Índice de Capítulo

    Fracos raios de sol começavam a tocar as copas das árvores conforme as trevas recuavam.

    Kurone chegou à parte inferior da floresta no início da manhã, acompanhado da professora Ruderalis e da Inquisidora — com a Orbe Cinza ao seu lado.

    Annie ordenou para que as sombras fossem retiradas e pediu um tempo para pensar sobre tudo o que aconteceu nas últimas horas. A escuridão guiaria os companheiros dela de volta ao seu esconderijo, mas a garota ficaria pelas redondezas por mais algum tempo.

    A maior ameaça à segurança de Annie era a Inquisidora, que veio à Universidade Mágica com o objetivo de capturar “Nie” e seu bando e o garoto que atacou o tribunal no ano anterior, além de prosseguir com as investigações acerca da morte do bibliotecário.

    Por ironia do destino, toda a missão da Inquisidora estava ligada a Kurone Nakano e à deusa Annie. Enquanto Hime pensasse que os outros papéis que o bibliotecário supostamente confiou ao garoto loiro estavam vindo para a Universidade, ele teria um tempo para imaginar uma maneira de resolver tudo.

    Encarou a esfera acinzentada ao lado da garota de cabelos esverdeados, podia sentir uma energia ameaçadora emanando dela, talvez por tentar fazer a divindade de bola de futebol antes… mas isso não era algo que precisava se preocupar.

    A magia de Hime ter se voltado contra ela e a separado da garota vinda do mesmo mundo de Kurone foi uma coisa boa, assim a deusa estava mais fraca, apesar de isso significar que ela seria inútil em uma batalha contra Azazel van Elsie.

    Agora tinha muita coisa para pensar e estratégias que precisavam ser revistas… 

    — Querido!!! 

    Escutando a voz familiar, olhou para trás e viu a figura de Cynthia acenando.

    A nobre estava acompanhada do vice-capitão Paltraint e todos os outros membros do grupo. Ficou preocupado ao chegar aqui e não os avistar, mas, nesse momento, deixou um longo suspiro escapar ao ver que nem mesmo suas roupas estavam danificadas.

    Na verdade, eles pareciam mais limpos que antes — talvez tenham encontrado algum lago para se lavar?

    A jovem Sophiette usou o impulso da descida ao seu favor e deu um abraço apertado no companheiro ao aproximar-se, fazendo o garoto ficar vermelho como um pimentão enquanto tentava manter o equilíbrio.

    — Estava tão preocupada de você ter se machucado! — Ela o encarou nos olhos. — Tem um pouco de sangue no seu rosto, mas pelo menos você está inteiro.

    Kurone formou um sorriso no canto da boca. Seu peito ficou um pouco quente, fazia tempo que não sentia isso, até se esqueceu de como era ter alguém que se preocupava tanto com ele. Essa cena o lembrou de como suas irmãs o recebiam fervorosamente quando retornava para casa.

    — Que vergonha, não tiveram a coragem de subir até o ponto que combinamos? — falou Paltraint Atrex, com um sorriso presunçoso. — Espalharam a presença de vocês de propósito para também descermos de volta, covardes!

    — Pela sua expressão, parece que também não conseguiram chegar lá — retrucou a professora Ruderalis.

    — Um elfo pelado ficou em nosso caminho e a gente acabou saindo da rota.

    Kurone franziu o cenho ao ouvir as palavras “elfo pelado”. Devia ser um dos integrantes do bando de Annie que ficou encarregado de cuidar do grupo do vice-capitão, mas era realmente estranho eles não terem nem mesmo um arranhão após encontrar essa figura estranha.

    Notando o olhar curioso do garoto, o vice-capitão começou:

    — É duro admitir isso, mas ele era bem forte… os outros morreram e eu e a senhorita Sophiette aí passamos sufoco.

    — Morreram? — o menino mirou a nobre envolvida em seus braços.

    — O elfo era totalmente insano, — disse Cynthia — ele matou todos sem hesitar, mas o mais estranho aconteceu no fim da luta, quando as trevas começaram a recuar: todo mundo reviveu e nossas roupas também foram consertadas.

    Essa breve descrição deu a Kurone uma ideia aproximada de quem era a pessoa responsável pela escuridão. Ele sorriu e enunciou:

    — Acho que essa floresta tá muito além das nossas capacidades. Pelo menos todo mundo tá vivo.

    Cynthia e Paltraint pareceram insatisfeitos com a resposta do menino, mas ele não se importou, continuou a marchar em direção à Universidade Mágica, era nítido para todos que algo aconteceu, pois ele estava muito sorridente.

    — Ei, pirralho, não me compare com você. Eu conseguiria sobreviver aqui sozinho…

    Claro, não poderia ser diferente, afinal Annie havia retornado à sua vida, mesmo a repreensão de Paltraint não o incomodaria.

    Ah, sim, Baalzinho, finalmente as coisas estão seguindo o curso que eu estive esperando. 

    — Eu não penso assim, senhorita Azazel.

    — Está contando com o menino loiro? Ele é realmente um incômodo, mas conseguirei lidar com ele, não vá ficando todo excitado, Baalzinho.

    — O que houve com a senhorita Cecily e a Reencarnação de Astarte?

    — Estão viajando de maneira mais discreta, mas ainda continuam a buscar os Fragmentos de Astarte. Eu coloquei alguns contratempos no caminho delas, mas logo elas devem estar de volta para as proximidades do orfanato, e aí irei atacar.

    — Senhorita Azazel está muito confiante para me contar o seu plano.

    — Porque eu sei exatamente que não importa o que você fizer, nunca será capaz de me vencer, Baal. Só estou permitindo sua insolência porque estou entendiada.

    — O perdedor se tornará servo do vencedor, essa foi o nosso acordo quando fizemos a aposta. Entenda que não irei desistir tão fácil, senhorita Azazel.

    — Pode vir com tudo, não conseguirá me vencer.

    O silêncio tomou conta do lugar após a última sentença. Baal e Azazel van Elsie permaneceram em silêncio, mirando o grupo seguindo em direção à Universidade Mágica.

    A atenção da dupla era mais direcionada para a criança loira que emanava uma aura incomum. Ambos sabiam que aquele menino poderia ser a chave que tanto buscavam para alcançar os seus objetivos.

    Azazel van Elsie almejava o caos, ninguém conseguia entendê-la e quais eram os seus verdadeiros objetivos, enquanto o ser ao seu lado só desejava derrotá-la. 

    Suas peças eram as pessoas extraordinárias, e o tabuleiro era o grande mundo de Niflheim. 

    Por algum motivo, Baal sentia que esse jogo doentia já estava próximo do seu fim.

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