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    “Bang! Bang!” O garoto de cabelos ruivos atirou desesperado, mas Kurone avançou sem se importar com a dor.

    Ele estava dependente da AutoRecuperação. Mesmo que se ferisse gravemente, bastava esperar alguns minutos para que seu corpo se curasse.

    — Argh! — gritou ao sentir a bala adentrando a coxa. Apesar do manto lhe proteger muito, algumas partes ainda ficavam desprotegidas, tornando-se os alvos principais do atirador.

    Além de desviar dos tiros, também era perseguido por um garoto com uma espada anormal. Porém, tudo era parte de seu plano, ele correu o suficiente para passar a impressão que estava cansado. Na visão dos garotos, não havia mais como Kurone revidar, mas…

    “Pow!” Partículas azuis preencheram o ar e a espingarda recém-materializada atirou contra o garoto, o obrigando a usar a espada como um escudo improvisado.

    O som de chumbo batendo contra metal desnorteou o menino por alguns segundos, dando tempo o suficiente para Kurone se aproximar.

    — Porra! — Ele praguejou, tendo que investir rapidamente, na esperança de decapitar o adversário, mas foi um ataque inútil.

    O método de luta do jovem era simples: ele corria e desviava dos ataques até encontrar uma brecha, era desonesto e covarde, mas não se importava, afinal era sua única chance de sobreviver.

    Enquanto os outros se cansavam conforme o tempo da batalha se estendia, Kurone poderia queimar infinitamente a mana e transformá-la em estamina. Era algo surpreendente para alguém que dizia não ter “habilidades roubadas” no outro mundo.

    Quando estava próximo o suficiente, poderia usar os golpes que aprendera na época do fundamental. Era algo sem técnica, mas com o Aprimoramento Físico, causava muito estrago na vítima.

    — Morre logo, desgraçado! — O menino de cabelos alaranjados tentava desesperadamente afastar o louco se aproximando, mas seus ataques eram lentos.

    Considerando a forma de luta, ambos estavam despreparados e, provavelmente, aquela era a primeira batalha séria deles. Apesar de que “séria” era uma palavra exagerada, já que a luta consistia neles tentando atingir um jovem saltando de um lado para o outro como um primata.

    Os garotos estavam ainda mais impressionados com a cura anormal do adversário. O braço quebrado recentemente já estava se movimentando novamente — esse foi o mesmo braço usado para atirar com a espingarda.

    O menino assustado moveu a espada de maneira desconcertada mais uma vez, a levou para o alto, pronto para atacar com tudo e fatiar o oponente ao meio, porém acabou prendendo ela em algo: na barraca atrás de si.

    — Blergh! — Kurone se aproveitou da brecha e o chutou sem dó no estômago, fazendo o corpo dele rolar pelo chão frio.

    A espada produziu um som agudo ao cair, mas antes que o usuário pudesse pegá-la, ele a segurou rapidamente e saltou nas sombras.

    O jovem queria testar algo. Seria possível roubar uma “Arma Lendária” se o dono ainda estivesse vivo? Cerrando os olhos, o garoto tentou focar na espada roubada em mãos, mas… nada aconteceu!

    Sua teoria estava certa, o condicionante para um reencarnado roubar a arma de outro era a morte do usuário. Provavelmente nem todos sabiam disso, senão haveria uma enorme caçada a reencarnados, os mais fortes buscando o poder dos fracos.

    “Bang! Bang!”; “Bang! Bang!”; “Bang! Bang!”

    Os tiros das Desert Eagles o fizeram se movimentar. O garoto de cabelos ruivos espetados tinha a vantagem de estar no alto, conseguindo o localizar quando ele se escondia nos becos escuros.

    Após respirar fundo, Kurone desmaterializou a escopeta e segurou firmemente o punho da espada anormal. 

    — Ahhhhhhh!

    — Porra!

    Mais uma vez, o jovem fez uma manobra inesperada. Ele segurou firme o punho da espada e a jogou com toda força em direção ao garoto nos telhados.

    “Pow!”

    O menino ruivo tentou desviar, mas, no mesmo momento, o adversário materializou a escopeta novamente e atirou sem erro nele. O corpo do menino caiu, mas Kurone não teve tempo de descansar.

    — [Hell Flame]!

    Chamas se espalharam pelo beco escuro e ele foi obrigado a voltar para a praça. Claro, todos tinham aquela vantagem: a magia. O garoto sem a espada apelou para o que faltava no adversário.

    — [Fire Ball]!

    Fogo e mais fogo começou a se alastrar pela praça. Diferente de Rhyan Gotjail, que dominava quatro elementos, o dono da espada roubada parecia ter afinidade apenas com fogo, assim como Kurone. De acordo com Cecily, a afinidade dele era mínima, por isso nunca tentou treinar a magia.

    Mesmo diante da desvantagem, Kurone não se sentiu intimidado. Ele se impulsionou e correu em direção ao oponente…

    — Argh! 

    …Apenas para sentir uma dor aguda atravessando seu ser. O jovem rolou pelo chão gritando em agonia, mas conseguiu forças para se manter de pé.

    Inacreditavelmente, todo o corpo estava ok, com exceção dos arranhões que ganhou ao quicar no chão. Então, de onde veio a dor insuportável? A resposta estava bem à sua frente.

    Um homem de postura imponente se aproximava, andando calmamente com os braços nas costas.

    Era o inconfundível reitor do Instituto de Reencarnados, provavelmente o homem que implantou a cultura da Terra naquele outro mundo. “O reencarnado mais velho daqui… ele deve saber de muita coisa.” O reitor aproximou-se calado e olhou para os lados, procurando suas crianças.

    — Você parece ser bem forte, ainda está de pé depois do meu ataque que interfere diretamente na alma — explicou o homem.

    “Diretamente na alma…?” Ele não precisou quebrar a cabeça para saber o motivo pelo qual não tinha feridas no corpo após o ataque.

    — Acabou, Kurone Nakano. Se entregue agora e podemos pensar em…

    — Vai se foder velhote! — O jovem respondeu, ignorando a dor e ficando em posição de combate.

    Aquele era seu limite, não fisicamente, mas psicologicamente, a mente estava sobrecarregada de tudo que passou até ali. Fazia três dias que lutava desesperadamente contra os inimigos daquele mundo, a cabeça perturbada não suportava tudo aquilo, e ele queria bater no reitor desde o último encontro.

    O homem tirou uma das mãos das costas e apontou o dedo para o garoto, ele atacaria mais uma vez em resposta à pose de Kurone, porém ele se virou rapidamente para trás ao sentir uma aura ameaçadora se aproximando.

    — Para começo de conversa, foram vocês que nos chamaram aqui, que tipo de hospitalidade é essa? Tão querendo morrer? — Rory, com seu tom delinquente típico, ameaçou.

    — Nakano!

    — Kurone, nós ficamos preocupados!

    — …!

    Atrás da garotinha de cabelos prateados estava o grupo composto por Orcus, Amélia e Frederika. Os três olharam com hostilidade para o reitor.

    — Não imaginamos que estávamos convidando um assassino para nossa casa — respondeu o reitor.

    — Um assassino? O idiota? Onde estão as provas? — provocou Rory.

    — Crianças mortas pela cidade, dois jovens, um semi-humano e um humano, decapitados e três corpos nas fazendas. Em todos os assassinatos, testemunhas disseram ter visto Kurone Nakano no local.

    — Ainda não é prova o suficiente.

    — Ele estava prestes a matar duas crianças do orfanato.

    O reitor e Rory se encararam, um jogando aura agressiva no outro. A loli arrogante materializou o fuzil negro e apontou para o homem e disse:

    — Ainda não é prova o suficiente.

    — É verdade, o Nakano não é assassino — Orcus disse, dando um passo à frente e sacando a espada da cintura.

    — Se vão ficar do lado dele, então devo cuidar de vocês também — ameaçou o reitor.

    Nyah! Parem com isso! 

    Uma última silhueta saltou no meio do conflito. A garotinha de cabelos arroxeados jogou a capa para trás e falou com a voz irritante de gato, sem se importar com o clima tenso ao redor:

    — Fui eu que trouxe o myaninho e seu grupo aqui, então eu vou me responsabilizar por seus atos. — Ela olhou para o jovem insano e continuou: — A verdade é que estávamos estudando o myaninho e descobrimos que ele tem distúrbios mentais sérios, então, por ora, o melhor é prendê-lo até ele se acalmyar, depois podemos conversar direito.

    Todos franziram o cenho para a resposta da garotinha, mas ninguém discordou. Era de conhecimento de Orcus e Rory a instabilidade mental de Kurone, como presenciaram na luta contra os orcs, de fato ele estava com a cabeça quente naquele momento.

    — Me prendam também! — Quem gritou foi a cocheira de aparência masculina ao lado de Frederika. — Eu quero ser presa com o Kurone.

    Ela percebeu que o jovem não aceitaria ser preso tão fácil, então se ofereceu para o acompanhar. A garotinha ao seu lado correu em direção ao jovem ainda em pose de combate e agarrou seu pé.

    — …! …! …! — Lágrimas começaram a cair da venda, mas ela se esforçou até fazer voz sair de sua boca: — E-eu… v-vou.. tam-também…

    O garoto relaxou os ombros ao olhar para a menina chorando em sua perna. A última vez que a escutou falando foi quando levou o tiro da AWM.

    — Tudo bem… — Ele levantou as mãos.

    — Prendam Kurone Nakano, a cocheira e a garotinha vampira! — O reitor ordenou à dupla do instituto que foi espancada pelo jovem.

    O trio acusado foi escoltado para a prisão pelo reitor e os dois garotos, apenas Rory e Orcus ficaram para trás, com olhos afiados voltados para Kawaii.

    — Desembucha ou eu que vou para a cadeia por assassinar um gato idiota — ameaçou Rory.

    — Ok, ok, eu vou explicar tudo… o verdadeiro motivo para vocês virem a Eragon é…

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