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    Os três conversaram por vários dias. Gravis e Mortis contaram à Essência do Zero sobre toda a sua vida, e a Essência do Zero ficou muito intrigada com a história.

    Ela sempre achou que sua própria história era incrível, mas não era nada em comparação com a de Gravis.

    Gravis havia encontrado vários Céus diferentes, enquanto ninguém vivo sequer havia encontrado um!

    Era como se todo o Cosmos estivesse se desdobrando diante de Gravis e Mortis, quebrando todas as convenções normais.

    O tempo todo, a Essência do Zero apenas ouvia, raramente falando. Gravis até perguntou várias vezes se ele estava entediando-a, mas ela sempre negava.

    — Não, continue. Estou muito intrigada — dizia ela repetidamente.

    E então, voltava ao silêncio.

    Gravis sabia que a Essência do Zero provavelmente era uma pessoa muito introvertida, mas sua introversão era algo realmente fora do comum. Ele assumiu que ela via sua história como um espetáculo ou entretenimento, e não como um diálogo.

    Durante esses dias, basicamente apenas Gravis falava, com Mortis acrescentando alguns comentários aqui e ali. Ainda assim, até mesmo Mortis falava mais do que a Essência do Zero.

    — E foi então que você apareceu — concluiu Gravis.

    A Essência do Zero não reagiu.

    Gravis olhou para Mortis, incerto, e Mortis apenas deu de ombros.

    — Então, tem mais alguma coisa que você quer saber? — perguntou Gravis, tentando dissipar a atmosfera estranha.

    — Por que você me contou tudo isso? — perguntou a Essência do Zero calmamente.

    Essa pergunta surpreendeu Gravis um pouco. — Por que não? Somos família, e eu gosto de conversar com as pessoas.

    — Você não é tão ingênuo — disse ela. — Família é apenas um laço de sangue. Mas isso não significa nada quando se trata de Cultivadores poderosos. Nós não crescemos juntos, e esta é a primeira vez que conversamos. Somos estranhos, e não há emoções entre nós.

    — Então, por que você contou tudo isso a uma estranha? Você espera algo em troca?

    Se Gravis não tivesse compreendido uma grande parte da personalidade da Essência do Zero, teria assumido que seu comentário era desdenhoso, já que ela basicamente interpretava suas ações como egoístas e interessadas.

    No entanto, Gravis percebeu que ela estava genuinamente curiosa. Ela não entendia por que ele estava fazendo isso e só queria aprender o motivo por trás das ações dele.

    Gravis havia contado a ela sobre seus amigos e sua família, e ela até sabia sobre a Seita Fogo Eterno.

    Essa era a maior fraqueza de Gravis, e ele a revelou diante dela.

    Por que ele faria isso?

    — Porque já te vejo como uma amiga e/ou irmã — disse Gravis.

    — Como? Você não me conhece — respondeu ela.

    — Mas eu conheço — disse Gravis.

    A Essência do Zero ergueu uma sobrancelha.

    — Quando eu agi como um mestre do mal anteriormente, eu não estava apenas falando bobagens. O que eu disse sobre controle e liberdade é verdade. Eu só preciso descobrir o que você deseja e trabalhar em torno disso.

    — Além disso, você parece uma pessoa orgulhosa, mas não de forma doentia. Mentir e enganar não é algo que você normalmente considera, porque você não gosta disso. Além disso, eu sou muito mais fraco do que você. Se quisesse me matar, você simplesmente me mataria. Não precisaria agir furtivamente.

    — Talvez você possa ver o fato de eu te contar tudo isso como uma tentativa de ganhar sua boa vontade, mas é assim que os relacionamentos humanos normais funcionam. As pessoas tentam ganhar a boa vontade de alguém que gostam, consciente ou inconscientemente. A única diferença entre as ações delas e as minhas é que eu sei exatamente o que estou fazendo.

    — Então, mesmo que eu não saiba muito sobre você, eu sei que te contar minha história não será um perigo para mim. Afinal, você não vai usá-la contra mim — disse Gravis.

    Por um tempo, a Essência do Zero permaneceu em silêncio.

    — É realmente tão fácil analisar toda a minha personalidade? — perguntou ela, franzindo as sobrancelhas. — Isso parece perigoso.

    — Quero dizer, a Lei da Realidade Percebida é a razão da complexidade nos seres inteligentes — explicou Gravis.

    — A Lei da Vida apenas sustenta formas de vida com complexidade mental semelhante à de plantas mortais.

    — A Lei das Emoções dá a essa vida um subconsciente e instinto. Essa vida é essencialmente tão complexa quanto um animal ou uma besta fraca.

    — A Lei da Realidade Percebida é o entendimento da consciência e da inteligência. Relacionamentos complexos e padrões de pensamento complicados fazem parte dela.

    — Então, como eu conheço a Verdadeira Lei da Realidade Percebida, posso observar suas reações e fragmentos de Lei de diferentes perspectivas, o que lentamente dissolve suas relações complexas umas com as outras. Quando despojadas de sua complexidade, eu só preciso navegar por suas emoções e desejos.

    A Essência do Zero caiu em reflexão, franzindo as sobrancelhas.

    Soava muito simples, mas definitivamente não era simples.

    Ela sabia que, mesmo se soubesse tudo o que Gravis sabia, ainda assim não conseguiria navegar na mente de outra pessoa com tal grau de maestria.

    Gravis fazia parecer fácil.

    Existiam tantas conexões complexas e quase ilógicas na personalidade de alguém. Um bom exemplo seria um escritor. Esse escritor gostaria de ganhar dinheiro publicando uma história e, para apoiar seu esforço, copiaria ilegalmente uma obra de arte rapidamente.

    No entanto, esse mesmo escritor ficaria furioso ao ver outra pessoa copiando sua própria obra, apesar de ele mesmo ter feito o mesmo.

    Essa contradição óbvia fazia total sentido na mente dessa pessoa, e essa crença fazia parte de sua psique.

    Navegar por essas conexões aparentemente sem sentido em uma personalidade era basicamente impossível, pois não havia lógica, ritmo ou razão sobre a qual um pudesse basear seus sentimentos. Um sempre avançaria no escuro.

    A complexidade e a natureza abstrata da mente de outra pessoa eram impossíveis de compreender na visão da Essência do Zero. Havia um número infinito de variações.

    — Acho que sei no que você está pensando — disse Gravis. — Você acha que o que estou fazendo é simplesmente complexo demais para ser realizado, mas, na verdade, você está complicando as coisas mais do que precisa.

    A Essência do Zero ergueu uma sobrancelha e olhou para Gravis.

    — Você ainda não compreendeu a Lei do Controle. Tudo o que parece impossível para você pode ser alcançado com a Lei do Controle. Você acha que eu calculo tudo perfeitamente e desmembro a personalidade de alguém peça por peça?

    Gravis bufou. — Não, eu não faço isso. Eu simplesmente olho para o mar complexo de emoções e relacionamentos e me concentro na sensação de controle. Quando um fio está todo emaranhado com vários nós, você não precisa desembaraçá-lo. Só precisa olhar onde ele começa e onde ele vai.

    — Claro, a mente de uma pessoa não é apenas um fio, e você não pode ver para onde ele vai. É aí que entra a Lei do Controle. Eu vejo um emaranhado complicado de conceitos diante de mim. Eu não posso entendê-lo completamente, mas minha sensação de controle me diz, de forma aproximada, qual é o propósito desse emaranhado.

    A Essência do Zero ouviu a explicação de Gravis e sentiu que havia aprendido algo.

    Então, isso era o controle, hein?

    É claro que Gravis não poderia magicamente conceder a alguém a Verdadeira Lei do Controle, especialmente a alguém que não tinha afinidade com ela.

    No entanto, a Essência do Zero sentiu que havia avançado um pouco em seu caminho para compreender essa última Lei ilusória.

    — Obrigada — disse ela. — Há algo que você queira em troca?

    Gravis apenas sorriu.

    — Não.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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