Índice de Capítulo

    — Provavelmente, a essa altura, o mestre Edward deve estar nos esperando.

    — Isso vai ser problemático — Kurone respondeu do alto da carruagem.

    O jovem, vestido em um manto branco, segurando uma arma negra estranha e atado com faixas no olho esquerdo, estava sendo o vigia do veículo. Logo atrás, estava uma frota de carruagens com brasões de diversas casas, cada um ali tinha uma função a ser cumprida. Ao longo do caminho, os veículos se dispersaram. A primeira parte do plano era evacuar as pessoas próximas à vila Grain para a capital.

    — Considerando o temperamento, as pessoas de Fallen não vão aceitar sair da cidade facilmente… — Noah comentou.

    A formação naquele momento era: a carruagem com Kurone, Amélia, Sophia e Noah na frente, cerca de quinhentos soldados da capital montados em cavalos pelos flancos, trinta magos de elite no centro e a carruagem luxuosa da igreja com o Santo Avios Bishop atrás de todos.

    A vila cercada por um lago estava próxima, assim como o som de árvores sendo derrubadas por um monstro gigantesco.

    — A Besta Negra está mais próxima do que pensávamos! — Amélia gritou, apontando para as chamas na planície.

    — Tem como matar esse monstro?

    — …

    “Não devia ter perguntado, agora meu estômago ficou embrulhado… Que porra de sorte é essa que eu tenho em encontrar chefões!?”

    — Kurone, entre na carruagem!

    Antes que pudesse executar o pedido de Amélia, o jovem foi atingido por uma corrente de ar violenta e despencou da carruagem.

    — Kurone!

    A carruagem derrapou e parou ao lado de uma árvore.

    Cof! De onde veio isso! — gritou enquanto batia a poeira da roupa.

    — Você errou, querida irmãzinha.

    — Me desculpe, na próxima corto a cabeça dele.

    As vozes sádicas vieram do alto. Duas garotas em roupas de empregadas pulavam de um lado para o outro pelos troncos firmes das árvores.

    — São empregadas do Edward…

    — Olhe querida irmã, é a traidora. — A empregada de cabelos rosas apontou para Amélia.

    — Verdade, devemos dar um jeito nela. — A outra, com uma franja loira cobrindo o olho direito, estendeu as mãos na direção da cocheira. — [Flame].

    Uma rajada de chamas saiu das mãos adornadas com dedos finos e seguiu em direção à carruagem.

    [Earth Wall]. — Noah rebateu as chamas transformando um amontoado de terra em uma parede sólida.

    Amélia estava em desvantagem naquela batalha, o único poder ofensivo da garota era a velha besta — com cinco flechas sobrando.

    — Olha, aquela humana é bem forte, querida irmã. — A empregada parou na copa de uma árvore magra.

    — Realmente… Ué? Onde está a outra?

    — Bem no seu nariz! — Sophia saltou repentinamente dos arbustos e surpreendeu a garota de cabelos loiros com um chute metálico.

    Naquele momento, a marquesa trajava uma armadura branca com adornos dourados emprestada por uma duquesa que ficou responsável pela evacuação dos moradores de Fallen. Se comparado com o peso da armadura negra, aquela não passava de uma roupa casual, mas não podia ser chamada assim, pois exibia muitas partes do corpo — como os seios.

    — Irmã!

    — [Earth Spike].

    — Argh! — A irmã teve que saltar para desviar dos projéteis de terra afiados lançados por Noah, mas quando se deu conta, a bota metálica de Sophia já havia encontrado seu estômago. A velocidade da marquesa era impressionante, talvez pudesse ser comparada até a da loli arrogante.

    — Temos que sair daqui antes que outras apareçam, tivemos sorte de encontrar as irmãs Abyzou — Amélia avisou enquanto saltava na carruagem.

    — Onde estão os soldados? — Kurone perguntou confuso ao olhar para os flancos e não ver ninguém.

    — Ali! — Noah apontou.

    — Eh?

    Era como as cenas da segunda guerra que viu na internet. O campo de batalha estava tomado por chamas, crateras, corpos e tudo de mais caótico que uma batalha podia oferecer. Estranhamente, era uma guerra entre os soldados e magos da capital contra garotas bonitas em uniformes de empregada — a vitória pendia para o lado das “maids”. “Nem em meus sonhos mais loucos eu vi algo assim.”

    Apesar da aparência bonita, aquelas empregadas eram demônios, assim como Amélia. A força dos demônios excedia — e muito — a dos humanos.

    — Vamos seguir para a vila! — Amélia gritou, apertando as rédeas.

    — Não vou deixar!

    Uma empregada loli de cabelos verdes tentou atacar a carruagem, mas foi derrubada por Kurone com um tiro do fuzil. Mesmo sabendo que eram inimigos, o jovem jamais mataria uma “maid”, a definição da perfeição, por isso atirou apenas no ombro, na tentativa de causar o mínimo de dano na garota.

    — Estamos próximos! — Noah apontou para a entrada da carruagem guardada por duas empregadas.

    [Earth Spike].

    As garotas foram obrigadas a pular no lago para desviar da investida de Noah.

    — V-vocês não vão conseguir! — Uma voz insana soou detrás da carruagem.

    A empregada loli com um buraco no ombro se agarrou na carruagem como um parasita e se preparava para explodir tudo com um ataque.

    — Pulem! — Sophia gritou, puxando Noah pelos braços.

    O quarteto rolou pelo chão, quase caindo dentro do lago, como as duas empregadas que guardavam o portão. A carruagem ficou em pedaços após a explosão. Aquela empregada baixinha usou um ataque kamikaze e levou o veículo junto.

    — Tsc! Essas maids não batem bem da cabeça — Kurone murmurou enquanto se levantava.

    — Sem tempo para piadas, vamos! — Sophia apontou para o interior da vila.

    UUOOOOOOOOOHHHHHHHHHH!

    — Argh!

    — Ahh!

    — Tsc!

    — Porra!

    Cada um demonstrou uma reação diferente ao rugido da criatura.

    A monstruosidade de aproximadamente cinquenta metros apareceu como se emergisse da terra, furiosa. Os olhos de fúria estavam voltados para a vila Grain — Ou talvez para o jovem na entrada. Na distância que estava, chegaria na vila em questão de alguns minutos, mas podia incinerar tudo com seu bafo mortal dali mesmo.

    — Kurone, Amélia e Noah, vão pegar a Rory!

    — Lady Sophia… não me diga que…

    — Eu vou ganhar tempo, vão logo!

    — Não…

    — Vai logo!

    Noah relutou por um instante, mas logo atendeu às ordens da mestra ao ver seu olhar sério.

    — Vamos! — Kurone agarrou a mão das garota e a puxou para dentro da vila.

    — Kurone!

    — Hã? — O jovem, quase dentro da vila, voltou o rosto para a marquesa.

    — Não esquece de dar um soco no Ed por mim!

    — Tsc… Quem foi que disse que não tinha tempo para piadas?

    — Morram!

    — Você é feita de que mesmo!? — O jovem gritou ao ver a empregada loli voltando.

    A garota estava com o uniforme aos pedaços e sangue por todo o corpo, mas continuava disposta a lutar.

    — Vou matar todos!

    [Magical Spear].

    As lanças mágicas ganharam forma de uma cobra dourada e foram ao encontro da empregada loli.

    — Tsc!

    A garotinha tentou tomar distância, mas foi atingida pelo ataque.

    — Ela não vai morrer apenas com isso, vão logo.

    A dona do ataque mágico, Ana, ficou na frente de Kurone e seu grupo.

    — Ana…

    — Já esqueceu? Eu disse que protegerei minha vila de estranhos… Mesmo sem o Alan e a Ari… — disse com olhos marejados, mas logo retomou o rosto sério. — E parece que tenho sorte em encontrar garotinhas fortes, mas se comparada a sua irmãzinha arrogante, ela não é nada.

    — Obrigado!

    Se aproveitando da brecha, Kurone e as duas garotas entraram na vila e seguiram para a prisão — onde ficava a entrada para o esconderijo de Edward.

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