Índice de Capítulo

    O novo orfanato era ainda mais majestoso que o anterior. Logicamente, ter o seu nome envolvido na construção de algo como uma instituição beneficente viria a calhar para qualquer governante sensato, por isso houve doações por parte dos líderes de vários reinos vizinhos quando a reconstrução do local chegou à sua etapa final. 

    As irmãs organizavam as coisas com um sorriso no rosto. O peite palpitava com o cenário familiar, embora fossem sentir falta da comida deliciosa servida em Sophiette.

    — Vou rezar para que aquela aberração não apareça de novo…

    — Eu acho difícil, afinal “ela” não está mais aqui. Sei que eu não devia dizer isso, mas finalmente podemos ter um pouco de paz.

    — É inegável que “ela” era a fonte de nossos problemas. Mas, veja bem, não fale esse tipo de coisa perto da Daisy, vamos apenas esquecer sobre essa conversa.

    Um ato inútil. A irmã Daisy observou a conversa delas do alto da árvore. Não era nada gracioso uma dama e sacerdotisa escalar, esse era um dos maus hábitos ensinados por Loright.

    O chão esverdeado foi banhado por fina linha vermelha — um pouco de sangue originada de uma mordida forte nos lábios de Daisy.

    Ela não podia culpar as outras por pensar dessa maneira, Luminus era realmente culpada por muitos problemas que aconteceram nos últimos anos, inclusive o ataque de Azazel van Elsie, contudo não era esse o papel delas como sacerdotisas, ajudar crianças como a pequena Luminus?

    Como podiam dormir de noite sabendo no quanto ela poderia estar sofrendo nesse momento?

    Oh, querido Loright, eu prometi que ia seguir em frente enquanto você não retorna, mas meu coração dói…

    E para salvar o seu coração, só podia pensar em um mundo perfeito, onde ela, Loright e Luminus caminhavam juntos pelos campos do orfanato de mãos dadas, como uma família.

    Os ventos frios tentavam fazer o seu espírito de combate desaparecer.

    Cerrou os punhos. Tentou parecer corajoso, embora as mãos segurando a faca curta tremessem. 

    — Ahhhhhhhh!

    Ignorando o corpo exteriorizando a sua falta de confiança, Loright rugiu e saltou sobre as criaturas. Eram dois ursos enormes, com garras capazes de transformá-lo em um monte disforme de carne com um único golpe.

    Escolheu uma arma terrível para enfrentar os monstros, mas se adaptar fazia parte do seu treinamento. Nem sempre estaria preparado para o combate, o inimigo raramente avisaria sobre o seu ataque.

    Os resultados da luta contra Azazel van Elsie poderiam ser bem piores se não houvesse um aviso prévio da deusa Cecily. Por isso, teria que se adaptar, seu objetivo era enfrentar esses ursos enormes com um pedaço de madeira ou até mesmo com as mãos nuas quando estivesse mais forte…

    — Argh! Droga!

    Apesar disso parecer um sonho distante. Era forte. Seu mestre, Sylford, dissera isso, suas habilidades superavam aquelas dos humanos comuns e igualava-se às dos gênios, então por que continuava a perder? Não conseguiria nem matar dois ursos irracionais?

    Escapou por pouco dos golpes consecutivos desferidos pelos monstros, mesmo direcionando suas mana para as pernas e aplicando todo o conhecimento obtido durante a sua estadia em Sophiette.

    — Ainda é difícil! Droga! Droga! Droga!

    Uma dor instalou-se na garganta. Suas maldições rasparam o interior do pescoço como uma lixa esfregando-se sobre a pele. Engoliu com força e conteve as lágrimas.

    Iolite, uma criança, não estaria assim nessa situação. Essa era a diferença entre um gênio e ele, um humano patético. Aquele garoto não precisaria de mutos movimentos para dar fim a essas criaturas irracionais.

    — Não posso aceitar isso… Eu preciso ser mais forte!

    Para recuperar a Luminus. Azazel van Elsie, Iolite e Cecily eram monstros no seu ponto de vista, mas insetos na lente de seres ainda mais poderosos. Não podia se conformar em superar apenas esses três, precisava ver além do horizonte.

    Mesmo que se equiparasse às três aberrações citadas anteriormente, não poderia proteger a sua querida irmã caso alguém ainda mais forte surgisse visando levá-la novamente.

    Seu foco devia ser superá-los… não, não apenas isso, tinha a obrigação de superá-los e tornar-se ainda mais forte, de maneira que pudesse encarar até mesmo a própria Astarte se ela se materializasse em sua frente.

    Sim, sabia desde o início que precisava tornar-se o homem mais forte do mundo se quisesse proteger a sua irmã.

    — E o homem mais forte do mundo não pode perder para bestas irracionais!!

    Os ventos frios tentavam fazer o seu espírito de combate desaparecer.

    Cerrou os punhos. Tentou parecer corajoso, embora as mãos segurando a faca curta tremessem. 

    — Ahhhhhhhh!

    Ignorando o corpo exteriorizando a sua falta de confiança, Loright rugiu e saltou sobre as criaturas. Eram dois ursos enormes, com garras capazes de transformá-lo em um monte disforme de carne com um único golpe.

    Escolheu uma arma terrível para enfrentar os monstros, mas se adaptar fazia parte do seu treinamento. Nem sempre estaria preparado para o combate, o inimigo raramente avisaria sobre o seu ataque.

    Os resultados da luta contra Azazel van Elsie poderiam ser bem piores se não houvesse um aviso prévio da deusa Cecily. Por isso, teria que se adaptar, seu objetivo era enfrentar esses ursos enormes com um pedaço de madeira ou até mesmo com as mãos nuas quando estivesse mais forte…

    — Argh! Droga!

    Apesar disso parecer um sonho distante. Era forte. Seu mestre, Sylford, dissera isso, suas habilidades superavam aquelas dos humanos comuns e igualava-se às dos gênios, então por que continuava a perder? Não conseguiria nem matar dois ursos irracionais?

    Escapou por pouco dos golpes consecutivos desferidos pelos monstros, mesmo direcionando suas mana para as pernas e aplicando todo o conhecimento obtido durante a sua estadia em Sophiette.

    — Ainda é difícil! Droga! Droga! Droga!

    Uma dor instalou-se na garganta. Suas maldições rasparam o interior do pescoço como uma lixa esfregando-se sobre a pele. Engoliu com força e conteve as lágrimas.

    Iolite, uma criança, não estaria assim nessa situação. Essa era a diferença entre um gênio e ele, um humano patético. Aquele garoto não precisaria de mutos movimentos para dar fim a essas criaturas irracionais.

    — Não posso aceitar isso… Eu preciso ser mais forte!

    Para recuperar a Luminus. Azazel van Elsie, Iolite e Cecily eram monstros no seu ponto de vista, mas insetos na lente de seres ainda mais poderosos. Não podia se conformar em superar apenas esses três, precisava ver além do horizonte.

    Mesmo que se equiparasse às três aberrações citadas anteriormente, não poderia proteger a sua querida irmã caso alguém ainda mais forte surgisse visando levá-la novamente.

    Seu foco devia ser superá-los… não, não apenas isso, tinha a obrigação de superá-los e tornar-se ainda mais forte, de maneira que pudesse encarar até mesmo a própria Astarte se ela se materializasse em sua frente.

    Sim, sabia desde o início que precisava tornar-se o homem mais forte do mundo se quisesse proteger a sua irmã.

    — E o homem mais forte do mundo não pode perder para bestas irracionais!!

    Vociferando e com sangue nos olhos, literalmente, avançou com a sua faca. Se a única arma dos seus oponentes eram suas garras, então cortaria as suas patas fora e cravaria a sua arma no peito deles sem piedade.

    Vociferando e com sangue nos olhos, literalmente, avançou com a sua faca. Se a única arma dos seus oponentes eram suas garras, então cortaria as suas patas fora e cravaria a sua arma no peito deles sem piedade.

    Duas silhuetas vagavam pela noite a passos lentos, suas identidades eram ocultas pelos mantos sobre as suas cabeças.

    Do interior das peças de pano brotavam cabelos prateados e loiros. Suas vestimentas casavam bem com a situação atual.

    Cecily e Luminus tornaram-se fugitivas após os acontecimentos na virada de ano. Estavam evitando as cidades e vagando pelas áreas mais remotas do oriente até a poeira baixar, talvez dois meses fosse tempo suficiente para que as pessoas esquecessem os seus rostos.

    Ambas as garotas não tinham muito o que conversar e apenas seguiam em silêncio. Passaram uma quantidade considerável de tempo juntos e suas ações repetidas eram automáticas, sem a necessidade de comunicação. Cada uma sabia quando era sua vez de acender a fogueira ou de ficar de guarda.

    Não houve tentativa de ataque por parte dos seus perseguidores desde que começaram a caminhar por ali, mas havia sempre uma presença estranha os cercando, como um espírito maligno tentando mexer com as suas emoções.

    A deusa loira reforçou a sua barreira e sempre verificava pontos fracos nela, porém ainda continuavam a ficar em alerta durante a noite. Não podiam se dar ao luxo de subestimar as técnicas sujas daquelas pessoas.

    Por um instante, a garotinhas de cabelos prateados sentiu as forças nas suas pernas indo embora e fez menção de cair, por sorte foi logo suportada pela deusa ao seu lado e manteve o equilíbrio.

    Era o seu coração vacilando. Luminus estava instável, a voz daquela mulher, de Astarte, assediava-la com recorrência e as memórias doas seus últimos assassinatos se tornavam mais nítidas. Seria melhor se essas memórias continuassem no fundo da sua mente.

    — Tudo bem, eu consigo andar.

    Quando começava a pensar em todas essas coisas, sentia vontade de desistir, deitar ali e não levantar mais, contudo o rosto de Cecily a fazia relembrar da sua promessa na hospedaria. Precisava continuar em frente, ainda não era hora de voltar atrás.

    Loright, a pessoa que mais admirava nesse mundo, nunca quebrava as suas promessas, queria mostrar a ele que também era forte e, quando se reencontrassem, se gabaria disso, dizendo que superou todos os problemas e recuperou o controle sobre o próprio corpo e mente usando sua força de vontade e honrando suas promessas.

    Vendo o brilho nos olhos da garotinha reacendendo, a deusa loira soltou o seu ombro e sorrio devagar, como se um pouco daquela chama tivesse se espalhado para o seu corpo também.

    — Vamos parar por aqui hoje. Amanhã mudaremos o nosso curso, é melhor seguirmos para o ocidente, em dois meses deve ser seguro para andarmos por lá.

    {Ela acha que a palavra que melhor descreve isso é “adorável”.}

    “Assim você me deixa com vergonha, projeto de serafim.”

    {A Celestial odeia esse apelido, Ela agora entende que está sendo comparado a um ser divino pela metade.}

    “Não precisava ter explicado o humor da tirinha.”

    Kurone Nakano viu um sorriso formando-se em sua face pelo espelho. 

    Era o grande e luxuoso espelho do banheiro da mansão. Não era muito vaidoso, mas tinha que concordar com Ellohim, o novo uniforme da Universidade Mágica caiu-lhe bem.

    Embora o físico tivesse melhorado nos últimos meses, o seu rosto continuava feminino demais. 

    — Bem diferente do Kurone Nakano que tinha aquela franja esquisita.

    Fazendo alguns últimos ajustes no cabelo, ele deixou o banheiro. Finalmente era o momento de retornar à capital, um ambiente perigoso, mas também repleto de oportunidades que o ajudariam a chegar em seu objetivo: a imortalidade.

    Sophiette também foi um local de muitas oportunidades, os recursos, o campo de treinamento e a biblioteca de Karllos Sophiette fizeram o seu progresso ser ainda mais rápido. Atualmente sentia que era alguém totalmente diferente do seu “eu” do ano passado. Novamente surgiu aquela vontade de abraçar o Iolite e deixar Kurone Nakano totalmente para trás…

    — Nossa, que demora, vamos logo!

    Sua linha de pensamento foi interrompido pela voz irritada de uma garotinha loira de braços cruzados. Era Cynthia, aguardando a sua chegada com impaciência.

    A garotinha vestia um uniforme como o seu, com uma saia na altura dos joelhos ao invés de uma calça negra. Mesmo que Sylford ainda não tivesse retornado, ela iria para a Universidade Magica.

    O reino esteve em paz nos últimos dias e não havia sinais de qualquer perigo, era seguro para a garoto ir estudar, só precisava pedir para que papéis importantes fossem direcionados para o seu novo endereço, no dormitório da Universidade Mágica.

    Sylford que se virasse para resolver os problemas menores quando retornasse, foi isso que a menina disse, com um sorriso travesso no dia anterior, quando resolveu ir com Kurone.

    Diferente da vez anterior, quando foi com Paltreint Atrex um pouco inseguro, agora estava mais confiante, queria alcançar o seu objetivo e tinha forças para destruir quem ficasse em seu caminho e, acima de tudo, teria finalmente o seu aguardado reencontro com a sua amada deusa.

    Clap!

    O cocheiro bateu no lombo dos cavalos e a carruagem com os dois estudantes começou a se mover em direção à capital do reino.

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