Capítulo 15: Nem sempre os alquimistas são confiáveis
— Olá, Flamel — disse o Mercenário, com cara de poucos amigos.
— Lúkin Ivanov! Você chegou atrasado — disse Flamel, com o característico sotaque francês.
— Então esse velho caindo aos pedaços é o tal alquimista que você falou? — Kath, que estava em pé atrás de Lúkin, mostrou uma careta de desprezo. — Não me passa muita confiança.
Flamel sorriu.
— Passar confiança pro seu chefe já é o bastante para mim, mocinha.
Kath cerrou os dentes. Andrei, que estava atrás dela e em silêncio, pôs a mão sobre o ombro da garota, para acalmá-la.
— Qualquer dia você podia posar para umas fotos.
O alquimista franziu o cenho, sem entender.
— Calma, calma. Estamos só negociando aqui — interferiu Lúkin. — Aliás, Flamel, não pude deixar de notar um certo aroma. Esse lugar tem o cheiro de Clara Lilithu, uma súcubo bastante problemática, conhece?
— Teu olfato apurado como sempre! Conheço sim. Ela veio aqui buscar um certo equipamento para detectar tua possessão. Ela planeja te pegar de surpresa e te encurralar.
— Suponho que você fez certos ajustes para me beneficiar, não fez, Flamel?
— Mon Dieu! Mas é claro que sim! Você é meu melhor cliente, Ivanov. Ela jamais vai saber que você chegou, a menos que você queira. Tu podes, ainda, dar uma localização falsa para o equipamento dela sinalizar. — Ele meteu a mão no bolso da calça e pegou um pen drive, que entregou a Lúkin — Conecte esse pen drive a um computador com acesso a internet. A área de 15 mil metros de raio vai surgir, com uma visão de satélite. Você clica em qualquer lugar da área, aperta enter e a antena da Clara sinaliza que você tá exatamente no local que escolheu.
Lúkin assentiu.
— Hora dos negócios. Eu vim buscar a caixa do cristal.
— Certo, certo — Flamel começou vasculhar as bugigangas na prateleira sob o balcão. Pegou uma caixa de chumbo que tinha vários símbolos entalhados nas quatro laterais; e pontas, feito espinhos, se projetando das arestas. A entregou rapidamente para Lúkin. Flamel já havia inspecionado o objeto de várias maneiras, incluindo uma medição de radiação com o contador Geiger, e por causa disso sabia que não era nada seguro ficar com ela nas mãos. Ele se sentiu até aliviado de entregá-la logo ao seu comprador.
Lúkin abriu um sorriso. Ele tentou parecer cordial, mas não funcionou muito bem, e ficou um bocado assustador.
— Kath, pague nosso colaborador. Não esqueça da gorjeta pela gentileza que ele nos fez ao avisar sobre a súcubo.
A garota de franjinha mostrou um sorriso verdadeiramente bonito. Qualquer um diria ser um sorriso verdadeiro. Qualquer um que não lesse mentes.
Ela pegou o celular, com as runas do Banco de Cima e de Baixo marcadas na capinha, de sua bolsa. Correu os dedos pela tela e depois assentiu.
— O pagamento foi feito.
Flamel pegou seu próprio celular com as inscrições do banco especializado e conferiu. Pela primeira vez, um sorriso sincero apareceu no local.
— Os valores chegaram. Foi um prazer negociar com você mais uma vez, Ivanov.
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