Índice de Capítulo

    — Lady Sophia! — Noah gritou ao ver a mestra no chão, com armadura danificada e a espada reduzida pela metade.

    — Tsc… Eu só estava descansando — ela brincou enquanto usava a espada como apoio para ficar de pé. — Achei que elas fossem inimigas. — Apontou o pedaço de arma na direção das empregadas da casa Soul Za.

    — Elas estão do nosso lado!

    — Entendo… Ehhh? — gritou surpresa ao ver o jovem ao lado de Noah. Agarrada no ombro dele, estava uma loli de cabelos brancos usando um sobretudo azul por cima de um biquíni curto — o sobretudo foi dado por Sophia durante a estadia em sua mansão.

    — Ela recupera a mana mais rápido se ficar perto de mim.

    — Essa roupa…

    — Explicações depois! Olhem, a besta vai atacar! — Amélia apontou para o monstro preparando-se para incinerar a vila.

    — Como paramos ela? — Kurone perguntou enquanto dava tiros inúteis na besta.

    — Não paramos, temos que fugir! — gritou Ana. Fazia pouco tempo desde a luta contra a loli kamikaze, a bruxa estava exausta.

    Que a benção daquilo que é mais sagrado restaure, guarde e nos dê proteção contra investidas adversas dos seres demoníacos, derrame sobre nós vossa eterna misericórdia… [Sacred Wall].

    A luz amarelada cobriu todo o terreno e levantou-se, criando um escudo mágico em frente à entrada da vila.

    UUOOOOOHHHHHH!

    As chamas do monstro bateram contra a barreira sagrada e se dispersaram — não causaram nem mesmo um aranhão!

    — Kurone!!! — A garota acenou para o jovem.

    Ajoelhadas, várias sacerdotisas faziam preces, e estas preces eram direcionadas para o cajado na mão de Inri — onde se transformavam em energia mágica e fortaleciam a barreira. Aquela incrível parede mágica foi erguida pelas sacerdotisas da igreja de Cecily.

    — Não vai durar por muito tempo, por isso façam logo o que têm de fazer.

    — C-certo…

    O cajado peculiar na mão de Inri chamou a atenção do jovem por um momento. Era feito de madeira seca com um livro de capa preta no centro. Poderia ser essa a arma lendária de Inri, uma reencarnada?

    — Brain! O plano!

    — Deixa eu pensar… Aquela coisa só vai parar quando saciar a fome…

    — O que jogamos para ela comer?

    — Crianças.

    — Não vai rolar… Tem que ter outro jeito!

    — Por que crianças? — perguntou Rory.

    — Na verdade, aquela coisa devora mana e não pessoas propriamente. Ela prefere crianças pois o fluxo de mana no corpo é maior. Para ser bem específica: o fluxo é desorganizado. Esse fluxo diminuí quando se tornam adultos.

    Era como os ossos. Kurone lembrou de quando o professor explicou que crianças tinham mais de setenta ossos comparados aos adultos, mas esses ossos se dissolviam quando elas se tornavam adultos.

    — Então ela não devora crianças… Mas quando drena toda a mana elas morrem.

    Era uma regra daquele mundo: sem mana, sem vida. Pensando dessa maneira, havia uma chance de alimentar a criatura.

    — Você está louco? — Rory beliscou o pescoço de Kurone.

    Como de praxe, a garotinha lia a mente do jovem sem perguntar antes — deveria tomar cuidado com os fetiches quando estivesse ao lado dela, mas isso era uma preocupação para outro momento.

    — Aquela criatura é como você, só que com menos mana… Se eu der mana até ela ficar satisfeita…

    — Você viu o tamanho daquilo? Você vai morrer antes de…

    — Mas…

    — Tem que ter outro jeito… Não é nada por relacionado a você, é por minha própria segurança.

    — Pfff!

    — O que foi isso, que nojento.

    — É que é a primeira vez que você se preocupa comigo.

    — Calado. Eu não me preocupei… Já disse, se você morrer eu não vou ter mana.

    — Se você diz… Sua loli tsundere.

    — Quem você está chamando de “tsundere“? Eu nem mesmo sei o que significa, mas do jeito que você falou não deve ser algo bom. Nojento.

    — Ehhh… com licença, se esqueceram? Tem uma besta gigante tentando nos matar bem ali. — Amélia, de rosto corado, chamou a atenção da dupla que sussurrava entre si.

    — Desculpe, desculpe. Eu já me decidi.

    — Hã?

    — Vou tentar saciar aquela coisa.

    — Ficou louco! — gritou Sophia.

    — Não seja idiota, você vai acabar morto — Rory falou em tom frio, mas no caso dela, era o tom habitual.

    — Não vou, eu prometo.

    — Do que nos vale sua promessa? — Brain provocou.

    — Para vocês nada.

    — Quê?

    — Mas eu prometi isso a Rory, minha irmãzinha. Definitivamente eu vou cumprir isso pois uma promessa entre irmãos é sagrada!

    — Ah… Me parece mais coisa de pervertido. — Brain brincou, tentando se recuperar da resposta inesperada de Kurone.

    — Eu não sou siscon, lolicon e muito menos um pervertido!

    — Diga isso para o meu chicote.

    — Eh?

    — E teve aquela vez que me… viu… pelada! — Ana gritou enquanto escondia o rosto no chapéu. “É hora pra isso!? Leia o clima, bruxa maluca!”

    — Ehh?

    — Não posso discordar, você tocou os meus peitos naquele beco. — Noah apontou para o jovem.

    “Parou, parou!”

    — É-é verdade! É um pervertido que pega outro homem escondido! — Inri brincou.

    “De onde diabos você tirou essa!?”

    — Eu já disse que sou mulher! — Amélia gritou irritada.

    “Não tá ajudando.”

    — Então a nossa salvação é um pervertido? Que lastimável… — Linda entrou na provocação.

    — Parem com isso, eu não sou pervertido!

    — Ummmmm… — Rory olhou fixamente para o jovem em pânico.

    — Por favor, não acredita neles! — implorou em meio a lágrimas.

    — Com licença, é realmente hora para brincar? — Gyl, a única de fora do grupo, apontou para o monstro que se aproximava.

    — Certo… Desculpe. Como eu passo pela barreira?

    — Considerando seus condicionantes, só precisa atravessar — Inri respondeu despreocupada.

    — Então lá vou eu…

    — Ei idiota…

    — Uh?

    — Se você morrer… Eu vou ficar com esse sobretudo, é bem confortável.

    — Tsc. Você é horrível no papel de tsundere.

    — Pare de me chamar disso senão eu vou te incinerar, seu peitófilo.

    — Então você acreditou nelas!

    Relutantemente, Kurone saiu da proteção criada por Inri com lágrimas nos olhos.

    — Porra, ele é maior do que eu pensei… — murmurou enquanto se aproximava da criatura negra.

    O monstro parou por um momento ao ver o jovem. Era como se estivesse maravilhado com ele.

    — Você é o humano com a aura irregular… — a fera falou em tom grave.

    “Então ele sabe falar…”

    — S-sim.

    — Consegue me entender?

    — Acho que sim…

    — O que é você exatamente…

    Apenas Kurone e Rory podiam entender o monstro devido a habilidade compartilhada de [Tradução Universal], para os outros, a voz do monstro soava mais ou menos como “****∆∆∆**∆∆∆”.

    — O que você faz aqui?

    — É-é mana que você quer, não é?

    — Sim.

    — Então estou a-aqui! Pegue o quanto de mana quiser!

    — Muahahaha! Que humano interessante. — A fera se aproximou ainda mais. — Nenhum humano deveria ter essa quantidade de mana. Você também sabe a língua da era dos deuses como aquele humano chamado Edward. O que é você?

    — Meu nome é Kurone Nakano, e eu sou…

    “Pense em uma apresentação legal…”

    — … O lolicon slayer!

    — ******* ∆∆∆∆∆∆? — o monstro tentou pronunciar, mas não conseguiu.

    Uma fera de outro mundo jamais conseguiria reproduzir frases do inglês — nem mesmo o próprio Kurone conseguia pronunciar corretamente.

    — Então, Kurone Nakano, o lôlęčoín suläyyah, eu vou drenar a sua mana e depois incinerar esse vilarejo pela traição do humano Edward.

    A Besta Negra abriu a bocarra e a colocou em frente ao jovem. A boca era insanamente maior que ele. Uma luz arroxeada começou a drenar a energia vital do jovem. O corpo de ambos começou a reluzir uma luz tão intensa que foi capaz de rachar a barreira sagrada.

    — Isso! Isso! Delicioso! — A voz grave ecoou pelo ar.

    — Eu jamais provei uma mana como a sua!

    — Mais! Mais! Me dê mais!

    “Isso soou bem obsceno…”

    — Mais! — A besta abriu a boca até o limite.

    — Droga, o bafo é quem vai me matar!

    Mesmo diante daquela monstruosidade, o jovem não sentiu medo. Tudo que sentia, naquele momento, eram cócegas percorrendo o corpo.

    — Ei, já está satisfeito?

    — Arrrrghhh!

    — Ei! Você vai explodir!

    Quando tentou correr, era tarde demais. O monstro e Kurone explodiram em uma luz arroxeada, quebrando a barreira sagrada de vez.

    — Kurone! — Todos gritaram ao ver o jovem desaparecendo na explosão.

    Tudo que restou na planície foi fumaça!

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