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    Cynthia Sophiette reconheceu o local assim que foram totalmente materializados e puderam abrir os olhos em segurança, sem o incômodo do brilho intenso.

    Atualmente, estavam na entrada do orfanato, havia um portão com grades à frente, abri-lo e andar em linha reta levaria diretamente para a origem da presença demoníaca.

    — Já ouvi dizer que esse portão possui uma magia especial que impede pessoas não autorizadas a entrar, fizeram isso porque os moradores da região tentaram atacar o orfanato diversas vezes — explicou a jovem Sophiette.

    — Deve ser apenas rumores, não consigo sentir nenhum fluxo de mana no portão — falou a Santa.

    — Ou talvez a demônia tenha preparado outra armadilha. Santinha, sua intuição não está sendo tão confiável ultimamente — provocou Sprout. 

    Minerva não respondeu, Cynthia a viu cerrando os punhos discretamente. Querendo ou não, a professora Ruderalis tinha razão, Azazel van Elsie conseguia enganar até mesmo essa serva da deusa sem dificuldades.

    A jovem Sophiette estava pronta para se adiantar e tentar abrir o portão, mas isso não foi necessário: o som de um rangido ecoou e o objeto de grades abriu-se, revelando o caminho que levaria o grupo ao seu destino.

    — Parece que a demônia está nos dizendo para entrar… — murmurou a professora de botânica.

    Os dois delinquentes engoliram em seco ao verem a cena, enquanto o guarda baixo e a Heroína Ádvena olhavam com desconfiança para todos os lados. 

    As Sementes de Doppelganger ocultavam a sua presença, podiam estar os esperando em qualquer lugar… Os círculos mágicos com armadilhas também eram ativados com uma simples passada de alguém desatento. 

    Estavam nas mãos da demônia, isso era um fato.

    Vendo como a hesitação tomava conta do grupo, Cynthia adiantou-se e começou a caminhar na direção do portão aberto. Ela atravessou e nada aconteceu, com a exceção do aumento da presença demoníaca espalhada pelo ar.

    — Não podemos perder tempo — disse a garota, tentando manter a sua postura confiante.

    A Santa concordou, acenando com a cabeça, e o grupo mobilizou-se, com a liderança da jovem Sophiette.

    A estrada os levou à área principal do orfanato em segurança. Um silêncio incomum os seguiu em todo o trajeto, provocando uma ponta de ansiedade em seus corações. Do começo ao fim, todos só podiam pensar que seriam atacados a qualquer momento.

    Seres humanos eram realmente patéticos, a expectativa os deixou decepcionados e ansiosos à toa, afinal não foram atacados, levaram apenas alguns sustos quando os pássaros levantaram vôo para tomar água no lago próximo.

    Cynthia engoliu em seco de forma bem audível ao se ver em frente à origem de toda a energia demoníaca. Ela olhou para todos os lados, aflita.

    O novo orfanato seguia o mesmo modelo do antigo, com prédios separados para cada necessidade. A construção onde as crianças dormiam e os dormitórios das sacerdotisas estavam maiores, mas essa era a maior mudança.

    — Senhorita Cynthia, olhe ali… por favor, não se descontrole.

    Um pouco tensa, a nobre olhou para a direção apontada pela Santa. No mesmo momento, ela sentiu todos os seus músculos tremerem. Havia alguém pregado em uma cruz no local mostrado, o corpo do sujeito estava mutilado e muito sangue forrava o chão.

    Apesar do estado dessa pessoa, Cynthia o conheceu: era ninguém menos que o seu irmão.

    — N-não!!

    — Ele ainda está vivo, a presença só está fraca orque está sendo suprimida por alguma barreira. A demôênia queria que você pensasse que ele está no fim da vida — explicou Sprout. — Essa raça Sophiette é fascinante, mesmo nesse estado, ele continua vivo.

    A nobre ficou ofegante, contendo-se para não avançar e tirar o seu irmão dali. Mas a racionalidade a impediu de dar mais um passo. Estava no território inimigo, não podia descuidar, estava na liderança desse grupo.

    — Realmente, realmente, essa raça é muito poderosa. Por isso são meus brinquedos favoritos, eles não quebram tão fácil — disse uma voz feminina sádica, a sua dona desceu devagar e aterrissou entre o jovem crucificado e Cynthia.

    Era Azazel van Elsie.

    Todos tremeram, e se fossem contar a história dessa luta a alguém, ninguém negaria que tremeu. Era impossível não se acovardar perante a essa energia maligna emanando de cada pedaço do ser da demônia.

    Ela possuía cabelos negros longos e sedosos, como os habitantes do oriente, seu corpo era esbelto, repleto de curvas e contemplado com seios avantajados. Cobrindo o seu corpo obsceno, havia um vestido reto e branco semelhante ao que as empregadas usavam, porém estava um pouco curto na reparte inferior, revelando suas coxas grossas.

    Olhos negros, cerrados, e um sorriso maligno largo adornavam o rosto de Azazel.

    — Azazel van Elsie… — murmurou a Santa, rangendo os dentes.

    — Minerva Clergyman… Hmmm, que grupo interessante esse, não imaginei que um número tão grande sobreviveria a minhas armadilhas. Será uma atividade em grupo, então. 

    Cynthia olhou para trás de repente, sentindo uma presença familiar reunindo mana. Era aquilo de novo.

    O Orbe Cinza brilhou e, novamente, fez a sua fusão com a Heroína Ádvena. Sem pensar duas vezes, Hime encurtou a sua distância e fez um corte vertical, seguido de um horizontal, com a katana.

    — Morra, ser profano!!!! — rugiu, dando um salto para trás e atirando diversos golpes em formato de meia-lua na direção da demônia.

    Tanto ara os cortes quanto para os ataques de longa distância, Azazel usou apenas as suas unhas para defender-se, dispersando os golpes para todas as direções.

    Hime tomou distância, ofegando muito — um sinal que a fusão estava próxima do fim. Ela usou a katana fincada no chão como apoio e encarou sua oponente.

    — Um ser profano como esse não pode viver por mais um segundo, eu irei matá-la! Não posso permitir sua existência que viola as leis da natureza!

    A Heroína Ádvena flexionou os joelhos e segurou o cabo da espada com ambas as mãos, reunindo o máximo de mana possível.

    Cynthia sentiu que esse seria um ataque poderoso o suficiente para ferir a demônia, e a própria Azazel também percebeu, por isso ela reduziu a distância e apareceu ao lado de Hime, tirando ela do combate com um chute violento nas costelas.

    A garota voou e bateu contra uma parede, separando-se do Orbe Cinza no mesmo momento.

    — Hime, essa idiota… Espera, o que… — Minerva parou do praguejar ao ver a expressão feita por Azazel: a demônia estava visivelmente irritada.

    — Ela não pode suportar a existência de alguém capaz de machucá-la. Que droga que a Hime está nesse estado, ela poderia lutar de igual para igual com essa coisa — explicou Sprout, tirando um frasco do seu bolso, algo a ser usado para curar a Heroína Ádvena.

    Azazel olhou para a garota caída, provavelmente pensando em eliminá-la logo para não ter problemas no futuro. Lendo as intenções da sua inimiga, Cynthia sacou sua espada e avançou, impulsionou-se com um chute pesado no chão.

    — Esse seu brinquedo pequeno não será suficiente para me tocar. Traga um maior na próxima vez!! — gritou Azazel, quebrando a espada da jovem Sophiette com um único golpe com as unhas.

    Cynthia ficou surpresa com os estilhaços de aço voando na sua frente, e a demônia aproveitou-se dessa brecha ara disferir um chute alto que tocou o queixo da garota e a lançou para longe.

    A demônia voltou-se para o resto do grupo, com uma expressão presunçosa. Em poucos instantes, duas potências foram tiradas de combate pela inimiga sem o menor esforço, isso era aterrorizante.

    — Vai precisar mais que um chute desses para me matar!!!! — berrou Cynthia, logo acima da demônia.

    Azazel moveu-se um pouco e, no local onde estava anteriormente, a jovem Sophiette aterrissou, golpeando o chão com os restos da sua espada quebrada. Ela não perdeu tempo e já levantou buscando o pescoço da oponente.

    — Então você tem fetiche no pescoço? — provocou Elsie, desviando a lâmina com um chute. — Desculpe, mas meu pescoço é muito frágil para isso. — Ela afastou Cynthia com uma estocada de cotovelo.

    A nobre fincou os pés no chão com força para não cair, sua visão ficou borrada por um momento e ela cuspiu uma quantidade considerável de sangue.

    O corpo pequeno tremeu violentamente, ela sentia que morreria nesse momento, mas uma luz a envolveu, fazendo-a ficar mais calma. Era Minerva lhe dando apoio com alguma Magia Sagrada de recuperação.

    — Isso explica porque a minha Semente não conseguiu matar vocês. Que coisa, parece que eu procurei sarna ara me coçar, terei que matar vocês agora antes que me incomodem mais tarde.

    A aura da demônia aumentou ainda mais, provocando um mal-estar subito em todos.

    Cynthia teve a impressão de ter apenas piscado antes de ser arremessada elo ar. Ela viu Azazel atacando um por um dos seus amigos com chutes e socos pesados, jogando-os para todos os lados.

    “Vamos morrer?…”

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