Capítulo 17 — Os Números Aumentam

A rocha havia compreendido algo novo. O silêncio soava diferente agora, porque antes ela não conhecia o contraste.  

Silêncio e canção. Beleza e… destruição.  

A rocha havia sido arremessada através da crosta do planeta, para fora de sua casca temporária, ainda dura como diamante.  

Ela afundava cada vez mais, tentando escapar do silêncio e da destruição. Lá em cima, na superfície, havia destruição, mas aqui embaixo havia silêncio. Ela não queria ouvir nenhum dos dois.  

Não havia escapatória.  

Seu domínio cresceu, expandindo-se cada vez mais, e mais uma vez a rocha ouviu a destruição lá em cima. Terra estilhaçada e montanhas despedaçadas.  

Não, a música.  

Ela queria a música.  

Ela escapou para mais fundo, afundando em direção ao centro do planeta, longe de tudo. Mas encontrou apenas mais silêncio.  

A onda de choque terminou de percorrer o planeta.  

Números, números, tantos números — todos subindo.  

Mas agora estava em silêncio. A rocha estava lá, no fundo, e não ouvia a música. Não sentia a chama da beleza. E realmente queria sentir. Não estava deprimida. Não estava triste. Não estava em choque.  

Mas sentia uma sensação de perda. Frustração. Mais perda do que jamais havia sentido antes, porque a rocha nunca havia perdido algo verdadeiramente significativo.  

Não havia beleza nem música lá em cima. Ela havia sentido—apenas destruição. Tempestades de fogo, magma, uma superfície despedaçada. Nem mesmo a luz do sol, pois uma pluma interminável de poeira e cinzas cobria o céu, bloqueando o dia, deixando a terra sob uma escuridão eterna.  

E a perda a atingiu profundamente, então a rocha tentou queimar o ruído de sua mente, pois não queria lembrar do que havia perdido.  

Mas uma rocha não esquece, não pode esquecer. Tudo estava gravado em sua mente.  

Ela. Não. Podia. Esquecer.  

Aquele último momento de música tocava em sua mente repetidamente, insinuando uma continuação para a melodia, uma continuação que a rocha nunca mais ouviria.  

Perda… ela havia perdido algo.  

A rocha nem mesmo processava direito os números que recebia enquanto afundava cada vez mais na terra, fundo no manto do planeta. Ela não se moveu quando o planeta deu seu último suspiro agonizante, nem se perturbou quando sentiu uma presença se dissipar ao seu redor, anunciando o mais poderoso dos avisos.  

Ela aceitou o aviso, apenas para fazê-lo desaparecer mais rápido. Mas não olhou para os resultados. Não olhou para os novos números. Não observou a si mesma crescendo e crescendo, fundindo-se com o que estava ao redor para se tornar a maior de todas.  

Agora, ela não se importava.  

Não — a rocha se agarrou a apenas uma coisa. Ela havia perdido algo, então precisaria ganhar algo. Havia equilíbrio neste mundo, certo? Uma certa quantidade de energia se transforma em uma certa quantidade de momento. Isso ela entendia. O mundo funcionava com equilíbrio.  

Ela havia gastado todo esse esforço lutando por sua missão. E a missão ainda estava em processamento. Esperando para ser concluída. O indicador de distância estava no mínimo, mas a missão estava demorando muito para ser desbloqueada.  

Então — certamente a recompensa seria adequada.  

A rocha se agarrou à esperança. A missão poderia trazer de volta a música?  

Ela não derramou lágrimas. Não desesperou. Porque era uma rocha, e essas coisas não faziam parte de sua natureza. A rocha sempre teve uma solução simples para a maioria dos problemas.  

Então ela esperou.  

E esperou.  

E esperou.  

Mas a música não voltou. Ela continuava a ouvi-la, no fundo, de sua mente.  

E então a rocha finalmente compreendeu a verdadeira essência da perda. Porque esperar nunca havia sido difícil antes. Agora ela não conseguia esperar. Isso estava errado.  

Era para ser fácil.  

Natural.  

Então ela lutou enquanto esperava, e o planeta rugia acima, fundindo-se cada vez mais com a rocha.  

Mas então, finalmente…

A espera havia terminado.