a frente com Renato.

    E o garoto pôde ver as auréolas rosadas, e seus seios, cujo volume deveria preencher perfeitamente a mão… ou melhor ainda:  a boca.

    — Olhar… e não poder tocar… é torturante! — disse ele.

    — Você vai tocar… quando eu deixar.

    Ela caminhou até ele. Segurou na gola de sua camiseta e puxou, rasgando-a.

    — É injusto se apenas eu ficar nua.

    — Você tem razão. Seria muito injusto.

    Tâmara riu.

    — Quando você ficou tão safado?

    — Acho que sempre fui.

    Ela olhou para baixo e percebeu um volume anormal.

    A garota tocou por cima da calça, sentindo o formato.

    Depois abriu o zíper dele.

    Passou a boca sobre os lábios, umidificando-os.

    — Quer que eu faça?

    — Quero. Quero muito.

    Tâmara sorriu, satisfeita. Seu plano tinha dado certo.


    Irina despertou de sobressalto, assustada.

    Demorou alguns segundos para entender onde estava.

    Diante dela havia grades; nas laterais e atrás, paredes de concreto maciço.

    Estava dentro de uma jaula.

    E o pior: sem sua mochila, sua arma e seu relógio.

    Sem equipamento, era praticamente indefesa.

    Tinha sido completamente derrotada por aquela garota.

    — Mas que merda!

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