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    Silêncio.

    Por vários segundos, ninguém disse uma palavra.

    Os amigos de Gravis mantiveram-se fora disso, já que não era algo que os envolvia.

    Mortis olhava para Orpheus com frieza.

    Orpheus o havia traído, e isso feriu Mortis profundamente.

    — Inútil.

    Assim que essas palavras foram ditas, parecia que toda a atmosfera havia mudado.

    Elas foram pronunciadas com frieza e ódio.

    Mortis havia cortado completamente Orpheus de sua vida.

    Essa traição o machucara profundamente, e Mortis sentia que precisava devolver essa dor a Orpheus.

    Nunca se deveria esquecer que, embora a personalidade de Mortis tivesse mudado muito, ele ainda era uma só entidade com o raio.

    Uma traição de um membro da família era algo imperdoável para ele.

    No entanto, Orpheus foi bastante astuto ao pedir desculpas.

    Ele deliberadamente se rebaixou e demonstrou que manter a conexão emocional entre ele e Gravis era importante para ele.

    Romper essa conexão já era suficiente para Mortis.

    Se Orpheus não tivesse dado tanto valor à conexão emocional, Mortis teria encontrado outra forma de devolver a dor que sentia.

    Nunca se deveria esquecer que Mortis era gentil com seus amigos, mas absolutamente implacável com seus inimigos.

    Se Orpheus não sentisse dor suficiente com o rompimento do vínculo emocional, Mortis se tornaria mais poderoso até que…

    Ele mataria Orpheus.

    Mortis era muito semelhante a Gravis, mas também muito diferente em certos aspectos.

    Porém, Orpheus não era tolo.

    Ele sabia tudo sobre as vidas de Gravis e Mortis no mundo superior e havia planejado adequadamente. Ele sabia que precisava investir emocionalmente em Mortis.

    Orpheus sabia que precisava sentir dor suficiente.

    Caso contrário, ele morreria.

    Orpheus poderia matar Mortis?

    Sim, ele era mais do que poderoso o suficiente.

    No entanto, isso traria problemas sem fim.

    Gravis esqueceria a Lei da Senciência se Mortis morresse.

    O Céu queria que Gravis se tornasse poderoso.

    O Opositor queria que Gravis se tornasse poderoso.

    Essencialmente, era impossível para Orpheus matar Mortis e, mesmo que conseguisse, isso faria Gravis odiá-lo.

    Orpheus sabia que, se ofendesse Mortis, estaria morto.

    Contudo, isso não significava que doía menos.

    Orpheus via Mortis como outro irmão, assim como Gravis. Essencialmente, Mortis era uma versão mais jovem de Gravis.

    Orpheus fez uma careta ao ouvir as palavras frias de Mortis.

    O Opositor não disse nada.

    Isso era entre os três, e era uma decisão que cabia a eles.

    Gravis também não disse nada.

    Mortis era uma entidade independente, e Gravis permitiria que ele tomasse suas próprias decisões.

    Desde que Mortis não tentasse matar Orpheus, tudo estaria bem.

    No entanto, Gravis também percebeu o quão deliberado havia sido o pedido de desculpas de Orpheus.

    Essencialmente, isso diminuía bastante a pureza e a honestidade do pedido. Afinal, Orpheus havia entrado na conversa com um plano para aumentar suas chances de sucesso.

    Dependendo do ponto de vista, poderia-se até argumentar que isso era uma forma de manipulação emocional.

    Orpheus olhou para Mortis com dor. — Sinto muito, Mo…

    — Cale a boca! — interrompeu Mortis com ódio. — Não jogue esse jogo estúpido comigo. Você sabe exatamente por que não despertou minha intenção assassina. Você planejou tudo, e vejo que é tão astuto e calculista quanto todos esses Mestres de Seita hipócritas que conheci.

    — Não fale mais comigo. A partir de hoje, você não é mais do que uma pessoa qualquer com uma personalidade que desprezo.

    Orpheus respirou fundo de forma trêmula.

    Ele já esperava isso, mas ainda assim era difícil para ele.

    Orpheus queria se desculpar mais com Mortis para recuperar o vínculo emocional entre eles, mas sabia que era tarde demais.

    Mortis não era uma pessoa que perdoava.

    Esse também era o motivo pelo qual Orpheus tinha tanto medo de contar a verdade a Gravis no passado.

    Quando Gravis retornou do mundo inferior, ele havia acabado de superar um obstáculo emocional, o que o tornava emocionalmente frágil. Além disso, Gravis também havia sido influenciado pelo temperamento do raio.

    Se Orpheus tivesse contado a verdade naquela época, Gravis teria reagido de forma muito semelhante à maneira como Mortis agia agora.

    Gravis provavelmente não teria desejado matá-lo, mas teria odiado Orpheus.

    Orpheus desviou o olhar de Mortis com arrependimento e concentrou-se em Gravis.

    Gravis ainda não havia dito nada.

    Ele esfregava a ponte do nariz, demonstrando estresse.

    Gravis não teria problemas em perdoar Orpheus se ele não tivesse se desculpado de forma tão planejada e deliberada.

    Isso tirava grande parte da sinceridade.

    Parecia menos um pedido de desculpas emocional e mais um esquema.

    Gravis odiava esquemas desse tipo.

    — Você planejou isso com bastante cuidado — comentou Gravis após um longo silêncio.

    — Sim, porque eu não quero perder você — respondeu Orpheus.

    — É como se você não quisesse ser completamente honesto, mas quisesse manter nosso vínculo emocional vivo — disse Gravis.

    — Eu sei, e sinto muito por isso. Isso é importante demais para mim, e não posso abrir mão da nossa conexão. Nossa ligação é mais importante para mim do que ser completamente honesto — respondeu Orpheus.

    Gravis suspirou, frustrado.

    — Se você tivesse me contado depois que eu voltei do mundo inferior, nunca mais nos encontraríamos na vida — disse Gravis. — Você sabia disso, e foi por isso que não contou. Em essência, pode-se até dizer que você tirou vantagem da minha ingenuidade.

    Orpheus não respondeu.

    — Se você tivesse me contado após eu retornar do mundo intermediário, eu teria sido forçado a me afastar de você devido ao problema com o meu raio. Eu não teria desejado enfurecer ainda mais o meu raio.

    — Contudo, esse não foi o motivo pelo qual você não me contou. A razão principal foi que você queria fugir da dor de ver nossa conexão sendo cortada.

    — Em essência, você agiu como um covarde que foge de qualquer forma de retribuição justificada — disse Gravis.

    — Sim — respondeu Orpheus. — Eu fugi da dor porque você é importante demais para mim como irmão e amigo.

    Gravis suspirou novamente, ainda frustrado.

    — No entanto, agora, nenhum desses perigos se aplica. Eu sou um adulto de verdade agora, e não sou mais influenciado pelo temperamento do raio. Isso te dá a melhor chance de sucesso.

    Gravis esfregou as têmporas enquanto tentava tomar uma decisão.

    Não era fácil.

    Ele entendia como Orpheus se sentia, mas também tinha suas próprias emoções.

    As ações de Orpheus o haviam ferido profundamente.

    Gravis pensou longa e cuidadosamente sobre o que deveria fazer.

    Ele refletiu especificamente sobre as Leis Emocionais e seu objetivo de ser feliz.

    No momento, Gravis definitivamente não estava feliz, mas isso precisava ser permanente?

    Aceitar o pedido de desculpas de Orpheus ainda deixaria um gosto amargo, mas negar o pedido também não seria fácil, pois Gravis ainda o via como irmão.

    Ambas as decisões tinham suas vantagens e desvantagens.

    No fim, Gravis suspirou.

    — Eu aceitarei, por enquanto — disse Gravis. — No entanto, peço que não me procure novamente. Preciso de tempo para superar tudo isso.

    — Quando eu estiver pronto para conversar sobre isso, entrarei em contato com você — disse Gravis.

    O corpo de Orpheus tremeu ligeiramente, e um sorriso triste apareceu em seu rosto.

    — Eu sei que não é fácil, e obrigado, Gravis. Você não sabe o quanto isso significa para mim — disse Orpheus.

    De certa forma, Orpheus olhava para Gravis mais como um filho do que como um irmão. Afinal, Orpheus havia acompanhado o crescimento de Gravis, de criança a um Cultivador poderoso e maduro.

    Essa também era uma das razões pelas quais Gravis significava tanto para Orpheus.

    — Vá — disse Gravis, sem olhar para Orpheus.

    — Sim, obrigado, Gravis — disse Orpheus.

    SHING!

    E então, Orpheus se teleportou para longe.

    Mortis olhou para Gravis com a sobrancelha erguida.

    Ele esperava que Gravis simplesmente aceitasse o pedido de desculpas de Orpheus de imediato.

    No entanto, Gravis não fez isso.

    Em vez disso, seguiu um caminho intermediário.

    Claro, ele havia aceitado o pedido de desculpas de Orpheus, mas não seria tão simples.

    Essencialmente, Orpheus e Gravis teriam que começar do zero, reconstruindo seu relacionamento aos poucos.

    Inconscientemente, Mortis frequentemente via Gravis como alguém um pouco emocionalmente permissivo. Ele não era nem de longe tão implacável quanto Mortis gostaria, o que fazia Gravis parecer um pouco fraco.

    Mortis entendia por que Gravis agira daquela forma e sabia que ele estava fazendo a coisa certa.

    Contudo, seus sentimentos subconscientes ainda eram difíceis de erradicar.

    Afinal, sentimentos muitas vezes não seguiam a lógica.

    Quando Orpheus partiu, Gravis apenas suspirou.

    Então, ele olhou de volta para seu grupo de amigos.

    — Onde eu estava?

    Gravis tentou não deixar o problema azedar o clima.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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