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    Com a sua racionalidade recuperada, Cynthia Sophiette estava pronta para o combate. Ela realmente ficou fora de si por alguns minutos, e ainda não tinha muita confiança no seu domínio dessa transformação, porém precisava se esforçar ao máximo, essa era a sua única chance de matar Azazel van Elsie para vingar o seu irmão.

    Ela avançou com tudo na direção da demônia, atacando com as mãos em formato de garra de tigre. As unhas negras pontiagudas de dragão não eram mais fracas que as da oponente, pareciam lâminas fazendo riscos no ar.

    Uma troca de golpes frenética iniciou-se. Ambas as lutadoras usavam todos os tipos de ataques disponíveis, desde joelhadas a cabeçadas que provocavam o barulho doentio de ossos quebrando.

    — A senhorita Cynthia está conseguindo acompanhar a velocidade da demônia… — murmurou Minerva. — Só podemos orar por ela, esses poderes estão fora do nosso alcance…

    Não era exagero dizer que finalmente elas estavam em pé de igualdade. Cynthia conseguia acompanhar os ataques da sua oponente, sabendo o momento exato de desviar ou de encaixar um soco. 

    As escamas de dragão brotando na sua pele também eram úteis para absorver os danos das investidas de Azazel van Elsie. 

    Booooom!

    O chão cedeu e uma cratera abriu quando elas começaram a medir forças, uma segurando a mão da outra, empurrando com todas as forças para trás. A nobre Sophiette aproveitou desse momento em que segurava os membros da demônia para cuspir uma rajada de fogo no rosto dela enquanto tentava prendê-la, mas infelizmente seu plano falhou.

    Azazel van Elsie utilizou a física ao seu favor e chutou o chão com força, impulsionando-se para trás e trazendo a menina loira junto. Quando o bafo de fogo já não era mais um perigo, Azazel jogou-se no chão de costas, apoiando o pé direito na barriga de Cynthia, e a jogou para o alto, atirando algumas esferas de energia enegrecidas para lhe fazer companhia.

    As esferas de energia explodiram ao se encontrarem com as asas de dragão que a jovem Sophiette usou como escudo.

    Sem dar trégua, Azazel levantou-se sem usar o apoio das mãos, apenas jogando os para frente, para ganhar impulso. De pé, ela saltou e apareceu atrás da Sophiette usando as asas como um casulo para se proteger. A demônia desferiu apenas um ataque com a mão aberta e lançou a garota para o chão, aprofundando ainda mais a cratera criada quando elas mediram forças.

    Ahhhhhhhh!!! — vociferou Cynthia ao levantar-se, jogando tudo ao seu redor para longe com a corrente de ar criada pelo abrir das suas asas.

    Dessa vez, as posições se inverteram: a demônia levitava calmamente e a Sophiette ofegante a encarava com ódio do chão.

    — Estranho, o Wylberg não fazia isso. Você é cheia de surpresas, garota — murmurou Elsie após ver o corpo da sua oponente sendo coberto por uma chama fraca.

    Cynthia saltou na direção da inimiga e voltou a dar socos e chutes, entretanto, dessa vez, Azazel não respondeu aos ataques, ela precisou esquivar-se devido ao calor abrasador presente no corpo da menina.

    Em uma tentativa de tomar distância, a demônia fez alguns sinais com as mãos e invocou corvos negros formados por sombras que voaram na direção de Cynthia. As criaturas tinham um nível tão baixo que foram mortos no mesmo instante, mas isso criou uma oportunidade para o afastamento de Elsie.

    — Devo lhe dizer, menina, não posso mais ignorar a sua existência. Você é perigosa demais para continuar vivendo, então terei que te matar. Uma pena, mas eu sou assim mesmo, uso meus brinquedos para me divertir um pouco e depois descarto eles.

    — Eu devia ficar feliz por ser reconhecida por você, demônio? Que nojo.

    — É uma menina muito petulante, eu já devia ter dado um jeito no clã Sophiette há muito tempo, mas fico feliz de ter começado agora. Saiba que mesmo com essa sua transformação incompleta, você não tem chances de me vencer.

    — Isso é o que vamos ver, demônio…

    — Ela tem razão, Cynthia — uma voz distante disse.

    Todos viraram os rostos na direção da origem do barulho. A maioria teve uma expressão de surpresa estampada no rosto. Cynthia ficou feliz e Azazel franziu o cenho.

    — Achei que estava escondido embaixo da cama a essas horas — provocou a demônia.

    — Iolite! Finalmente você chegou — saudou a jovem Sophiette, voando para perto do garoto.

    Porém ela parou na metade do caminho ao notar algumas coisas estranhas. Iolite estava com um semblante de alguém calmo e um sorriso confiante estampado no rosto enquanto andava devagar pelo campo de batalha. Ao lado do menino, havia uma garota de aparência estranha.

    A pessoa em questão era uma elfa, com um longo cabelo que tinha um gradiente que começava em um verde-escuro e terminava em um tom preto nas pontas. Apesar da aparência, essa jovem elfa tinha olhos amarelados assustadores.

    — Mas é Hyze! Não me diga que sentiu tanto tesão ao saber desta luta que não resistiu e teve que vir para diversão também? Até uma velha como você ainda tem libido para essas coisas, não é? — falou Azazel, em seu tom psicopata.

    Cynthia levantou uma sobrancelha ao escutar o nome “Hyze”.

    Cabe aqui uma explicação do plano de Kurone, para não parecer que ele estava apenas se apoiando na força dos seus aliados.

    Ele sabia que a Guarda Real não era suficiente para deter Azazel van Elsie, em nenhuma época ela seria, mandá-los para lá era o mesmo que jogar todos os soldados de um penhasco altíssimo.

    Por isso, estabeleceu uma comunicação com o demônio Baal e pediu para esse misterioso ser o enviasse a um lugar específico com passagem de volta: a floresta de Hyze.

    Já fazia um tempo que mantinha contato com Annie, e esse tempo foi suficiente para ganhar a confiança dela. Kurone explicou todo o seu plano à deusa e pediu para ela se infiltrar no grupo que iria na frente para supostamente enfrentar Azazel van Elsie.

    Annie foi a peça mais importante enquanto o garoto estava fora, ela cuidou para que tudo acontecesse conforme o planejado e ninguém se machucasse até a sua chegada com Hyze. 

    Na floresta, Kurone não fez cerimônia, ele tinha ciência da habilidade de onisciência da velha elfa, e a xamã também parecia saber que o garoto sabia, pois deixou alguns elfos à sua espera na entrada da floresta.

    O menino foi escoltado e em pouco tempo estava na frente da xamã, explicando sua situação e o motivo de precisar da ajuda dela.

    — Os Sophiette são a nossa salvação… Pelo que você me contou, não havia um Sophiette envolvido nessa luta na linha do tempo original… Você conseguiu levá-la para lá… — explicou Hyze.

    — E como isso ajuda? Cynthia não é uma lutadora! Mesmo que ela seja uma Sophiette, Azazel van Elsie é ainda mais forte. Me recuso a arriscar a vida dela sem um plano — protestou o garoto.

    — Mas nós temos um plano… basta usar isso…

    Kurone olhou para “isso”, o objeto dado por Hyze, escondido em sua mão. Essa xamã sabia realmente o que estava fazendo?

    — Para ter ido à floresta de Hyze e logo depois ter vindo para cá, com certeza você recebeu uma ajuda do Baal. Tsc, mas que trapaceiro — murmurou Azazel.

    — Foi apenas uma mãozinha, eu não consigo usar teletransporte como vocês. Cynthia! Se você quer ganhar, bebe isso aqui. — Kurone jogou o objeto em mãos na direção da menina.

    A jovem Sophiette olhou confusa, mas ainda assim pegou o objeto: uma pequena garrafa de meio-litro. Havia um líquido escuro dentro.

    Elsie franziu o cenho e inquiriu, em seu tom de deboche:

    — E o que seria isso? Não me diga que fez toda essa viagem para trazer uma poção de cura para elas? Ou talvez isso seja estimulante? Quer dizer que você não confia nos poderes da Santa aqui? 

    — Pô, você zoa demais — respondeu Kurone, sorrindo ainda mais. — Cynthia, toma isso aí pra você ficar mais forte. — Ele fez um sinal apontando para o próprio bíceps.

    Cynthia tomou sem pensar duas vezes, ela confiava cegamente nesse jovem loiro. Se ele disse que essa poção a deixaria mais forte, era porque faria isso realmente. 

    O garoto olhou de canto para Hyze. Esperava que isso realmente funcionasse, não podia trair as expectativas da jovem Sophiette.

    No momento em que a última gota tocou a língua de Cynthia, a aura flamejante ao redor dela intensificou-se, fazendo o ar do local ficar mais quente. 

    Uma mutação começou.

    — Mas isso… — Azazel arregalou os olhos e Kurone sorriu.

    — É sangue de Sophiette refinado… eu mesma refinei… É o suficiente para desbloquear todo o potencial dessa menina… O que me diz, demônia? — respondeu Hyze, em um tom de provocação.

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