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    Sem muito esforço, Hime eliminou todas as Sementes de Doppelganger cercando o grupo… mas a que preço? A fusão acabou: deusa e humana se separaram novamente, cada uma pendendo para um lado.

    Rapidamente, Cynthia se antecipou para segurar o corpo da garota caindo, enquanto deixava o Orbe Cinza quicar no chão coberto por gramíneas de propósito.

    — Isso foi tolice! — protestou Minerva.

    — Não posso permitir a existência de seres pecaminosos como esses. Não me arrependo do que fiz — retrucou o Orbe Cinza, estabilizando-se no ar.

    A Santa pensou em prosseguir com a discussão, mas o olhar afiado de Cynthia a lembrou que isso não levaria a lugar nenhum. Desde o começo, sabia que não podia contar com Hime, a única que realmente era útil e prestativa aqui era a jovem Sophiette.

    Tsc, vamos continuar, Azazel van Elsie já sabia nossa localização, se ficarmos parados, seremos atacados novamente.

    Minerva aumentou a sua cautela. Se o inimigo pudesse esconder a sua presença, ela teria que usar os outros sentidos para evitar outra emboscada. 

    Seu coração acelerou por um momento. Eles sequer tinham se aproximado do local que Azazel van Elsie estava, contudo a sua moral diminuia aos poucos e o medo começava a querer um espaço nas suas cabeças. O quanto a demônia havia antecipado?

    “Ela só está brincando conosco…”

    Tinha ciência da iminência de um embate entre ela e Azazel, mas não imaginou a existência desse abismo de diferença tanto em suas habilidades quanto na inteligência. Demônios não eram burros, esse era um pensamento de idiotas crentes na supremacia humana…

    O passo seguinte fez a Santa rangir os dentes com força. 

    Um círculo mágico brilhante acendeu assim que ela pisou em uma área sem grama e, no próximo instante, outros círculos surgiram nos troncos das árvores próximas e dispararam flechas de mana em todas as direções.

    Eram projéteis totalmente feitos de mana, a Santa conseguia senti-los e desviar sem problemas utilizando o Tipo Elemental Vento para aumentar a sua velocidade, mas isso não se aplicava ao resto do grupo.

    Cynthia colocou-se na frente da garota apoiando-se em seu ombro e defletiu as setas azuladas com a sua espada.

     Sprout simplesmente deitou-se e permaneceu imóvel, em uma posição estranha, sua expressão relaxada permaneceu inalterada. 

    Vendo a ação tomada pela professora, os outros a imitaram. Os mais lentos não escaparam ilesos, porém aparentemente não havia nenhuma vítima fatal.

    — Uma armadilha tão simples para caçar… a demônia está nos tratando como animais irracionais! Ela só quer nos mostrar quem são os seres burros!! — Minerva rugiu, dando um soco em uma das árvores com um círculo mágico desativado.

    — Ela deve querer nos irritar — falou Cynthia, também brava. — Não podemos cair nos jogos dela. — A garota olhou para trás. — Na próxima vila que pararmos, vamos enviar uma mensagem para a Universidade Mágica, precisamos avisar sobre essas armadilhas.

    Todos concordaram com a sugestão, acenando com a cabeça.

    — Temos que continuar… Ah, você não parece bem. — Cynthia apontou para um dos estudantes antes de continuar andando. O jovem teve o ombro ferido de rasão e possuía uma expressão de sofrimento no rosto, uma expressão até exagerada para um rasgo tão pequeno. — Professora Sprout, você pode curar…  

    Boom!

    O jovem fez um grande “Boom!” e explodiu, deixando apenas uma grande poça de sangue no local que estava antes. A compreensão demorou para chegar, foi tudo muito rápido, mas logo a mente assimilou o ocorrido e pôs uma expressão de horror no rosto de todos.

    O som repetiu-se mais três vezes, e, em todas elas, os jovens atingidos de raspão pelos projéteis explodiram e tornaram-se poças vermelhas de sangue e vísceras.

    Minerva sentiu o seu estômago revirar e as pernas já trêmulas fraquejaram por um momento, obrigando-a a ficar de joelho.

    A Heroína Ádvena vomitou várias vezes no arbusto mais próximo.

    “Vamos morrer antes mesmo de enfrentar Azazel van Elsie dessa maneira. Se você sabia que ela faria isso, porque não preparou o círculo magico para nos deixar dentro do orfanato de uma vez, Iolite?! Não me diga que estamos apenas servindo de entretenimento para aquela coisa para a Guarda Real ganhar tempo?!! Não! Não é isso! Como pude ser tão tola?! Na verdade…”

    Haha! Vocês humanos são uns idiotas! — gritou um dos guardas com uma expressão sombria. — Acreditaram realmente que o menino loiro preparou o círculo mágico e nem cogitaram ideia de ele ser uma Semente de Doppelganger. Não culpem o Iolite, vocês são os idiotas da história!

    Todos entraram em posição de combate ao escutarem as palavras do guarda. Ele estava no centro, ou seja, desde o início estava cercado por todos, não havia como fugira sem lutar, era um sinal de que tinha confiança na sua força.

    — Não sejam malvados comigo também, a mestra Azazel só queria brincar um pouco para passar o tempo. — Ele engoliu em seco ao ver Cynthia balançando sua espada. — Es-espera, se me matarem agora, não vão conseguir voltar para a Universidade Mágica! Fui eu quem fiz o círculo!

    Minerva franziu o cenho, diferente dos estudantes e do resto dos guardas, que pareciam animados com a ideia de voltar e esquecer essa luta maluca contra Azazel van Elsie.

    — Sendo assim, você também deve conseguir nos mandar direto para o orfanato, certo? — questionou Minerva, assustando os jovens entusiasmados com a ideia de desistir da luta.

    — Não sejam covardes, rapazes, viemos pra cá para lutar, não importa se foi o Iolite ou a prória Azazel que nos trouxe, nosso plano permanece o mesmo — falou a professora Sprout em sua voz relaxada, ainda deitada no chão em uma posição sensual.

    — Isso mesmo, não vou perdoar essa demônia pelo que fez! — afirmou Cynthia.

    — Isso é loucura!!! — protestou um dos estudantes. — Se quiserem ir, podem ir, mas eu não vou! Não vou!! — Houve gritos de apoio após o fim da sua fala.

    — E vão ficar aqui para serem mortos pelas armadilhas? Vocês são apenas um monte de plebeus fracotes — disse Cynthia, em um tom ameaçador e a expressão de alguém nada contente pelo motim dos voluntários. A palavra que melhor descrevia a sua expressão era “nojo”.

    — Vai ser bem melhor que ser morto diretamente por Azazel van Elsie! — enunciou outro guarda, trêmulo por confrontar a jovem Sophiette, mal conseguia encará-la.

    Enquanto discutiam, eles foram se movendo e, nesse momento, o grupo estava separado em duas facções: 

    Esses ao lado da Sprout Ruderalis deitada eram a favor de continuar a missão, nesse lado estavam a própria Sprout Ruderalis, logicamente, Minerva Clergyman, Cynthia Sophiette, a Heroína Ádvena, o pequeno guarda de elmo grande e a dupla de estudantes delinquentes da Universidade Mágica.

    O outro lado possuía mais números, afinal era formado pelo resto dos guardas e dos estudantes veteranos.

    Cof, cof! Como eu ia dizendo, vocês não precisam brigar, posso criar dois círculos mágicos de teletransporte sem nenhuma dificuldade.

    O grupo formado pelos estudantes e guardas ficou contente, enquanto Minerva e Cynthia continuavam a trocar olhares de desconfiança, mas não disseram mais nada, apenas deixaram o lacaio de Azazel desenhar os círculos à vontade — tarefa feita em menos de dez minutos.

    O círculo a esquerda levaria ao orfanato, e o da direita, à Universidade Magica, supostamente.

    Minerva analisou com cuidado e não viu nada de errado nos desenhos, mas ainda assim não seria ingênua novamente, ela podia estar morta se aquele primeiro círculo mágico fosse uma armadilha.

    — Tem certeza que irão confiar nas palavras dessa coisa? — Cynthia perguntou aos jovens à sua frente.

    Eles não responderam, apenas olharam para baixo. Deviam estar envergonhados por terem se oferecido como voluntários, terem demonstrado tamanha coragem, com o objetivo de impressionar a Santa e a jovem Sophiette, claro, e no fim acabarem voltando com o rabo entre as pernas por estarem morrendo de medo da morte.

    Minerva não iria insistir, ela sabia da existência do abismo de diferença entre dizer que estava pronto para morrer e encarar a morte logo à sua frente.

    — Bem, façam uma boa viagem! — O guarda de expressão sinistra estalou os dedos e, no instante seguinte, os círculos mágicos brilharam intensamente, e os jovens à direita tiveram o seu corpo incinerado, restando apenas os ossos.

    O som dos esqueletos caindo e os ossos se separando foi doentio, um crânio rolou até a perna de Sprout — a professora o chutou para longe sem pensar duas vezes.

    — Eu imaginei que seria algo assim — Minerva disse, com um suspiro melancólico. — Me impressiona você não ter cogitado que eu teria algo assim. — Ela tirou da sua sacola de livros um talismã, que vaporizou como os jovens ao entrar em contato com o ar.

    — Ei, não acredito que você ia nos transformar em churrasquinho. Agora eu que vou te transformar em espetinho — ameaçou Sprout, trazendo para perto de si diversos cipós com espinhos.

    Ahhhh!

    Os cipós vieram de todos os lados da floresta, não havia como desviar, e vendo que tinha falhado em matar os seus alvos, o lacaio recorreu à sua última opção: mandar o grupo para a boca do lobo. Ele morreria, mas sua mestra eliminaria todos sem problemas.

    Novamente, o círculo mágico brilhou. 

    Dessa vez, Minerva sentia que não seria incinerada. Os corpos de todos viraram partículas no ar e eles foram transportados, enquanto o guarda responsável pelo ato era dilacerado pelos cipós repletos de espinhos de Sprout.

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