Capítulo 7 — Sim, Ressentimentos

No fundo, dentro de uma montanha, um [Núcleo de Masmorra] estava em pânico. Um [Núcleo de Ossos], para ser preciso. Por algum motivo, o intruso em sua [Zona Óssea]…  

Simplesmente não parava.  

“Por quê? Por que ele não para? Que tipo de invasor é esse?”  

Uma gema azul brilhante flutuava na sala mais profunda da masmorra, tendo apenas seus tenentes [Necromantes] goblins como ouvintes.  

Ele conseguia sentir o intruso avançando cada vez mais fundo, em velocidade acelerada—  

E nada o detinha.  

“Eu tentei os lança-chamas, mas ele simplesmente ficou parado neles! O mesmo com o gás venenoso! Throgg e seu horror de carne foram derrotados em questão de segundos! Os esqueletos de boas-vindas ainda mais rápido!”  

Se tivesse dedos, ele os teria mordido até sangrar. Mas, infelizmente, tudo que o núcleo podia fazer era mudar de cor, de vermelho para azul e para vermelho, e vibrar.  

E gritar.  

“Vão! O resto de vocês, vão! Preparem o abominável de ossos! E o poço da mega-morte! Fiquem prontos para ativá-lo! Ele está quase lá! Como ele é tão rápido? Vão! Movam-se!”  

Seus goblins finalmente entraram em ação, correndo para manipular o complexo sistema de alavancas e polias que controlava as muitas armadilhas da masmorra. O núcleo girou no lugar, encarando cada subordinado por vez, o pânico crescendo enquanto sentia o intruso se aproximando cada vez mais.  

Mas, acima de tudo — o status simplesmente não fazia sentido.  

Era apenas um invasor nível 6.  

Ele mesmo era um [Núcleo de Ossos] nível 19, e o horror de carne tinha pelo menos nível 15. “Que tipo de classe ridiculamente quebrada pode ser essa? Um [Herói]? Por favor, diga que não é um [Herói].”  

“S-senhor,” um dos goblins disse hesitante, levantando a mão.  

O núcleo girou, direcionando uma luz vermelha brilhante para o rosto dele. “O que foi?”  

O goblin engoliu seco. “O [Herói] deixou este reino há 6 meses — não deveria haver outro.”  

O núcleo concentrou a luz brilhante em um laser vermelho ardente e queimou um buraco na cabeça do goblin. Ele caiu no chão, morto.  

“Seu tolo, você não acha que eu já sabia disso?”  

O núcleo quase começou outro discurso na hora, mas então parou — o intruso estava exatamente no local. Ele girou, a luz vermelha piscando rapidamente. “Agora! Ativem o poço-da-mega-morte-da-desgraça agora! Ele está bem ali!”  

Um goblin puxou uma alavanca, e o núcleo sentiu uma mudança na masmorra quando o chão de um corredor desabou, revelando uma queda de 40 metros, direto para o covil do mega-golem de ossos.  

Ele sentiu o intruso cair e finalmente sentiu algum alívio. Pelo menos com isso—  

Então o intruso parou no ar, a 30 metros do chão, seu movimento desacelerando consideravelmente.  

O núcleo gritou. “Magia de levitação também?”  

Não. O intruso começou a cair novamente.  

“O que está acontecendo — naquela velocidade — certamente eles vão—”  

O intruso se aproximou do chão como uma pedra, e o núcleo manteve a luz parada, vermelha sem piscar, aguardando o impacto. O horror de ossos está logo ali, pronto, isso não pode—  

Então o intruso de repente se moveu, toda a velocidade transferindo de vertical para horizontal em uma rotação suave, e arremessou direto no horror de ossos, esmagando-o em pedaços em um instante.  

“N-não… O quê? O que foi isso? Um [Duplo Salto], seguido de um golpe frontal? Não — está tudo errado—”  

Ele parou. O inimigo ainda estava se movendo—direto para cá. Havia apenas um curto corredor entre o fundo do poço e esta sala.  

Ele olhou para seus minions trêmulos, pensamentos sombrios. Então chegou a isso…  

O núcleo agarrou os vários fios de vida que emanavam dele e os arrancou todos. Os goblins desapareceram com gritos aterrorizados, dissolvendo-se em poças de sangue. A luz piscando rapidamente, o núcleo jogou toda a energia vital restante no chão, em um verdadeiro esforço desesperado.  

Para invocar um defensor.  

“Erga-se! Golem de Pedra Maior!”  

Uma figura pesada e circular de pedra surgiu do chão como uma tartaruga gigante, então pernas brotaram dela, e ela se levantou tremulamente. Ela se posicionou, uma verdadeira montanha se libertando do solo.  

“Vá! Mate o intruso agora!”  

O golem deu um passo à frente, mas no mesmo momento, as portas do cofre explodiram quando o intruso entrou.  

A luz piscante do núcleo parou na figura que havia chegado ao centro da sala, parando ali.  

Uma… pedra?  

“Vá! Mate-a!” ele disse, usando toda sua autoridade para forçar o golem a se mover o mais rápido possível.  

Mas o golem… Ele deu um passo à frente e fez um gesto para a pedra.  

O núcleo começou a enlouquecer. “O que você está… Não tente duelar com ela!”  

—  

Um duelo.  

A pedra percebeu as intenções do golem imediatamente, um laço de parentesco entre aqueles de origem comum. Os seres de pedra.  

Um duelo honrado com todos os sentimentos duros.  

Por que a honra não era um sentimento sólido como uma rocha?  

A pedra estava fazendo muitas novas descobertas sobre o mundo. Mas aceitou o duelo, movendo-se para frente e inclinando-se levemente em uma pequena reverência.  

Uma coisa piscante irritante estava tremeluzindo furiosamente, no fundo, mas a pedra não ligava para ela. Este era um duelo de pedra.  

E para um duelo de pedra… havia apenas uma competição que importava.  

Ambos se lançaram um contra o outro, o mais rápido que podiam.  

O golem de terra… Não foi destruído. A pedra olhou em descrença enquanto apenas o segmento que ela havia atravessado se desprendia, o resto do golem se movendo para preencher o espaço vazio. Este inimigo não operava nos mesmos princípios que todos os anteriores. Era…  

Um verdadeiro adversário.  

Ambos os duelistas recuaram após a primeira investida, sentindo novas feridas que se tornariam cicatrizes de honra. Uma grande rachadura agora atravessava a pedra, e o golem havia perdido muita massa, uma grande quantidade lentamente escorrendo dele.  

Essa era a diferença entre eles.  

A pedra estaria inteira ou completamente destruída. Sua natureza não permitia perder um pouco de massa. O golem, por outro lado, não acumulava rachaduras, mas perdia pedaços como compensação.  

Um núcleo sólido versus um deslizamento de terra em movimento.  

Qual venceria?  

Ambos ignoraram a luz que piscava irritantemente no fundo. Isso não importava. Era uma questão entre uma irmandade de pedra — nenhuma gema de carbono poderia interferir.  

Hora da segunda investida — os competidores se lançaram novamente.  

Mais rápido que da primeira vez, aquilo havia sido apenas um teste. O verdadeiro duelo começava agora.  

Ferimentos graves — a pedra sentiu uma rachadura quase a atravessar, dividindo-a em dois. Mas ela resistiu.  

Ela não perdeu massa. O golem… estava em pior estado. Devastado. Metade de sua massa perdida, mas ainda assim — ele se levantou resoluto, determinação solidificando seu invólucro externo.  

Com um pequeno esforço de energia, a pedra fez uma saudação de honra. Era a melhor batalha que já havia enfrentado.  

Os dois se prepararam para a terceira e última investida, quando de repente—  

A coisa piscante irritante explodiu em luz, finalmente cansada de apenas esperar, e um feixe derretendo quente emanou de seu centro, direto para a pedra. Ela não estava pronta para desviar, e com pouca vida, será que—  

De repente, o golem se moveu, com a força de um deslizamento de terra, bloqueando o feixe com seu próprio corpo.  

A pedra olhou — petrificada como uma estátua, ou uma pedra — para o sacrifício heroico. Um verdadeiro guerreiro, que não hesitaria em colocar a morte antes da desonra.  

A coisa piscante gritou em fúria enquanto o golem caía, dissolvendo-se em lama e pedras no chão.  

Um fogo flamejante acendeu na alma da pedra. Ela mirou no interrompedor odioso de uma batalha sagrada, liberando toda a energia dentro de seu corpo.  

Um golpe mortal absoluto, sem misericórdia. Ela voou em direção ao núcleo da masmorra e—  

Ele não teve chance.  

O dano foi irrelevante, pois assim que encontrou as forças implacáveis da física, o núcleo rachou e se despedaçou, estilhaçando-se em fragmentos de luz cintilante. Uma nova notificação apareceu.  

A pedra saudou seu adversário caído e celebrou seu novo nível. Vida e morte, ambos de uma vez.  

Uma coisa bonita.  

Ela apreciou a poesia do momento por um instante, então se virou para sair.  

Então olhou para cima.  

Para as muitas-muitas escadas que ficavam entre ela e o corredor lá em cima. A sala estava selada de outra forma, uma simples caixa com alavancas e cordas ao longo das paredes. Mas a pedra…  

—De repente percebeu o quão frio estava.  

Ela não tinha energia, nada para se mover.  

Nem mesmo para rolar pela sala um pouco, para explorar, para tentar algo com as cordas.  

Não havia montanha para rolar. Não havia inclinação. Nenhum domínio da gravidade.  

Apenas um plano liso.  

Preso.  

E assim — a pedra refletiu sobre o duelo honrado que havia encerrado sua carreira de aventuras…  

E se sentiu satisfeita.  

Talvez isso não fosse tão ruim. Ela permaneceria aqui, honrando o golem caído.  

Um bom fim.  

—  

Ou seria?