Capítulo 52

— Adorável.

Agora todo o seu corpo estava em chamas. Cada vez que Fidelis experimentava sentimentos profundos, Hakan se via envolvido por sentimentos ainda mais intensos que os dela.

Ele não queria que isso acabasse assim. Um desejo ainda mais intenso parecia devorá-lo.

Seu coração batia muito rápido e forte, como se pudesse explodir a qualquer momento. Um formigamento inundava todo o seu corpo, enchendo-o de felicidade, sentia como se fosse sair voando.

Harold, Alvin e Chester decidiram, com rostos resignados, não fazer nada diante da tentativa amorosa sem precedentes de Hakan.

Zion observava Fidelis e Hakan, desejando poder fazer o mesmo com Iseult. Enquanto isso, Iseult estava muito apressada, querendo afastar Fidelis de Hakan o mais rápido possível.

— Esse é o grupo de Hakan Declan, Astin?

Todos os olhos se voltaram para a voz áspera que surgiu do nada. Elland e Astin caminhavam arrogantemente em direção a eles.

Astin estava ao lado do forte Elland. As mesmas palavras saíram simultaneamente das bocas de Zion e Iseult.

— Você não está morto.

Ao ouvi-los, Astin se aproximou de Iseult.

— I-se-ult, minha paciência tem um limite. Se continuar com isso, eu também não vou me conter.

— A partir de agora, eu também não vou tolerar.

Iseult tentou chutar a canela de Astin, que ousou ameaçá-la, mas seu pé acertou o ar. Elland havia agarrado Astin por trás, puxando-o com força.

— Ei, Astin. Onde está a foice de que me falou? Ousou mentir para mim?

Conforme o questionava entre grunhidos, a raiva começou a inundar seu rosto lentamente. Astin olhou para Hakan, apressado. Era verdade que não havia nenhuma foice ao redor dele.

— Tenho certeza de que vi uma foice bem atrás de Hakan! Onde você a escondeu?

Astin começou a procurar ao redor de Hakan, envergonhado pela situação inesperada, mas não havia nenhum sinal da foice. Fidelis, entendendo a situação, virou o rosto rapidamente, trocando olhares cuidadosamente com Hakan, evitando Elland e Astin.

Fidelis não sabia se Hakan a tinha entendido, mas assim que seus olhos se encontraram, Hakan continuou ocupado beijando suas bochechas suavemente.

— Onde está a foice!?

— Do que você está falando!?

Astin gritou como se estivesse prestes a pular em cima de Hakan. Fidelis gritou sem ficar para trás. Só então, quando viu Fidelis, as pupilas de Astin se expandiram, não tinha percebido que Fidelis estava nos braços de Hakan.

— O quê? Como uma pessoa morta pode…?

— Que homem estranho… quem está chamando de morta? Quem está morta?

Certamente Astin foi quem falou sobre a foice desde o início. A melhor opção era fazê-lo parecer um mentiroso. Fidelis queria evitar brigas inúteis. Se derrubassem Astin, a situação se resolveria por si só.

Usando suas habilidades teatrais de alto nível, Fidelis fez uma expressão incrédula. Todos os outros, sem exceção, entenderam e aceitaram seu plano.

Um por um, todos começaram a fazer a expressão mais absurda que podiam. Diante do rosto incrédulo de Zion, Iseult o cutucou na lateral. Só então ele mudou sua expressão.

— Siga minha imitação.

— Sim!

Quando Iseult, que havia falado baixo o suficiente para que ninguém mais ouvisse, fez uma expressão confusa, Zion apertou levemente os lábios, evitando que um riso inesperado escapasse deles. Para Zion, a expressão confusa de Iseult parecia muito forçada.

Hakan não se importava com nada disso, então nem se deu ao trabalho de atuar. Pelo contrário, Iseult, que estava se forçando a atuar, parecia muito desconfortável. Naquele momento, não se parecia em nada com a Iseult que havia mentido casualmente para enganar seu pai.

— Iseult, continue olhando apenas para mim… entende?

Quando Zion a alertou de que iam descobri-la, Iseult se aproximou.

— Está tão óbvio assim?

— Haha! Você é tão fofa!

— Isso não foi o que perguntei…

Iseult tapou a boca de Zion e segurou sua mão. Zion levantou o polegar e assentiu enquanto emitia um leve grunhido. Astin, que até aquele momento estava olhando para Fidelis com o rosto pálido, estupefato, ao ouvir seus sussurros, virou o rosto e olhou para Zion e Iseult.

— O que diabos estão cochichando? Querem mesmo me irritar de verdade?

Astin, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão como se estivesse prestes a agarrá-la pelo cabelo violentamente. Iseult agarrou Zion e trocou de posição com ele. A mão de Astin parou no ar, ele entrou em pânico.

— Ei, Astin. Isso é diferente do que combinamos. Vai continuar me irritando?

Elland, segurando com força o pulso de Astin, ele começou a se irritar com ele, apertando os dentes. Havia uma pessoa a mais do que Astin havia dito, e além disso, um estranho fantasma.

Vendo que a foice também não estava em lugar nenhum, era lógico que Elland, que havia protegido Astin durante todo o caminho até ali, matando monstros e fantasmas, se sentisse enganado.

— Tenho certeza de que Hakan tem a foice!

Enquanto Astin gritava, Elland olhou para Hakan.

— Ei, onde está a foice?

Estava claro que, enquanto perguntava sobre o paradeiro da foice com aquele tom descarado, estava ameaçando Hakan. Uma chorosa Fidelis se colocou na frente de Hakan.

Embora, é claro, bloquear seu caminho até Hakan não o deteria. No entanto, não fazia muito sentido dizer que estava bloqueando, pois a testa de Hakan sobressaía acima dela. Elland olhou para Fidelis, pálida e pequena.

Fidelis leu as informações pessoais simples que apareceram ao lado dele. Fidelis perguntou educadamente, mas com firmeza, para que ele não pudesse ignorá-la:

— Você não para de perguntar sobre uma foice, de que foice está falando? Vá direto ao ponto e fale claramente.

Elland acariciou a barba enquanto observava Fidelis, que estava na frente dele. Graças aos dois homens, um na frente dela e o outro parado atrás, Fidelis parecia uma anã.

— Coelho?

— O quê? Onde!?

Embora essa não fosse a resposta à sua pergunta, Fidelis começou a procurar ao redor quando Elland disse a palavra “coelho”.

— Não acho que haja nenhum coelho de verdade por aqui…

Chester se aproximou de Hakan, olhando para Elland sem esconder seu olhar hostil. Elland apontou para Fidelis com o dedo, enquanto abria a boca novamente.

— A senhorita que está olhando de um lado para o outro, parece que não sabe fazer nada sozinha. Como entrou aqui? Deve ser uma senhorita muito mais gananciosa do que parece.

Enquanto Elland franzia o rosto, de mau humor, aproximou seus dedos grossos da bochecha de Fidelis. Hakan, que estava observando de trás, entrou em cólera rapidamente. Colocou Fidelis entre seus braços e bateu na mão de Elland com força.

— Tire suas mãos dela.

Elland se surpreendeu. Quando cruzou o olhar com Hakan, que o estava advertindo cheio de fúria, Elland sentiu como se quase desse um passo para trás.

“Está me dizendo que estou com medo de um garoto que nem viveu metade da minha vida?”

Embora tenha sido apenas por um instante, Elland estava zangado consigo mesmo e com o impertinente Hakan, que o havia dominado com sua intensidade.

— Me dê a foice, ou vou cortar Astin ao meio.

Não pareciam se dar bem, mas não deixariam morrer alguém que conheciam. Elland apontou para Astin e os ameaçou, mas não obteve nenhuma resposta. Na verdade, apenas o rosto de Astin se deformou, horrorizado.

— Agradeceria se pudesse simplesmente matá-lo de uma vez, rápido, por favor, mate-o.

Como se tivesse ouvido algo que gostava muito, Iseult sorriu e empurrou Astin em direção a Elland. Elland, sentindo-se desconfortável, pensando que estavam rindo dele, falou com um tom muito mais baixo.

— Estão zombando de um adulto?

— Acha que estou brincando?

Iseult respondeu com seriedade, endurecendo a expressão e olhando diretamente nos olhos de Elland. Quando Iseult o enfrentou, Elland começou a ser inundado pela raiva, pensando que Astin o havia enganado.

Astin gritou apressado, com um olhar que refletia o medo de perder a vida a qualquer momento.

— TENHO CERTEZA DE QUE ESCONDERAM EM ALGUM LUGAR! ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO! POR QUE EU MENTIRIA PARA O SENHOR ELLAND DEPOIS DE TRAZÊ-LO ATÉ ELES!?

Astin parecia desesperado. Elland, que estava observando a situação tentando acalmar sua raiva, decidiu atacar Hakan, independentemente de qual fosse a verdade. Deixando de lado quem estava dizendo a verdade, reduzir o número de competidores era algo que lhe interessava, e pode ser que, como Astin havia dito, ele estivesse escondendo a foice em algum lugar.

Não fazia sentido recuar e aceitar que não tinham a foice. Um deles estava mentindo, e a forma mais segura de descobrir quem estava dizendo a verdade era atacar o inimigo que estava na sua frente.

Além disso, Elland pensou que não seria nada mal mostrar a esse tipo quem era o mais forte ali, faria com que ele baixasse a bola.

Elland, depois de destensionar o corpo movendo o pescoço de um lado para o outro, agarrou a espada nas costas com tanta força que produziu um som. Hakan aproximou Fidelis de Iseult e deu um passo à frente.

Tudo aconteceu em um instante.

Elland, que havia corrido em direção a Hakan após desembainhar a espada, foi facilmente vencido por Hakan, que o imobilizou no chão antes que Elland pudesse fazer qualquer coisa. Com uma das mãos, Hakan apertou com força o pescoço de Elland, enquanto com a outra, apertou a mão que segurava a espada, impedindo seu movimento.

O aperto no pescoço de Elland se estreitou. Ele sentia uma dor aguda na garganta, como se seu pescoço estivesse prestes a ser arrancado. Elland balbuciou palavras incoerentes.

— Ughrsk!

Com o rosto contorcido, Elland não entendia o que havia acontecido. Antes que pudesse alcançar aquele garoto, ele se moveu como um raio, imobilizando-o e ameaçando sua vida.

“A diferença é tão grande assim? Maldição! Sou um fraco para esse garoto!”

Elland não podia acreditar. Depois de entrar naquele lugar, de alguma forma, havia sido bloqueado, mesmo sendo capaz de usar toda a sua força. Suponha que, naquela situação, em que estava com o pescoço rígido contra o chão, não haveria uma grande diferença.

Ainda assim, ele o havia capturado sem muito esforço. O rosto de Elland ficou vermelho de vergonha.

— Então magia não é a única coisa que você sabe fazer. É um garoto bastante versátil.

Iseult pronunciou essas palavras para explicar a situação ao envergonhado Elland, embora não soubesse discernir se estava elogiando ou insultando Hakan. Iseult estalou a língua ao ver como Hakan olhava cheio de raiva para Elland.

Tinha sido assim desde o início.

Frequentemente, quando olhava para Hakan, a frase “Deus é injusto” vinha à mente. Em qualquer caso, havia criado um talento totalmente insano.

Seus esforços sempre davam frutos, de forma que, resultava difícil determinar se seu crescimento tinha limites ou fim. Iseult se perguntava se havia algo que Hakan não podia fazer. Sua irmã mais nova o havia capturado e, dizendo que era adorável, Fidelis o havia abraçado com força.

— Leve-o ou vou partir o pescoço dele ao meio.

Zion inclinou a cabeça diante das alternativas dadas por Hakan, eram bastante generosas. Então, viu Iseult e Fidelis e entendeu.

Era evidente que Hakan queria evitar ao máximo ser cruel na frente de Fidelis. Essa desconhecida amabilidade fez Zion tremer, enquanto ficava arrepiado.