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    Dor percorreu cada extensão do corpo de Cynthia Sophiette. 

    Como pernas tão delicadas podiam causar tanto dano? Azazel van Elsie nem parecia estar aplicando tanta força ao golpear.

    Com dificuldade, a jovem Sophiette pôs-se de pé, apoiando todo o seu peso na espada fincada no chão.

    Nesse momento, Azazel tentava tirar fora a cabeça da professora Sprout Ruderalis com golpes de mão aberta, contudo a mulher conseguia defletir os ataques invocando paredões de madeira enquanto jogava o seu corpo para trás.

    Mesmo nessa situação, Sprout continuava com a sua expressão relaxada de sempre, como se tivesse certeza que não morreria.

    “Eu sou tão fraca assim?!”

    Ao seu redor, podia ver a figura de Hime inconsciente, mas ainda viva e Minerva Clegyman usando magia cura em si mesma para voltar ao combate. A dupla de delinquentes não desistia, assim como o guarda com o elmo grande demais.

    Ela rangeu os dentes. Não podia se dar ao luxo de ser a primeira a desistir. Seu irmão precisava ser salvo. Iolite contava com ela.

    Reunindo toda a sua força, Cynthia disparou na direção da demônia, realizando um corte rápido na horizontal ao aproximar-se, o qual Azazel escapou com facilidade… apenas para ser surpreendida por um chute da garota.

    O som doentio de ossos se chocando reverberou pelo lugar. Foi a primeira vez que a demônia precisou usar o braço para defender um ataque.

    — Você não vai escapar!!! — bravejou Minerva, do outro lado, atirando uma sequência de lâminas de vento na direção da oponente. 

    Azazel fez menção de fugir com um salto ao se separar de Cynthia, mas seus pés foram presos por vinhas assim que tocaram o chão, impedindo-a de impulsionar-se. 

    — Que lindo esse trabalho em equipe! Estou comovida!! Ah, em grupo é realmente mais intenso.

    Após o sorriso vil formado ao fim de suas palavras obscenas, Azazel liberou sua presença de repente, jogando todos para trás com violência. A onda de energia maligna secou as vinhas e fez as lâminas de vento desaparecerem em pleno ar.

    — Vamos lá, não me digam que vão morrer apenas com isso? Eu ainda não estou satisfeita. Quero me satisfazer com vocês, só podem parar quando eu atingir o meu…

    A monstruosidade parou de repente.

    O som de passos metálicos chamou a sua atenção, na verdade, atraiu o olhar de todos para um único ponto, e desse ponto surgia a figura de uma beldade loira com uma armadura reluzindo em azul e dourado.

    — Vejam só, ela apareceu. Achei que não iria se juntar à festa, Cecily — comentou Azazel em um tom de deboche.

    Minerva deixou um suspiro de surpresa escapar.

    Cynthia ficou um pouco confusa. A única Cecily importante o suficiente para surpreender uma Santa que conhecia era a filha da deusa Astarte, mas não era possível a presença dela ali… ou poderia ser?

    A suposta Cecily não respondeu e parou próxima a Hime, ainda desacordada. 

    De trás da figura de armadura, surgiu uma garotinha com uma presença esmagadora. Ela era linda, possuía longos cabelos esbranquiçados, olhos vermelhos-carmesins e uma expressão melancólica.

    Sem dúvidas, essa era a pessoa que Iolite mais amava nesse mundo. Cynthia sentiu uma pontada de ciúmes, mas controlou suas emoções. Esse não era o lugar, precisava lidar primeiro com Azazel van Elsie para depois conversar um pouco com essa menina.

    — Podemos chamar isso de uma reunião de família, não é mesmo? — começou a terrível demônia. Ela apontou para a suposta Cecily. — Cecily, a que traiu os Ceús. — Seu dedo mudou para a direção da Santa. — Lucy, a nossa “Grande Deusa”. — Por fim, seu indicador voltou-se para o guarda com o elmo ocultando seu rosto. — E Annie, a filha mais nova de Astarte.

    Todos arregalaram os olhos. O que essa monstruosidade queria dizer com essas palavras?

    — Então meu disfarce não funcionou com ela, bem que o Iolite me advertiu. — O guarda finalmente livrou-se do seu elmo, revelando um rosto bonito e feminino. Os cabelos dela eram curtos e possuía orelhas longas de elfo.

    Minerva havia comentado antes que esse guarda possuía uma aura estranha, mas Cynthia não deu muita atenção a isso. Então, era mais alguma ideia de Iolite. O que esse garoto estava aprontando?

    — E para completar, ainda temos a presença da mamãe aqui! Não é mesmo, Reencarnação de Astarte? — A demônia abriu um longo sorriso e voltou-se para a garotinha de cabelos prateados.

    As três deusas e Astarte. Isso era loucura.

    — As sacerdotisas e as crianças, o que você fez com ela, seu monstro? — indagou Cecily, sacando sua espada longa.

    — Eu não fiz absolutamente nada com as crianças, mas tem uns garotos tão bonitinhos aqui que eu poderia lucrar muito se vendesse eles para a Leviathan. E a única sacerdotisa que me interessa é a loira.

    A garotinha de cabelos prateados arregalou os olhos após o fim da fala da demônia. Essa sacerdotisa loira devia ser alguém importante para ela.

    Cynthia estava muito confusa nessa situação, mas havia algo mais importante para fazer: precisava salvar seu irmão. A presença dele era muito fraca, não sabia se ele estava ocultando mesmo ou se estava ferido gravemente.

    Enfim, a garota cerrou os punhos e correu na direção do irmão crucificado.

    — Que insolente! — murmurou Azazel van Elsie, pronta para interceptar a menina, contudo seu campo de visão foi preenchido pela figura da dupla de delinquentes da Universidade Mágica.

    Ambos os jovens gritaram ao mesmo tempo e lançaram uma magia em conjunto: espigões de gelo acompanhados de bolas flamejantes.

    O ataque duplo não foi defletido facilmente pelas minhas da demônia, porém os jovens não desistiram, eles continuaram a atacar até a respiração começar a falhar. 

    Azazel chutou o chão e reduziu a distância com os garotos em um instante, mandando eles para a lona novamente com duas joelhadas: uma para cada jovem.

    “Obrigado!”

    Mesmo que a tentativa deles não tivesse sequer tirado uma lasca das roupas da demônia, foi suficiente para abrir uma brecha para Cynthia Sophiette. A garota correu com toda a velocidade na direção do irmão.

    Sentiu todos os pelos do seu corpo de eriçando quando Azazel liberou ainda mais a sua aura. Por sorte, Cecily também se expandiu sua presença, competindo pelo espaço do ar com a energia demoníaca.

    A aura de Azazel van Elsie era escura, arroxeada, fria e aterrorizante. Em contraste, Cecily possuía uma energia quente e acolhedora. A luta pelo espaço ali era como a representação do bem e do mal que os moradores do oriente tanto descreviam.

    — A partir de agora, eu serei sua oponente — bradou Cecily, flexionando as pernas e deixando a espada rente à linha central do seu corpo.

    — Que interessante!! Você deve ter treinado nesses últimos meses, está bem confiante na sua força, não é mesmo? Vamos lá, eu irei com tudo, então se prepare, eu não serei gentil.

    Azazel van Elsie desapareceu ao fim de suas palavras e reapareceu logo na frente da mulher de armadura, chutando de forma voraz na direção da cabeça.

    Cecily chutou o chão e esquivou, retornando com um corte horizontal na direção do pescoço da oponente. A demônia bloqueou a investida com as unhas que pareciam ser revestidas por aço.

    — O que foi? Surpresa com a força das minhas unhas? Não inveje, é terrível se tocar com unhas tão fortes!

    Vendo que não conseguiria quebrar a defesa da demônia, Cecily recuou novamente com alguns saltos, porém a inimiga continuou avançando em sua direção, desejando cravar as unhas em alguma parte vital do seu corpo.

    “Elas são rápidas demais até para mim.”

    Cynthia precisava olhar com muita atenção para acompanhar os movimentos. Essa luta estava além das capacidades de um Sophiette normal. Não restava dúvidas, essa mulher enfrentando a monstruosidade era realmente uma deusa, a deusa Cecily.

    Quando a jovem Sophiette olhou novamente, Cecily já estava sem a sua espada, trocando socos rápidos com a sua oponente. Ou melhor, ela parecia golpear o ar enquanto Azazel a atingia com chutes capazes de amassar sua armadura.

    Após poucos passos, Cynthia alcançou seu irmão. O estado dele era péssimo e não parecia estar consciente. Ela deu um passo e foi arrastada para trás: havia uma barreira impedindo-a de chegar mais perto de Sylford.

    Boooooooom!!!

    O som do estrondo a fez olhar para trás. 

    Cecily foi atingida com muita força com algum golpe da demônia e caiu na direção da floresta, derrubando várias árvores — a queda foi a responsável pelo barulhão escutado.

    Azazel flutuou no ar, encarando na direção que acabou de arremessar a sua oponente. Ela levantou a mão, parecia pronta para lançar algum feitiço naquela direção, entretanto foi impedida pelo surgimento de duas pessoas, cada uma em um lado.

    Minerva Clergyman e o guarda que de alguma maneira era a deusa Annie foram dar suporte a Cecily.

    A Santa e a garota de cabelos curtos lançaram lâminas de vento simultaneamente, que seguiram a toda velocidade na direção da demônia. 

    Azazel precisou flutuar um pouco mais para esquivar.

    Do alto, ela aumentou ainda mais o seu sorriso vil e encarou as garotas retornando para o chão.

    — Parece que o nosso último convidado finalmente chegou — ela falou com uma risada sádica, direcionando a mão na direção de um aglomerado de árvores. 

    As árvores explodiram e voaram destroços para todos os lados. Alguém saltou da explosão, e Cynthia conhecia esse jovem, apesar dele estar com uma aparência mais velha.

    — Loright… o que aconteceu com você?… — murmurou a jovem Sophiette, de olhos arregalados.

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