Capítulo 1231: Avô

Gravis e Mortis partiram da facção de Manuel junto com Aris e Exar.

Era hora do torneio.

— Qual é o propósito desse torneio, afinal? — perguntou Exar com uma voz entediada. — Os Deuses Ancestrais de nível um mais fortes nem vão participar da luta. Na minha opinião, o título de Deus Ancestral de nível um mais forte não vale nada.

— Relaxa — disse Gravis com uma risada. — Não olhe para tudo com essa visão cínica. Pense nisso como um prêmio de Cultivador amador.

Exar bufou. — Prêmio de Cultivador amador — repetiu com desdém. — Se a Seita do Pináculo do Raio não tivesse oferecido recompensas tão boas, eu me sentiria humilhado por carregar esse título.

— Foi só uma comparação — disse Gravis com um gemido. — Sair como o mais forte desse torneio ainda faria seu nome ser conhecido em todo o mundo.

— Acho que parece divertido — interveio Aris com um sorriso. — Faz muito tempo que não luto. Quero ver como é duelar de novo.

Gravis coçou a nuca.

Ele também não lutava fazia muito tempo, exceto aquela situação com Narcissus, mas aquilo não contava.

No mundo inferior, lutar demais poderia ser perigoso, mas, no nível deles, eles não perderiam sua vantagem, mesmo que treinassem por centenas de milhares de anos.

Se alguém faz algo por tempo suficiente, nunca perde sua habilidade.

Enquanto pensava sobre duelos, algumas lembranças antigas voltaram à mente de Gravis, o que o fez rir um pouco.

— Aris — chamou Gravis. — Acabei de me lembrar de todas as vezes que as bestas me confundiram com você.

— No mundo intermediário, certo? — perguntou Aris, uma expressão nostálgica surgindo em seu rosto. — Nunca estive presente quando isso aconteceu, mas parecia que você ficava bem irritado com isso.

Gravis riu. — Sim, e lembra quando fui te visitar depois do meu Avanço de Reino e todos vocês olharam para mim de cima para baixo?

— Pai, por favor. Eu não sou mais assim — disse Aris com um sorriso amargo.

Gravis apenas riu novamente. — Você ofendeu tantas bestas naquela época. Foi até impressionante. Honestamente, quando era jovem, você agia mais como seu avô do que como eu.

— Por favor, não me compare ao vovô — disse Aris com cuidado. — Eu nem estou no mesmo universo que ele em termos de poder.

Gravis apenas riu ainda mais.

Ao lado, Mortis apenas observava Aris de vez em quando.

Era um pouco estranho para Mortis olhar para a dupla pai e filho.

Afinal, em suas memórias, ele era o pai de Aris.

No entanto, Mortis não estava perturbado. Ele havia tomado sua decisão e acreditava que era a correta.

Gravis era um pai melhor para eles.

Gravis desenterrou mais alguns momentos embaraçosos do passado de Aris e os contou para Exar, que apenas olhava para frente com tédio.

Exar não era exatamente o tipo entusiasmado.

Na verdade, Gravis nunca tinha visto Exar sorrir, rir ou brincar antes.

Exar também não tinha uma parceira, pelo que Gravis sabia.

Além disso, Exar era um dos poucos amigos de Gravis que nunca passou pela Samsara.

Agora que pensava nisso, Gravis percebeu que não sabia nada sobre o passado de Exar.

No entanto, ao perceber isso, Gravis não perguntou nada a Exar.

Exar parecia alguém que preferia manter as pessoas à distância.

Exar era basicamente um homem orgulhoso e taciturno que só se concentrava em seu poder. Ainda assim, era leal e ajudava aqueles que o ajudavam. Além da aura orgulhosa que emanava, Exar parecia a imagem perfeita de um Cultivador genial.

Era como se Exar fosse exatamente o que alguém imaginaria ao pensar em um gênio de outro mundo.

Enquanto isso, Aris parecia um ancião gentil, ironicamente.

De certa forma, Aris parecia mais maduro que Gravis quando estavam juntos. Gravis sempre brincava, e Aris apenas respondia com sorrisos amigáveis e comentários tranquilos.

Se alguém não conhecesse Gravis e Aris, pensaria que Gravis era o neto contando ao avô sobre suas recentes conquistas. O avô apenas o elogiava e assentia com um sorriso caloroso.

Quando essa imagem passou por sua mente, Gravis se virou para Aris.

— Por que você age como um avô? — perguntou Gravis com uma carranca.

Aris piscou algumas vezes em confusão. — O que você quer dizer? — perguntou.

— Eu estou brincando, rindo, me divertindo, e você apenas sorri calorosamente e acena. Além disso, você continua dizendo ‘por favor’, o que parece um pouco estranho. Por que precisamos de formalidade entre nós? — perguntou Gravis.

Aris olhou para Gravis com uma expressão cética, enquanto Mortis e Exar o observavam de maneira avaliativa.

Exar voltou a olhar para frente sem dizer nada, enquanto Mortis assentiu.

— Você também? — perguntou Aris para Mortis.

Mortis assentiu novamente. — Você tem a aura distinta de um avô.

— Honestamente, não entendo o que vocês querem dizer — disse Aris. — Não é normal falar educadamente com as pessoas que respeitamos? Estou apenas conversando normalmente com vocês. Vocês realmente acham que uma viagem é o momento certo para falar sobre como me comporto?

Gravis e Mortis piscaram algumas vezes em surpresa.

— Isso nem é uma viagem social — comentou Gravis lentamente.

— Duas pessoas formam um par. Três pessoas formam um pequeno grupo. Quatro pessoas formam uma reunião — explicou Aris. — É uma cortesia comum guardar conversas privadas para situações em que há, no máximo, três pessoas presentes.

Gravis e Mortis apenas olharam para Aris com surpresa.

Agora que a comparação com um avô havia sido traçada, Gravis e Mortis começaram a notar cada vez mais como Aris realmente agia como um avô.

Reunião social?

Conversa privada?

Ser educado com as pessoas que respeita?

Aris olhou para Gravis e Mortis com uma expressão confusa, enquanto eles apenas o encaravam com curiosidade.

— Por favor, não falemos sobre isso agora — disse Aris. — Temos coisas mais importantes para fazer, e podemos discutir isso em casa, quando tivermos paz e silêncio.

— Você quer paz e silêncio? — perguntou Gravis repentinamente.

— Claro — respondeu Aris, surpreso. — Quem não quer isso?

— Oh — disse Gravis lentamente.

— Você ainda está nisso? — perguntou Aris com as sobrancelhas franzidas. — Achei que já tivesse deixado claro.

Agora, até Exar olhava para Aris novamente.

Gravis e Mortis estavam muito interessados no ‘desabafo’, de Aris.

Após alguns segundos, Gravis olhou para Aris com uma expressão solene e assentiu.

— Entendi — disse ele.

— Obrigado — respondeu Aris.

Então, Gravis se virou para Mortis.

— Mortis, eu deixei o vovô bravo.

Mortis assentiu com as sobrancelhas franzidas.

— Por favor, tome mais cuidado com suas palavras no futuro. Vovô não deveria passar por tanto estresse nessa idade.

— Chega disso! — disse Aris em voz alta. — Podemos falar sobre isso quando voltarmos para casa! Precisamos nos concentrar no torneio agora!

Exar olhou novamente para Aris com uma expressão avaliativa.

Gravis e Mortis apenas o observavam com curiosidade.

Então, Gravis se inclinou lentamente para Mortis e sussurrou:

— Agora você deixou o vovô bravo.

SHING! SHING!

Gravis e Mortis aceleraram e se teletransportaram ainda mais rápido, deixando Aris e Exar para trás.

Aris rangeu os dentes por um momento, mas então sua expressão lentamente se transformou em uma carranca, terminando em um suspiro.

— Você realmente age como um avô — comentou Exar ao lado.

Aris olhou para Exar com os olhos semicerrados.

— Você também vai começar com isso agora? Honestamente, às vezes, quando vejo meu pai agir assim, é difícil acreditar que ele é meu pai.

Exar apenas o observou de maneira imparcial.

— Eu não brinco.

— Você realmente age como um avô.

A carranca de Aris apenas se aprofundou.

— Eu não sou velho — murmurou para si mesmo.