Índice de Capítulo

    — Arf, Arf! Aparentemente, velhos como nós, não temos chance alguma contra os jovens de hoje…

    — Tsc!

    Edgar e Orcus recuaram alguns passos para saírem do alcance do chicote de Brain.

    Edward orientou a empregada a cuidar dos dois homens enquanto ele levava o sacrifício — sete crianças — para a Besta Negra, a fim de acalmar a fúria dela.

    Outra carruagem se preparava para sair, nela estavam doze garotas — entre elas Rory — acorrentadas, que seriam vítimas dos fetiches do marquês em breve.

    — Ahhh! — Edgar saltou novamente em direção à Brain.

    A empregada esquivou graciosamente da investida e atacou com o cabo do chicote. Orcus não perdeu chance e tentou atacar, mas foi atingido pelos pés finos da garota.

    Um antigo aventureiro e um guarda estavam apanhando — e feio! — de uma empregada segurando nada mais que um chicote negro. Os homens estavam ofegantes enquanto a garota não aparentava nenhum indício de cansaço.

    — Apenas deixem o mestre Edward entregar o sacrifício — disse em tom calmo. — Se ele não entregar, a Besta Negra pode destruir a vila.

    — Mas elas são apenas crianças inocentes! — gritou Orcus. — E uma delas é a princesa!

    — Mas esses sacrifícios são necessários, fazem parte do contrato entre o marquês e a besta.

    — Tsc!

    — Nós podemos até não conseguir salvar aquelas que serão entregues a besta, mas vamos salvar as que estão em nossa frente. — Edgar apontou a espada longa para a carruagem com crianças aprisionadas.

    Apesar das palavras e postura séria, era questão de tempo até ele cair de cansaço, considerando a idade. Sangue escorria pelas feridas criadas pelo chicote, eram superficiais, mas ardiam muito!

    — Faço de suas palavras as minhas! — Orcus ficou ao lado do mordomo.

    — Entendo… Carla! — Brain chamou a empregada de tapa-olho. — Leve as crianças para o “abatedouro” do mestre Edward.

    — Sim, senhora!

    — Então… Se querem salvar aquelas crianças, terão que passar por mim e ainda alcançar a Carla.

    A empregada nada acostumada com condução levou — com dificuldade — a carruagem para a saída do esconderijo subterrâneo.

    A nível de curiosidade, o “abatedouro”, naquele momento, era uma pequena casa escondida na floresta, repleta de instrumentos sexuais — todos de acordo com os fetiches de Edward. Originalmente, o “abatedouro” era o porão da casa Soul Za, local onde Kurone foi interrogado, mas esse foi destruído por Rory.

    — Senhor Orcus, vá atrás da carruagem!

    — Eu não vou deixar!

    Brain usou o chicote para prender os pés de Orcus e o derrubar. Se aproveitando da brecha, Edgar atacou com a espada e cortou o chicote longo ao meio.

    A empregada ágil deu um salto para trás e recuou a arma com metade do tamanho original.

    — Que pena… Era o meu favorito.

    — Agora é a sua vez! — Edgar gritou, reduzindo a distância entre seu corpo e o da garota.

    — Esse não é apenas um chicote comum!

    O cabo da arma foi puxado e mostrou ser um pequeno punhal, Brain o arremessou em direção ao mordomo que estava a três metros. Não havia como evitar o ataque surpresa! Sem outra opção, Edgar moveu o corpo o mais rápido permitido por sua idade, a fim de receber todo o dano no ombro esquerdo.

    Mesmo sendo um homem de meia-idade, o mordomo era dono de um físico esbelto, fruto de sua época como aventureiro.

    — Argh! — gritou enquanto caía.

    — Senhor Edgar! — gritou Orcus, ainda tentando tirar o pedaço de chicote enrolado nos pés.

    — Em respeito a nosso tempo de trabalho juntos, acabarei com isso rapidamente — Brain falou calmamente enquanto se aproximava.

    A empregada pegou a espada derrubada por Edgar e apontou para a garganta do mordomo.

    UUUOOOOOOOHHHHH!

    Um rugido seguido de um pequeno terremoto fez a garota hesitar por um momento, criando uma brecha para um chute do homem. O ataque criou uma distância entre ambos.

    — Senhora Brain! — Uma empregada ensanguentada de cabelos roxos adentrou o local, ofegante.

    — Por quê? — Brain encarou o teto com uma expressão confusa.

    — A-ah! Senhor Edgar! — A empregada gritou ao ver o ex-companheiro de trabalho estancando o sagramento do ombro.

    — Olá, Gyl…

    — Gyl — Brain chamou a garota em um tom sério — por que a Besta Negra ainda está aqui…? Vocês já entregaram o sacrifício, não?

    — É sobre isso que queria falar! O marquês Edward me empurrou da carruagem e fugiu com os sacrifícios!

    — Quê!!! — Os três presentes gritaram em uníssono.

    — Não podemos levar as crianças que temos aqui para o sacrifício!?

    — Não dá… A Carla já levou elas para o “abatedouro”. A essa altura, o Edward deve ter todas as crianças e está fugindo para outro país…

    — Mas sem os sacrifícios vamos todos ser mortos e a vila será destruída!

    — Fomos traídos pela ambição do senhor Edward… — Edgar comentou vendo a expressão de Brain, a empregada exemplar que não era abalada por nada… pelo menos, até aquele momento.

    — Não podemos pegar novas crianças?

    — Não dá… As pessoas da vila foram evacuadas.

    — O que vamos fazer então!? Eu não quero morrer! — A empregada, Gyl, gritou desesperada. — Vamos fugir?

    — Não… Estamos presas aqui pelo contrato…

    — Então…

    — Só nos resta esperar…

    — …Um milagre? — Uma voz vinda da entrada completou a frase de Brain.

    — Senhor Kurone. — Edgar se surpreendeu ao ver ele entrando.

    Ao lado do jovem em um manto branco estavam duas garotas: Amélia, a traídora e a empregada da casa Sophiette. Vendo a surpresa no rosto de todos, o jovem prosseguiu:

    — Meu plano era chegar atirando em todo mundo, mas não tenho esse sangue-frio da Rory. No fim, foi até bom não ter feito isso, já que eu escutei tudo.

    — Você está diferente… — Brain comentou em um tom desanimado.

    — Será que é por que tô cercado por duas lindas garotas? Argh! — O jovem tentou uma piada, mas parou com um soco de Amélia.

    — Cof! Enfim, precisamos da ajuda de vocês… De todos vocês para impedirmos o Edward. Se querem sobreviver, então é melhor nos ajudar!

    — É isso, senhora Brain! — gritou Gyl, entusiasmada. — Vamos ajudar eles!

    — Ahh… Tudo bem, tudo bem, não temos escolha. Mas não vou confiar em outro humano novamente, se for para me trair, prefiro deixar a besta queimar tudo.

    —  Que terrível! — Noah comentou.

    — Então, qual o plano? — Orcus, após se livrar do chicote, perguntou.

    — Primeiro preciso de minha irmãzinha…

    — É tarde demais, o Edward já deve ter ela…

    — Quem diabos você tá chamando de irmãzinha? Tá querendo morrer? — Uma voz delinquente ecoou pelo ar.

    — Caraca, aquela empregada me deu uma trabalho. — A mulher que conduzia a carruagem suspirou.

    A identidade da condutora era familiar a todos os presentes: Linda, a mestra de guilda. Apesar de alguns ferimentos e ematomas no rosto bonito, ainda dava para reconhecer aqueles seios fartos de longe.

    A mestra de guilda estava do mesmo lado de Edgar e teve a função de esperar a carruagem carregando as crianças na floresta, só não imaginou que a empregada de tapa-olho resistiria tanto.

    — É um prazer te ver novamente também, mas que roupa bizarra é essa?  — Kurone respondeu a loli de cabelos brancos ao lado de Linda.

    — Uma piada e eu te mato. Procure logo minhas roupas, estão na cela ali.

    A garotinha trajada em um biquíni estranho — assim como as outras — praguejou. Os fetiches de Edward eram realmente peculiares, porém o biquíni não combinava em uma tábua…

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