Progenitor das Sombras

    Caderno 2 – Os dois lados

    Capítulo 11

    Olhos semicerrados, quase sem vida. Por vários dias aquele ser encapado se perguntava o motivo de estar fazendo aquilo. Se não por seu próprio bem, até onde ele teria que suportar aquela dor?

    “Eles estão voltando…” Vendo a sombra de lobos fora da caverna, Artéraphos tremeu ao perceber os filhotes se aproximarem. Dentes afiados, sedentos, presos a um corpo de pelúcia acinzentado, trazendo incongruência para a imagem dócil das criaturas.

    Desde o mindinho de seu pé à ponta de seu nariz, Artéraphos sentiu seu corpo formigar. Depois de tanto tempo sob dor e cansaço extremos, seus sentidos já haviam se tornado nulos. De certa forma aquilo era bom, assim ele não mais sofreria, porém, não mudava em nada sua situação.

    — “Volte… volte… volte…” — Artéraphos sussurrou, quase sem voz. A energia escura que aos poucos saía de seu corpo com a mordida das pequenas feras, logo retornavam a seu corpo, se misturando novamente com seu ser.

    Os dentes daquelas criaturas podiam machucá-lo diretamente, mas agora restavam apenas duas de suas joias de energia. Artéraphos não podia se dar ao luxo de perder ainda mais para aquelas criaturas.

    Por vários dias ele observou sua própria energia ser tomada de si, junto a seu tempo de vida que ele tanto trabalhou para conseguir. E com o pensamento de: “Não posso terminar aqui”, ele observou sua própria energia ser absorvida pelos caninos vampíricos daqueles lobos malditos.

    “Condense, volte a mim!”

    Comparar o Artéraphos de agora com o de vinte e dois dias atrás era um erro, dificilmente alguém diria ser a mesma pessoa, ou criatura. Com exceção do manto e da faixa que ele usava em seu corpo, tudo em si se tornou diferente. Não apenas ele ficou menor – do tamanho de um adolescente, mas também estava menos translúcido e jovial.

    “Um corpo grande gasta muita energia, preciso condensar o máximo que posso enquanto ainda tenho forças.”

    Desde que ele se lembra, seu corpo era formado por uma energia bruta, incontrolável e inconsistente, energia essa que apesar de fazer parte de seu corpo, Artéraphos não poderia controlar. As faixas presas a toda extensão de sua pele serviam para manter essa energia no lugar. Mesmo que ela não servisse de nada, ainda faziam parte do seu tempo de vida. Como ele poderia apenas aceitar perdê-la assim?

    Mas agora, depois de perder toda aquela energia incontrolável para essas criaturas, apenas uma fina camada havia sobrado. Fina, pura e maleável o suficiente para ele controlá-la com facilidade.

    “Aquele desgraçado… nove dias… nove dias… eu vou matá-lo!” O desgosto amargo percorreu o rosto sombrio de Artéraphos.

    Tirando sua atenção, os dezesseis filhotes de lobos ao seu redor começaram a chorar. Estavam com fome, mas por causa da alta habilidade de Artéraphos em manusear a própria energia, eles não conseguiam se alimentar da energia antes que ela voltasse para o corpo do ser na capa.

    Uma luz azul de repente iluminou a caverna, rasgando rapidamente o ar em direção a Artéraphos. Garras ferozes cortaram seu corpo em várias partes, fazendo uma poeira sombria se espalhar pela caverna.

    “Desgraçada”, ele pensou vendo a rainha da matilha o observar do lado de fora da caverna. Os lobos que choravam ao redor logo começaram a pular de um lado para o outro, mordendo a energia no ar e a absorvendo com seus caninos vampíricos.

    Olhando para os dois cristais na própria mão, Artéraphos esperou até seus carrascos saírem e os esmagou, liberando sua última energia reserva, tendo cuidado para que nenhuma gota fosse desperdiçada. Se recostando de uma forma mais confortável na parede da caverna, ele observou o teto rochoso e sombrio.

    “Ele deve ter feito isso de propósito, me mandado aqui para morrer. Mesmo que eu possa me mover, nem fodendo que aquelas lobas me deixem sair, e não é como se a solução fosse aparecer do nada…”

    AUU!!

    Pulando pelo susto, Artéraphos sentiu seu corpo estremecer ao ouvir um latido. Pequeno, roliço e todo desajeitado, uma criatura que não era um lobo se aproximava aos poucos. Por um instante Artéraphos se perguntou o motivo de não ter o percebido, ele devia, pois era “poderoso”; apesar de ainda estar sofrendo na mão daqueles lobos, seus predadores naturais.

    — Então é tu, fera de pedra. Como pode entrar assim na casa de seus inimigos? Cães Infernais e Lobos Lunares nunca se deram bem, veio em busca de vingança por aquele chute? Haha… parece que no momento em que escolhi me tornar “seu” servo, o mundo decidiu ficar contra mim. — Lamentando por si e pela criatura, Artéraphos observava ela se aproximar de forma desajeitada, rebolando e pulando com as patas traseiras.

    Pouco tempo depois de entrar na Terra das Veias Blasfemas ele havia encontrado aquele filhote de cão infernal, e por mais incrível que pareça, essa criatura viajou por vários quilômetros apenas para encontrá-lo. Inicialmente, Artéraphos imaginou que a criatura queria vingança por ter recebido um de seus chutes, porém, vendo-a se aproximar de maneira tão descuidada, o fez sentir certo incômodo.

    Ele se perguntou o que a criatura faria, já que, diferente dos lobos lunares, cães infernais não se alimentavam de energia; logo, não possuíam garras e caninos modificados para absorvê-la.

    A criatura abriu a grande boca, pegando de surpresa Artéraphos que teve logo em seguida seu pé abocanhado. Uma risada ecoou pela caverna, alta, até rude, mas sincera.

    — Você… criatura tola, acha que pode me machucar com esses seus dentes frágeis? Em? — Pegando o chão infernal pela nuca, Artéraphos o trouxe mais para próximo de si e o observou com cuidado. Ao ver a criatura tentar morder seu rosto, ele a aproximou ainda mais e completou:

    — Você não é tão feio assim, também gosto da sua valentia. Que tal me seguir por agora, já que parece gostar tanto de mim? — Apesar de estar o mordendo, a criatura não parecia estar fazendo isso com a intenção de machucá-lo.

    Não importava quão fraco era uma besta, desde que fosse bem treinada, qualquer uma poderia se tornar um grande protetor. E esse ainda era um filhote, a melhor fase para tomar uma criatura como mascote.

    O som de movimento fora da caverna chamou a atenção de Artéraphos, poeira subitamente se espalhou. Virando seu olhar para uma das fêmeas que estava ali, Artéraphos percebeu um baixo rosnado junto ao pelo arrepiado da loba, ela estava alarmada. Com uma incógnita em sua mente sobre o motivo dela estar daquele jeito, ele moveu o filhote em sua mão, fazendo imediatamente os olhos do lobo seguirem o cão infernal. Um sorriso desconfiado apareceu no rosto do ser na capa, ele sentiu que algo bom caiu do céu.

    Com força, ele atirou o filhote em direção ao lado de fora da caverna, fazendo a fêmea observadora correr enquanto gritava.

    — IDIOTA! HEHEHE — Se levantando, Artéraphos acariciou o filhote que ainda estava em sua mão. Ele apenas tinha fingido jogá-lo. — Entendo huhu… então quando te chutei naquela hora, não era eu quem estava fraco. Cãozinho, quem demônios é você para resistir a minha força e espantar seus inimigos como se fosse nada?

    Agora que ele parava para pensar, não tinha como uma criaturinha tão pequena e frágil como aquela entrar num ninho inimigo sem ser notado, ele realmente era especial.

    — Se não me engano, você ainda tem aquela habilidade de invocar cães infernais. Sim, posso usar isso para sair daqui. Vamos trabalhar pequeno, você vai me ajudar a sair desse inferno.

    A matilha se reunia, os gritos assustados da loba chamaram atenção. Se aproximando da caverna, uma das rainhas presentes tomou a frente em busca de Artéraphos, era a mesma que o pegou pela primeira vez. Nada, não importava se ela tentasse seguir rastros ou sentir o cheiro da energia, era como se ele nunca tivera ali antes.

    Seguindo os passos da rainha, os dezesseis filhotes começaram a rastrear dentro da caverna. Ela permitiu, devia passar seus ensinamentos a sua prole. Mas era tarde demais quando percebeu um pequeno gemido vindo da parte mais escura da caverna.

    Segurando as extremidades de uma criatura, os dezesseis filhotes brincavam com seu corpo. Era normal, deveria ser, eles tinham sangue puro e iam se tornar bestas fortes no futuro. Porém, mesmo dragões se escondiam na presença de deuses.

    Uma névoa avermelhada já se espalhava no ar, energia condensada. Pressentindo o perigo, a rainha pulou para a parte mais escura da caverna. Tentando alcançar os filhotes com suas patas, por seu corpo não caber completamente naquele lugar, ela os forçou para trás mesmo que houvesse consequências.

    Gritos de dor de repente ecoaram por um instante, seguido por um choro baixo da mesma criatura. Silenciosamente, um sentimento gelado percorreu o corpo da rainha fazendo seus pelos se arrepiarem. Agora ela via, era um filhote de cão infernal, e foi ela mesma quem o machucou.

    Ninguém, nem mesmo a rainha ousava respirar. A névoa carmesim agora tomava o ambiente e, de dentro dela, cinco coisas estranhas se remexiam de forma incomum. Mole, nojento, eram como dedos sem juntas, mas podiam se mover em todas as direções enquanto saiam de dentro da terra.

    O som de uma cratera se partindo soou pelo lugar. Novos cinco dedos saíram de dentro da passagem, junto a um braço deformado cor de carvão em brasas. Rugidos de estremecer o continente, avisos prévios de que não era para ninguém se mover alarmaram ainda mais a alcateia. Até o momento que a caverna explodiu sem aguentar o tamanho da criatura vinda do inferno.

    Gaiser, o monstro de lava de sete metros observava os arredores enquanto rugia. A rainha sabia o que ele desejava, o filhote de cão infernal. Onde estava? Ela o buscava por todo o perímetro e não o encontrava. Seus filhotes estavam a salvo, todos os dezesseis estavam próximos de si por sentirem medo daquele monstro. Ela devia protegê-los, mas onde estava aquele pequeno cão infernal? Por que ele não respondia aquela coisa?

    O silêncio significava mais que rugidos de raiva. O Gaiser parou de se mover, quieto, observando os arredores em busca do filhote de cão infernal. Nada, nem mesmo seu cheiro. Não, havia algo.

    Balançando suas mãos estranhas em direção a um monte de pedras, o Gaiser as tornou em pó com seu movimento. Porém, não houve felicidade nos seus berros estranhos, nem raiva, mas tristeza. Olhando para a pata decepada do cão infernal que ele buscava, sua única reação foi girar seu corpo com força.

    Foi apenas um golpe, um que levantou pedras e derrubou montanhas, matando soterrados vários membros da alcateia. Não um massacre, uma retribuição. Como se aquilo também o matasse por dentro, o Gaiser atacava sem vontade nenhuma aparente as criaturas presentes.

    Caos se instaurou na alcateia, a rainha continuou procurando por Artéraphos enquanto protegia os filhotes. Não demorou para que uma presença Celestial aparecesse no campo de batalha.

    Olhos azuis entorpecentes, pelos ondulantes, e uma força incomparável capaz de derrubar mesmo o Gaiser. O estrondo da queda do gigante ecoou pela vastidão daqueles campos, seguido pelo uivo de ordem do rei daquele mundo, o Alpha.

    Ele não sabia o que havia acontecido, mas apenas de observar os arredores era possível ver que sua alcateia estava destruída. Duas da rainhas haviam sido mortas, uma estava em estado crítico e a última protegia os herdeiros que restavam. Agora apenas três.

    Um ser de inteligência. Não como os humanos que conseguiam se comunicar através de palavras, mas o Alpha sabia que o Gaiser abaixo de si se levantaria e voltaria a matar outras criaturas. Estava na hora de trocar de lar.

    Indo em direção à fêmea com sua prole, o lobo Alpha abriu caminho para que eles fugissem. Mesmo que restasse duas rainhas, a outra não aguentaria a viagem e logo morreria. Desde que restasse herdeiros, haveria um futuro para seu povo. Essa era a frieza que os humanos não possuíam, eles aprendiam através da frieza das bestas.

    Porém, o rugido da fêmea chamou a atenção do Alfa. Ao invés dela correr na direção oposta à do monstro, ela agora corria em sua direção. Como se deixasse de existir, seu corpo se tornava invisível, aparecendo novamente vários metros depois envolto por uma energia azul.

    Rugindo, o Alfa tentou impedi-la gritando para que voltasse. Ela continuou ignorando completamente a ordem. O que ela estava fazendo? Ele se perguntava, até ver uma sombra rastejar para dentro de uma ravina no chão, provavelmente de onde veio o Gaiser.

    Imediatamente o lobo Alfa avançou. A sombra pulou no buraco, mas a fêmea não parecia querer parar. O Alfa desapareceu com um movimento instantâneo, aparecendo ao lado da fêmea e a mordendo pelo pescoço. Não era apenas forte, seu poder de teleporte era melhor que o de qualquer um de sua espécie.

    A rainha tentou mordê-lo, queria se levantar e perseguir a sombra. O Alfa apenas a puxou pela nuca em direção aos filhotes, aparecendo logo em seguida ao lado deles. Ele não sabia o que havia acontecido para ela ficar daquela forma, mas entendeu que o causador daquela destruição era aquela sombra.

    Não importava, desde que aquele ser entrasse em seu dito domínio, a Terra das Veias Blasfemas, ele conseguiria encontrá-lo. Nessa hora todas as dívidas seriam pagas.

    — Hahahah, você é demais criaturinha! — Caindo vários metros por segundo, Artéraphos agradecia ao filhote de cão infernal em sua mão. — Eu vou te compensar por sua perna, não se preocupe. Agora que é um dos meus, te recompensarei com o melhor que posso dar.

    Luzes amareladas de repente tomavam os arredores. Vinhas incandescentes dentro de várias cavernas conectadas àquele buraco iluminavam o lugar. Artéraphos observou aquilo por um instante, não era perfeito, mas chegava a ser belo; ficando ainda mais quando as luzes amarelas tomavam um tom de azul com prata.

    Chamas azuis, brilhos incandescentes cor de prata, uma mistura realmente bela de cores tomou sua visão, bela ao ponto de enfeitiçar. Sem poder desviar, Artéraphos voltou a si quando recebeu um golpe de luz prateada. Seu rosto ardia, aquilo era capaz de o machucar?

    Ele perguntava a si mesmo o que era aquela coisa e aquele buraco, que simplesmente parecia infinito? Era mesmo um caminho para o inferno?

     As chamas aos poucos se apagaram, tendo seu lugar tomado por diamantes incandescentes incrustados dentro da terra. Tinham cor azul e iluminavam mais que qualquer outra lanterna.

    “Isso está ficando perigoso” Colocando sua mão para baixo, Artéraphos focou sua última energia na direção em que caia. Antes de ser preso pelos lobos ele poderia abrir um portal duas vezes, mas agora, mal tinha energia para um. “Condense… não preciso de uma porta, nem de uma janela. Um buraco pequeno e achatado, apenas o suficiente para eu poder passar.”

    Por um instante algo tirou a concentração de Artéraphos, fazendo sua energia se espalhar pelo ar. Forçando sua energia novamente para baixo, ele continuou a condensar um pequeno buraco, suficiente apenas para sua cabeça entrar. Porém, ao longe, logo atrás de onde seu portal estava; ele observou dentes gigantes serrilhados girarem de forma circular.

    A pergunta “paredes com dentes?” ecoou em sua cabeça, até ele perceber que os dentes não eram da parede, mas da criatura que havia criado aquele lugar.

    “DESTROYER!”

    Pequenos olhos diamantados de cor amarela se viraram na direção de Artéraphos, junto ao corpo descomunal da criatura e suas mandíbulas circulares. Ele sabia que esse verme o comeria, e se chegasse a seu estômago, tudo estaria acabado.

    Sem se importar com sua própria vida, ou se importando até demais, Artéraphos começou a retirar toda a energia que mantinha seu corpo para formar o portal. Se ele morresse agora, tudo seria em vão, não faria diferença.

    O verme se aproximava, não era rápido, mas a velocidade que Artéraphos caia era constante. E de repente as luzes se apagaram. Sem nenhum movimento desnecessário a criatura o engoliu como se fosse nada.

    Existia em algum mundo onde as sombras não podiam se esconder nas sombras? As sombras eram sua casa, e apenas por causa das luzes circundantes Artéraphos teve dificuldade para formar aquele portal. Mas agora, dentro da criatura, não havia nada além de uma fria e sombria escuridão.

    Com seu corpo totalmente sem energia, Artéraphos vagava por um lugar que não entendia. Estrelas? Haviam muitos brilhos ao seu redor, e todos flutuavam numa imensa e vasta escuridão. Não, eram passagens, ele estava dentro do portal que o levaria para casa, mas, qual daqueles era sua casa? Ele devia mesmo voltar?

    “Para um mestre como aquele, que me jogou naquele inferno? Vou ter que enfrentar deuses e todas as famílias imperiais, apenas por que meu mestre está usando uma arte roubada do império? Foda-se isso… não quero…”

    Havia um sentimento inerte naquele lugar, era como se nada existisse, ao mesmo tempo que nada valia a pena. Depois daquele inferno, essa era a recompensa de Artéraphos? Ele nem queria saber, apenas flutuar naquele lugar.

    Erro bobo, sem nem ao menos esperar ele sentiu o gosto asfáltico do chão. Onde ele estava? Ele se perguntava, e foi apenas em um segundo onde ele se moveu, até seu corpo deitado totalmente se travar.

    “EU! AQUILO!!!” Olhando assustado em certa direção, Artéraphos observava a si mesmo ajoelhado. Não o Artéraphos que ele era agora, mas o de vinte e três dias atrás, quando ele ainda estava com Ezequiel. “ELE TAMBÉM ESTÁ AQUI?”

    Observando a si mesmo e a seu mestre, Artéraphos pensava que aquilo também era uma ilusão. Ele tinha acabado de sair de dentro do portal, por sinal, um muito estranho e capaz de criar alucinações.

    — Você tem nove dias… — A voz de Ezequiel soou e então ele teve certeza, aquilo não era um sonho.

    Em nenhum momento ele conseguiu associar a mudança em seu portal com o aumento de sua força. Antes ele via apenas pequenas passagens próximas de si, mas agora eram estrelas e galáxias, milhões de pontos brancos, não era a mesma coisa. E então, por que ele se via? Ele se perguntava se podia ter voltado no tempo.

    “Impossível, o tempo é uma linha que anda para frente, não importa o mundo ou lugar, é impossível voltar.”

    Com Ezequiel indo embora, o Artéraphos que a pouco estava ajoelhado agora se levantava e resmungava algumas palavras. Abrindo um portal, ele sumiu dentro da escuridão.

    Percebendo poder mover seu corpo agora, Artéraphos se levantou. Parecia que ninguém podia o ver, isso era bom. Olhando para trás, ele percebeu estar na entrada de um beco, um lugar escuro, ótimo para se refugiar.

    Entrando, foi o tempo de dar um passo antes de ele sentir todo seu corpo arrepiar. Algo o tocava nas costas, no centro delas, uma mão. A voz do ser soou irritada:

    — Olha só quem está aqui, eu não o mandei buscar ingredientes?  Ei, Artéraphos… — Virando-se, Artéraphos observava uma aura negra se espalhar pelo ar. Olhos vermelhos, raiva, ira, e um sorriso no mínimo tosco, forçado, parecia querer matá-lo com dentadas. — … você realmente precisa de nove dias? Ou devo matá-lo agora?

    “Merda, o que porra tá acontecendo agora?”


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