Placar: 3 x 3
    Cronômetro: 37 minutos do 2º tempo

    O campo parecia tremer sob os gritos da torcida. O ar estava carregado, como se a própria atmosfera tivesse peso. O suor dos jogadores caía no gramado como chuva grossa, cada gota representando a luta desesperada de dois times que já tinham dado tudo — mas ainda precisavam dar mais.

    A bola rodava entre pés apressados. Cada passe era acompanhado por corações batendo como tambores de guerra.

    Kira avançava, sua postura ereta, o olhar frio, cada toque na bola um corte preciso. Ao lado dele, Agi fazia do campo seu palco, forçando dribles de ilusão, girando o corpo, mexendo os ombros, cada movimento confundindo a marcação. Era como se a vitória estivesse prestes a nascer em seus pés.

    Mas então, como uma sombra inevitável, Koa surgia.

    Ele não apenas defendia. Ele antecipava.
    Onde Kira imaginava cortar para a esquerda, Koa já estava lá, o corpo sólido bloqueando o caminho.
    Quando Agi tentava o drible impossível, Koa não caía no truque: apenas se projetava com frieza, a ponta da chuteira cortando o trajeto da bola.

    O narrador, com a voz rouca de tanto gritar, se exaltava:
    — I-i-inacreditável! Koa consegue conter sozinho Kira e Agi! É como se tivesse olhos em todo o campo!

    O estádio reagia como um único organismo. Parte explodia em aplausos e gritos de incentivo, enquanto a outra parte urrava de desespero, incapaz de acreditar no que via.

    As câmeras focavam o rosto de Koa: olhos semicerrados, respiração cadenciada, a expressão fria, como se estivesse apenas cumprindo um dever — como se bloquear dois dos jogadores mais perigosos fosse um trabalho trivial.

    Do outro lado, Kira mordia o lábio. Seu olhar ardia de raiva, incapaz de aceitar ser travado.

    Kira (pensando):
    — Ele não é só forte. Ele… lê o jogo. Está sempre um passo à frente.

    Agi chutava o ar com frustração após mais um drible anulado.

    Agi (rosnando baixo):
    — Tsk… esse maldito não se move como jogador… se move como uma muralha que respira.

    Koa não dizia nada. Apenas endireitava o corpo, ajeitava a postura, e voltava à linha defensiva. Sua presença era como a de um general em campo de guerra. Cada passo dele dava ao Time Z um fôlego extra, uma sensação de que enquanto ele estivesse lá, nada iria passar.

    As arquibancadas fervilhavam. O grito coletivo ecoava como trovões.

    E o cronômetro, impiedoso, seguia avançando…

    37’… 38’…

    O campo era um tabuleiro, e Koa, naquele instante, era o rei que não podia cair.

    O choque da dividida ainda ecoava pelo gramado. A bola, espirrada para longe, parecia irrelevante diante do que se formava no círculo central.
    Akira e Kira estavam frente a frente, tão próximos que dava para ouvir a respiração pesada de um no peito do outro.

    E então, o tempo… quebrou.

    As arquibancadas rugiam, mas o som foi engolido por um vazio absoluto. No espaço entre eles, as auras se erguiam: fragmentos de luz, distorções no ar, como se a realidade tivesse sido arranhada.
    A Ultra Visão se abriu.

    Linhas de probabilidade surgiam como constelações quebradas, caminhos brilhantes dançando no espaço invisível. Cada movimento, cada possibilidade, cada segundo futuro, estava ali diante deles — mas visto de formas diferentes.

    Kira sorriu primeiro. Seu sorriso era frio, como gelo rachando.
    Seus olhos cintilavam com confiança inquebrantável, como se já tivesse o destino escrito em pedra.

    — Eu já vi como isso termina, Akira. — disse ele, a voz ecoando como trovão no silêncio distorcido. — Existe um único futuro certo… você sendo derrotado por mim.

    As palavras pesaram como grilhões. Cada sílaba parecia selar o campo.

    Akira cerrou os dentes. O suor escorria pela têmpora, mas seus olhos, imersos na mesma dimensão astral, não tremiam. Linhas e linhas se cruzavam diante dele, algumas se apagavam, outras se multiplicavam como rios furiosos.

    — Então abre bem os olhos, Kira. — respondeu, a voz firme, quase cuspida. — Porque eu também vejo futuros… e em alguns deles, é você quem cai.

    As auras se chocaram. Era como se forças invisíveis se empurrassem, gerando ondas de pressão que arrepiavam a pele de qualquer jogador que olhasse de longe.

    Kira inclinou levemente a cabeça, o sorriso se alargando.
    — Não se iluda. — disse ele, sem pressa, cada palavra perfurando. — Você não nasceu para brilhar. Você nasceu pra ser a sombra… pra fazer os outros parecerem estrelas. Um palhaço iluminando o palco… só pra depois ser esquecido.

    O coração de Akira bateu mais forte. Ele sabia que aquelas palavras não eram apenas insultos — eram lâminas afiadas, tentando cortar sua confiança. Mas seus olhos não vacilaram.

    O olhar de ambos era tão intenso que até a torcida, que via de fora, silenciou por um instante. Era como se todos soubessem, mesmo sem entender: ali não era apenas futebol. Era destino contra destino.

    O cronômetro seguia, mas entre Akira e Kira… o tempo não passava.

    A bola escapou pela linha lateral. O árbitro ergueu o braço, apontando para a reposição. Mas ninguém do Time Z nem do Time T correu atrás dela de imediato.
    Todos estavam presos, magnetizados, pelo duelo invisível que queimava no centro do campo.

    Kira e Akira.
    Dois polos de um mesmo campo gravitacional.

    A respiração pesada dos dois formava nuvens de vapor no ar frio da noite. O suor escorria em gotas grossas, caindo na grama como se fossem marcas de sangue num campo de guerra.

    Kira caminhou devagar até Akira. Cada passo era um insulto silencioso, cada movimento carregava a arrogância de quem acredita que o destino já está decidido.
    Quando parou à frente dele, sorriu. Não era um sorriso comum, era um corte, uma cicatriz feita de escárnio.

    — Você é só um palhaço, Akira. — a voz dele saiu baixa, venenosa, como se estivesse apenas sussurrando para que só Akira ouvisse.
    Seus olhos brilhavam em um misto de diversão e crueldade. — Corre, arma, dribla, inventa… mas não marca gols. E sabe de uma coisa? O futebol não lembra de palhaços. Ele lembra apenas de goleadores.

    Aquelas palavras não eram apenas provocação. Eram correntes pesadas tentando prender Akira no chão, lembrando-o do peso que carregava: a ausência de gols, o rótulo de inútil, a sombra da mediocridade.

    Mas Akira não desviou o olhar. Seus olhos, ainda pulsando com os fragmentos da Ultra Visão, encararam Kira como lâminas afiadas.
    Ele respirou fundo, deixou o veneno escorrer pela mente e o queimou por dentro até virar combustível.

    — Palhaço ou não… — começou, a voz firme, vibrando como um tambor de guerra. — Eu vou te derrotar, Kira.

    Deu um passo à frente, tão perto que seus peitos quase se tocavam, tão próximo que até a torcida mais barulhenta parecia ter sumido.

    — Mesmo que seja com um passe. Mesmo que seja sem marcar. Mesmo que eu tenha que abrir mão do meu gol… eu vou achar um jeito de esmagar você.

    As veias em seu pescoço pulsavam. Seus olhos eram fogo.

    Kira ergueu uma sobrancelha, surpreso por um instante. Então riu.
    Não uma risada explosiva, mas um riso curto, seco, que pingava desdém.

    — Veremos, Akira. — disse ele, virando de costas com calma, como quem já não se importa, mas com o peso de quem sabe: aquela chama não iria apagar tão cedo.

    O estádio voltou a rugir, a bola foi reposta, mas entre Akira e Kira… a guerra já estava declarada.

    Placar: 3 x 3 | Cronômetro: 42’

    O estádio estava em um silêncio carregado, aquele tipo de quietude que faz até o vento parecer devagar. Agi recebe a bola no meio de campo, sentindo o couro roçando os dedos com a precisão de um maestro. Ele gira, rápido, um movimento quase impossível, e por um instante, o tempo parece diminuir. Seus olhos brilham: ele vê Kira disparando pela lateral, pronto para interceptar. Mas Agi tem um plano, um passe perfeito na cabeça, como se estivesse conduzindo uma sinfonia invisível.

    Akira observa cada detalhe. Sua Ultra Visão pulsa dentro de sua mente, linhas de probabilidade se desenhando como neon no escuro. Ele vê o passe antes mesmo de Agi tocar na bola. Sem hesitar, dispara, interceptando no limite. O estádio parece prender a respiração. O contra-ataque começa.

    Ele troca passes rápidos com Hiori, cada toque é tão preciso que parece coreografado. A bola desliza entre os pés deles como se estivesse viva. Cada drible, cada passo, cada toque, explode no ritmo do coração da plateia. A torcida grita em uníssono, mas ninguém consegue prever quem vai vencer essa dança de velocidade e inteligência.

    Kira surge, implacável. Ele se atira para travar Akira, quase tocando a bola com a ponta dos dedos. A tensão é elétrica, quase palpável.

    Koa aparece como um ponto fixo no caos, oferecendo-se como opção, pronto para mudar a direção do ataque.

    Kira, respirando pesado, grita com toda a arrogância possível:
    — Akira, você é só um palhaço de merda! No máximo vai marcar um golzinho de sorte!

    Akira olha para ele sem pestanejar. Seus olhos queimam determinação.
    — Cala a boca, Kira. O palhaço aqui é você.

    A bola é disputada com violência calculada, e a disputa leva o jogo de volta ao meio. Renji, sempre atento, recupera a bola e toca para Keo. A dupla começa uma troca de passes quase sobrenatural, rápida demais para que qualquer mortal acompanhe. É uma dança, um balé caótico, mas perfeitamente sincronizado. Cada toque reverbera pelo estádio, cada corrida ecoa no peito de quem assiste.

    Mas Akira não quer apenas participar, ele quer decidir. Ele intercepta de novo, puxa Hiori, e a jogada reinicia, uma sinfonia de estratégia e instinto. Ele sabe que seu chute é poderoso, mas se perder o equilíbrio, será inútil. Kira percebe, sorri sutilmente e aplica um contato quase imperceptível, desviando o corpo de Akira sem cometer falta.

    Akira cambaleia, pensando rápido:
    — Esperto… você descobriu minha fraqueza.

    Kira ri, confiante:
    — Fim de jogo, palhaço.

    E então Akira sorri. Um sorriso que carrega futuro, risco e desafio.
    — Você não viu esse futuro!

    Num movimento absurdo, de calcanhar, ele passa a bola para Renji. Cada músculo do corpo de Akira vibra com esforço, cada gota de suor escorre pelo rosto.

    — Renji, acorda! Chuta essa bola! — grita Akira, a voz cortando o ar como uma lâmina.

    Renji recebe, respira fundo, e dispara um chute em curva. A bola dança pelo ar, girando, queimando velocidade, e explode no fundo do gol.

    GOOOOOOOOOOOL!

    O estádio entra em êxtase absoluto. O placar se transforma: 4 x 3 – Time Z. Cronômetro: 45’.

    O juiz apita. Fim de jogo. Mas ninguém se mexe. A vibração da torcida ainda ecoa, o chão treme, os gritos parecem incendiar o ar.

    No campo, Akira encara Kira, olhos brilhando com fúria e satisfação:
    — Kira, seu merda. Eu disse que ia te vencer.

    Agi, furioso, quase explodindo:
    — Cala a boca, lixo! Você nem marcou gol! Continua sendo um palhaço de me…

    Kira interrompe, sério e frio:
    — Chega.

    Akira pisca, surpreso, percebendo a sinceridade do olhar de Kira.

    — Akira Você foi capaz de ver um futuro que eu não vi. No próximo jogo, vamos decidir quem é o melhor. Quem marcar mais gols será o verdadeiro vencedor.

    Akira sorri, exausto, mas desafiador:
    — Tá certo…

    E então o corpo de Akira não aguenta mais. Ele desmaia, o esforço extremo da Ultra Visão cobrando seu preço. Koa corre e o segura, carregando-o até o CT do Time Z. Cada passo ecoa pesado, cada respiração dele é um lembrete do preço do poder.

    No CT, o time se reúne. O silêncio é denso, carregado de expectativa. Koa olha cada jogador nos olhos, firme:
    — Vocês foram incríveis. Cada um de vocês. Mas principalmente você, Akira. Duas assistências decisivas.

    Ele respira fundo, olhando sério para todos:
    — Agora é descansar. O próximo jogo é em cinco dias… contra o Time U.

    O peso da frase cai no ar como um trovão silencioso. Diferente do Time T, que era só Agi… o Time U inteiro é habilidoso. Esse será o verdadeiro teste.

    Os olhares se cruzam. A chama do próximo desafio arde intensa, pronta para consumir todos que se atreverem a subestimá-la. Cada jogador sente, no fundo do peito, que o mundo deles acabou de mudar.

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