O treino tinha acabado, mas o ar ainda vibrava com aquela tensão de guerra silenciosa.
    Akira estava sentado no banco, mexendo na chuteira, quando Koa se aproximou com aquele jeitão calculado dele.

    — Então, Akira… — Koa soltou, direto. — Você achou um jeito de derrotar o Kira?

    Akira ergueu o olhar.
    Olhos cansados, mas com aquele brilho de quem tá flertando com o impossível.

    — Eu descobri uma coisa, — ele disse, firme. — Um poder… eu acho.

    Koa respirou fundo, como se estivesse esperando exatamente essa resposta.

    — Beleza. Então vamos acabar com o “eu acho”.
    Chama todo mundo. É hora de falar de coisa séria.

    Minutos depois, o Time Z inteiro tava reunido em círculo.
    O vento passava raspando o gramado, como se até ele quisesse ouvir.

    Koa se colocou no centro e mandou:

    — Eu reuni vocês para explicar sobre a Energia Réquiem.

    Os caras ficaram com aquela cara de “hã?”, até que Akira quebrou o silêncio:

    — O que seria isso, Koa?

    E Koa começou o discurso que parecia abrir o próprio manual secreto do universo:

    — Todo ser humano carrega uma energia oculta chamada Energia Réquiem.
    É ela que permite controlar o impossível.
    É ela quem pega um movimento humano e transforma em um milagre.

    Os garotos engoliram seco.

    Koa continuou:

    — A Energia Réquiem é a essência viva do futebol neste mundo.
    Enquanto o corpo define o que você pode, o Réquiem define o que você não deveria conseguir, mas consegue mesmo assim.
    Ela molda passes que cortam o ar como lâminas, dribles que dobram a realidade e chutes que parecem ter vontade própria.

    — Mas o Réquiem não é só poder.
    É emoção.
    É instinto.
    É alma.

    Koa então levantou quatro dedos:

    — Existem quatro tipos de Energia Réquiem:

    1. Réquiem Analisador
      Ver além do visível. Ler o jogo antes dele existir.
    2. Réquiem de Movimento
      O corpo transcendendo o corpo.
    3. Réquiem de Chute e Passe
      Criar trajetórias impossíveis. Rasgar a lógica.
    4. Réquiem de Intimidação
      Dominar a psique. Dobrar a vontade alheia.

    Akira respirou fundo.
    Algo dentro dele tremia.

    — Akira, — Koa disse. — Esse poder… você já consegue usar?

    — Sim.

    Foi só essa palavra.
    Mas ela caiu como um meteoro.

    E então aconteceu.

    O olhar de Akira mudou.

    A íris dele se quebrou em formas geométricas, como um puzzle vivo girando no olho.
    Linhas azuis surgiram, pulsando, brilhando como energia antiga despertando depois de séculos.

    O Time Z inteiro deu um passo pra trás.

    Koa abriu um sorriso rarefeito — meio orgulho, meio espanto.

    — Incrível, Akira.
    O que você despertou é a Visão Astral…
    A habilidade de enxergar o destino do jogo antes dele acontecer.

    Akira piscou devagar, sentindo o mundo se reorganizar ao redor dele.

    Ele não tinha só visto o campo.

    Ele tinha visto todas as versões possíveis dele ao mesmo tempo.

    Koa olhou para o grupo, agora em silêncio absoluto.

    — Existe um treinamento especial para dominar a Energia Réquiem.
    E nesses próximos cinco dias… vocês vão passar por isso.

    O coração dos garotos disparou.

    — Akira, você focará no Réquiem Analisador.

    Mas Akira negou com a cabeça.

    — Não.
    Eu vou aprender todos.

    O ar pesou.
    Ninguém ousou rir.
    Ninguém ousou duvidar.

    E Koa… sorriu.

    — Perfeito.
    Se alguém aqui vai tentar quebrar as regras da realidade, é você mesmo.

    Ele então continuou:

    — Com a Energia Réquiem, vocês podem criar dois tipos de habilidades:

    As Relíquias
    Habilidades únicas, assinatura pessoal, o reflexo puro da alma do jogador.
    É como dar nome ao impossível que você domina.

    E…

    O Réquiem
    O ápice.
    A técnica suprema.
    Uma por jogador.
    Um momento.
    Uma marca eterna.

    — Agora vocês sabem.
    Vocês têm cinco dias.
    Esse treino vai moldar quem vocês serão daqui pra frente.

    Koa respirou fundo e concluiu:

    — Boa sorte.
    Porque a partir de hoje… vocês deixam de ser apenas jogadores.
    E começam a se tornar lendas.

    Dois dias passam como um sopro.
    O campo de treino vira um caldeirão de energia, suor e aura azulada cortando o ar.

    O Time Z está num 5v5 insano, só um gol, só um goleiro, só caos e réquiem em colisão.

    Tsubasa Ryoma rasga o corredor esquerdo na velocidade de um raio comprimido, aura branca serpenteando nos pés.
    De repente, ele solta um passe que corta o vento — um passe tão perfeito que parecia ter sido desenhado com um bisturi de luz.

    A bola encontra Renji Meruru, que sorri daquele jeito meio louco dele.

    Minha vez de brilhar…

    E então ele mostra sua primeira Relíquia:

    Freestyle Monster

    Renji dá sete pedaladas por segundo, tão rápidas que viram um rastro distorcido, como se as pernas fossem linhas duplicadas da própria realidade.
    O chão vibra.
    O ar treme.
    Hiroto Kaminari tenta reagir, mas Renji some — passa por ele em meio segundo, como se fosse feito de fumaça.

    Só que…

    Akira já tava lá.

    Ele já tinha visto tudo — a finta, o ângulo do quadril, a aceleração, o ponto exato em que Renji ia tentar cortar pro meio.

    A Visão Astral rasga o campo com linhas azuis flutuantes.

    Akira dá um passo.
    É tão simples que chega a ser arrogante.

    A bola é dele.

    E aí… ele cria história.

    O Shooter Kick

    Akira arma o chute.
    E atrás dele surge um holograma de uma Beretta, brilhando em azul etéreo, flutuando como uma arma espiritual sincronizada à sua alma.

    Quem tem energia réquiem consegue ver claramente.

    Quando a Beretta dispara, Akira chuta.

    E o chute é tão absurdo que o ar parece estourar.
    O goleiro nem tenta defender — instinto puro gritando pra não colocar o rosto na frente daquela coisa.

    GOOOOOOL.
    A rede afunda como se tivesse sido atingida por um tiro de verdade.

    E aí Koa aparece com aquele sorriso de “meus meninos viraram monstros”.

    — Todos vocês evoluíram absurdamente.
    Mas principalmente você… Akira Hayato.

    Akira respira fundo, ajeita a camisa, mas antes que responda —

    Nakki Mikae aparece.
    Olhos firmes, postura decidida.

    — Akira. Quero falar com você.

    — Pode falar, Nakki.

    Nakki parece juntar coragem, mas quando abre a boca, as palavras vêm afiadas:

    — Graças a você… eu despertei uma vontade de jogar futebol que eu nunca senti.
    Só de ver você jogar… parece que meu sangue acordou.

    Akira dá um sorriso leve.

    — Fico feliz de ouvir isso, Nakki.

    Nakki então faz o pedido que muda tudo:

    — Akira… você quer ser o meu rival?

    Silêncio.

    Akira estende a mão.

    — Eu aceito.

    — Perfeito. — Nakki sorri. — Então começamos agora.

    A noite cai devagar.
    Akira e Hiori tão sentados no gramado, conversando antes do treino final.

    — Ei, Hiori… — Akira diz. — No próximo jogo, vamos tentar a nossa nova jogada.
    Seu novo passe.
    Meu novo chute.

    Hiori ajeita os óculos, olhos brilhando como estrela.

    — Perfeito, Akira.

    Duas horas passam.
    Eles já tão no campo, só os dois, bola, silêncio e aquela aura de parceria inquebrável.

    Hiori suspira, concentrado.

    — Akira… com a minha nova Relíquia, Controlled Passing, você vai deixar de ser só um goleador.
    Você vai ser um super goleador.
    E com nossas duas Visões Astrais… ninguém segura a gente.

    Akira ri baixo.

    — Gosto desse teu jeito de pensar, Hiori.

    Mas então a conversa fica séria.

    — Meu objetivo — diz Akira — é marcar o máximo possível.
    Superar o Kira.
    Ser o melhor.

    Hiori concorda, mas levanta o alerta:

    — Eu estudei o próximo adversário.
    Eles ganharam de 5 a 0 do Time Y.

    Akira interrompe:

    — Rei Baraki, né?

    — Sim. Goleador monstruoso.
    Mas não é só ele.
    O meio-campista deles, Hiroto Nikoji, é um passador do nível do Agi.
    Frio.
    Preciso.
    Leitura absurda.

    Akira coça a nuca.

    — Tenso…

    Hiori continua:

    — E tem mais: os zagueiros Jubei Arakami e Kuro Aizawa.
    Eles esmagaram TODO ataque do Time Y.
    Paredes humanas.
    Movimentação sincronizada.
    Zero erros.

    Akira respira fundo.

    — Eles parecem mesmo insanos…

    Hiori segura o ombro dele.

    — Mas relaxa.
    Nós somos os melhores.
    E amanhã… o campo inteiro vai descobrir isso.

    Akira sorri com aquela confiança silenciosa que derruba montes.

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