Capítulo 3 – Um Conhecido
O campo estava silencioso, exceto pelo som da grama sendo cortada pelos passos rápidos dos jogadores. Akira Hayato sentiu o suor escorrer pela testa, mas seus olhos permaneciam fixos no movimento do Time Z. Ele, Renji e Tsubasa haviam conseguido montar uma jogada quase perfeita, uma sequência de passes planejada milimetricamente.
A bola rolava pelos pés de Akira, leve e precisa, quase flutuando sobre a grama molhada. Cada toque era calculado: a força, o ângulo, a velocidade — tudo para que chegasse exatamente no ponto onde Renji poderia receber sem ser interceptado.
“Perfeito…” pensou Akira, sentindo a confiança crescente, pronto para dar o passe que poderia quebrar a linha defensiva do Time T.
Mas então, algo mudou. Uma sombra atravessou o campo, rápida como um relâmpago, e interceptou a bola no ar. O impacto foi quase imperceptível, mas suficiente para desviar o passe milimetricamente calculado.
Akira parou de repente, os músculos tensos, o coração batendo acelerado. Seus olhos se arregalaram ao perceber o que acontecera. Ele piscou algumas vezes, tentando processar o que via. A figura que segurava a bola não era apenas habilidosa — era assombrosamente familiar.
O ar pareceu congelar por um instante enquanto Akira tentava colocar o rosto na memória. E então veio o reconhecimento: Susuke Kira.
O jogador estava ali, no centro do campo adversário, com um sorriso confiante e olhar penetrante. Cada passo dele exalava experiência, habilidade e a certeza de que podia dominar qualquer jogo.
Akira sentiu um frio subir pela espinha. “O que um cara desse nível está fazendo aqui? Como ele apareceu do nada no campo?” pensou, a adrenalina correndo por seu corpo, misturada com a tensão de enfrentar alguém que parecia muito além do limite humano.
Renji e Tsubasa perceberam a mudança de expressão de Akira, mas ele permaneceu firme, os olhos fixos em Kira. Naquele instante, o Time Z sentiu o peso do desafio que se aproximava: não apenas o Time T, mas um jogador lendário que poderia virar qualquer partida sozinho.
O campo parecia menor, mais apertado, e cada respiração do Time Z estava carregada de expectativa. A bola rolava de forma lenta agora, mas a tensão no ar era quase palpável — o primeiro choque de mentes e habilidades entre Akira e Susuke Kira havia começado.
Susuke Kira avançou pelo campo com passos leves e calculados, cada movimento exalando confiança e domínio. Não havia pressa, mas cada passo parecia pressionar o espaço ao redor, como se o próprio campo reconhecesse sua presença. O sol refletia em seu cabelo perfeitamente penteado, e seus olhos brilhavam com uma precisão quase desconcertante, olhando diretamente para Akira.
— Quanto tempo, Akirazinho — disse ele, com um sorriso tranquilo e quase desafiador, a voz carregada de familiaridade e arrogância controlada.
Akira franziu a testa, o coração acelerando. Cada fibra de seu corpo se tensionou, o ar parecia mais denso ao redor de Kira. — O que você tá fazendo aqui? — perguntou, tentando manter a compostura.
Kira deu de ombros, o sorriso ainda firme, como se tudo estivesse sob seu controle. — Deixa eu explicar. — Sua voz se manteve calma, mas carregada de poder. — Eu sou uma Carta Coringa. Posso entrar em qualquer jogo da Pré-Fase, em qualquer time, a qualquer momento, substituindo um jogador. E posso fazer isso quantas vezes eu quiser.
Akira engoliu em seco. A mente dele girava, tentando processar a informação. Uma carta coringa? Isso significava que Kira poderia aparecer a qualquer instante, sem aviso, em qualquer partida contra o Time Z, desafiando cada esforço deles.
— Então se prepare, Akirazinho… estarei em todas as partidas contra você — disse Kira, inclinando levemente a cabeça, os olhos brilhando com intensidade.
Renji e Tsubasa se aproximaram, franzindo a testa e trocando olhares confusos. O campo parecia menor, a presença de Kira esmagadora.
— Quem é esse cara, Akira? — perguntou Renji, a voz carregada de curiosidade e uma pitada de medo.
Akira respirou fundo, sentindo a pressão de ter que explicar algo que não deveria ser tão assustador, mas que era inegavelmente intimidador. — Esse cara… — começou ele, cada palavra medida — …joga no Sub-20 do Japão. É um jogador consolidado, daqueles que você não enfrenta todos os dias. Ele… joga muito.
Renji apertou os punhos, os olhos brilhando com determinação misturada com tensão. — Então fudeu… Mas vamos manter a calma — disse, respirando fundo, tentando conter a adrenalina.
Tsubasa, por outro lado, manteve o olhar fixo em Kira, tentando decifrar seus movimentos, mas o sorriso confiante de Kira era como um bloqueio mental. Cada segundo que ele olhava para aquele jogador, sentia o peso da experiência e da habilidade que estava à frente deles.
Akira sentiu uma mistura de frustração e desafio crescer dentro dele. Ele percebeu que a presença de Kira mudava completamente o ritmo do jogo, e que o Time Z precisaria não só de habilidade, mas de estratégia, coordenação e uma coragem extrema para lidar com isso.
No fundo, apesar do choque inicial, uma faísca de determinação acendeu dentro do Time Z. Eles sabiam que o jogo não seria apenas físico; seria mental, estratégico e, acima de tudo, uma prova de vontade contra um adversário quase invencível.
O vento soprava, levantando a grama, como se o próprio campo estivesse esperando a reação do Time Z diante dessa carta coringa que acabara de surgir, prestes a mudar tudo.
O apito ecoou pelo campo, mas desta vez não era para marcar o início de um lance. Era o pedido do Tempo de Estratégia do Time Z, uma manobra rara e especial: cinco minutos para reorganizar a equipe, planejar, respirar e enfrentar novamente a pressão esmagadora do Time T. Não era um intervalo comum, apenas uma pausa estratégica, breve, mas essencial.
Akira respirou fundo, sentindo o vento frio bater em seu rosto, misturando-se ao aroma da grama molhada e da tensão elétrica que dominava o campo. Ele olhou para seus companheiros, observando a respiração acelerada de Tsubasa, a inquietação de Renji, o olhar distante de Nakki e a postura rígida de Genjiro. Cada um deles estava ciente da ameaça: Susuke Kira, a carta coringa do Time T, podia mudar o rumo do jogo sozinho.
— Pessoal… — começou Akira, a voz firme, cortando a ansiedade no ar — …temos que tomar muito cuidado. Um jogador excepcional entrou no time deles.
Genjiro franziu a testa, cruzando os braços. — Mas todos lá são bons… — disse ele, tentando racionalizar, mas a tensão era visível em seus ombros.
Akira balançou a cabeça lentamente, analisando o campo e cada posição do Time Z. — Sim, todos são bons… — ele pausou, olhando para cada membro — …mas esse é diferente. Ele provavelmente deveria estar jogando no Time A. É do nível que ninguém aqui esperava enfrentar tão cedo.
Os jogadores se entreolharam, o silêncio pesado enquanto cada um absorvia a gravidade da situação. Então, começou a breve reunião de estratégia:
Tsubasa ajustou sua corrida pela lateral, tentando encontrar o espaço certo, apesar da velocidade do adversário.
Renji discutiu onde iniciar seus dribles inconscientes, tentando descobrir brechas na defesa do Time T.
Nakki analisava cada passe, brincando levemente com a bola, mas agora com foco absoluto, percebendo que precisaria fazer movimentos sem esforço, mas precisos.
Keo anotava mentalmente cada padrão de Kira, pronto para copiar movimentos estratégicos e proteger seu irmão Nakki.
Hiori estudava posições e ângulos para congelar trechos do campo, preparando passes perfeitos e inesperados.
Genjiro reforçava a proteção da ponta direita, concentrando força em chutes precisos de devolução.
Gen Kekuru, o goleiro, ajustava reflexos e postura, prevendo onde Kira poderia atacar primeiro.
Akira respirou fundo novamente, sentindo o peso da liderança, mas também a determinação crescer dentro de si. Ele sabia que cinco minutos não eram muito, mas poderiam ser o suficiente para transformar o Time Z de azarão em uma equipe que ao menos conseguiria reagir.
— Ok, pessoal… — disse Akira, erguendo o braço como sinal final — …tempo acabou. Vamos voltar ao campo com foco total. Cada passo, cada passe, cada movimento precisa estar sincronizado. Este é o momento de mostrar que não vamos desistir, mesmo diante do impossível.
Cinco minutos depois, o Time Z avançou novamente. O campo parecia menor, mais tenso, mas os olhos de cada jogador agora brilhavam com determinação silenciosa. Eles não eram apenas jogadores agora; eram uma unidade. Uma equipe que, mesmo enfrentando a perfeição do Time T e a ameaça de Kira, ainda tinha uma chance de se tornar algo extraordinário.
O apito soou novamente. A bola rolou. O jogo estava prestes a recomeçar, e pela primeira vez, o Time Z parecia pronto para reagir.
O apito soou baixo, mas não como início de jogada — era apenas o ritmo do jogo que Kira começava a controlar. Ele avançou pelo meio-campo do Time T com passos leves e calculados, como se flutuasse sobre a grama, cada toque no chão medido com precisão. Seus olhos azuis percorriam o campo, observando o posicionamento do Time Z, calculando cada fraqueza, cada distância, cada movimento possível.
Parando de repente, ele chamou o meio-campista que estava próximo:
— Ei, meio-campista.
— O que foi? — respondeu o jogador, hesitante, sentindo o peso da presença de Kira.
— Avise a todos — disse Kira, com voz firme e segura — …vocês vão jogar para mim agora. Todos os passes devem ir para mim.
O meio-campista engoliu em seco, surpreso:
— Mas… por quê?
— Só obedece — disse Kira, com um sorriso frio, um olhar penetrante que fazia qualquer dúvida desaparecer.
A partir daquele instante, o Time T começou a se mover como uma extensão da vontade de Kira. Cada passe parecia mágico, fluido, perfeito. A bola parecia ter vida própria, voando com precisão sobre os pés dos adversários, desviando de cada tentativa do Time Z de interceptar.
Um passe por cima foi feito, aparentemente simples, mas Kira estava sendo marcado de perto. A bola voou, e ele a dominou no ar, de calcanhar, com um toque mínimo, mantendo o controle absoluto.
Dois defensores do Time Z avançaram ao mesmo tempo, tentando interceptá-lo. Mas Kira parecia ver tudo em câmera lenta. Ele saltou levemente, desviou do primeiro marcador, girou o corpo no ar e passou pelo segundo com um drible que desafiava qualquer percepção normal. A bola parecia colada em seus pés, dançando conforme sua vontade.
O Time Z apenas assistia, cada jogador sentindo o choque da habilidade quase sobrenatural diante deles.
Tsubasa correu na lateral, tentando cobrir o espaço, mas percebeu que nem sua velocidade poderia alcançá-lo.
Renji girou para tentar bloquear o passe, mas seus dribles inconscientes foram antecipados com facilidade.
Nakki, boquiaberto, sentiu um misto de fascínio e frustração — aquilo era impossível de acompanhar sem estratégia perfeita.
Então, Kira sorriu, olhando fixamente para o gol adversário, os olhos brilhando com intensidade:
— Vamos parar de brincar, certo? Impact of Death!
O chute foi quase um feitiço. A bola desapareceu por um instante, tornando-se invisível por um segundo. A percepção de todos foi engolida pela dúvida, pela incredulidade. Quando a bola reapareceu, já estava no ângulo, entrando com precisão quase cruel, impossível de defender.
O placar mudou rapidamente: 2–0 para o Time T.
O Time Z respirou fundo, os corpos tensos, o coração acelerado. O peso do desafio era esmagador, mas Akira sentiu uma faísca de resistência crescer dentro dele. Mesmo diante do impossível, ainda havia esperança, ainda havia uma chance de reação.
Ele olhou para seus companheiros, observando cada expressão: determinadas, mas assustadas. Cada um sentia a magnitude do que enfrentavam, mas também sabia que o Time Z não iria se entregar sem lutar.
O campo parecia tremer sob os passos de Kira, cada toque dele na bola marcando uma presença quase sobrenatural. O primeiro golpe havia sido dado, devastador, mas a verdadeira batalha estava apenas começando.
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