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    Gravis voltou para a rua e continuou seu passeio. No entanto, por algum motivo, sentiu-se observado. Antes de lidar com o jovem, não havia sentido isso, mas agora era muito evidente.

    Essa sensação era estranha, já que Gravis conseguia ver tudo com seu Espírito. Além disso, ele conhecia Leis suficientes para notar qualquer cultivador da Escuridão olhando para ele. Por fim, sua Lei do Perigo não foi ativada.

    Ainda assim, a sensação de estar sendo observado se intensificava com o passar do tempo. Gravis franziu o cenho enquanto tentava encontrar quem o observava. Para mortais, essa sensação provavelmente seria apenas paranoia, mas cultivadores tinham instintos muito aguçados.

    Gravis olhou ao redor, mas ninguém mais parecia perceber algo. Era apenas ele. Isso provavelmente significava que alguém estava especificamente olhando apenas para ele.

    Enquanto Gravis continuava andando, a sensação apenas se fortalecia, até que ele chegou a uma interseção. Por instinto, Gravis virou à direita e olhou para a rua.

    Olhos negros.

    Gravis imediatamente travou o olhar com um jovem. Seus cabelos eram espetados e negros, e seus olhos também eram negros. Além disso, ele usava roupas completamente negras. No entanto, em vez de vestir robes extravagantes como todos os outros, esse jovem usava roupas aparentemente simples. As calças eram feitas de um tecido que um caçador usaria, enquanto a camisa parecia casual e confortável.

    Gravis imediatamente soube que esse era o observador. Ele também percebeu várias outras coisas.

    Primeiro, o jovem estava parado no meio da rua, olhando diretamente para ele com um sorriso interessado. Em seguida, Gravis notou que não conseguia avaliar o poder dessa pessoa. Era óbvio que ele era muito mais poderoso que Gravis, mas isso não significava muito. Gravis sequer conseguia sentir o poder dos Reis Imortais mais fortes.

    Ainda assim, por algum motivo, esse jovem parecia diferente das outras pessoas.

    Por fim, era evidente que ele queria que Gravis o notasse. Se quisesse permanecer oculto, Gravis não seria capaz de percebê-lo devido à diferença de poder.

    Apertando os olhos, Gravis caminhou lentamente até o jovem, parando a cerca de dois metros de distância.

    Por um tempo, ambos apenas se encararam, um com o cenho franzido e o outro com um sorriso.

    — Você sabe que se aproximar de estranhos pode ser perigoso? — perguntou o jovem com um sorriso.

    — Não nesta cidade, não para mim — respondeu Gravis.

    — Seu pai, certo? — perguntou o jovem.

    — Sim — respondeu Gravis.

    — Isso está apenas parcialmente correto — disse o jovem.

    Gravis estreitou os olhos. — Você está dizendo que há alguém que pode me ameaçar nesta cidade?

    — Sim, estou dizendo isso — ele respondeu. — Imortais podem.

    — Imortais? — perguntou Gravis com a sobrancelha arqueada. — Eu esperava alguém de um Reino mais alto.

    — Aí é que você está errado — disse o jovem. — Qualquer Rei Imortal ou alguém mais poderoso seria detido por seu pai, mas não acho que ele interferiria se fosse um Imortal. Afinal, você deveria ser capaz de lutar contra oponentes três ou quatro níveis acima de si mesmo.

    Por fora, Gravis permaneceu calmo, mas por dentro, estava abalado. Essa pessoa sabia exatamente o quão poderoso ele era. Qualquer pessoa normal consideraria tal força absurda. Era simplesmente insano demais para ser real. Mesmo se Orthar ou Yersi dissessem isso, ninguém acreditaria.

    Ainda assim, esse jovem afirmava isso como um fato. Então, como ele sabia exatamente o quão poderoso Gravis era?

    — Mas, com os guardas, nenhum Imortal seria capaz de me matar — disse Gravis.

    — Meio verdade, de novo — disse o jovem. — Assassinatos acontecem nesta cidade de vez em quando. Seja por pessoas confiantes em fugir ou por aquelas desesperadas por dinheiro. Algumas pessoas precisam de uma quantia enorme de dinheiro para seus entes queridos, o que as faz estar dispostas a sacrificar suas vidas por uma grande soma.

    — Estou seguro contra os assassinos mais poderosos — disse Gravis — mas você está dizendo que os Imortais desesperados são um problema. No entanto, você também não disse que eu deveria ser capaz de lutar contra oponentes quatro níveis acima de mim? Eu deveria ser capaz de bloquear um ataque súbito de alguém assim.

    — E quando tentarem me imobilizar, bem, se você conhece meu poder, também deve conhecer meu Avatar — disse Gravis.

    — A Lei Menor de Liberdade pode garantir seu movimento livre diante de qualquer Imortal, isso é correto, mas também não foi isso que eu quis dizer — disse o jovem.

    Gravis tinha apenas testado o jovem com aquela pergunta. E, como esperado, ele sabia até mesmo a Lei específica do Avatar de Gravis. Gravis não fazia ideia de como ele poderia ter descoberto algo assim.

    — Então, o que você quis dizer? — perguntou Gravis.

    — E quanto às pessoas na Revolução Maior avançada? E quanto às que estão no pináculo do Reino? — perguntou o jovem.

    Gravis arqueou uma sobrancelha. — Eu nunca ouvi falar dessa tal Revolução Maior — disse.

    — Isso não é bom, Gravis. Você deveria saber algo assim — disse o jovem, chamando Gravis pelo nome pela primeira vez. — Seu pai pode achar que você deveria descobrir isso do jeito mais difícil, mas eu discordo.

    — Você age como se conhecesse meu pai — disse Gravis de forma neutra.

    — Nós conversamos algumas vezes. Inclusive, trocamos coisas recentemente — disse o jovem.

    O interior de Gravis tremeu. Alguém capaz de conversar e trocar coisas com seu pai definitivamente não era uma pessoa simples. Esse certamente não era apenas algum Deus Estelar ou algo semelhante. Provavelmente, essa pessoa era verdadeiramente poderosa.

    Ainda assim, ele também podia estar mentindo.

    — Isso é ótimo e tudo mais — disse Gravis — mas por que você está aqui, falando comigo?

    — Não foi você quem se aproximou para conversar? — perguntou o jovem.

    — Sim, mas apenas porque você mostrou sua aura de propósito para mim — disse Gravis, começando a se irritar com o homem.

    — Então, quando eu simplesmente não suprimo minha aura, e você a sente, isso significa que eu quero falar com você? — disse o jovem com um sorriso. — Bem egocêntrico da sua parte.

    Gravis estreitou ainda mais os olhos. — Você também estava olhando diretamente nos meus olhos.

    — Porque você continuava me sondando com seu Espírito — disse o jovem.

    — Pare com essa besteira — disse Gravis com um pouco de raiva. — Você obviamente tem um motivo para chamar minha atenção. Qual é?

    — Eu preciso ter um motivo? — perguntou o jovem.

    — Então você realmente queria chamar minha atenção — disse Gravis com um sorriso.

    — Sim — respondeu o jovem com um sorriso. — Porque você continuava me sondando com seu Espírito.

    Gravis rangeu os dentes. Por que isso era tão irritante?

    — Certo, então eu vou parar. Tchau! — disse Gravis enquanto se virava para ir embora.

    O jovem riu algumas vezes enquanto observava Gravis se afastar. — Bastante irritante, não é? — perguntou.

    Gravis não se virou.

    — Na verdade, eu queria saber como você reagiria quando alguém agisse assim com você — disse o jovem.

    — O que isso importa para você? — disse Gravis sem se virar. Ele simplesmente continuou andando até ver o jovem novamente parado à sua frente. Gravis nem sequer sentiu qualquer tipo de movimento espacial.

    — O que isso importa para mim? — perguntou o jovem enquanto olhava novamente nos olhos de Gravis. — Eu só queria sentir como é.

    — Afinal, você parecia se divertir muito ao fazer isso com o Rei Vermelho — ele disse.

    Gravis parou.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.
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