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    Bizarro. Essa era a única palavra que poderia descrever o homem que apareceu repentinamente.

    Ele se assemelhava a um personagem de romances de horror cósmico: usava terno preto e a face… não tinha face! Seu rosto era como um emaranhado de linhas negras. Havia apenas um sorriso macabro branco naquele rosto.

    — Sei, sei. Provavelmente estão confusos. Eu também fiquei quando cheguei aqui.

    — Então você sabe como sair daqui? — Angel perguntou.

    — Talvez…

    — Onde exatamente é aqui?

    O homem virou o rosto para o jovem que perguntou. Kurone sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo ao ver a face medonha.

    — Aqui? Boa pergunta. Esse é um lugar que não deveria existir. Um lugar que ninguém deveria jamais ou falar, mas mesmo assim, é um lugar que tem de ser temido por todos. Não é outro mundo. — A entidade mudou o olhar para Dante e continuou: — Também não é um continente estranho. A palavra mais precisa para descrever aqui seria o “vazio”.

    Percebendo o silêncio de todos, o ser prosseguiu:

    — Tanto vocês quanto aquele monstro foram trazidos para cá de mundos distantes. Ele devia estar assustado, por isso atacou vocês. Ah sim, obrigado por eliminar ele, já adiantaram meu serviço.

    — Seu serviço…? — Dante apoiou a mão queixo. Ele foi o último a perceber. Era tarde demais para desviar.

    A mão do ser estranho foi de encontro com a barriga do jovem e o arremessou em direção a uma árvore.

    — Dante! — Angel gritou, vendo seu companheiro cuspir sangue enquanto era arremessado.

    — Um já foi.

    — Rory!

    Antes mesmo de terminar de gritar, a garotinha de cabelos brancos já estava ao lado do jovem.

    — Dora, vai ver se o Dante tá vivo. — Kurone ordenou.

    — Uhh!

    — Por favor, resistam o máximo possível. Viver aqui eternamente é entediante, raramente aparece alguém, e quando aparece, é um ser fraco.

    — Deixa ele comigo. — A garota de cabelos loiros sacou a espada de lâmina dupla. Ela não aprendeu na última batalha que não devia ser tão imprudente?

    — Não vá ainda. — Kurone aconselhou. — Não sabemos o quão forte ele é.

    — Então como vamos atacar?

    — É bem simples, melhor tapar os ouvidos.

    — Quê?

    — Eu avisei.

    Uma rajada de balas ecoou por todo o “vazio”. A loli delinquente disparou impiedosamente contra a criatura de terno. Claro, o cão do fuzil estava no modo automático, ou seja, a garotinha não iria parar, considerando que a arma usava mana como munição.

    — Kurone Nakaaano! Ele tá mortão! — Dora se aproximou em alguns saltos, carregando Dante nas costas. Ele morreu com o impacto da queda?

    — Dante! — Angel gritou em meio ao som dos tiros.

    Ao perceber que o corpo do ser estranho havia se tornado uma peneira, ela cessou os disparos.

    — Aquele ali também já bateu as botas. — Como de praxe, Rory falou em tom arrogante, mas um som fez sua expressão mudar.

    — Maravilhoso, maravilhoso. Eu nunca experimentei algo assim!

    O corpo de ser negro se regenerava gradualmente enquanto ele gritava insanamente — realmente era uma criatura bizarra.

    — Você vai pagar por ter matado o Dante. — Angel diminuiu a distância entre ela e o ser em instantes e investiu com a lâmina.

    “Crack!”

    A espada cortou algo duro: o tronco de uma árvore. Desde quando aquela árvore estava ali?

    Antes mesmo de processar o que acabou de acontecer, a garota sentiu um impacto nas costas. O ser estava lá, ele era tão rápido quanto Angel.

    — Porra! Esse cara é rápido. — Kurone gritou. Ele acompanhava toda a batalha com a ajuda do aprimoramento de sentido. Decidiu não usar o Olho Sagrado por enquanto.

    A anja rolou pelo chão e parou ao bater em uma pedra.

    — Que arma peculiar… Ah! Quente! Quente!

    O homem estranho tentou roubar a espada da garota, porém, a largou logo em seguida.

    — Sou alérgico a essas coisas sagradas, isso inclui você também, garoto — disse, apontando para Kurone.

    — É isso! A espada!

    — Uhhhh! Deixa com a Dora! — a garotinha percebeu a intenção do companheiro e correu em direção à arma.

    — Não deixarei! 

    Era incrível a movimentação do ser. Em instantes, ele estava chutando o corpo infantil de Dora.

    Bam!”. A mão da criatura desapareceu ao entrar em contato com as balas do fuzil. Foi em vão, ela logo se restaurou.

    “Lutar com imortais é um saco”, Kurone praguejou internamente, se lembrando da batalha recente contra o marquês. Onde estava uma empregada mascarada para dar fim àquele homem?

    — Desistam, vocês nunca conseguirão me derrotar…

    — Mas e o defunto aqui?! It`s your end!

    Se tivesse olhos, o ser teria os arregalado. Kurone e Rory também ficaram espantados e olharam, por reflexo, o local onde o corpo de Dante estava… Ele não estava mais lá.

    O jovem segurava a espada de Angel. Ela atravessou o peito do ser negro.

    — Como isso é possível, eu não tinha… matado…

    — Eu posso não ser forte, mas é difícil me matar.

    O corpo trajado em um terno foi reduzido a chamas negras. Por sorte, a espada de Angel funcionou contra a criatura.

    “Meu arsenal de armas demoníacas não conseguiriam matar ele.”

    Kurone se lembrou de algo e logo voltou sua atenção para a garotinha no chão: Dora. Ela parecia estar bem, mas fez seu drama choroso de sempre.

    — Angel! — Dante correu até a garota desacordada.

    — ela tá bem? Eu posso examinar se você quiser…

    — Tá sim — Por algum motivo, Dante disse em um tom frio. —, ela só tá com preguiça.

    Os jovens se olharam por alguns segundos, mas logo começaram a rir. Aquela garota, Angel, lembrava muito uma certa princesa irresponsável.

    Thank you pela ajuda!

    E a maneira como o jovem usava wasei-eigo lembrava a deusa Cecily.

    — Sim, sim. Matamos o esquisito, mas como saímos daqui? — Rory perguntou em um tom rude.

    — Boa pergunta… — Dante concordou.

    No mesmo instante, o mundo onde estavam começou a se desmaterializar. Era como se as trevas fossem engolidas pela chama.

    O corpo do monstro, afastado deles, foi consumido pelas chamas e desapareceu.

    — Parece que é nossa carona. — Kurone brincou.

    — Realmente… Antes de ir, que tal um último comprimento que apenas nós conhecemos?

    Kurone encarou o jovem, mas em seguida entendeu. “Ah sim, Dante é um conterrâneo, assim como Inri.”

    — Meu nome é Dante Katanabe, era um recluso e agora vivo uma vida despreocupada em um continente longínquo. 

    — Meu nome é Kurone Nakano, era estudante de medicina e vivo caçando lolis e lolicons. É um prazer conhecê-lo.

    — Como assim loli? Ei me ensina como você conseguiu essas…

    Era tarde demais, o jovem e as garotinhas desapareceram. Dante também desapareceu lentamente…

    — Nos vemos por aí, Kurone Nakano…

    O vazio desapareceu, assim como as memórias dos envolvidos naquele dia. Aquilo teria acontecido mesmo ou não? Seria um sonho? Kurone Nakano e Dante Katanabe jamais poderiam ter certeza.

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