IF 1.5: Angel Black X Raifurori (2)
Bizarro. Essa era a única palavra que poderia descrever o homem que apareceu repentinamente.
Ele se assemelhava a um personagem de romances de horror cósmico: usava terno preto e a face… não tinha face! Seu rosto era como um emaranhado de linhas negras. Havia apenas um sorriso macabro branco naquele rosto.
— Sei, sei. Provavelmente estão confusos. Eu também fiquei quando cheguei aqui.
— Então você sabe como sair daqui? — Angel perguntou.
— Talvez…
— Onde exatamente é aqui?
O homem virou o rosto para o jovem que perguntou. Kurone sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo ao ver a face medonha.
— Aqui? Boa pergunta. Esse é um lugar que não deveria existir. Um lugar que ninguém deveria jamais ou falar, mas mesmo assim, é um lugar que tem de ser temido por todos. Não é outro mundo. — A entidade mudou o olhar para Dante e continuou: — Também não é um continente estranho. A palavra mais precisa para descrever aqui seria o “vazio”.
Percebendo o silêncio de todos, o ser prosseguiu:
— Tanto vocês quanto aquele monstro foram trazidos para cá de mundos distantes. Ele devia estar assustado, por isso atacou vocês. Ah sim, obrigado por eliminar ele, já adiantaram meu serviço.
— Seu serviço…? — Dante apoiou a mão queixo. Ele foi o último a perceber. Era tarde demais para desviar.
A mão do ser estranho foi de encontro com a barriga do jovem e o arremessou em direção a uma árvore.
— Dante! — Angel gritou, vendo seu companheiro cuspir sangue enquanto era arremessado.
— Um já foi.
— Rory!
Antes mesmo de terminar de gritar, a garotinha de cabelos brancos já estava ao lado do jovem.
— Dora, vai ver se o Dante tá vivo. — Kurone ordenou.
— Uhh!
— Por favor, resistam o máximo possível. Viver aqui eternamente é entediante, raramente aparece alguém, e quando aparece, é um ser fraco.
— Deixa ele comigo. — A garota de cabelos loiros sacou a espada de lâmina dupla. Ela não aprendeu na última batalha que não devia ser tão imprudente?
— Não vá ainda. — Kurone aconselhou. — Não sabemos o quão forte ele é.
— Então como vamos atacar?
— É bem simples, melhor tapar os ouvidos.
— Quê?
— Eu avisei.
Uma rajada de balas ecoou por todo o “vazio”. A loli delinquente disparou impiedosamente contra a criatura de terno. Claro, o cão do fuzil estava no modo automático, ou seja, a garotinha não iria parar, considerando que a arma usava mana como munição.
— Kurone Nakaaano! Ele tá mortão! — Dora se aproximou em alguns saltos, carregando Dante nas costas. Ele morreu com o impacto da queda?
— Dante! — Angel gritou em meio ao som dos tiros.
Ao perceber que o corpo do ser estranho havia se tornado uma peneira, ela cessou os disparos.
— Aquele ali também já bateu as botas. — Como de praxe, Rory falou em tom arrogante, mas um som fez sua expressão mudar.
— Maravilhoso, maravilhoso. Eu nunca experimentei algo assim!
O corpo de ser negro se regenerava gradualmente enquanto ele gritava insanamente — realmente era uma criatura bizarra.
— Você vai pagar por ter matado o Dante. — Angel diminuiu a distância entre ela e o ser em instantes e investiu com a lâmina.
“Crack!”
A espada cortou algo duro: o tronco de uma árvore. Desde quando aquela árvore estava ali?
Antes mesmo de processar o que acabou de acontecer, a garota sentiu um impacto nas costas. O ser estava lá, ele era tão rápido quanto Angel.
— Porra! Esse cara é rápido. — Kurone gritou. Ele acompanhava toda a batalha com a ajuda do aprimoramento de sentido. Decidiu não usar o Olho Sagrado por enquanto.
A anja rolou pelo chão e parou ao bater em uma pedra.
— Que arma peculiar… Ah! Quente! Quente!
O homem estranho tentou roubar a espada da garota, porém, a largou logo em seguida.
— Sou alérgico a essas coisas sagradas, isso inclui você também, garoto — disse, apontando para Kurone.
— É isso! A espada!
— Uhhhh! Deixa com a Dora! — a garotinha percebeu a intenção do companheiro e correu em direção à arma.
— Não deixarei!
Era incrível a movimentação do ser. Em instantes, ele estava chutando o corpo infantil de Dora.
“Bam!”. A mão da criatura desapareceu ao entrar em contato com as balas do fuzil. Foi em vão, ela logo se restaurou.
“Lutar com imortais é um saco”, Kurone praguejou internamente, se lembrando da batalha recente contra o marquês. Onde estava uma empregada mascarada para dar fim àquele homem?
— Desistam, vocês nunca conseguirão me derrotar…
— Mas e o defunto aqui?! It`s your end!
Se tivesse olhos, o ser teria os arregalado. Kurone e Rory também ficaram espantados e olharam, por reflexo, o local onde o corpo de Dante estava… Ele não estava mais lá.
O jovem segurava a espada de Angel. Ela atravessou o peito do ser negro.
— Como isso é possível, eu não tinha… matado…
— Eu posso não ser forte, mas é difícil me matar.
O corpo trajado em um terno foi reduzido a chamas negras. Por sorte, a espada de Angel funcionou contra a criatura.
“Meu arsenal de armas demoníacas não conseguiriam matar ele.”
Kurone se lembrou de algo e logo voltou sua atenção para a garotinha no chão: Dora. Ela parecia estar bem, mas fez seu drama choroso de sempre.
— Angel! — Dante correu até a garota desacordada.
— ela tá bem? Eu posso examinar se você quiser…
— Tá sim — Por algum motivo, Dante disse em um tom frio. —, ela só tá com preguiça.
Os jovens se olharam por alguns segundos, mas logo começaram a rir. Aquela garota, Angel, lembrava muito uma certa princesa irresponsável.
— Thank you pela ajuda!
E a maneira como o jovem usava wasei-eigo lembrava a deusa Cecily.
— Sim, sim. Matamos o esquisito, mas como saímos daqui? — Rory perguntou em um tom rude.
— Boa pergunta… — Dante concordou.
No mesmo instante, o mundo onde estavam começou a se desmaterializar. Era como se as trevas fossem engolidas pela chama.
O corpo do monstro, afastado deles, foi consumido pelas chamas e desapareceu.
— Parece que é nossa carona. — Kurone brincou.
— Realmente… Antes de ir, que tal um último comprimento que apenas nós conhecemos?
Kurone encarou o jovem, mas em seguida entendeu. “Ah sim, Dante é um conterrâneo, assim como Inri.”
— Meu nome é Dante Katanabe, era um recluso e agora vivo uma vida despreocupada em um continente longínquo.
— Meu nome é Kurone Nakano, era estudante de medicina e vivo caçando lolis e lolicons. É um prazer conhecê-lo.
— Como assim loli? Ei me ensina como você conseguiu essas…
Era tarde demais, o jovem e as garotinhas desapareceram. Dante também desapareceu lentamente…
— Nos vemos por aí, Kurone Nakano…
O vazio desapareceu, assim como as memórias dos envolvidos naquele dia. Aquilo teria acontecido mesmo ou não? Seria um sonho? Kurone Nakano e Dante Katanabe jamais poderiam ter certeza.
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